Capítulo 5

Acordo totalmente relaxada após ter me aliviado totalmente de madrugada. Sigo pro banheiro para fazer minha higiene matinal e tomar um banho morno.

Após secar meu corpo eu paro em frente ao espelho e me encaro por alguns minutos. Eu amo meu corpo. Eu amo meu cabelo ruivo e as diversas sardas em meu rosto. Sou apaixonada pela cor azul dos meus olhos. Sempre gostei muito de me cuidar para me sentir bem comigo mesma, principalmente depois de sofrer muito bullying na escola pelo tom avermelhado dos meus fios de cabelo. E hoje eu me amo tanto ao ponto de me sentir muito gostosa e saber bem quem eu escolho para ter relações sexuais.

Começar a me aceitar foi o primeiro passo. Eu nasci assim. A maior beleza de uma mulher é a natural. O segundo passo foi começar a me amar e me esforçar para ser uma pessoa melhor. Não há maquiagem e roupas de grife que vá te fazer realmente bonita exteriormente se você é um lixo de ser humano interiormente, com pensamentos tóxicos e preconceituosos. As outras coisas eu fui mudando no meu dia a dia, tentando me cuidar melhor e me sentir bem, sem me importar com as pessoas ao redor.

E hoje estou aqui. No momento analisando as marcas avermelhadas no meu pescoço e no colo próximo aos seios, resultados da noite de ontem. Sorrio satisfeita e vou pro meu closet vestir um conjunto de lingerie limpa e a minha farda azul marinho, já que não estou atrasada hoje.

Ajeito a roupa no meu corpo e fecho os botões da farda. Volto pro banheiro para basear uma base de maquiagem no pescoço para esconder os resquícios da minha noite maravilhosa e prendo o meu cabelo em um coque. Coloco minhas botas pretas de couro, tipo um coturno, que faz parte do uniforme.

São 12:20 horas. Tenho poucos minutos para almoçar antes de sair de casa. Faço ovos e bacon e como acompanhada de um copo de suco de laranja. Escovo meus dentes rapidamente e saio do apartamento, indo até a garagem pegar o meu carro. Só então vou em rumo a delegacia, passando pelas ruas movimentadas de Londres e me preparando para o plantão de hoje.

- Boa tarde Rossi! - Um grupo de policiais me cumprimentam quando passo por eles.

- Boa tarde! - Sorrio brevemente.

Sigo caminhando pelo corredor e encontro meu parceiro. Quase todas as nossas operações policiais estamos juntos.

- Boa tarde soldado Hemings. - Digo parando ao seu lado e o mesmo se assusta, virando pra mim com os olhos azuis arregalados.

- Meu Deus Sophia! Você quase me mata de susto! - Ele exclama e noto que ele estava entretido demais no seu celular.

- Hum, o que tem aí em?! - Pergunto curiosa tentando ver a tela do celular.

- Não é da sua conta curiosa. - Ele me mostra a língua e eu ergo a sombrancelha pra ele. - Eu estava vendo umas fotos de uma garota.

- Posso ver também? - Ele franze o cenho pra mim. - Eu não gosto da mesma fruta que você não amigo. Pode me mostrar porque talvez eu te ajude.

Mesmo meio em dúvida o rapaz decide me mostrar as fotos que ele estava vendo. E bem, é de uma mulher pelada.

- Vendo nudes no meio do expediente Hemings?! - Pergunto segurando uma risada.

- Qual foi, eu recebi. - Ele dá de ombros e eu solto a minha risada. - Para de chamar mais atenção Soph!!

- Mais? - Ergo a sombrancelha pra ele.

- Com todo respeito e sinceridade porque você é minha amiga, você é gata, simpática, sexy e uma ótima profissional. Você é o sonho da maioria dos policiais daqui. - Ele fala baixo e eu sorrio.

- Sou muita areia pro caminhão deles. - Rimos.

- Eu amo sua auto-estima. - Ele abraça meu ombro e começamos a caminhar.

- Bem, me diga sobre essa garota da foto.

- Nós já saímos algumas vezes. Mas é a primeira vez que tomamos esse rumo por mensagem. - Ele diz se referindo as fotos da garota nua.

- Espera, você enviou também? - Ele reprime os lábios.

- Enviei primeiro. Mas ela pediu!

- Credo Luke!!! - Faço uma careta e ele ri.

- Duvido que você nunca recebeu um nude Sophia. - Ele me olha e eu sorrio.

- Nunca. E nem mandei. - Digo sincera e ele me olha duvidoso. - Pra quê ver por foto se eu posso ver pessoalmente?!

- Sophia... - Ele começa a querer rir.

- Tô falando sério. Qual a necessidade disso?! Prefiro chupar o pirulito do que passar vontade vendo na vitrine. - Ambos deixamos nossas gargalhadas escaparem de nossas gargantas e Luke fica vermelho de tanto rir.

- Você é péssima Sophia! Se eu não fosse seu amigo iria querer experimentar. - Dou um tapa nele.

- Nem sonhe com isso. - Continuamos rindo.

- Boa tarde pros policiais mais animados do dia. - Olhamos pro soldado Ashton que se junta a nós. Ele também faz parte do nosso pelotão as vezes.

- Boa tarde Ash! - Dizemos juntos.

- Bem, sinto em atrapalhar, mas chegou uma denuncia e escalaram nós três para irmos ao local averiguar o ocorrido.

- Bora trabalhar então meus garotos. - Digo dando tapinhas em seus ombros e rimos juntos.

Bela forma de começar o trabalho em um final de semana.

[...] 

