Capítulo 7

Sophia Rossi

Fecho os últimos botões da minha farda e saio rápido do banheiro para procurar a minha bota, que faz parte do meu uniforme.

- Que merda! Onde eu coloquei ela mesmo? - Resmungo sozinha.

Vou até a sala e a encontro jogada no chão. Calço ela rapidamente e volto correndo pro quarto para pegar minha bolsa. Okay, agora é hora de ir, se não vou me atrasar mais.

Após descer pelo elevador até a garagem e entrar no meu carro, eu giro a chave fazendo o motor ganhar vida. Meu celular toca.

Alô?

- Soph, meu amor!

- Oi Adam. Estou atrasada.

- Eu imaginei mesmo anjo. Trás um café pra mim?

- Meu Deusvocê é muito folgado.

- Nem sou. Passei a madrugada toda analisando um processo e estou morrendo de sono.

, okay. Vou comprar.

- Eu te cubro aqui se alguém perguntar por

você.

- É o mínimo isso. Vou desligar agora.

- Obrigado anjo!!!!

Desligo a chamada e finalmente saio de casa. Odeio estar atrasada. Odeio estar de mal humor. Odeio todo o cansaço acumulado da semana toda.

Chego alguns minutos depois em frente à um Starbucks que fica no meu caminho mesmo. Estaciono o carro e desço, adentro o local e vou até o balcão fazer meus pedidos.

- Bom dia moça. O que vai querer? - A atendente simpática pergunta.

- Quero um chá de camomila e um café expresso concentrado sem açúcar.

- Okay. Aguarde o pedido ficar pronto.

- Obrigada.

Espero alguns minutos até ficar tudo pronto e eu pago, corro até o meu carro e tomo alguns pequenos goles do meu chá para me acalmar. Dirijo mais rápido - o que dependeu do trânsito - até a unidade policial.

Adentro a delegacia e aceno para alguns policiais.

- Bom dia soldada Rossi! - Um grupo de policiais me comprimentam.

- Bom dia gente!

Chego no final do corredor e subo as escadas rápido, indo até o final do corredor e bato na porta da sala de Adam.

- Entre. - Abro a porta e vejo meu amigo sentado em sua cadeira. Apesar do terno azul marinho perfeito no corpo suas olheiras entregam a noite mal dormida. - Bom dia Soph!

- Bom dia Adam! Você está péssimo. - Falo rindo e entrego seu café.

- Não diga a verdade. - Ele abre a tampa do café expresso e bebe um pouco, assim como eu estou fazendo com meu chá. - Chá de camomila novamente?

- Acordei estressada e atrasada. - Digo e ele ri.

- Você não seria você se não necessitasse de chá de camomila diariamente.

- Com toda certeza. Não gosto de acordar cedo. - Resmungo e Adam concorda.

- Mas você esteve mais estressada que o normal essa semana.

- Eu sei. - Suspiro derrotada.

- Falta de sexo Sophia? - Ele esconde o riso.

- Um pouco é isso sim. Mas são problemas demais.

- Quer conversar sobre?

- Hum, não. Preciso trabalhar. - Confiro o horário no celular. - Beijos best, tenho que ir.

- Beijos best. Bom trabalho.

- Pra você também!

Sopro um beijo no ar pra ele e saio de sua sala. Encontro um lixo no meio do caminho e jogo meu copo de plástico vazio no mesmo. Entro na minha sala e deixo minha bolsa na mesa. Me sento na cadeira e respiro fundo. Mais um dia de trabalho, eu dou conta.

Ligo o computador e dou início as minhas análises das matérias que vão pro jornal da semana. Vejo se as matérias falam a verdade sobre os ocorridos desses dias, já que as vezes ou falam demais ou mentem sobre muitas coisas. É complicado analisar matérias de acidentes, assaltos e essas coisas que vão pro jornal.

Sinto minha cabeça começar a doer, mas ignoro e continuo meu trabalho.

Essa foi uma semana cansativa, como todas as outras. Mas a minha sorte é que não vou trabalhar esse final de semana, e hoje eu tenho o jantar na casa do David. Allie insistiu muito pra mim ir, assim como Luis e Lottie. Porém eu sei que provavelmente o bombeiro bonitão vai estar lá. Mas mesmo assim eu irei, não que eu esteja querendo fugir dele.

Nesse final de semana irei pra Doncaster visitar minha mãe e minha irmã. Estou sentindo muito a falta delas.

Mas essa semana foi muito cansativa. Tivemos muitas denúncias, assaltos e acidentes, foram muitas operações cansativas.

- Hey!!! - Me assusto com esse grito empolgado e olho pra frente vendo a loira animada.

- Quer me matar de susto desgraça!? - Ela ri de mim.

