Alguma vez já se sentiram tão seguros que só perceberam uma ameaça bem diante de si quando já era praticamente impossível evitar? É o tipo de coisa que costuma acontecer com pessoas orgulhosas, que se sentem sempre no controle de suas vidas e acreditam que seus castelos de cartas são inabaláveis.
O problema em todos os castelos de cartas, no entanto, é que basta um leve sopro para mandar tudo ao chão. E era exatamente como Sky se sentia.
Fazia três dias que Morgana estava em Dreamfield e a ruiva já sentia o cheiro de problemas no futuro. Tudo começara bem e parecia fluir bem, porém, a ruiva sabia quando havia mais nas entrelinhas do destino.
Isadora e a psicóloga haviam conhecido a loira através da escritora. Morgana e Sky tinham um passado, histórias de escola, de adolescência e isso chamara a atenção das amigas logo d
A ruiva caminhara até o primeiro degrau da escadaria e então voltara o olhar em direção aos inesperados visitantes. A mulher era madura, séria, bonita, tinha um ar diferente, como uma estrangeira de uma terra distante. A contemplar fazia com que sua mente imaginativa viajasse para longe em seus pensamentos.O ancião caminhava com as mãos para trás, o corpo inclinado para a frente. O olhar era cansado, a boca grande e enrugada torcia como um arco para baixo, deixando a impressão de ser uma pessoa que quase não sorria, não apenas ali, naquele momento, mas em toda a vida.Sky sentia, no entanto, que aquele ar de fraqueza era uma máscara. Aquele homem era o herdeiro de conhecimentos ancestrais. Certamente estava focando em cada detalhe no interior da casa, memorizando, analisando. A ruiva ousava pensar que o nome da loja de onde fora expulsa, Visão de Águia, o represe
E lá estava a escritora diante dos dois convidados em seu escritório.Quando recebera a estranha visita, a ruiva sentira de imediato que aquelas pessoas sabiam sobre o Sexy Notes e que era ela a Guardiã atual dos poderes daquele caderno. Inicialmente, ela pensara que eles estavam ali para, de alguma forma, tentar obter a posse do caderno.Quem poderia dizer que aquele poder todo já não tivesse um herdeiro ou ela não fosse a única com o direito de o controlar? Eram tantas possibilidades.Porém, bastara algum tempo de conversa para Sky perceber que estivera se enganando todo o tempo. Aquelas pessoas eram como Jordan, sabiam acerca do artefato, mas não tinham sequer ideia de como controlar tamanha força.A razão que os trazia ali não era controle, mas sim, medo.Sky ligara para a cozinha da casa, solicitando uma pequena mesa de chá da
Os olhos da garota ainda estavam fechados. A vontade de permanecer como estava, o corpo relaxado, cozinhando de preguiça naquela manhã era enorme. O som na janela denunciara o clima antes mesmo que despertasse. Chuva, aquele barulhinho dos respingos no vidro. Maravilhoso para dormir, terrível para qualquer outra atividade. E um dia de chuva em Dreamfield implicava em muitas pessoas andando para lá e para cá dentro da residência. Embora amasse paz e tranquilidade – razão pela qual seu quarto e escritório tinham revestimento acústico – Sky sabia que em breve, tudo aquilo seria apenas um sonho distante, quando o hotel começasse a funcionar. A voz conhecida a fizera abrir os olhos lentamente, atraída pelo aroma vindo do café quente na bandeja. Jordan havia acabado de entrar no quarto, tirando a moça de seus sonhos e devaneios. Ao menos a presença do namorado parecia tornar o dia um pouco melhor. Café na cama também ajudava. —Outro dia de chuva… –
Sky tentava processar o que acontecia.Era preciso admitir, fora pega de surpresa. A garota que entrava no PUB era simplesmente perfeita em todos os aspectos. E aquela entrada? Aquilo parecia alguma cena de um filme ou como os leitores imaginam a protagonista surgindo na cena final de um romance intenso.Mas no mundo real as coisas eram diferentes.Estranhamente, era como se o mundo tivesse sofrido uma pausa enquanto a loira aparecia. Tudo parecia congelado, exceto por ela. E o sentimento que Sky tinha definitivamente a fazia pensar no Sexy Notes e suas capacidades.Haveria alguma ligação?A escritora sentira quando o ar voltara a entrar em seus pulmões e os demais clientes no bar voltavam a se mexer. O som, que também havia parado, voltara às caixas em todos os cantos. Sky reconhecia aquela música, Tell Me What's on Your Mind, na voz de Resident e Fudasca. Aquela m&uacut
