Capítulo 6

Liam Jones

Ainda estou um pouco atordoado. Meu corpo dói levemente e minha cabeça gira. Passo a mão na cama ao meu redor e a sinto vazia, como de costume. Mas a noite de ontem não foi normal...

Abro os olhos rapidamente e não vejo nenhum resquício de que alguma mulher esteve aqui. Mas ela esteve sim! Droga, ela foi embora.

Me levanto da cama a procura de algum cartão ou bilhete, com quem sabe, o seu número de celular.

- Que saco! Nada aqui no quarto. - Digo sozinho mesmo.

Desço as escadas para a sala de estar e só encontro as minhas roupas no chão de anormalidade. De resto, nada também.

Derrotado, volto pra minha cama. É isso, foi somente uma noite pra ela. E deveria ser pra mim também.

Mas sem ter controle algum sobre a minha mente, eu deixo com que ela vague para a noite de ontem. Sem sombras de dúvidas Sophia é a mulher mais linda e gostosa que eu já tive o prazer de ver e tocar! Me lembro dela cavalgando em cima de mim, com os seios balançando na frente do meu rosto e minha mão apertando sua bunda. Puta que pariu! Sinto minha boca salivar só de lembrar por onde ela passou ontem no corpo da ruiva.

Será que ela é um anjo? Do bem ou do mal?

Acho que pelas minhas lembranças de hoje posso afirmar que a policial Sophia Rossi é um anjo do mal.

Meu membro começa a latejar apenas com as lembranças. Eu foderia ela mais quantas vezes fosse necessário. Sem ter muita escapatória, e por estar sozinho em casa, me direciono ao banheiro para me aliviar. E tudo parece piorar quando vejo os chupões pelo meu corpo. Puta merda!

[...]

- Fala Jones! - Eric me abraça brevemente ao entrar na minha casa.

- Eai Jones?! - David faz o mesmo.

- Olá amigos. - Digo a eles e fecho a porta. Seguimos pro sofá da sala.

- Não tivemos notícias sua desde sexta. O que rolou? - Eric pergunta e eu suspiro.

- Por acaso você trabalhou para sumir assim, seu sem noção? - David diz revirando os olhos.

- Não trabalhei não. Este foi meu final de semana de folga. Acabei indo um pouco visitar minha família, mas nada demais. - Eric me olha com a sobrancelha arqueada. - Só vi a ruiva na sexta a noite mesmo. Quando acordei ontem ela já tinha ido embora.

- E foi boa a noite de vocês? - David pergunta com um sorriso malicioso.

- Boa é pouco. Foi dos deuses! Mas ela não deixou absolutamente nada aqui! Nem um número de telefone sequer. - Digo frustrado.

- Já tentou procurar nas redes sociais? - Eric sugere e eu dou um tapa na minha própria testa.

- Aí como eu sou burro. - Eles riem de mim e eu pego meu celular.

Meus dois melhores amigos se juntam a mim e eu começo a procurar por Sophia Rossi no I*******m. Preciso dizer que encontrei a ruiva no mesmo instante? Acho que não. Pois lá estava ela. Mas para o meu azar seu perfil continha apenas três fotos! Como uma mulher dessas não posta mil fotos por dia?! Na primeira ela estava com um pelotão de soldados, na qual nem dava para ver ela. Na segunda ela estava com uma mulher mais velha, que suponho ser a mãe dela pelos olhos azuis e cabelo levemente avermelhado, e uma garota mais nova muito parecida com ela, também ruiva e de olhos azuis, que suponho ser a irmã dela. Na terceira foto ela estava acompanhada das duas garotas que reconheço ser as da festa e mais dois rapazes.

- Uma pena ela não postar fotos sozinha. - Resmungo alto e os meninos me dão alguns tapinhas nas costas.

- Segue ela e vê no que dá. - David aconselha e eu faço isso.

- Bem, topam pedir uma pizza? - Eric pergunta mudando totalmente o assunto, o que faz a gente rir.

Não demorou muito para pedirmos duas pizzas pelo aplicativo e assim ficamos conversando no sofá da minha sala.

- Como está sendo morar novamente em Londres, David? - Pergunto ao meu amigo e ele abre um sorriso singelo no rosto.

- Eu estou gostando muito, para ser bem sincero. Em Nova York a vida é um completo caos, não que aqui também não seja, mas pelo menos estou mais próximo de vocês e de algumas pessoas da minha família.

- E como a Giana está? Se adaptando bem? - Eric pergunta.

- Ah ela está amando. Já namoramos há quatro anos, foi bom tomar essa decisão de morar juntos. - Ele sorri ao lembrar da namorada. - O bom é que ela conseguiu muitas campanhas para fazer aqui, mas ainda sim vai precisar viajar bastante para desfiles e sessões fotográficas.

- E você? Está com novos planos? Sei que não consegue ficar parado por muito tempo. E já tem um mês que você está de férias. - Pergunto.

