— Mamãe está bem? — Ele pergunta, seus olhos desviando para a marca no meu pescoço.Eu mesmo dei uma olhada rápida nela esta manhã, era uma grande lua cheia prateada sobre a água. Suponho que seja a casa no lago, que é tão próxima ao coração de Matilde.— Ela está bem, Ricardo, só precisava de um pouco de sono.Assim que abro a porta da frente, os dois correm para dentro, Ricardo querendo ter certeza de que Matilde está bem. Ele não admitiria abertamente, mas ele se preocupa com ela, temendo que ela esteja assumindo coisas demais.Ana sobe no colo de Matilde, dando-lhe um grande abraço e um beijo na bochecha.Pode confiar em uma criança para não entender o clima da sala e não se importar com a falta de jeito. Eu quase me dou um tapa na testa pelo comportamento insensível de Ricardo.— Por que não vimos você antes? — Ricardo pergunta a Vitória, enquanto se posiciona ao lado de Matilde, observando-a com desconfiança. Nada passava despercebido por Ricardo.— Bem... — Vitória se mex
Ponto de Vista de VitóriaPassei a manhã brincando com Ana, o que não foi difícil de aproveitar. Ela era a menina mais fofa. Ela e Ricardo estavam compartilhando um quarto enquanto estavam aqui na casa de Diogo, mas tinham quartos separados em casa. Ela também continuava falando sobre um menino lá na Matilha Pedra Preta chamado Rafael.Quando perguntei se ele era o namorado dela, brincando, esperando que ela ficasse envergonhada e fugisse do assunto… ela fez o completo oposto. Ela afirmou com bastante confiança que Rafael era seu namorado e futuro marido. Que eles eram muito próximos e ela odiava ficar longe dele.Tudo isso enquanto ela organizava alegremente uma festa de chá, e Ricardo reclamava na cama sobre ela tentar reivindicar seu amigo como se fosse dela.Ricardo saiu logo depois disso, murmurando algo sobre meninas antes de descer as escadas.Ana me mandou descer para buscar chá de verdade e leite, aparentemente água da torneira do banheiro não seria suficiente. Ela herdou o o
……Eu fiquei quieta pelo resto do dia. Tudo em que eu conseguia pensar era em Felipe, preso naquelas correntes... sendo morto. Pedro percebeu minha falta de fala, muitas vezes perguntando se eu estava me sentindo bem. Ele me disse que íamos embora pela manhã, para um lugar perto da Matilha de Matilde, um lugar que me daria espaço para me conectar com meu lado de loba.Seus homens chegaram enquanto eu brincava de chá com Ana. Ele me apresentou a eles, e eu sorri, tentando lembrar seus nomes e me concentrar.Eles não me chamaram de Vitória, me chamaram de Luna em vez disso. Luna? Como se eu estivesse pronta para o título, qualificada para comandá-los.Mas eu nem sequer tinha uma loba ainda? Pedro afirma que pode senti-la, e eu acredito nele, algo dentro de mim estava me dizendo para confiar nele. Mas eu sou o tipo de pessoa que precisa ver para crer.Eu fiquei com Ana na maior parte do jantar. Ela era descomplicada, não mentia para mim. Não jogava comigo. Diogo me observava de perto dura
Ponto de Vista de VitóriaTrês semanas depois.— De novo! — Diogo grita comigo, de novo.De novo, de novo, de novo. Eu estava a ponto de enfiar esse "de novo" no rabo dele.Como isso é justo? Eu me juntei a uma sessão de treinamento à tarde com os guerreiros, sendo que só eu e Ricardo éramos os treinandos.Eu estava treinando com uma criança de quatro anos…Uma criança que, irritantemente, estava indo melhor do que eu.— Preciso respirar. — Eu gemo, colocando as mãos nas coxas enquanto me inclino para frente, tentando não vomitar o almoço.— Morta, Vitória. Você está morta numa batalha porque parou. Você não tem tempo para pausas, tempo para se recuperar. Precisa continuar se movendo.— Recuperar? — Eu resmungo de volta para ele.— Só estou dando aos meus pulmões a chance de respirar o oxigênio que eles tanto precisam.Há três semanas estamos na casa do lago de Matilde. Quero dizer, era linda e oferecia o espaço para treinar. Mas eu deveria ter ido embora três semanas atrás! Como
