Fragmentando…Essa era a palavra que poderia descrever seu estado com a informação que recebeu.Sua mão deixou a garganta do homem e logo ele caiu no chão como um saco de areia. A agitação dele o fazia parecer quase sufocado, tão ofegante que tentava desesperadamente puxar os botões que apertavam seu pescoço.—Mas como? — A pergunta dele foi muito baixa, o Bakari apenas deu algumas indicações aos seus homens e então tirou o Emir do galpão.—Acabei de receber a informação... senhor...No meio do caminho, o emir se virou e apertou a jaqueta do Bakari, fechando o punho no peito e puxando-o para perto dele.—Como foi? Quem poderia ajudá-la?Ele conseguia ver como Bakari tentou dizer alguma coisa, mas fechou a boca e baixou o olhar.—Nasser? — Said perguntou com um tremor na boca, ao ver o aceno de seu segurança.Golpes duros perfuraram seu estômago enquanto a queimação em suas veias se intensificava. Então Said soltou ao Bakari e esfregou o rosto desesperadamente.—Eu vou matar ele, Bakar
Dois dias infernais se passaram...Dois dias, que pareceram uma eternidade por causa da espera e da incerteza, onde Said não tinha comido nem uma mordida decente.Uma extensa busca estava em andamento para localizar Lia. Os dados mostravam que ela tinha viajado para Londres, mas mesmo com todo o seu poder, seu dinheiro e tudo o que representava ser chefe de uma nação, àquela hora do dia, que eram 4 da tarde, não tinha vestígio dela.—Sua amiga Mila Jones disse que Lia realmente chegou na Inglaterra e se encontrou com sua irmã Anne James... mas ela não tem notícias delas desde a manhã de ontem... ela disse que elas viajaram sem dizer nada...Said passou a palma da mão na testa enxugando o suor, acenando para Bakari e ao mesmo tempo notando que uma equipe de militares esperava que ele saísse com eles.Nasser ainda estava no hospital, mas pelo menos agora sua vida não estava pendendo de uma linha tênue.Tinha vindo essas duas noites para vê-lo, com os tubos em sua boca e os aparelhos que
—Sim... de fato, você está com nove semanas, entrando na décima...— relatou o médico, passando o aparelho pela barriga de Lia, enquanto Anne negava com lágrimas nos olhos.—Está tudo bem? — Lia perguntou olhando para a tela um pouco nervosa enquanto o homem sorria e acenava com a cabeça.—Está perfeito, até está completamente formado em sua estrutura... Não quero me precipitar, mas posso garantir 80% que é um macho...Lia engoliu em seco com a notícia enquanto ouvia as batidas ecoando pela sala e o médico ensinava a elas sua frequência cardíaca.Ela conseguia ouvir bater aquele ritmo rápido e animado, seu estômago apertado, suas entranhas apenas vibrando com a nova sensação que a invadia. Então mudou o olhar da tela para o local onde Anne estava muito atenta às instruções do médico, enquanto mordia o lábio como costumava fazer quando estava nervosa.Já se passaram dois dias desde que ela chegou a Londres, e em que obrigatoriamente confessou a Anne toda a verdade.Ela sabia que não mer
Outra pancada incisiva fez barulho nos ouvidos de Lia, e ela só percebeu que a situação tinha saído do controle quando vários pedaços de vidro caíram sobre seu corpo.—Eu disse para sair! —O grito a atordoou, enquanto os gritos de Anne apenas a fizeram girar, ao mesmo tempo em que seu corpo foi puxado abruptamente para fora do carro.Tudo estava acontecendo extremamente rápido, e ela estava sendo lenta demais para reagir.—Não! Lia! —Anne gritou em desespero, quando um homem agarrou seu pescoço com seu braço enorme e caminhou com muita pressa.—Espere! —Ela gritou enquanto o tumulto estava acontecendo. Anne! Calmaaa!Lia enxergava como Anne esbofeteava, e chutava muito forte fazendo com que o homem que a segurava, perdesse a paciência e a esbofeteasse para calá-la.—Cala a boca, vadia! ... ou eu vou te matar aqui mesmo.—Não! Não!—Lia James? —perguntou asperamente o homem que a segurava pelo pescoço e a deixava sem fôlego, atordoando-a, enquanto ela erguia os braços em sinal de reden