- Realmente. Eu estou começando a escrever novas canções para um novo álbum. Vai ficar ótimo se tudo correr de acordo com minhas expectativas.

- E o seu novo acessor? - Eric pergunta.

- Luis é um cara sensacional! Ele é muito bem humorado, tem feito muito bem o trabalho dele e está sendo mais que um empregado pra mim, ele se tornou meu amigo também, mesmo com poucos dias de trabalho. Vocês precisam conhecer ele mais.

- Ele é irmão da Charlotte?

- É sim. A garota que passou a noite de sexta com você. - David diz rindo e eu o acompanho também.

- E que noite viu?! - Rimos.

- Acho que a gente deveria marcar um jantar na minha casa e chamar eles. O que acham? Giana gostou bastante das garotas. - O moreno sugere e pelo simples fato de que eu posso ver a ruiva novamente eu já abro um largo sorriso.

- A ruiva precisa ir. - Digo e Eric fala ao mesmo tempo.

- A loira platinada precisa ir. - David começa a rir de nossas falas.

- Acho que vocês realmente gostaram da noite juntos.

Após muitas brincadeiras uns com os outros as nossas pizzas chegaram. Comemos enquanto conversavamos sobre coisas aleatórias, como sempre.

- Bem, está na minha hora galera. - Eric avisa conferindo o horário.

- Vou aproveitar a deixa e ir também. - David se levanta e eu acompanho os dois até a porta.

- Obrigado por virem. Até sexta. - Me despeço deles e os espero ir embora.

Volto pra dentro de casa e vou me preparar pra dormir. Será uma longa semana.

O barulho estridente do despertador soa em meu ouvido e eu consigo desligar fazendo pouco esforço. São 5:40 da manhã. Faço minha higiene matinal, coloco uma regata, bermuda e tênis, e vou até a cozinha comer uma proteína e segui pra academia do bairro mesmo.

Com meus fones de ouvido escutando uma trilha sonora eu malhei por uma hora, até as sete da manhã. Voltei pra casa fazendo uma corrida matinal.

Já em casa eu fui direto pro banho tomar uma ducha rápida para tirar o suor do corpo e em seguida vesti o meu uniforme de tenente do corpo de bombeiros. Composto por uma bota de couro preta, uma calça cinza - de um tecido que não sei qual - e uma blusa vermelha de manga curta com o logo do corpo de bombeiros. O macacão laranja usamos somente quando saímos pras ruas em alguma emergência.

Quando termino de me arrumar desço até a cozinha para tomar um café da manhã reforçado, composto por café, torradas e ovos mexidos. Não tardo em sair de casa em meu carro - que por sinal o David pediu pro seu segurança trazer no sábado de manhã - E sigo pro caminho da unidade principal de Londres do corpo de bombeiros Militar. Não demoro muito a chegar, mesmo com o trânsito do local. E assim meu horário de expediente se inicia, às 8 horas da manhã de segunda feira.

- Bom dia tenente Jones!

- Bom dia coronel Smitth! - O rapaz de poucos anos mais velho que eu sorri.

- Foi bom o final de semana?

- Foi sim. Uma folga é sempre boa. E o seu?

- Foi ótimo também. Acho que eles se saíram bem sem os dois superiores aqui. - Ele diz se referindo aos outros bombeiros.

- Realmente. Eles dão conta do recado.

- Sim. Bem, hoje provavelmente teremos o dia cheio. - Ele suspira e eu faço o mesmo com um meio sorriso.

Justin Smitth é o meu superior aqui, e o de todos os outros bombeiros. Apesar de sermos novos nós demos duro para chegar onde estamos. Ele é o Coronel e eu sou o Tenente- Coronel. Ambos estamos no topo da hierarquia do corpo de bombeiros de Londres. Somos bons profissionais e amigos, apesar de não conversarmos coisas pessoais demais, já que me abro mais com o Eric, mas mesmo assim somos amigos pelos anos de convivência.

Seguimos pro pátio, onde encontramos os outros bombeiros. Nos dividimos para preparar os caminhões para já estar pronto quando chegar alguma emergência. Não demorou para a primeira ligação chegar e o primeiro grupo sair com o Coronel Smitth. Eu permaneci auxiliando os bombeiros e retirando algumas dúvidas deles. Segunda ligação, e o segundo grupo saiu também.

- Tenente Jones! - Olho em direção a bombeira que fica atendendo as ligações. - Tem um incêndio em uma casa, com uma mulher e uma criança dentro.

- Okay. Pessoal, se arrumem, vamos sair agora. - Grito pro meu grupo de bombeiros. - Qual endereço?

Após ela me passar o endereço eu visto rapidamente meu macacão laranja e subo no caminhão, sendo acompanhado pelos outros bombeiros do meu grupo que fomos divididos em um caminhão e um carro do corpo de bombeiros . O motorista do caminhão coloca o endereço no GPS e liga a sirene, percorrendo em alta velocidade as ruas de Londres, ultrapassando alguns carros, sendo acompanhado pelos outros bombeiros no outro carro. Enquanto isso nós, os outros dois bombeiros, nos preparamos psicologicamente - mesmo que seja a nossa profissão nós estamos lidando com vidas que precisam ser salvas e isso exige de nós foco total e muita disposição - e também separamos algumas coisas que poderiamos precisar para resgatar os moradores e apagar o fogo. 

