Eu me levanto ligeiramente em uma posição de cócoras, me preparando antes de sentir o cheiro de um animal menor.— É só uma raposa. — Informo a Pedro, que depois de cheirar a área, concorda com um aceno.— Então, manter os filhos dele longe dele é uma forma de punição? — Mantendo-se abaixado, ele agora se junta a mim, sentando e descansando contra a árvore.Punição? Sobre o que ele estava falando?— Por atacar sua Matilha?— Você ouviu sobre isso? — Arqueio uma sobrancelha para ele.— Eu ouvi sobre o ataque, todas as Matilhas ouviram. Mas começaram a circular boatos de que foi Diogo quem o orquestrou... — Ele começa a rir, o que me irrita instantaneamente. Será que ele acharia engraçado encontrar os pais mortos e membros da Matilha queimando? Acho que não.— Você acha engraçado? — Falo entre dentes cerrados.— Não, claro que não... — Ele coloca a mão no peito, corrigindo sua postura. — Mas Diogo... fazendo tal coisa... acho isso risível.— Como assim? — Meu corpo enrijece, meus ouvidos
Ponto de Vista de MatildeRespiro fundo e solto o ar lentamente.— Olhe para mim desse jeito o quanto quiser, Matilde, mas ele estar vivo coloca Ricardo em ainda mais perigo. — Diogo diz com frieza.— Pare de me chamar de Matilde! — Rosno em resposta.Pedro, percebendo a tensão crescente entre nós, tenta intervir:— Onde estão seus homens?Diogo guarda o telefone no bolso enquanto o corpo do homem morto permanece estirado no chão da floresta.— Gabriel está esperando minhas ordens. Eles estavam posicionados no pub. — Respondo, virando-me de costas para Diogo, que, desrespeitosamente, revira os bolsos do homem.— Ok, vamos até eles. Diogo... o que você está fazendo? — Pedro suspira com impaciência ao ver Diogo ainda investigando o corpo.— Procurando pistas. Já peguei o telefone dele. O chamador não quis falar, mas tudo bem, meus homens podem hackear o telefone para obter informações. Eles vão desejar nunca ter feito aquela ligação.— O pub, Diogo, esse é o nosso destino, certo? — Pedro
Eu me conecto através da conexão mental com Guilherme enquanto saímos pelo cemitério, permanecendo cobertos pelos túmulos e arbustos.— Pronto? — Pergunto, mantendo-me em silêncio.— Quando chegarmos no ponto de ônibus, teremos que agir rápido. Está muito aberto. — Ordeno, enquanto nos escondemos no último local coberto antes da abertura da estrada à frente.— Entendi, Alfa. — Responde Guilherme. Ele conhece suas ordens, e eu sei meu alvo: trazer Ricardo de volta para os braços de sua mãe.Dou o sinal para Guilherme para que possamos nos mover. Ambos somos rápidos, correndo pela estrada sem sermos vistos.Guilherme vai para os fundos do pub, enquanto eu vou para a entrada da frente.Mantendo-me baixo, empurro a porta e descubro que está trancada por dentro. Usando o cotovelo, quebro o vidro e alcanço o interior para desbloquear as trancas de segurança.Quando empurro a porta e entro, piso sobre o vidro espalhado cobrindo o carpete úmido que tem um forte cheiro de martini velho e cigarr
Ponto de Vista de RicardoO homem alto e magro foi designado para ficar do lado de fora do meu quarto o dia todo. Eu podia ouvi-lo andando para frente e para trás constantemente, o que, mesmo para mim, uma criança de quatro anos, era irritante. Eu nem sabia onde estávamos. Não sei o número do celular da Mamãe para ligá-la. Como eu iria escapar e fugir? Idiotas!No início da tarde, algo os assustou novamente e eu realmente não queria ser movido. Este lugar era horrível, mas pelo menos era um pouco mais confortável do que o barracão de metal... um pouco.O lobisomem gordo e baixo tinha subido as escadas alarmado pelos homens de plantão não atenderem os seus celulares. Aparentemente, eles tinham um sistema para se comunicar a cada hora, o que significava que não eram membros da mesma Matilha porque não podiam usar uma conexão mental.— Estou com fome. Vá ver se há alguma comida lá embaixo. — Ordenou o homem gordo, deixando sua barriga controlar sua vida.— Eu estou vigiando o garoto. Vá