Chega um momento na vida de todo ser humano em que desejamos a morte simples e pura de um semelhante. Nem sempre isso implica que a pessoa possa ser algum tipo de psicopata homicida, mas sim, que seus sentimentos ainda são como os de qualquer outro de sua espécie.É impossível que alguém viva toda sua vida sem jamais se irritar com outras pessoas. E mesmo que não declaremos abertamente, há sempre aquele alguém que consegue nos tirar do sério muito além dos nossos limites.E desejar que tal criatura simplesmente desapareça é bastante normal.Sky entrara na cozinha cantarolando algo que ninguém entendera. Se vestia com um shortinho jeans e camiseta branca com estampa da Hello Kitty, sinal de que havia acordado de bom humor. Sequer olhara para as outras pessoas, fora direto à geladeira e apanhara bananas, mamão e leite. E ent&atil
O Renegade novamente deixava Dreamfield com sua dona ao volante. Dessa vez, havia uma longa viagem a aguardando pela frente, mas era algo que a ruiva adorava fazer. Sky amava dirigir, outra das manias que tinha herdado de Melody e nunca deixava uma oportunidade passar. Quando Isadora dissera para a escritora que precisaria viajar por alguns dias a fim de ir visitar a mãe, a anfitriã de imediato indagara se poderia a levar, afinal, era a oportunidade de conhecer lugares novos, respirar ares diferentes e sair um pouco da rotina antes de entrar de cabeça no controle do hotel. A mulata explicara que pretendia ir de ônibus, pois odiava voar e voltaria em seu próprio carro, qual ficara guardado na garagem de seu apartamento em San Dimas. Sky sugerira irem no Renegade e trazerem ambos veículos na volta. Era complicado argumentar quando Serenity Sinclair desejava alguma coisa. Isadora ainda resistira. Não estava indo confraternizar com a mãe e nem iri
Sky e Isadora tinham afinidades para serem grandes amigas. Todo escritor era, de certa forma, um geek de carteirinha considerando suas inúmeras horas gastas em pesquisas. Da mesma forma, a maioria dos nerds era geek. E no caso das duas, ambas tinham pais que eram geeks assumidos. Geek era todo aquele público com paixão incontestável pela cultura pop em geral, cinema, séries de TV, livros, quadrinhos, jogos eletrônicos. Quando o tema era algo que estava na moda entre adolescentes, lá estavam os geeks de todas as idades. Diego, pai de Isadora, dizia que Geek era uma orientação mental. Resumindo, todo geek nascia geek e morreria geek. A ruiva apenas não tinha paixão por jogos como Isadora. A escrita exigia que seus autores se doassem completamente ao que faziam, usando para isso, todo o tempo disponível enquanto não estavam dormindo. Isa explicara que, como programadora, seu tempo também era c
O almoço fora tranquilo e farto. Jordan já não mais se surpreendia ao ver as mulheres comendo mais que ele próprio. Mais impressionante era que as duas, mesmo com o apetite que tinham e atacando a todos os pratos como se fosse o último dia de suas vidas, não engordavam além de padrão.Os planos matinais de Sky compreendiam comer, dormir e pegar a estrada novamente à noite, contudo, após comer como se não houvesse amanhã, a ruiva se sentia mais disposta que nunca e optara por voltar a dirigir e deixar o repouso para a noite. Jordan e Isadora não se opuseram. Isa alegara que, caso sentisse sono, poderia facilmente dormir no banco de trás.O casal rira, embora a mulata tivesse razão.Diferente de antes, dessa vez as garotas não tinham entrado no assunto do karaokê. Aparentemente, barriga cheia e música não combinavam. A ruiva ainda n&a