— Tia, cuidado! — Ricardo grita para mim, enquanto um guerreiro desliza em minha direção, tentando me derrubar no chão.Seu aviso me dá a chance de pular sobre o guerreiro, evitando o toque dele. Corro em direção a Ricardo, que tem três guerreiros logo atrás dele.Já tive o suficiente disso. Estamos aqui há horas, e eu estava exausta. Hora de encurtar o treinamento. O que ele vai fazer? Me trancar na casa do lago?— Ricardo, sai da frente. — Eu rosno enquanto corro em sua direção, e ele olha para trás quando eu passo por ele, correndo em direção aos três guerreiros que vinham em alta velocidade.Eu os derrubo. Me jogo diretamente sobre eles, confundindo-os completamente.Eles têm que mudar a postura no meio da queda, de ataque para garantir que eu não me machuque ao inevitavelmente colidir com um deles. Eles se movem rapidamente, mudando minha posição no último minuto para que, quando batemos no chão, eu estivesse estirada sobre eles.Um leve rosnado me informa que Pedro não gosta d
Ponto de Vista de Vitória Algo tinha acontecido, algo mudou completamente o clima. A atmosfera na casa do lago não era mais tranquila. Agora estava tudo rápido e assustador. M*rda, será que ele escapou?— Quero saber como isso é possível. Minhas celas são impenetráveis — Diogo rugiu no telefone, enquanto Pedro praticamente me empurrava para dentro. Eu não queria estar ali, o ambiente tinha se tornado ameaçador... como uma tempestade prestes a desabar.Eu não precisava de uma loba para perceber que Diogo estava furioso. Perigosamente furioso. Vi Matilde se aproximar dele, depois de ligar a televisão para as crianças na sala. Ela não vacilou nem uma vez diante dos gritos e palavrões dele no telefone. Continuava ali, calma ao lado dele.Eu queria ir até as crianças, que estavam quietas e seguras, mas Pedro segurou meus quadris, não querendo me deixar sair de sua vista.— Eu só vou me sentar com as crianças, não posso ajudar muito aqui — Expliquei, tentando acalmar a tensão.Ele me
— Diogo, solte ela! — Pedro e Matilde rugem ao mesmo tempo, parados ao lado dele. É o braço de Matilde no de Diogo que momentaneamente o acalma o suficiente para me soltar.Eu caio do alto, onde ele me segurava, para o chão, ofegante, tentando recuperar o fôlego.— O que você fez? — Matilde exige de mim, dando um passo à frente de Diogo, bloqueando-o de mim.— Eu só queria ajudá-lo…— O que diabos você fez? — Diogo ruge para mim, seus olhos ficando tão escuros que eu poderia jurar que estavam quase pretos, como os de Pedro.— Eu dei algo para ele… só uma faca de cozinha… — Respondo, me levantando.— Vivi, não… — Guilherme suspira atrás de Diogo, o que faz todos os olhares se voltarem para ele.— Eu sinto muito. Eu usei ele, traí sua confiança e sinto muito por isso.— Guilherme? — Diogo se vira para seu Beta, sua aura continuando a escurecer o espaço ao nosso redor.— Ela assou pão. Ela só pediu que eu entregasse nas celas, para que ele pudesse, pelo menos, comer.— Não foi culpa de
Ponto de Vista de ViviEu quero me trancar, me esconder no santuário do quarto. Para alguém tão ansiosa por liberdade, eu entendo a ironia de agora querer ficar sozinha de novo.Volto para o quarto que estava compartilhando com Pedro, seu cheiro me atingindo no rosto assim que entro. O cheiro dele tem ficado mais forte nos últimos dias, é um aroma rico de canela e café que me lembra das bebidas quentes festivas que mamãe costumava comprar sempre que íamos fazer compras de vitrine nas grandes lojas de departamento da cidade no Natal. A cada ano, elas faziam uma decoração extravagante, e a cada ano nós caminhávamos sem rumo, apenas olhando para as lindas luzes e cores.Só esta manhã acordei me encontrando envolta nos braços de Pedro, e agora ele não conseguia nem olhar para mim.Nenhum deles conseguia. Eu os traí.Não importa o quanto eu argumente, dizendo que pensei que Felipe desapareceria... que eu não estava acostumada com o modo de vida deles... eles nunca vão me aceitar de volta a