Parecia que aquele ato serviu como um sinal para o segundo grupo de renegados. Um sinal que eles esperavam, pois todos começaram a correr em direção aos terrenos da Pedra Preta. As chamas que queimavam à minha frente lançaram um pânico dentro de mim como nunca antes. Não consigo descrever, mas parecia que não era minha própria emoção. Não tive tempo de reagir a isso; precisávamos impedir que esses renegados se aproximassem de Matilde e seus guerreiros.— Agora! — Ordeno pela conexão mental enquanto perseguimos os renegados que já haviam começado a descer pelas fronteiras de Pedra Preta.Com todos os olhos voltados para o lado norte, a invasão deles só seria notada por Matilde quando ela sentisse a violação como a Alfa. Isso se ela ainda estivesse consciente... Sim, sim, ela tinha que estar. Perdemos tempo. A segunda onda de renegados foi direcionada para causar destruição em massa. Eu precisava chegar até ela. Eles começaram a invadir casas, tentando atacar os inocentes. Meus homens
Ponto de Vista de RicardoEu estava sonhando que jogava futebol com o Diogo. Ele tinha ido embora há alguns dias, e eu sentia falta dele. Tinha acabado de marcar um gol quando alguém começou a sacudir meu ombro. Isso me irritou porque estava aproveitando o sonho e queria marcar outro gol.– Ricardo? – Uma voz chamava.– Hum?– Vamos, rápido, precisamos ir para o porão...– O que está acontecendo? – Disse eu, confuso, enquanto meus olhos tentavam focar na escuridão. A Sra. Azevedo nunca havia me acordado antes, então algo de errado estava acontecendo.– Onde estão a Mamãe e o Tio Danilo? – Perguntei, saindo da cama e colocando meus chinelos. Uma onda de pânico tomou conta de mim ao pensar onde eles poderiam estar.– Estamos sob ataque, mas não assuste sua irmã. – Disse a Sra. Azevedo, colocando um dedo nos lábios em um gesto de silêncio.– Onde está a Ana? – Perguntei, já que a segurança dela sempre seria minha maior prioridade. De repente, não dividir o quarto com ela parecia uma deci
Rafael andou até ela e se agachou ao seu lado, e só então ela começou a se acalmar. Ela se agarrou à camisa de pijama dele como se ele fosse sua tábua de salvação, como se só ele pudesse trazer conforto. Eu não gostei disso. Eu não gostei dela depender de alguém assim.Ponto de Vista de AnaEu não queria abrir os olhos. Queria a mamãe e o papai. Onde eles estavam? Por que estávamos sozinhos nesse quarto horrível sem eles? O que era todo aquele barulho lá em cima e por que a casa estava tão escura?Rafael me pegou e me colocou em uma das camas, ainda me embalando. Eu me recusei a soltá-lo. Não conseguia explicar, mas ele era o único que eu queria ao meu lado. Costumava ser o Ricardo, mas desde que ele desapareceu, eu encontrei um novo tipo de conforto com o Rafael. Ele ficava acordado comigo assistindo filmes até tarde da noite, acariciando meu cabelo. Quando o vi chateado mais cedo, eu só queria abraçá-lo e trazer a ele os mesmos bons sentimentos que ele me trazia naquela época.Ele
Ponto de Vista de MatildeEu estava perseguindo ele de volta para a carnificina. Eu não iria deixá-lo ir embora, de jeito nenhum. Ele não sairia dessas terras novamente, não depois do que ele fez no passado e no presente. Eu precisava impedir qualquer plano que ele pudesse ter contra nós no futuro.Meu corpo estava ferido, eu podia sentir o cheiro do meu sangue e sentir minha necessidade de ajuda. Mas a adrenalina me mantinha em pé. Eu sabia que desabaria em algum momento, mas não agora. Não até eu ter o pescoço dele entre minhas mãos. Minhas mãos firmes.Eu evitava olhar para meus ferimentos. Sabia que, se olhasse, eles doeriam mais. Minha mente enfim alcançaria o estado do meu corpo abatido, e eu não queria isso. A adrenalina me impulsionava, e eu usava isso para forçar meu corpo a ir além.O renegado que estava em prisão domiciliar era rápido, mas eu era mais rápida. Eu era a Alfa, o predador mais forte. Mas, enquanto o perseguia, comecei a sentir o impacto. Meu corpo estava enfraq