— Você está bem? Está ferido? — Ele perguntou, preocupado. Eu me perguntei por que ele estava preocupado comigo; não era a Mamãe a rival dele? Eu não sabia muita coisa, então tentei descobrir o que pude espionando um pouco ao redor da Matilha Pedra Preta. Eu sabia que o Rei Alfa tinha grupos, assim como nós, e a Mamãe parecia querer romper esse vínculo da Matilha.— Estou bem — respondi, dando um pequeno sorriso.— Você é muito corajosa — Ele disse enquanto se levantava e dava um tapinha no topo da minha cabeça.— Eu sou? — Perguntei, surpresa. Para o Rei Alfa dizer isso, deveria ser verdade.— Oh sim, Ana tem me contado como ela podia sentir sua força através do seu vínculo — Ele continuou.— Você conheceu a Ana? — Eu perguntei, curiosa.— Sim, ela está no meu grupo com seu Pai — Ele respondeu.— Seu Pai… — Comecei a dizer, pensando em como a situação se complicava.— Quer dizer o Tio Danilo? — Ele completou.Eu notei que suas sobrancelhas se franziram, mas ele parecia formar um peque
Ponto de Vista de DiogoM*rda, o que eu estava fazendo? Ouvi o tiro e soube que não poderia atingir Matilde. Algo dentro de mim tomou controle enquanto eu corria em direção a ela, meu corpo sendo empurrado além dos seus limites enquanto me movia mais rápido do que eu nunca havia me movido na minha vida. Ela havia empurrado o garoto para fora do caminho, deixando-se para receber o impacto da bala. Mas o atirador não desviou sua mira para Ricardo, ele a manteve nela. Por que ela agora era o alvo?Seus olhos se encontram com os meus enquanto eu me jogo em cima dela, derrubando-nos no chão. Seus olhos estavam arregalados, não com medo de encontrarmos nosso criador, mas com surpresa por eu estar bloqueando-a da bala. Eu grunho quando a bala me atinge nas costas, dói, mas nada que me mantenha no chão. Não entendo, o que uma bala faria a um lobisomem adulto? E então eu sinto. Foi envenenado com a m*rda de acônito. Eu podia sentir a queimação se espalhando pela ferida e entrando na minha corre
Eu preferia que Gabriel fosse examinado. Ele tinha estado em ambientes úmidos e frios por alguns dias, e eu estava preocupado que ele pudesse estar desidratado.— O primeiro carro está pronto! — Gabriel grita do abrigo de ônibus.Eu pego Ricardo nos meus braços, meu próprio filho. Uma sensação estranha me percorre, trazendo-me um pouco de paz interior. Levo ambos para o carro e coloco Ricardo no banco de trás.— Leve-o para o hospital da Matilha e eu vou resolver a bagunça aqui. — Ordeno a Gabriel.— A polícia… — Matilde começa, mas eu a interrompo enquanto ela está entre a porta do carro e o assento.— Eu vou resolver isso. Eu me encontro com você de volta na minha Matilha. Não pare, eu estarei bem atrás de você.Eu tive que chamar meu contato policial sênior para tranquilizar a polícia local. No mundo humano, eu tinha muitos contatos e uma identidade falsa para que, quando merda como essa acontecesse, pudesse ser facilmente resolvido. O corpo morto no pub demorou mais, mas eu segui a
Ponto de Vista de Matilde— Danilo… Danilo, vá para o centro médico agora! — Eu comando através da conexão mental, assim que sinto que estou perto o suficiente de Danilo para usá-la.A jornada foi horrível. Eu continuava olhando para trás para ver se Diogo estava seguindo na carroça de Gabriel. Minha loba sentia-se desconfortável em deixá-lo, mas eu tinha que tirar Ricardo de lá. A jornada parecia levar uma eternidade, mesmo com Gabriel indo rápido. Eu não conseguia manter minha aura sob controle; ela estava girando ao redor do carro, e eu não conseguia segurá-la.Por que eles não estavam seguindo? Ele disse que estaria logo atrás de nós. Minha mente estava a mil por hora sobre o que tinha acontecido e o que poderia estar acontecendo agora. Eu deveria ter ficado. O veneno estava se espalhando, as veias de Diogo começaram a ficar luminosas e verdes diante dos meus próprios olhos. O acônito estava se espalhando como hera, prendendo seu suprimento de sangue e enfraquecendo seu corpo.— M