Ponto de Vista de MatildeA noite estava começando a cair após um dia cheio de eventos. Meus guerreiros estavam vigiando o renegado como um falcão, e também havia alguns dos guerreiros de Pedro o observando na casa ao lado, através das câmeras escondidas. De acordo com os relatórios, ele não estava fazendo muita coisa. Eu sabia que não podia me aproximar dele, e Pedro sabia disso também. Ele fazia o melhor para me manter ocupada e tentar acalmar minha loba.Mas, na verdade, tudo o que eu queria era Diogo. Só ele poderia dar à minha loba a paz interior de que ela precisava agora. O homem que matou seus pais estava em nossas terras, dormindo em uma das camas da nossa Matilha, e isso não soava bem para mim, nem para ela.Já tivemos outros renegados que cruzaram nosso território por acidente e precisaram de ajuda. Após uma refeição e roupas limpas, os levávamos embora para ajudá-los em sua jornada. Mas desta vez era diferente. Eu já tive essa sensação de presságio antes, como se algo ru
Eu podia sentir, um pé ultrapassando e entrando em nossa fronteira. A sensação era clara e urgente.— Droga, sra. Azevedo… tranque a casa. Fechem as persianas! — Grito minha ordem para a sra. Azevedo. Já havia instruído a ela inúmeras vezes sobre o procedimento para manter as crianças seguras.Ouço o som das persianas começando a descer. Jogo minha taça de vinho no chão e corro na direção do invasor. Aquele invasor que eu vinha sentindo por perto a tarde toda.Pedro surge ao meu lado, correndo também. Ele me chama:— Matilde?— Invasores... mais de um. — Respondo a ele antes de soar o alarme para meus guerreiros e membros da Matilha. — Intrusos. Quero todos os guerreiros na localização de fronteira cinco. Preparem-se para lutar. Todo mundo, persianas abaixadas!Eu aprendi minha lição de quatro anos atrás. Cada casa que foi reconstruída foi equipada com persianas. Nas que permaneceram intactas, adicionamos as persianas. Não arriscaria a segurança dos membros da minha Matilha novament
Ponto de Vista de MatildeEu respiro fundo, preparando-me para o momento em que sentiria a invasão de cada um dos renegados em minhas terras. A julgar pela velocidade com que avançavam, seria a qualquer segundo. Cada passo sobre a barreira invisível nas minhas terras me abalaria profundamente, mas eu manteria minha força. Eu não demonstraria que isso me afetava.— Chame Diogo... — Ouvi o sussurro de Pedro pelo canto da boca.— NÃO! — Rugi, irritada pela dúvida de Pedro na habilidade minha e de Danilo de proteger nossas terras. Isso não era como quatro anos atrás. Nós aprendemos com nossos erros.Eu podia lutar minhas próprias batalhas. E, pela velocidade dos renegados, eu teria que lutar.— Preparem-se, lutamos até que se rendam ou estejam mortos. — Ordenei pela conexão mental aos meus guerreiros.— Alfa! — Eles responderam em uníssono, confirmando que entendiam o que era esperado deles.Minha mente precisava de clareza total enquanto os passos pesados dos inimigos se aproximavam cad
Ele vê isso como um sinal de fraqueza, acha que estou cansada e ferida. Mas eu não estou. Foi apenas um lapso momentâneo na minha concentração, e não vou deixar que isso aconteça de novo. Ele corre em minha direção agora, com fome nos olhos. Ela me quer morta, não capturada… morta. Eu estava certa, ele é um híbrido de besta e touro. Não acho que haja qualquer lobo nele. Ele é um monstro.Eu me abaixo, me esquivo, mudo de posição... É apenas uma questão de tempo até meu corpo cometer um erro e ele me pegar. Ele teve a vantagem de economizar sua energia para esse exato momento, enquanto eu já eliminei incontáveis renegados. À minha esquerda, vejo Danilo e Pedro tentando chegar até mim, mas acredito que eles estejam tão cansados quanto eu. Contanto que não haja uma terceira onda de renegados, devemos sair vivos dessa.— Alfa! — Sra Azevedo grita para mim através da conexão mental que mantive aberta durante toda a luta. Eu preciso sentir cada ferimento, cada morte da minha Matilha para sab