—FALA AGORA!!! O grito de Said ecoou por toda a sala, enquanto as lágrimas de Roshem escorriam incessantemente por seu rosto.Os dedos do Emir pressionavam com força sua boca, enquanto ela apenas negava o tempo todo tentando dizer qualquer coisa que pudesse salvá-la dessa situação.—Eu... eu não sei... eu juro... o... o último dia que eu vi meu pai, foi naquela clínica com meu irmão... eu juro.—Eu não acredito em você...— O xeque empurrou o rosto dela para que imediatamente caísse no sofá atrás dela e começasse a tremer como uma folha. Me ouça... Farei algo com você Roshem... Eu juro...—Said...— Ela fez a última tentativa, mas os pés do Emir pararam no meio da sala, e se viraram devagar em sua direção, apenas fazendo os ossos da mulher estremecerem.Este homem parecia um morto-vivo. Com olhos muito vermelhos, cabelos desgrenhados e com suas roupas desajeitadas.Ele parecia outra pessoa à primeira vista.Em passos lentos, o Emir se aproximou dela de uma maneira calculada e ameaçadora
—Irmão... —Nasser piscou várias vezes, tentando se mexer um pouco na cama, enquanto em sua visão ainda era turva, conseguia enxergar o Said à sua frente.Seu rosto emaciado, muito cansado e sem cor, o alertou, fazendo com que sua respiração se tornasse agitada.—Não se mexa... —ele o ouviu dizer com um tom preocupado, e balançou a cabeça tentando segurar a mão dele perto, enquanto molhava os lábios levemente secos.—O que aconteceu? Said baixou o olhar em negação.—Você está se recuperando... graças a Allah... ele salvou você.Nasser olhou ao redor da sala, apenas vendo como três homens da guarda extrema do Emir olhavam na direção oposta a eles.—Onde está Bakari? O que aconteceu? Meu pai?A mandíbula do xeque se apertou demais e levou a mão à do primo.—Nasser... me desculpe vir aqui só para te dizer isso... mas peço que me ajude... eu...—Lia ela está bem? —Os olhos do Said se nublaram tanto que era insuportável para ele fazer qualquer gesto no momento que o Nasser perguntou isso.E
Lia engoliu em seco enquanto observava o último homem sair da tenda, quando talvez fosse chamado para uma reunião.Passaram-se apenas alguns minutos, talvez uma hora, ela não tinha noção da dimensão do tempo porque lhe parecia que já se tinham passado anos desde que estava nessa cadeira atada de pés e mãos.Sua cabeça virou para todos os lados e detalhou precisamente onde aquele homem tinha pegado o cantil para lhe dar de beber.Ela fez uma tentativa de se levantar, concentrando-se em seu equilíbrio, e sua boca se abriu quando sua carne ardeu com o movimento.Queimava como o inferno, e agonizava a cada toque.Após respirar fundo, saltou com os pés juntos tentando não cair, até chegar na parte desejada.Não tinha nada específico ali que pudesse ajudá-la, apenas algumas pedras no chão, e duas ou três garrafas de algum tipo de cerveja, que a fizeram hesitar por um momento.O barulho chamaria a atenção, mas não tinha outro jeito.Rapidamente, e com as mãos trêmulas, ela pegou uma garrafa
—Ela precisa uma transfusão de sangue... embora a bala não tenha atingido nenhum órgão importante, seu estado é frágil... mas não se preocupe senhor, temos um banco de sangue aqui...—Não... —Said interrompeu a conversa do médico—. Ela é O+, não é?O médico assentiu, sem entender nada, mas mesmo assim prestou atenção no Emir.—Eu quero que ela pegue meu sangue... eu não quero que ela pegue de outra pessoa... eu quero que eles usem o meu...—Ummm, claro... mas... você a gente t...—Não importa nada… e vamos fazer rápido…O médico concordou, chamando o pessoal adequado, e depois de lhe dar as instruções, eles atenderam ao pedido do Emir ao pé da letra.Alguns minutos depois, ele saiu da sala onde seu sangue foi coletado, enquanto caminhava agitado em direção a seus homens que o esperavam atentos.—Onde está Bakari?—Ele está procurando o seu pedido…O Emir assentiu, voltando-se para a sala de emergência, e seu coração lutava com uma luta óbvia, por querer ficar aí até que Lia acordasse