—Irmão... —Nasser piscou várias vezes, tentando se mexer um pouco na cama, enquanto em sua visão ainda era turva, conseguia enxergar o Said à sua frente.Seu rosto emaciado, muito cansado e sem cor, o alertou, fazendo com que sua respiração se tornasse agitada.—Não se mexa... —ele o ouviu dizer com um tom preocupado, e balançou a cabeça tentando segurar a mão dele perto, enquanto molhava os lábios levemente secos.—O que aconteceu? Said baixou o olhar em negação.—Você está se recuperando... graças a Allah... ele salvou você.Nasser olhou ao redor da sala, apenas vendo como três homens da guarda extrema do Emir olhavam na direção oposta a eles.—Onde está Bakari? O que aconteceu? Meu pai?A mandíbula do xeque se apertou demais e levou a mão à do primo.—Nasser... me desculpe vir aqui só para te dizer isso... mas peço que me ajude... eu...—Lia ela está bem? —Os olhos do Said se nublaram tanto que era insuportável para ele fazer qualquer gesto no momento que o Nasser perguntou isso.E
Lia engoliu em seco enquanto observava o último homem sair da tenda, quando talvez fosse chamado para uma reunião.Passaram-se apenas alguns minutos, talvez uma hora, ela não tinha noção da dimensão do tempo porque lhe parecia que já se tinham passado anos desde que estava nessa cadeira atada de pés e mãos.Sua cabeça virou para todos os lados e detalhou precisamente onde aquele homem tinha pegado o cantil para lhe dar de beber.Ela fez uma tentativa de se levantar, concentrando-se em seu equilíbrio, e sua boca se abriu quando sua carne ardeu com o movimento.Queimava como o inferno, e agonizava a cada toque.Após respirar fundo, saltou com os pés juntos tentando não cair, até chegar na parte desejada.Não tinha nada específico ali que pudesse ajudá-la, apenas algumas pedras no chão, e duas ou três garrafas de algum tipo de cerveja, que a fizeram hesitar por um momento.O barulho chamaria a atenção, mas não tinha outro jeito.Rapidamente, e com as mãos trêmulas, ela pegou uma garrafa
—Ela precisa uma transfusão de sangue... embora a bala não tenha atingido nenhum órgão importante, seu estado é frágil... mas não se preocupe senhor, temos um banco de sangue aqui...—Não... —Said interrompeu a conversa do médico—. Ela é O+, não é?O médico assentiu, sem entender nada, mas mesmo assim prestou atenção no Emir.—Eu quero que ela pegue meu sangue... eu não quero que ela pegue de outra pessoa... eu quero que eles usem o meu...—Ummm, claro... mas... você a gente t...—Não importa nada… e vamos fazer rápido…O médico concordou, chamando o pessoal adequado, e depois de lhe dar as instruções, eles atenderam ao pedido do Emir ao pé da letra.Alguns minutos depois, ele saiu da sala onde seu sangue foi coletado, enquanto caminhava agitado em direção a seus homens que o esperavam atentos.—Onde está Bakari?—Ele está procurando o seu pedido…O Emir assentiu, voltando-se para a sala de emergência, e seu coração lutava com uma luta óbvia, por querer ficar aí até que Lia acordasse
Capítulo 54Lia ouviu alguns sussurros, seu nariz inalou um cheiro muito parecido com café, enquanto sua cabeça se ajustava na tentativa de abrir os olhos.Ela piscou devagar para conseguir enxergar as imagens que aos poucos iam ficando claras em sua visão.No entanto, ela pensou que ainda estava em um sono profundo porque sua primeira visão foi encontrar Anne que tinha nas mãos um copo de papelão que soltava fumaça e, além disso, Ian estava atrás dela com as mãos em seus ombros.A imagem a fez sorrir enquanto balançava a cabeça.—Estou sonhando... o impossível... —mas assim que sussurrou essas palavras, ela pôde ver como de forma agitada, Anne olhou para cima e a detalhou com terror e alguma emoção em seu rosto.O sorriso de Lia desapareceu instantaneamente quando viu sua irmã colocar o café apressadamente de lado, e em passos apressados caminhou em sua direção.Ela definitivamente não estava sonhando.—Lia...?Suas bochechas foram pegas por sua irmã que derramou lágrimas de forma re
Capítulo 55—Não me separe dele... ele também é meu filho... —Lia apertou os dentes ao ouvir aquelas palavras.—Você pensou que não... —Ela tentou tirar a mão de sua barriga, mas Said não permitiu, ao invés disso ele apertou seu toque fazendo-a estremecer completamente. Said... chega...—Fui enganado, Lia... você... não sabe nada do que aconteceu.Ela o encarou por alguns longos segundos, e então balançou a cabeça.—Mas eu não fui... Nunca te enganei, sempre estive aí para você, sem pensar em mim, sempre em ti... Vim para este país e só confiei em ti, te amei cegamente, Said, e tudo o que você me disse foi sagrado para mim. Você decidiu me deixar de lado, apesar de tudo que eu fiz por você, você decidiu acreditar nos outros, menos em mim... Se não fosse pelo seu primo, eu...—Eu machuquei Nasser... —Os olhos de Lia se arregalaram, cortando sua fala.—O que? Como?—Eu atirei nele...As mãos de Lia foram à boca em choque total.—Ah meu Deus…! Isso não é possível... ele não...—Eu sei...