Ponto de Vista de DiogoEu estava me preparando para a guerra. Não podia correr riscos, não quando se tratava da segurança de Matilde e das crianças. Meus guerreiros vestiram suas armaduras e reuniram as armas do reino rapidamente, era para isso que foram treinados. Pedi para Guilherme ficar para trás, afinal, ele era o Beta e estaria no comando na minha ausência, mas ele recusou.— Eu quero lutar. — Disse Guilherme. Ele havia se afeiçoado à Matilha Pedra Preta e queria protegê-los de qualquer maneira que pudesse, proteger o futuro Alfa da Matilha Luar Vermelho.O caminho até encontrarmos os rastreadores foi tenso e silencioso. O único som era o zumbido baixo do carro e a chuva pesada batendo contra as janelas. Mantive o pé no acelerador o tempo todo, não parei nem mesmo para os sinais vermelhos. O tempo era essencial.Deixei guerreiros para trás na Matilha Luar Vermelho, caso houvesse uma emboscada de renegados, mas a maioria agora seguia meu carro em um comboio. O plano era simpl
Parecia que aquele ato serviu como um sinal para o segundo grupo de renegados. Um sinal que eles esperavam, pois todos começaram a correr em direção aos terrenos da Pedra Preta. As chamas que queimavam à minha frente lançaram um pânico dentro de mim como nunca antes. Não consigo descrever, mas parecia que não era minha própria emoção. Não tive tempo de reagir a isso; precisávamos impedir que esses renegados se aproximassem de Matilde e seus guerreiros.— Agora! — Ordeno pela conexão mental enquanto perseguimos os renegados que já haviam começado a descer pelas fronteiras de Pedra Preta.Com todos os olhos voltados para o lado norte, a invasão deles só seria notada por Matilde quando ela sentisse a violação como a Alfa. Isso se ela ainda estivesse consciente... Sim, sim, ela tinha que estar. Perdemos tempo. A segunda onda de renegados foi direcionada para causar destruição em massa. Eu precisava chegar até ela. Eles começaram a invadir casas, tentando atacar os inocentes. Meus homens
Ponto de Vista de RicardoEu estava sonhando que jogava futebol com o Diogo. Ele tinha ido embora há alguns dias, e eu sentia falta dele. Tinha acabado de marcar um gol quando alguém começou a sacudir meu ombro. Isso me irritou porque estava aproveitando o sonho e queria marcar outro gol.– Ricardo? – Uma voz chamava.– Hum?– Vamos, rápido, precisamos ir para o porão...– O que está acontecendo? – Disse eu, confuso, enquanto meus olhos tentavam focar na escuridão. A Sra. Azevedo nunca havia me acordado antes, então algo de errado estava acontecendo.– Onde estão a Mamãe e o Tio Danilo? – Perguntei, saindo da cama e colocando meus chinelos. Uma onda de pânico tomou conta de mim ao pensar onde eles poderiam estar.– Estamos sob ataque, mas não assuste sua irmã. – Disse a Sra. Azevedo, colocando um dedo nos lábios em um gesto de silêncio.– Onde está a Ana? – Perguntei, já que a segurança dela sempre seria minha maior prioridade. De repente, não dividir o quarto com ela parecia uma deci
Rafael andou até ela e se agachou ao seu lado, e só então ela começou a se acalmar. Ela se agarrou à camisa de pijama dele como se ele fosse sua tábua de salvação, como se só ele pudesse trazer conforto. Eu não gostei disso. Eu não gostei dela depender de alguém assim.Ponto de Vista de AnaEu não queria abrir os olhos. Queria a mamãe e o papai. Onde eles estavam? Por que estávamos sozinhos nesse quarto horrível sem eles? O que era todo aquele barulho lá em cima e por que a casa estava tão escura?Rafael me pegou e me colocou em uma das camas, ainda me embalando. Eu me recusei a soltá-lo. Não conseguia explicar, mas ele era o único que eu queria ao meu lado. Costumava ser o Ricardo, mas desde que ele desapareceu, eu encontrei um novo tipo de conforto com o Rafael. Ele ficava acordado comigo assistindo filmes até tarde da noite, acariciando meu cabelo. Quando o vi chateado mais cedo, eu só queria abraçá-lo e trazer a ele os mesmos bons sentimentos que ele me trazia naquela época.Ele