Um mês depois
— Muito bem, Olívia! — meu fisioterapeuta disse.Desde que eu cheguei, meu progresso tem chamado atenção, o senhor Hoke não vive nessa casa, mas ele vem todo final de semana para ver pessoalmente como eu estou progredindo. Não está sendo fácil, mas eu consigo.— Obrigada, senhor Evans. — respondi.Eu já consigo levantar, consigo segurar nos corrimãos e dar pequenos passos, eu já ganhei peso também, estou fazendo treinos de força e estão dando muito resultado.— Vamos dar uma pausa, é a hora do seu lanche. – ele disse.Até a minha alimentação é balanceada, confesso que estou com muita vontade de comer um hambúrguer ou uma pizza bem grande, mas tenho medo de isso atrapalhar o meu progresso.O senhor Evans empurrou a minha cadeira e me deixou na área externa da casa, perto da piscina, ele me colocou na mesa e uma das cozinheiras trouxe o meu lanche, eu fiz amizade com todo mundo, as moças da cozinha vivem aqui, então nós já nos conhecemos bem.Ouvi o barulho de um carro estacionando na frente da casa, ainda é quarta feira, então provavelmente não é o senhor Hoke.Eu estava enganada, o próprio veio caminhando na minha direção, estava sozinho, segurava uma maleta na mão, cumprimentou todos os funcionários e pediu para que nós ficássemos a sós.— Senhor Hoke, eu tenho uma novidade. — falei animada.— Olá, Olivia, conte-me.Eu fiz força na borda da mesa e levantei, dei dois passos ainda segurando no vidro, eu dei mais alguns passos na direção do senhor Hoke, até que eu fiquei completamente na frente dele, estendi a mão e ele segurou. Depois, ele me ajudou a sentar novamente na cadeira.— Fico feliz que seu tratamento está dando resultado, você está com o corpo mais forte, isso é bom. — ele disse e se sentou na cadeira ao meu lado.Minhas mãos esquentaram depois do toque dele, abri e fechei porque aquela sensação me causou um certo desconforto.— Obrigada, senhor. — respondi feliz.— Não precisa me chamar de senhor, me chame de Joshua apenas. —ele disse. — Eu estou aqui para te dizer algumas coisas. — ele comentou.Antes que ele pudesse iniciar, meu telefone tocou, ele fez sinal para que eu atendesse e olhou para outra direção.— Alô?— Olívia, por que você não está atendendo as ligações? – era a voz da minha mãe.— Eu não vi, estou ocupada com o tratamento. – respondi.— Ok, agora não importa, Dalila sentiu a sua falta, ela passou mal na semana passada, se sentindo culpada porque não quer falar com ela...— Eu já disse, não tenho nada para falar com ela. – rebati.— Sua irmã está grávida, eu não posso deixar que você faça isso com ela. Ela não pode ter estresse. Estou ligando para avisar, Dalila enviou o convite de casamento no seu e-mail— Eu não vou ao casamento. – disse.— Se fizer isso, pode esquecer que somos seus pais. – ela falou e desligou.Passei ainda alguns segundos olhando para a mesa, Joshua pigarreou e me encarou.— Era sua mãe. – ele afirmou.— Sim...— Bom, provavelmente ela já avisou sobre o convite do casamento. – ele deu de ombros.— Sim, foi isso, mas sabe, eu não quero ir, não há motivos. — eu falei pensativa.— Além do fato de que os dois te traíram e te colocaram nessa situação? – ele indagou, apontando para minhas pernas.— Mas eu caí... — sussurrei.— Será? – ele me encarou firmemente com aqueles olhos de falcão. — Caiu porque pegou os dois fazendo sexo e se assustou. – ele respondeu seco. — Além do mais, quando você estiver pronta, eu vou te contar uma coisa. Hoje eu estou aqui para falar sobre o casamento deles e te fazer um convite, quer ir comigo?Meu queixo quase caiu quando ele pediu isso, eu não soube o que responder inicialmente, até que ele continuou explicando.