Ponto de Vista de MatildeFoi o pânico cego e a culpa que alimentaram minhas pernas enquanto eu corria para a casa de Bruna e Gabriel. Eu me esforcei como não fazia há muito tempo para chegar até ela. Durante todo o caminho, rezei, pedindo à Deusa da Lua para que ela e o bebê estivessem bem.Antes mesmo de chegar à porta da frente, eu já podia ouvir os gritos de terror. Ela estava em agonia, e não havia como confundir seus gritos de dor. Não esperei. Arrombei a porta e a encontrei no pé da escada, com o pequeno Rafael chorando ao lado dela.— O que aconteceu? — Perguntei, meu coração acelerado.— Alfa, ajuda, ela caiu da escada. Foi minha culpa. — Rafael respondeu, desesperado, enquanto segurava a mão da mãe.Gritei por Danilo pela conexão mental, chamando-o com urgência, enquanto o sangue começava a manchar a saia de Bruna. Eu sabia que ele estava a caminho, mas ela estava em uma situação crítica.— Estou indo, estou indo. — Danilo respondeu pela mente, ofegante. Ele também estav
Eu observo Gabriel e penso: eu poderia transferi-lo para os rastreadores da Matilha Luar Vermelho... mas sua sugestão é estranha.— Eles estão perto? — Pergunto.— Ah, sim, eles não pararam de me rastrear. Ainda estão na ativa... — Responde ele.Droga, Diogo. Eu disse a ele que tinha tudo sob controle.— Não... Traga-o de volta aqui. Venda os olhos dele. Vou preparar para uma prisão domiciliar. Depressa, Gabriel, Bruna está com dor.Já se passaram algumas horas desde que liguei para Gabriel. Eu não perguntei onde ele estava, mas tenho a sensação de que levará algumas horas para ele voltar. Tenho mantido um olho atento em Bruna enquanto Danilo a mantém sob observação. Danilo conseguiu estancar o sangramento e, pelo ultrassom, o bebê parece estar bem, por enquanto. Mas Bruna quebrou o osso da pélvis e está repousando. Isso vai tornar o parto mais difícil, e ela terá que aumentar seu repouso até o bebê estar completamente desenvolvido.Rafael está pálido de preocupação; não há nada q
Ponto de Vista de DiogoSó permiti que meus guerreiros me acompanhassem no retorno do território da Matilha Pedra Preta porque sabia que Pedro e os guerreiros da Matilha Fúria Noturna chegariam logo após nossa saída.— Não gosto de pedir favores a Pedro. — Pensei. Nós tínhamos um histórico complicado. Mas eu sabia que ele não diria não se envolvesse Matilde. Ele parecia estar ansioso para se meter em nossas vidas.Minha vontade era não deixá-la. Ir embora ia contra tudo o que eu acreditava. Eu sentia falta dela e dos gêmeos, mais do que jamais imaginei que seria possível. Meu lobo, por sua vez, estava furioso comigo por ter partido sem eles. À noite, ele ficava ainda pior, e eu precisava me transformar logo nas primeiras horas da manhã para acalmá-lo. O brilho da lua parecia aliviar um pouco a ansiedade de estar longe da nossa companheira e dos filhotes.Assim que voltamos, Guilherme começou os treinamentos no dia seguinte, verificando a força dos nossos guerreiros, preparando-se p
Ponto de Vista de DiogoEu podia sentir os músculos do meu corpo relaxarem sob o vapor quente do fluxo constante de água enquanto usava o tempo no chuveiro para pensar em Matilde e nos gêmeos. Eu precisava disso, meus guerreiros vieram com tudo para cima de mim hoje, e eu estava coberto de lama e sangue deles... sangue deles, não meu.Quando saio do chuveiro e alcanço minha toalha, ouço meu celular começar a tocar no meu quarto principal. Enrolando a toalha felpuda firmemente ao redor da cintura, vou em direção ao meu telefone, que eu tinha deixado na cama. O desgraçado estava ligando.— Pedro? — Diogo... de volta tão cedo do treino? — Ele não consegue se segurar em tentar me irritar. Sem dúvida, ele gostava de treinar o dia todo, mas ele não tinha um grupo de Matilhas para administrar, então não tinha argumento. Ele sabia que eu era o macho superior.— O que foi? — Respondo ríspido, irritado com o comentário dele.— Acho que você deveria estar aqui... volte mais cedo do que o pro
