—Por favor, não chore... —Anne fez beicinho enquanto enxugava as lágrimas e negava que tudo isso estivesse acontecendo.—Só imagino que teremos quilômetros que nos separarão todos os dias...—Anne... sabes que é só falar e eu mando te levar... —Desta vez foi Said quem interrompeu e Anne lhe lançou um olhar duro.—Mas não é a mesma coisa... —Lia mordeu o lábio em tensão, e balançou a cabeça, mas antes que ela pudesse dizer qualquer coisa, Said interveio novamente.—Não precisa discutir isso comigo se não quiser, Lia pode se encarregar de lhe dar um bom trabalho no Kuwait, e não teria nada a ver com isso.Os olhos de Anne se arregalaram e então ela olhou para Lia como se quisesse gritar de frustração.—Amor... Acho melhor eu me despedir da minha irmã, sozinha.Said sorriu, acenou com a cabeça e levantou as mãos em sinal de resignação, depois deu um beijo curto na cabeça de Lia.—Não se atrase, tem um avião esperando por nós.—Tá bom…Quando Said começou a caminhar em direção ao avião pr
— Senhor... sua entrevista é às cinco da tarde, à uma você almoça com o chanceler, e... no final da tarde, exatamente às seis, o senhor tem que se encontrar com alguns membros do consulado dos Estados Unidos...Said concordou, enquanto terminava de assinar alguns papéis que o Nasser lhe dera antes, e exalou com o peso que sentia no corpo.Ele viu o sorriso de seu primo enquanto negava com a cabeça, então sua carranca se aprofundou, querendo saber por que ele estava sorrindo no meio de tanto trabalho.Ele fez um sinal para seu secretário-geral, que Lia cuidadosamente entrevistou para o cargo, e depois que a porta se fechou, ele se recostou, apertando o pescoço e olhando para o primo.—Porque você está rindo? — O sorriso do Nasser se alargou com sua pergunta.—Aquele almoço à uma da tarde, não vai dar...—Eu sei...— Said respirou fundo e esfregou os olhos. Mas o ministro vai entender...— Vai entender sim… Quem poderia refutar o Emir? Ou ainda pior… à Sra. Abdullah…—Que Allah tenha mis
O Kuwait é uma monarquia constitucional com um sistema parlamentar de governo, e sua capital econômica e política é a Cidade do Kuwait. O país é considerado um dos mais liberais da região.O governo possui a quinta maior reserva mundial de petróleo, um recurso natural que atualmente representa 87% de suas exportações e 75% de suas receitas governamentais, e como resultado, seus cidadãos desfrutam da oitava maior renda per capita do mundo. O Banco Mundial classifica o Kuwait como um estado de alta renda e os Estados Unidos o designaram como um importante aliado extra—OTAN.2Seu diminutivo é al—kūt: 'a fortaleza'.Como monarquia constitucional, tem sido governada pela dinastia Al—amad desde o século XVIII. O Emir ou xeque é o chefe do estado que representa o poder executivo. O atual emir, Said Abdullah Al—amad subiu ao trono no dia 25 de agosto de 2020, após o assassinato sombrio de seu pai, Hamad Abdullah. Há um primeiro—ministro, que geralmente é membro da família real. O
—A gente pode usar fato de banho lá? —perguntou a Lia enquanto fazia as malas e olhava para sua amiga Mila.—Você só pode fazer isso em hotéis ou resorts. Na maioria das vezes, os cidadãos daquele país não estariam nesses lugares. Mas em praias públicas seria um não bem grande.A Lia torceu a boca olhando pro seu biquíni de duas peças que comprou em promoção da coleção antiga, e pensou que poderia levar um par de vestidos de praia que ela nunca considerou necessário usar, e nunca havia usado em sua vida.—Respeito é sempre o melhor —disse ela, abrindo sua gaveta e levando os vestidos que ainda tinham etiquetas do preço.Mila tinha ficado em casa ontem à noite. Já havia passado uma semana desde que tinha recebido a grande notícia e mesmo estando a poucas horas de partir para a Arábia Saudita, lhe parecia uma mentira que ela, uma mulher na qual a vida não tem sido muito boa, iria conhecer um país que sempre chamou sua atenção e que sempre sonhou em visitar.Lia havia se formado em admin