— Veja bem, eu te trouxe aqui porque sei que você pode me ajudar, aí dentro. – ele apontou para minha cabeça. — Tem as informações que eu preciso, informações normais para você, mas que para mim, podem ajudar bastante. Você sabe, não estou com Janine, o divórcio já está sendo preparado, quando você estiver bem, vai me ajudar com uma carta na manga contra qualquer artimanha dela ou de Martin. — ele explicou.— Eu não entendo, o que seria isso? – perguntei.— Calma, vai chegar o momento certo. Por enquanto, foque no seu desenvolvimento e saúde, então, quer ir comigo?Ponderei as opções, se eu fosse sozinha, seria provocada por Dalila, ela sabe fazer isso sem que nossos pais percebam, ela me enviou um convite de casamento, com certeza quer mostrar para mim que conseguiu o que queria.Se eu for com Joshua, estarei mais preparada, já que ele parece estar sempre um passo à frente.— Eu... eu aceito. Irei ao casamento com você. – falei. — Mas, isso pode causar um problema, podem pensar que... eu e você...— É exatamente por isso, falaremos detalhadamente mais tarde. Outra coisa, nos relatórios semanais, seu professor de educação física me disse que você segue perfeitamente os treinos e a dieta. – ele afirmou. — Então, o que acha que comer livremente hoje?— Tipo, uma pizza ou hambúrguer? – meus olhos brilharam com essa pergunta.— Sim, os dois, se quiser, seu corpo já está bonito, seu rosto também. – ele afirmou me encarando.Minhas bochechas queimaram com esse elogio repentino, eu desviei o olhar, o senhor Hoke pigarreou novamente, talvez percebeu que disse que eu sou bonita, mas ele não se corrigiu ou voltou atrás, apenas esperou minha resposta.— Ok, eu aceito. Você vai comer comigo? Por favor...— Ok, ficarei para o jantar com você. – ele afirmou e levantou da cadeira. — Continue seus exercícios, eu volto quando chegar a hora.— Ok, obrigada, senhor... quer dizer, Joshua. – sorri.Ele se despediu de mim e saiu novamente. Depois que eu bebi meu suco e comi as frutas, pedi ao meu professor que me levasse para dentro de casa, uma das empregadas trouxe meu notebook, e eu acessei meu email, para ver as informações do convite.Só pode ser brincadeira. Dalila me convida para ser sua madrinha de casamento, a data e o local estão reservados e é o mesmo hotel onde eu celebrei o meu noivado naquela época, além de que, seu casamento é exatamente no dia do meu aniversário. Daqui há três meses. Ela especificou tudo, inclusive a cor dos vestidos.Decidi não responder, ainda vou pensar sobre isso, mas as palavras de Joshua faziam eco na minha cabeça. Eu me perguntava o motivo dela estar fazendo isso, eu não consigo imaginar o contrário, eu jamais faria isso com ela. Esqueci do convite por um momento e fui me preparar para jantar com Joshua.Eu me olhei no espelho, encarando minha roupa e minha face, realmente desde o último mês, as coisas mudaram bastante, já consegui ganhar peso, fortaleci minhas pernas, progredi com a fisioterapia. Antes de virar as costas, dei um sorriso, o mais verdadeiro que consegui. Uma das enfermeiras que vive aqui, me ajudou a descer a escada, ela me deixou na mesa de jantar e saiu. Em minha mente, eu imaginava os motivos que levaram o senhor Hoke a se divorciar, também existe o fato de que ele afirma que eu posso ajudá-lo. Como? Como uma pessoa como eu, com a vida toda virada de cabeça para baixo, pode ajudar um homem tão decidido e bem resolvido como ele? — OláSaí do meu devaneio porque ouvi sua voz atrás de mim, virei o rosto para o lado e lá estava ele, bem vestido, usando um casaco preto, o cabelo parecia diferente, talvez ele fez um corte, mas o rosto era o mesmo, aquele bem marcante e...— Olá — me forcei a responder.— Esperou muito? — ele me perguntou. — Não, não muito. Ele colocou