Ponto de Vista de MatildeA noite estava começando a cair após um dia cheio de eventos. Meus guerreiros estavam vigiando o renegado como um falcão, e também havia alguns dos guerreiros de Pedro o observando na casa ao lado, através das câmeras escondidas. De acordo com os relatórios, ele não estava fazendo muita coisa. Eu sabia que não podia me aproximar dele, e Pedro sabia disso também. Ele fazia o melhor para me manter ocupada e tentar acalmar minha loba.Mas, na verdade, tudo o que eu queria era Diogo. Só ele poderia dar à minha loba a paz interior de que ela precisava agora. O homem que matou seus pais estava em nossas terras, dormindo em uma das camas da nossa Matilha, e isso não soava bem para mim, nem para ela.Já tivemos outros renegados que cruzaram nosso território por acidente e precisaram de ajuda. Após uma refeição e roupas limpas, os levávamos embora para ajudá-los em sua jornada. Mas desta vez era diferente. Eu já tive essa sensação de presságio antes, como se algo ru
Eu podia sentir, um pé ultrapassando e entrando em nossa fronteira. A sensação era clara e urgente.— Droga, sra. Azevedo… tranque a casa. Fechem as persianas! — Grito minha ordem para a sra. Azevedo. Já havia instruído a ela inúmeras vezes sobre o procedimento para manter as crianças seguras.Ouço o som das persianas começando a descer. Jogo minha taça de vinho no chão e corro na direção do invasor. Aquele invasor que eu vinha sentindo por perto a tarde toda.Pedro surge ao meu lado, correndo também. Ele me chama:— Matilde?— Invasores... mais de um. — Respondo a ele antes de soar o alarme para meus guerreiros e membros da Matilha. — Intrusos. Quero todos os guerreiros na localização de fronteira cinco. Preparem-se para lutar. Todo mundo, persianas abaixadas!Eu aprendi minha lição de quatro anos atrás. Cada casa que foi reconstruída foi equipada com persianas. Nas que permaneceram intactas, adicionamos as persianas. Não arriscaria a segurança dos membros da minha Matilha novament
Ponto de Vista de MatildeEu respiro fundo, preparando-me para o momento em que sentiria a invasão de cada um dos renegados em minhas terras. A julgar pela velocidade com que avançavam, seria a qualquer segundo. Cada passo sobre a barreira invisível nas minhas terras me abalaria profundamente, mas eu manteria minha força. Eu não demonstraria que isso me afetava.— Chame Diogo... — Ouvi o sussurro de Pedro pelo canto da boca.— NÃO! — Rugi, irritada pela dúvida de Pedro na habilidade minha e de Danilo de proteger nossas terras. Isso não era como quatro anos atrás. Nós aprendemos com nossos erros.Eu podia lutar minhas próprias batalhas. E, pela velocidade dos renegados, eu teria que lutar.— Preparem-se, lutamos até que se rendam ou estejam mortos. — Ordenei pela conexão mental aos meus guerreiros.— Alfa! — Eles responderam em uníssono, confirmando que entendiam o que era esperado deles.Minha mente precisava de clareza total enquanto os passos pesados dos inimigos se aproximavam cad
Ele vê isso como um sinal de fraqueza, acha que estou cansada e ferida. Mas eu não estou. Foi apenas um lapso momentâneo na minha concentração, e não vou deixar que isso aconteça de novo. Ele corre em minha direção agora, com fome nos olhos. Ela me quer morta, não capturada… morta. Eu estava certa, ele é um híbrido de besta e touro. Não acho que haja qualquer lobo nele. Ele é um monstro.Eu me abaixo, me esquivo, mudo de posição... É apenas uma questão de tempo até meu corpo cometer um erro e ele me pegar. Ele teve a vantagem de economizar sua energia para esse exato momento, enquanto eu já eliminei incontáveis renegados. À minha esquerda, vejo Danilo e Pedro tentando chegar até mim, mas acredito que eles estejam tão cansados quanto eu. Contanto que não haja uma terceira onda de renegados, devemos sair vivos dessa.— Alfa! — Sra Azevedo grita para mim através da conexão mental que mantive aberta durante toda a luta. Eu preciso sentir cada ferimento, cada morte da minha Matilha para sab