Embora o sono estivesse tomando conta de Lia, ela não conseguiu fechar a boca ficou em choque enquanto seus pés saíam do carro que as pegou no aeroporto enviado pelo hotel. As duas tinham um tipo de lenço improvisado com a ajuda das comissárias de bordo, para fazer uma espécie de hijabe em suas cabeças, ninguém que pusesse os pés em solo saudita poderia entrar sem este traje.Este país era com certeza um dos países árabes mais rígidos, exatamente onde a Meca estava localizada, e para os crentes era considerado um lugar sagrado.Devem ter sido pelo menos sete horas da manhã na Inglaterra, e pela pesquisa de Lia, eram nove horas da manhã em Riade nesse momento. Duas horas de diferença.O hotel do outro lado da rua dela era um exagero de luxo. Neste momento ela não entendia como eles podiam pagar pela estadia da Mila aqui, e também permitir que ela trouxesse uma amiga. Ela ficou em choque e nem conseguia dar um passo pra frente.—Isto é...—Charmoso —terminou sua amiga com um sorriso enq
No momento em que as portas do carro foram abertas para elas, Lia desviou seu olhar para um belo prédio de estilo entre moderno e antigo onde elas estavam sendo deixadas para o jantar improvisado que a Mila tinha que assistir.Ela havia escolhido um vestido preto, estilo grego, junto com um hijabe que havia sido seu preferido quando fazia compras com sua amiga. Ela nunca tinha se vestido assim antes, mas Lia se sentiu como da realeza só por usar aquelas roupas.Ela tinha até ficado impressionada com o quão bem se adaptava ao seu corpo magro e não tão alto. Isso fez com que ela parecesse mais magra e destacou pontos que ela nunca havia encontrado antes.Sim, foi um sorriso que impediu seu rosto de relaxar o tempo todo. «Quem teria imaginado que uma administradora, de um escritório antigo, hoje, estaria aqui em Riade em meio ao luxo, e prestes a testemunhar uma reunião com governantes de países árabes?», nem conseguia imaginar, pensava Lia, e agora ela estava vivendo isso em sua própria
—Quem é você? —se atreveu a perguntar, pois sentiu que estava mais interessada do que nunca em conhecer sua identidade, embora, o mais provável é que após um nome, ela não soubesse quem ele era, não conhecia ninguém nesse lugar, mas ela queria saber, isso era o suficiente, por enquanto.Lia viu como o homem se moveu um pouco, mas instantaneamente parou sem deixar a luz fraca onde ele estava, então ela decidiu tomar a iniciativa e dizer seu nome primeiro.—Eu sou...—Lia...! —A menina se virou de repente na interrupção, e conseguia ver que Mila estava sorrindo na sua frente. Já terminei aqui, podemos ir, agora mesmo!Sua amiga estendeu a mão, mas ela teve que olhar para a esquina primeiro, para ver que o homem misterioso não estava mais lá.Ela sentiu alguma decepção e seu rosto não escondeu a sensação.—O que está acontecendo? —Mila fez uma pausa, olhando para ela com preocupação.—Não é nada —ela negou—. Eu só acho que imaginei algo e o tornei real.Mila sorriu em negação à loucura d
As lágrimas de Lia escorregavam pelas bochechas enquanto sua amiga se despedia de longe e acenava adeus, sacudindo-a de lado.Ela nem sequer sabia se o tremor em seu corpo era normal, ela apenas tremia demais com uma apreensão no peito que não desapareceria. Em meio à sua espera em silêncio, e embora ela tivesse mil coisas para fazer como Mila explicou, ela não queria se mudar de onde estava, nem queria entender que tinha um caminho muito escuro pela frente.«Primeiro, você precisa lhe dizer que seu nome é Mila Jones...»Mentiras... é o que ela devia executar assim que desse um passo em direção à reunião que tinha com o xeque, e Mila tinha deixado claro para ela que ela tinha antecipado a reunião em meia hora, para que Almer e seu colega não tivessem outra escolha senão ficar calados. De acordo com ela, ela explicaria a situação a seus chefes, mas não tinha certeza sobre isso.Pelo menos ela tinha o resto do dia para rever tudo. Ela pensaria bem nas coisas e, é claro, ela arrumaria to