Até o café da manhã eu não havia visto Joshua em lugar nenhum. Minhas pernas estavam doloridas, mas por incrível que pareça, eu senti que elas ficaram mais fortes e decidi andar sozinha hoje para todos os lugares. — Muito bem, Olívia, está conseguindo andar sozinha. — o senhor Evans me cumprimentou. — Obrigada, senhor, estou muito feliz que consegui. — respondi animada. A manhã inteira foi intensa, comecei com treino de força, depois andei na esteira, devagar e com auxílio, depois andei segurando nas barras e por fim, fiz hidroterapia, quando saí da piscina, minha enfermeira, Ema, estava me aguardando na mesa onde eu costumo descansar. — Sua mãe ligou diversas vezes. — ela me avisou. — Agora? — questionei. — A manhã inteira, mas eu não quis te atrapalhar. — ela respondeu. — Fez bem, não quero perder minha motivação. Ema, pode me trazer um pouco de água? Estou com sede. — pedi. — Claro, você deve estar bem cansada, o almoço logo ficará pronto. — ela respondeu e saiu. Segurei o
— Joshua, o contrato de divórcio está pronto. Quando você vem? — meu assistente me telefonou logo nas primeiras horas da manhã. — Logo, estou em outra cidade, mas chego aí em breve. — respondi. Acho que exagerei na noite passada, depois daquilo que conversei com Olívia, fiquei com raiva, não sei o motivo, mas achei sua fala inocente demais, e ao mesmo tempo curiosa, eu não quis pensar nas palavras dela e saí de casa, vim a um clube noturno, onde sou sócio e acabei passando a noite com uma das mulheres. Abri a carteira e deixei algumas notas ao lado da cabeceira porque ela era muito boa, do jeito que eu gosto, sem sentimento e enrolação. Fui em casa rápido para tomar banho e me lavar de toda essa sujeira da noite passada. Mesmo irritado e achando aquilo uma baboseira, as palavras de Olívi não saíam da minha mente. E tudo piorou quando eu precisei voltar para casa horas depois para buscar a pasta e dei de cara com ela, em um maiô minúsculo de banho, os bicos de seus seios estavam du
Quando eu estava no carro, indo para uma reunião, recebi uma ligação da minha irmã, pedindo que eu fosse até em casa, não disse qual seria o motivo urgente, mas insistiu que eu fosse até lá o mais rápido que pudesse. Então, liguei no telefone da minha casa e uma das empregadas atendeu. – Bom dia, Olívia está ocupada? É o Hoke. – avisei. – Oh, sim, senhor! Ela está na área externa da casa. Quer que eu vá chama-la? – Não, apenas diga que eu liguei, avise que não poderei chegar para o jantar essa noite, estarei em casa quando puder, tenho uma viagem de última hora. – expliquei. – Tudo bem, senhor, eu avisarei. Desliguei o celular e dei meia volta, fui direto ao aeroporto novamente, comprei a passagem mais próxima para o Havaí e aguardei o horário do embarque. Estou exausto, mas Morgana parecia ansiosa ao telefone e eu sempre corro quando é algo relacionado a minha família. Meu telefone vibrou no bolso do paletó e eu atendi antes mesmo de ver quem era, merda. – Pai, onde você está