- Jamais. Está na hora do almoço, vamos? - Confiro o horário no computador.

- Vamos.

Salvo o material que eu estava corrigindo e pego a minha bolsa. Allie entrelaça nossos braços e caminhamos pra fora da delegacia enquanto ela me falava animada sobre um bicho preguiça que ela resgatou hoje de manhã na rodovia.

- Sério Soph! Ele era tão fofinho, e calminho! Eu passei a mão nele, e quase pedi pra levar ele pra casa.

- Você é doida Allie?! Ele é um bicho que precisa viver livre na floresta, e não em um apartamento com uma doida como dona dele. - Digo e ela me dá um tapa leve.

- Doida uma ova. Mas eles não deixaram mesmo. - Ela faz um bico fofo com os lábios e eu solto uma gargalhada.

- Pelo menos alguém tem bom senso!

Continuamos nossa discussão até chegar no restaurante de sempre, onde fizemos nossos pedidos e nos sentamos em uma mesa para esperar.

- Animada pra hoje?

- Mais ou menos. - Respondo dando de ombros. - Que horas você vai sair hoje?

- Às cinco. O jantar é as sete e meia.

- Okay. Vou tentar sair nesse horário também e ir pra casa me arrumar.

- Isso mesmo. Eu vou com aquele vestido meu preto rodado e salto, acha que fica bom? - Tento me lembrar de qual vestido ela tá falando.

- Acho que fica sim. - Na verdade nem me lembro que vestido é esse.

- Aqui está o pedido de vocês meninas. - O garçom diz entregando nossos pratos.

- Obrigada Mike. - Agradecemos.

- Por nada meninas. Bom apetite.

Ele se retira e eu e Allie começamos a comer nosso almoço. A loira mudou de assunto e começou a me falar sobre como a sua sobrinha está grande e esperta. Eu apenas escutei. Não demoramos muito para voltar até a delegacia, já que nosso horário de almoço havia acabado.

- Até mais tarde ruiva! - Allie beija minha bochecha.

- Até loira.

Ela vai pra algum lugar e eu subo novamente pra minha sala.

A tarde passou rapidamente. Além deu ter terminado de revisar as matérias que precisava, eu também sai em uma operação policial em uma denuncia que tivemos de uma batida leve de dois carros. Já são cinco horas da tarde, e finalmente eu estarei livre daqui meia hora.

- Soldada Rossi, compareça na recepção agora! - Escuto o som do rádio da minha sala falar meu nome e o de vários outros policiais e saio apressadamente até o andar de baixo.

O rádio é usado para nos chamar quando algo grave acontece e precisa de muitos policiais.

Chego na recepção e dou de cara com mais oito policiais. Mais três chegam atrás de mim.

- Pessoal, vocês sabem que estávamos de olho em um traficante da periferia que contrabandeia drogas. Pois bem, nossos investigadores descobriram que ele acabou de receber mais drogas hoje e precisamos ir apreende-lo!  - Calum, nosso chefe do dia, diz com a autoridade que ele tem aqui.

- Como vai funcionar a operação? - Um policial pergunta.

- Vocês irão em quatro carros. Três irão fechar as ruas, assim ele ficará encurralado. Dois policiais entram na casa e mais dois ficam do lado de fora para o caso dele sair. E os outros fiquem de olho se ele vai tentar fugir. Preciso dele preso.

- Sim senhor delegado! - Batemos continência.

Nos dividimos em quatro camburões da polícia. No carro onde eu estava Luke, Ashton e o capitão Carter também estavam. O capitão acompanhava os outros carros em alta velocidade, enquanto nós preparavamos nossos coletes à prova de balas e as nossas armas. Provavelmente não vou conseguir chegar a tempo do jantar, maravilha.

- Estamos chegando pessoal. Vamos ficar na rua dois. Sophia e Luke vão ficar na esquina da rua observando os movimentos dele. Ashton fica perto do carro caso alguma emergência aconteça. Eu irei entrar em uma casa ao lado da dele e tentar pular pra lá para o caso dele tentar fugir. - Carter diz e a gente assente.

Chegamos na rua onde tudo iria acontecer e os outros carros se posicionaram como a gente. Cada grupo teve uma técnica diferente para fechar a rua e nós seguimos o que foi mandado.

Fiquei em uma esquina e Luke na outra. Vejo Carter entrando na casa vizinha e outros dois policiais entrando na casa do traficante. Observo tudo, e vejo o traficante nos ver pela janela, merda!

- MÃOS PRO ALTO AGORA! - Escuto o grito de um dos policiais de dentro da casa e o traficante sorri.

- SE VOCÊS SE APROXIMAREM EU VOU ATIRAR. - Ele grita também e eu reviro os olhos. São doze contra um, pelo amor.

