Ponto de Vista de DiogoQuando chego aos portões, um dos membros da Matilha que faz a guarda me cumprimenta:— Alfa, é bom ter você de volta!Não consigo nem esboçar um sorriso. Acho que só dei um grunhido enquanto refazia na cabeça minha chegada ao me aproximar da casa do Alfa. Meu humor estava amargo, uma mistura de raiva e ressentimento por Matilde ter me deixado acreditar que ela estava morta por quatro anos.A voz de Guilherme, meu Beta, invade minha mente.— Alfa?— Guilherme, preciso de uma reunião em trinta minutos! — Ordeno pela conexão mental antes de cortá-la. Preciso tomar um banho. Não fiquei muito tempo no quarto de hotel, só peguei minha bolsa e saí. Ainda tenho traços de lama em mim de quando me escondi na floresta. Preciso cair na estrada, preciso me afastar o máximo possível daquela Matilha, dela.Convoco uma reunião e chamo Guilherme e alguns dos meus guerreiros mais confiáveis. Esqueci completamente de Rebeca até ela bater na porta do escritório, surpresa ao me ver.
— Guilherme, quero que você leve esta carta para o Alfa da Matilha Pedra Preta. Ele não vai te cumprimentar, mas tudo bem. Certifique-se de colocá-la nas mãos de um guerreiro-chefe chamado Gabriel, ele vai garantir que ela chegue ao Alfa.— Sim, Alfa. — Ele acena com a cabeça em sinal de entendimento, pegando o envelope lacrado de minhas mãos.Quero que você vá imediatamente, sozinho e sem informar a ninguém para onde está indo. Fui claro? Deixo minha aura fluir com meu comando, deixando-o saber da seriedade da minha tarefa para ele.— Entendo, Alfa.Era o dia seguinte e Rebeca deve estar irritada comigo porque estava se mantendo distante. Eu precisava visitar a Matilha Lua Crescente, queria saber exatamente o que ofereceram a eles para que favorecessem a Matilha Pedra Preta em vez dos meus anos de proteção.— Alfa Diogo... isso é uma surpresa. — O Alfa Luís me cumprimenta, ligeiramente ansioso com minha visita inesperada. Eu não esperava ter acesso concedido, mas estava praticamente a
Eu estava cada vez mais ocupado com o aumento das futuras mães, especialmente com a aliança e os novos membros usando nossa instalação médica. Fiquei orgulhoso do quanto era avançada, de como Matilde e eu tínhamos conseguido garantir equipamentos tão desejados por outras Matilhas. As parteiras estavam sobrecarregadas, e eu me ofereci para ajudar durante a noite, especialmente sendo uma lua cheia. Havia algo sobre lobas entrarem em trabalho de parto durante a lua cheia.Passei a noite inteira acordado, ajudando no nascimento de dois novos bebês que, agora, descansavam bem com seus pais. Quando finalmente estava indo em direção à casa do Alfa, cansado e precisando de comida, um banho quente e algum descanso, Gabriel se aproximou rapidamente de mim.— Beta! — Ele chamou, com pressa.Eu sabia que teria que esperar antes de descansar. Gabriel estava com um semblante sério e decidido.— Beta, uma carta foi enviada para o Alfa. — Ele anunciou.Não entendi por que isso era digno de notícia, já
Isso poderia ter sido pior! – Declara Alfa Luís, soltando um longo suspiro. Ele olha para mim, esperando que eu reaja de alguma forma. O que ele sabe? Ele gesticula para que eu caminhe com ele ao redor dos jardins da frente. Só sei que Matilde está viva. Ele não faz ideia de que ela é a Alfa.Assim que Otávio e eu voltamos da Matilha Pedra Preta, atualizamos nosso Alfa com todos os detalhes. Fiz questão de preencher as lacunas dizendo que Matilde era, de fato, a Luna da Matilha Luar Vermelho, mas assumimos que ela estava morta.– Alfa, gostaria de um refresco nos jardins? – Pergunta Rafaela Martins, uma loba ruiva da equipe da casa.– Não, obrigado, Rafaela Martins. – Ele responde, enquanto se senta em um banco do jardim. Eu o observo por um momento. Ele parece cansado, como se o peso de liderar estivesse se tornando insuportável. Preciso fazer as rondas das fronteiras em breve. – Ele continua.– Deixe-me fazer isso, Alfa. Vou relatar tudo ao Otávio. Relaxe. – Ofereço. Ele é um homem a