Eu não sabia o que fazer quando Joshua me mandou aguardá-lo para o jantar, foi em um momento tão desconfortável, toda essa cobrança em cima de mim, esse sentimento de não pertencer a lugar nenhum me deixou tão triste e pensativa. Um dia minha vida estava perfeita, tudo acontecia como deveria ser e no outro.... nada, simplesmente não existia mais nada de como era antes. Pouco depois que ele saiu, eu continuei com minha sessão de fisioterapia, os avanços do último mês foram incríveis e eu não quero perdê-los. Durante as aulas a curiosidade a respeito da conversa estavam quase me deixando doida. — Tem que se concentrar, Olívia. – meu professor falou gentilmente e riu. — Tudo bem, me desculpe . – falei sem graça. Respirei e tentei manter minha mente o mais limpa possível, eu não queria que nada me atrapalhasse. Depois disso foi uma sucessão de treinos e conversas com os meus ajudadores, estou cada dia mais forte e saudável. Para minha felicidade e acho que somente a minha. No momento
Eu aguardei na porta, usando um vestido solto e sandália baixa, uma das empregadas me ajudou a arrumar o cabelo, fazer as unhas e sobrancelhas, eu estava bem bonita. Ele foi tão cavalheiro, desceu do carro e me ajudou a entrar. — Você está tão linda, Olívia. — ele me elogiou. — Obrigada, você também está bonito. — falei um pouco nervosa. — Onde você gostaria de ir? — ele perguntou. — Bom, eu não sei, o que está afim de fazer? — Vou te levar em lugar bem legal, então. — ele riu. O lugar é do outro lado da cidade, em um bairro mais movimentado, nós entramos em um pub, o lugar era tão aconchegante, havia um cantor nem animado no palco, as pessoas pareciam bem animadas. Colin me ajudou a caminhar, me guiando no meio das pessoas, usando muletas é um pouco devagar, mas ele me guiou muito bem. — Oi, Colin, trouxe uma convidada hoje? A moça que trabalha no balcão falou com ele, ele me ajudou a sentar em uma cadeira e a moça estendeu a mão para mim. — Olivia, essa é Lucy, minha amiga
Não sei se foi pelo que aconteceu na noite passada, mas eu acordei com uma animação diferente, um sentimento estranho, algo bom. Eu me aprontei bem rápido e me apoiei nas muletas, talvez eu converse com meu fisioterapeuta, o senhor Evans, acho que já posso andar segurando apenas em um apoio, talvez uma bengala. — Bom dia, meninas. Falei com as empregadas que estavam colocando a mesa de café da manhã. — Bom dia, Olívia, como você está? parece animada, como foi ontem? Quero saber. — uma das riu. — Foi bom, não, mais que bom, ele canta, vocês sabiam? Ele cantou em um pub e todo mundo gostou. Enquanto conversávamos sobre a outra noite, eu comi o café da manhã maravilhoso, eu senti que a casa estava muito sozinha, mesmo estando acostumada, hoje não é dia de treino, então não verei Colin hoje. — Uau, ele é lindo, você não acha? — Acho. — falei sincera. — Mas não quero ir com pressa, se for para ser, será. O senhor Evans anunciou sua chegada e já se encaminhou para a área de treinos.
Eu achei que Joshua me jogaria de lado, mas não foi isso que ele fez, ele me encarou quando meu rosto se afastou, uma de suas mãos segurou em minhas costas e então ele avançou em minha direção. Seu jeito tem um tom mais sombrio, que me deixa com vontade de viver todas as coisas mais obscuras que estão escondidas em minha cabeça. Ele invadiu minha boca sem pedir passagem, demorei um pouco para pegar o ritmo, soltei um gemido alto quando ele me encostou na parede e me agarrou com força. Uma das mãos desceu até o cós do meu short e eu queria, não posso expressar o tamanho da minh avontade em continuar naquele momento, minha cabeça se desligou da realidade enquanto Joshua me beijava e tentava descer mais. — Joshua... — sussurrei. E então veio o estalo. Ele abriu os olhos e agora sim, ele se afastou de mim, quase afundei na água, ele me colocou de forma segura na borda e nadou para longe de mim. Quando ele já estava fora, segurou em minhas mãos e me puxou da água.— Joshua, vamos...— N