—Recebi um tipo de autorização especial... embora dentro de algumas semanas volte a fazer voos mais seguidos...—Não tem problema... Eu vou ficar bem... —Assim que Anne ouviu Lia, parou de dobrar alguns cobertores na frente dela, e se sentou no pé da cama.—Não gosto de te ver triste. Acho que você pensa que estou feliz porque você deixou aquele homem, mas não é isso que eu penso... Lia... ele arrastou um homem até ficar sem pele, esse não é só um homem mau, ele é um homem cruel... um...Lia levantou a palma da mão enquanto negava.—Eu não preciso que você repita tudo isso para mim, todo dia, Anne... Eu sei quem é Said.Anne olhou para baixo e então viu sua barriga nua que, aquele dia estava fazendo quatro meses. Agora dava para perceber sua gravidez muito mais.—Como está o trabalho? —Sua pergunta fez Lia olhar para ela e fechar o laptop em seu colo.—Acho bom... a Mila conseguiu várias tarefas para mim que posso fazer pelo computador. Ela diz que estou ajudando muito ela, enquanto e
Assim que o seu telefone tocou intensamente, o coração do Said disparou como nunca antes, o virou para encontrar o número que esperava estivesse ligando. Ele deslizou o dedo na tela e caminhando em direção ao terraço, viu como a vista de Londres era deslumbrante diante de seus olhos.Ele estava no último andar de um grande prédio e todo o andar estava à sua disposição.—Oi?—Senhor... ela aceitou... neste momento estou esperando-a no estacionamento do prédio dela.O ar deixou seu corpo pesadamente e então ela inalou de novo um ar que lhe pareceu limpo e leve, produto da resposta que tinha recebido.—Perfeito... mas como? Como ela estava?—Um pouco confusa... mas feliz...—Ok... me ligue quando estiverem a caminho.—Sim senhor, pôde deixar.Said encerrou a ligação, depois deu uma tragada no charuto que tinha entre os dedos para depois olhar o céu preto e lentamente soltou o ar pela boca.Seu sorriso se alargou um pouco enquanto tentava lembrar tudo o que fez chegar até ali.Ele se sent
Eram quatro da manhã quando a gargalhada de Lia ressoou pela sala, e Said não pôde deixar de sorrir para ela, negando e delineando com os dedos o rosto perfeito daquela mulher.—Não importa que ela me odeie... eu mereço...—Ela não te odeia —respondeu Lia, se sentando na cama—. Ela é assim mesmo... é um pouco difícil, mas assim que ela te deixa entrar, ela é maravilhosa.Said encolheu os ombros.—É o Ian que deve se preocupar com isso... Eu só tenho olhos para o minha habibi...Lia riu de novo e então levou as mãos até aquele rosto precioso que parecia ainda mais bonito do que nunca para ela.—Você viu que a gente não jantou ainda? Somos irresponsáveis com nosso bebê...Ele apertou a mandíbula e então levou a mão à barriga completamente sério.—Ele nos entende perfeitamente... sabe que ainda estamos ansiosos. Meu filho é inteligente demais e tem que aprender desde o ventre que é preciso sacrificar algumas coisas para ganhar outras.Lia negou sorrindo.Ele ainda não sabe disso...—Ele