São exatas 20 horas da noite. E eu estou saindo agora da unidade militar. O dia foi um caos! Eu, Ashton e Luke acabamos ficando juntos durante todo nosso plantão atendendo as denúncias que foram feitas e um acidente. Todos os outros policiais que também estavam trabalhando ficaram mais por conta dos outros acidentes e entre outras coisas que acabam acontecendo em um sábado em Londres. 

Entro em meu carro completamente exausta pelo meu dia e pelas poucas horas de sono durante essa madrugada. Solto meu cabelo do coque apertado e abro dois botões da farda, ja que eu tinha a sensação que iria ficar sem ar com essa roupa no momento. Ligo o som do carro na playlist aleatória antes de ligar o carro e sair do estacionamento da delegacia. A música de um dos meus cantores favoritos - Avicii - começou a tocar e eu cantarolei a música junto enquanto enfrentava o trânsito de Londres em pleno sábado a noite. 

Where there's a will, there's a way, kinda beautiful. And every night has its day, so magical. And if there's love in this life, there's no obstacle. That can't be defeated... - Entro no ritmo da música a batuco os dedos no volante. - We are one of a kind, irreplaceable. How did I get so blind and so cynical? If there's love in this life, we're unstoppable. No, we can't be defeated...

(Onde há uma vontade, há um caminho, é meio bonito. E toda noite tem seu dia, tão mágico. E se existe amor nessa vida, não há obstáculos. Que não possam ser superados... Somos únicos, insubstituíveis. Como fiquei tão cego e cínico? Se existe amor nessa vida, somos imparáveis. Não, nós não podemos ser derrotados...)

Logo a música troca e eu continuo no mesmo ritmo. Ao passar perto do supermercado me lembrei que a comida da minha casa estava em falta, e eu ja estava morrendo de fome. Paro o carro no estacionamento e ajeito minha farda novamente. Pego meu óculos de grau e coloco-o para poder enxergar melhor os preços dos alimentos e garantir que não estou pagando um absurdo por algum produto. Saio do carro e travo ele, pego um carrinho na entrada do mercado e vou para os corredores escolher os produtos. 

Meia hora depois eu ja estava colocando as sacolas no carro. Não demorei a voltar pra estrada e ir pra casa, finalmente. Subo de elevador com as sacolas na mão após deixar o carro na garagem. A primeira coisa que faço ao chegar em casa é deixar as sacolas no chão e abrir minha farda. Em seguida vou guardar os produtos gelados na geladeira e os outros nos armários. Aproveito para abrir o sanduiche que comprei pronto no mercado para saciar minha fome, e mecho um pouco no celular. Não demoro a ir pro banheiro tirar minha roupa e tomar um belo banho para ir dormir. 

[...]

- Meu Deus amiga, você esta a cara da derrota! - Lottie diz ao entrar no meu apartamento no final da tarde de domingo. 

- Oi pra você tambem feiosa. - Digo fechando a porta e indo pro sofá onde ela ja se encontrava. 

- Ah, oi! Bem voltando ao assunto, o que você fez hoje?

- Dormi a tarde toda depois de arrumar a casa. - Falo sorrindo bem satisfeita de ter reposto todo meu sono acumulado durante a semana. 

- Nossa, que folga. 

- Cansaço. - Corrijo ela e rimos. - O que você fez hoje?

- Estava na casa de mãe desde ontem com Luis. 

- Ah sim. Como ela esta?

- Muito bem. Meus irmãos estão tão grandes ja Soph! - Ela fala emotiva e eu pergunto mais sobre sua familia. - Como foi sua noite sexta com aquele moreno gato?

- Ótima! Fizemos três rounds e foi muito bom mesmo. - Digo sorrindo só de me lembrar.

- Conta mais sobre ele. 

- Bem, seu nome é Liam Jones, bombeiro, solteiro, amigo de infância do David. - Digo as únicas coisas que eu me lembro. 

- Amiga, ele é realmente um belo pedaço de mau caminho. - Rimos. 

- E a sua noite? 

- Bem, fiquei com o loiro. Descobri que ele trabalha no setor de administração da mesma revista que eu! - Olho surpresa pra ela. - Me assustei um pouco quando ele me disse isso, mas mesmo assim tivemos um ótima noite. 

- Gostou? 

- Muito. Ele é uma gracinha e muito bom mesmo de cama. - Olhamos uma pra outra com sorrisos maliciosos e rimos. 

Não continuamos nesse assunto mais. Falamos sobre a minha familia, sobre nossos empregos e sobre alguma festa pra irmos nessa semana. 

Lottie é da mesma idade que eu, 24 anos, e somos amigas desde os doze anos. Nascemos e moramos em Doncaster até nossos dezoitos anos e depois viemos pra Londres fazer nossas cursos dos sonhos. Luis, seu irmão mais velho tem 26 anos, e veio antes pra cá. Acabamos morando os três juntos ate nos formar e conseguir emprego, assim conseguimos alugar nossos próprios apartamentos. Mas nem por isso deixamos de morar perto uns dos outros. Lottie mora no apartamento ao lado do  meu, ja Luis mora a apenas uma rua de distância. Mas por causa da nossa correria acabamos não nos vendo com tanta frequência. 

- Ja esta na minha hora ruiva. - Lottie avisa e se levanta do sofá, colocando seu prato de sopa na bancada da cozinha. 

- Nos vemos qualquer dia desses então. - Digo me despedindo dela. 

- Beijos ruiva! - Beijo sua bochecha e abro a porta pra ela. 

Após Lottie, a nova loira do pedaço, ir pra sua residência eu vou tomar um banho e separar minha roupa pra amanhã, e não demoro a ir dormir mais uma vez. 

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