De alguma forma, Diogo lê meus pensamentos enquanto dou um passo para trás, pronta para virar e correr. Antes que eu consiga me mover, ele salta em minha direção e me joga no chão, seu corpo pesado pressionando o meu.— Não! — Ele grita, e eu sinto seu nariz tocando minha bochecha. Ele está tão perto que quase posso sentir sua respiração.Eu tento empurrá-lo, desesperada para me livrar dele.— Saia de cima de mim...— Eu não vou deixar você ir! — Ele agarra minhas mãos que começam a golpeá-lo, o que resulta em marcas de arranhões em seu peito.O cheiro de sangue me desperta do meu estado de loucura causado pelo cansaço. Começo a soluçar contra o peito dele. Ele me segura firmemente, sem me dar um centímetro de espaço para reiniciar meu ataque.A voz de Danilo invade minha mente.— Matilde, acabou! Onde você está?Reasseguro a ele minha segurança.— Eu estava perseguindo o renegado com quem Gabriel voltou. Onde você está?— Estou na casa do Alfa... Matilde...A voz dele provoca um terro
— Obrigado por mantê-la segura. — Diogo acena para Rafael, que acena de volta em resposta.Eu sinto alívio por Ana estar segura. Ela corre para os meus braços e, mesmo com o impacto me fazendo sentir dor, não ligo. Esse abraço significa tudo para mim. Puxo Ricardo para o abraço também, apertando-os os dois com mais força do que deveria.— Mamãe? — Ana pergunta, com uma expressão preocupada.Tento tranquilizá-la com meu melhor sorriso, reservado apenas para ela.— Estou bem, querida. Só parece pior do que realmente é.Ela se vira para Diogo e levanta os braços, pedindo para ser carregada. Ele se abaixa e a pega com cuidado, segurando-a firme em seu peito.Enquanto eles sobem as escadas, ouço a voz doce de Ana perguntar:— Você voltou para ajudar a mamãe?— Voltei. Vim o mais rápido que pude. — Responde Diogo, com um leve riso.Ricardo toca meu braço e, pela primeira vez, olho para ele de verdade. Sinto uma náusea pesada se formar no estômago, queimando lentamente na garganta. Tento reun
Ponto de Vista de MatildeEu não sabia exatamente que horas eram, mas enquanto caminhava de volta para a casa do Alfa, os pássaros já estavam preparando seu coro matinal. A lua quase tinha perdido seu poder para o sol nascente, a batalha diária que ela venceria novamente ao anoitecer. Eu tinha passado a noite visitando as famílias daqueles que morreram no ataque dos renegados. Era meu dever, como Alfa, prestar condolências e me oferecer para organizar os funerais. Algumas famílias não conseguiam lidar com a perda de seus entes queridos e precisavam de apoio, de qualquer forma ou jeito. Eu achava difícil, mas sabia que era ainda mais difícil para aqueles que estavam passando por essa dor. Eu precisava ser forte por eles.Danilo e Rafaela ficaram no hospital, fazendo o que podiam pelos feridos. Eu planejava visitá-los em algumas horas para ver como estavam, mas, no momento, tudo que eu vestia era a camiseta que Diogo usava durante o ataque. Depois que ele carregou Ana para fora, eu lamb
Meus olhos ficam pesados e minha loba se sente tranquila estando tão perto de Diogo. Começo a ceder ao chamado do sono quando sinto formigamentos no meu braço pelo toque dele, seguido por umidade. Eu podia sentir as pontas da língua dele lambendo minha pele, oferecendo sua saliva de Alfa para ajudar a curar meu ferimento.Logo depois, ouvi vozes distantes, mas familiares. Eu tentei acordar, mas meu corpo estava tão exausto que me puxava de volta para o sono. …— Há quanto tempo ela está dormindo? — A voz masculina que ouço parece preocupada, mas a dor que sinto em meu corpo me impede de responder. — Uma hora... — Outra voz responde, sem pressa. — Ela deveria ter ido ao hospital, droga! — Era Danilo, claro. Ele parecia irritado, mas preocupado. Minha mente tentava me acordar mais, mas meus músculos estavam queimando, clamando por mais descanso. — Vou ter que grampear isso, não vai curar sem. — Sinto um puxão no braço, mas meu corpo está tão fraco que a dor passa despercebida. C