- A CASA CAIU! SE ENTREGUE ANTES QUE A SITUAÇÃO FIQUE PIOR PRA VOCÊ! - O outro policial grita e o rapaz começa a levar as mão na cabeça, mas acaba pegando a própria arma.

Numa fração de segundos escutamos barulhos de tiros. Não só eu, mas como todos os outros policiais tiramos nossas armas e olhamos ao redor. Avistei outro traficante do lado de fora se preparando pra atirar em um dos policiais da linha de frente. Filho da mãe.

Não êxito em atirar primeiro após mirar nele, e vejo-o cair no chão pelo tiro certeiro que dei em sua perna. Ops rsrs.

- Boa Soph! - Luke diz sem emitir som e eu sorrio.

Em segundos mais traficantes aparecem, e aí começamos a troca de tiros. Consegui atirar em mais dois. A noite já estava caindo quando os traficantes estavam todos no chão baleados, mas sem risco de morrer. As ambulâncias já estavam a caminho, e agora estavam algemando eles. Inclusive o chefe do tráfico.

- Sophia, Luke e Ashton, venham comigo! - Carter nos chama e nós seguimos ele. - Vamos vasculhar a casa e apreender tudo!

- Sim senhor!

Nos dividimos entre os cômodos da casa e eu fiquei com dois quartos para vasculhar. No primeiro estava bem vazio, não tinha nada demais. Mas no segundo eu encontrei duas metralhadoras e muita cocaína.

- CAPITÃO CARTER! - Chamo meu superior e ele logo aparece no quarto. - Olha o que encontrei.

- Meu Deus! Parabéns Rossi.

- Obrigada.

Dou de ombros e volto a vasculhar o armário e as gavetas. Quando bato meus olhos em uma caixinha eu não aguento e começo a rir.

- O que foi? - Carter me pergunta curioso. Pego a caixa nas mãos e mostro pra ele. - A não!

Ele também começa a gargalhar muito. Uma caixa de camisinhas neon! Que horror!

- Aí credo! - Jogo a caixa de volta no armário, mas decido pegar novamente. - Vamos apreender isso. Se ele quiser transar depois que sair da cadeia daqui uns anos vai precisar comprar mais para se satisfazer.

- Você é ótima Sophia! - Continuamos rindo e vasculhando as outras coisas.

Recebemos a ajuda de mais seis policiais para vasculhar a casa e apreender tudo. Levamos pras viaturas da Polícia tudo.

- Todos foram levados nas ambulâncias para o hospital. Já mandaram alguns policiais que vão estar de plantão hoje pro hospital. - Um outro capitão diz quando colocamos tudo nos carros e interditamos a casa. - Vamos pra delegacia agora.

Entramos nas viaturas na mesma divisão que viemos e já estava de noite.

- Você atirou muito bem Soph! - Luke me elogia após um silêncio.

- Realmente ruiva. Mas nada supera o fato de você encontrar uma caixa de camisinhas neon. - Carter começa a rir novamente fazendo todos nós rimos.

- Sempre é a Sophia que acha essas coisas né?! - Ashton começa a dizer e eu espero ele continuar. - Lembram daquela vez que ela achou algemas, chicote e lubrificadores?

- Isso foi constrangedor! - Rebato rindo. - Ai credo.

- Credo mesmo. Mas foi hilário! - Luke também diz rindo e a gente continua assim por todo caminho até a delegacia.

- Pessoal, vamos retirar as coisas do carro e levar pra sala do delegado. Em seguida vocês estão liberados, já passou muito do horário de vocês. - Carter diz e eu, Luke e Ashton assentimos.

Ajudamos ele a levar as cocaínas pra dentro da sala do delegado, e quando o carro já estava vazio eu subi pro segundo andar até a minha sala para juntar minhas coisas e ir embora. Pego minha bolsa, com minhas coisas tudo dentro, e volto pro primeiro andar.

- Boa noite pessoal! Bom trabalho! - Digo pra alguns que estavam na recepção.

- Boa noite Rossi! Bom final de semana! - Eles me desejam e eu sorrio.

Vou até meu carro e sinto o meu corpo doer um pouco pelo dia agitado. Olho as horas no relógio, já são 19:55 horas. Já estou bem atrasada pro jantar, não vai dar tempo de passar em casa. Vejo que tenho algumas mensagens no meu celular.

" Soph? Onde está? "

"HEY! Você vai comigo?"

"Sophiaaaaaa"

"Ruiva, vou com o Luis, você sumiu".

 chegamos chata. Cadê você?"

Todas as mensagens eram de Lottie. Decido ser breve e apenas perguntar o endereço. E a mensagem chega rapidamente. Coloco o endereço no GPS e sigo pro condomínio do cantor David.

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