Horas antes…Ponto de Vista de Matilde Eu estava refletindo sobre a situação. Não tinha respondido ao pedido da Matilha Luar Vermelho para que o Alfa da Matilha Pedra Preta retornasse por mim mesma. Ele podia ir para o inferno por tudo o que me importava. Tentar usar um contrato que não existia mais desde que ele matou meus pais era algo inacreditável.Danilo estava mais quieto do que o usual. Ele parecia preocupado comigo, talvez por causa de como eu carreguei tanto ódio por tanto tempo, planejando essa vingança e, então, no momento em que Diogo estava na minha frente, eu não consegui fazer nada. Eu não era ele. Eu não era um monstro assassino.Pensava no dia em que meus filhos me perguntariam o que aconteceu com seus avós. Eu queria poder contar a verdade com uma alma inocente. Não queria ser corrompida ou ter uma escuridão como a dele.Achei que ele já teria enviado homens para desafiar o Alfa. Como precaução, mantive meus guerreiros em alerta máximo nas fronteiras, alguns até faze
— Perfeito, agora que isso está feito, preciso me encontrar com Ricardo. — Pergunto a Danilo, que estava voltando para a casa do Alfa comigo.— Você está bem para cuidar da Ana? Ela está com a Srta. Azevedo?Eu precisava usar um dos SUVs dos guerreiros e estava indo procurar Gabriel pelas chaves. Danilo ri enquanto chegamos à frente da casa.— Eu não preciso de uma desculpa para cuidar da Ana, Evelyn...— Ah Gabriel, você pode levar o Alfa ao cinema para encontrar o Ricardo? Dois de nossos guerreiros já estão lá, então você pode voltar direto. — Danilo pede a Gabriel enquanto ele caminha em nossa direção.— Sim, Beta! — Gabriel acena com a cabeça enquanto gira no lugar e volta para a direção de onde veio para buscar um veículo.Pergunto a Gabriel enquanto ele nos dirige para fora dos terrenos da Matilha:— Como estão Bruna e Rafael?— Estão bem, Alfa... Na verdade, ainda não é oficial, mas Bruna está grávida. — Ele sorri para mim enquanto verifica a estrada para a qual estamos virando
Ponto de Vista de MatildeEu não conseguia me concentrar. Estava em perigo real de revelar nossa comunidade de shifters ao me transformar na frente dos humanos. Minha loba precisava explorar a área, sentir o cheiro de qualquer pista. Ela estava desesperada para sair, mas eu me esforçava ao máximo para contê-la. Ela choramingava na minha cabeça, desesperada para ter seu filhote de volta em meus braços. Nunca estive longe de Ricardo ou Ana, nem mesmo por uma noite. Sempre estive lá para colocá-los na cama, sempre fui a constante deles.Ele estava bem? Estava ferido? Não, eu não podia pensar assim.Olhei para os meus guerreiros mortos e uma angústia me invadiu. Por que eu não senti o vínculo da Matilha? Eu deveria ter sentido suas mortes, o triste rompimento do vínculo. Esse era um dos meus deveres como Alfa: sentir cada membro da Matilha, suas alegrias, mas também suas tristezas. Quanto tempo eles estavam assim?— O bilhete, Gabriel, pegue o bilhete! — Ordenei, tentando controlar minha v
— Nossas fronteiras estão seguras, Alfa, isso deve ter sido um erro. Ou, eles esperaram o carro entrar na estrada principal, longe o suficiente das nossas terras para evitar serem detectados. — Gabriel me tranquilizou, seu serviço de segurança era incomparável. Ele estava certo, eles deviam ter esperado uma chance na estrada principal.— Quero que essa nota de resgate seja enviada para investigação. Você me contata no momento em que tiver os resultados! — Ordenei a Gabriel, que, na ausência de Danilo nesta reunião, estava assumindo as responsabilidades de Beta.— Farei isso, Alfa, vou enviar imediatamente.Oh, Ricardo, pensei com o coração apertado, seja forte para mamãe, querido. Mamãe está vindo e eu vou te tirar de lá, vou te manter seguro.Querida Deusa da Lua, por favor, cuide do meu menino, por favor, mantenha-o seguro, mantenha-o ileso. Eu faria qualquer coisa para trazê-lo de volta, qualquer coisa. Basta dizer o preço. Se for a minha vida pela dele, eu faria isso num instante.