- Estamos chegando. - O motorista, que também é bombeiro, nos avisa. 

Nós ajeitamos nossa roupa de proteção e ja avistamos o local em chamas. Assim que o caminhão para no local nós decemos rapidamente. 

- Moço, salve eles! - Uma senhora pede pra mim desesperada. - Eles estão no quarto a direita do segundo andar. 

- Vamos fazer o nosso melhor minha senhora. - Respondo sem demora e me junto a minha equipe. 

A casa de dois andares estava em chamas no primeiro. O segundo ainda não havia sido tomado pelas chamas, mas se a gente demorar mais um pouco a casa poderia ceder. Enquanto três bombeiros arrumavam a mangueira no caminhão para ligar a água e tentar apagar o fogo, eu e o bombeiro Will preparamos a escada e cordas de segurança para resgatar os moradores. 

- A MANGUEIRA ESTA PRONTA! ME AJUDEM A PUXAR ELA MAIS PRA FRENTE. - Um dos meus colegas grita e seus dois ajudantes o ajudam a puxar a mangueira até a porta da casa, onde os vidros das janelas ja foram estourados. - PODE LIGAR A ÁGUA! 

Assim que a água da mangueira é ligada, eu e Will vamos pro lado direito da casa onde avisto um quarto e choro de algumas pessoas. Confiro se a escada do caminhão consegue chegar ate a janela, e quando vejo que sim dou sinal pro Will. Subo na escada e aos poucos ela vai subindo automaticamente e eu vou me aproximando da janela. Vejo uma mulher com uma criança nos braços e os mesmos me olham como se eu fosse sua única esperança. 

- EU VOU ME APROXIMAR E VOCÊS VÃO SAIR PELA JANELA, UM DE CADA VEZ, OKAY?! - Grito pra eles ouvirem e os vejo assentir. 

A escada ja estava praticamente encostada na janela e eu faço um sinal pra eles virem. A mulher passa primeiro sua filha, que deve ter uns quatro anos somente. Pego a menina.

- Desça com cuidado, okay?! Tem um tio te esperando lá embaixo. Ele vai pegar você. - Digo e vejo a menina assentir assustada. Mas ela faz o que pedi. 

A mulher, mãe da garotinha, passa pela janela com um pouco de dificuldade e eu a ajudo a se firmar na escada. 

- Desça devagar por favor. Tem um bombeiro te esperando lá em baixo e eu estou logo atrás de você. - Ela assente e desce as escadas com cuidado. 

Escuto alguns gritos de comemoração quando as duas chegam em solo firme e eu espero Will apertar o botão no caminhão onde a escada se fecha aos poucos e não demora para mim chegar em solo firme também. Nem tinha me dado conta que o fogo ainda não havia sido controlado e outro caminhão do corpo de bombeiros chegou para ajudar com a água que ja estava no fim. 

Corro até o outro caminhão e com a ajuda de Will começamos a preparar a nova mangueira. Quando terminamos eu a puxo rapidamente até bem próximo da casa e a água é ligada. Seguro firme e miro no fogo. Recebo ajuda de outros colegas de trabalho para segurar a mangueira ja que ela é bem pesada pelo jato forte de agua que sai da mesma. Alguns poucos minutos foram necessarios para que a gente acabasse completamente com o fogo. 

Só então foi o momento de começar a recolher os equipamentos. Noto que alguns policiais estavam no local para analisar os danos da casa, e não pude deixar de me lembrar da soldada Rossi de quando nos encontramos em uma situação parecida na semana passada. Limpo o suor da minha testa tentando afastar esses pensamentos. 

- Tenente Jones? - Escuto uma voz chorosa e me viro pra trás vendo a mulher e a menina que acabei de resgatar. Sem raciocinar muito sou envolvido em um abraço das duas. - Muito obrigada por salvar a nossa vida! 

- Obrigada tio! Você é meu herói. - A menina diz com um sorriso fofo na face e eu sorrio. 

- Vocês estão bem? - As duas assentem. - Que ótimo então. 

- Obrigada de verdade! - A mulher diz e eu sorrio. - Espero que o senhor seja muito feliz. Obrigada mais uma fez. 

- Eu só fiz o meu trabalho... - Digo um pouco sem graça mas muito feliz por ter salvado as duas. 

E esse é o meu trabalho. Resgatar e salvar vidas. Faço o meu melhor sempre, pois sei que uma falha minha pode resultar em alguém sem vida. Mas eu amo o que faço e sou grato por tudo que tenho. Inclusive esse dom de salvar vidas e apaziguar estragos...

Leia este capítulo gratuitamente no aplicativo >

Capítulos relacionados

Último capítulo