Chegamos até a secretária da doutora Alice e pedimos para conversar com ela. A moça pediu para que nós esperássemos. Ela faz uma ligação e logo em seguida pede para entrarmos, e agradecemos."Boa tarde, vocês gostariam de falar comigo?" A doutora Alice perguntou, enquanto fez sinal para que nos sentássemos."Sim, doutora, estou um pouco confusa, pois a senhora havia me dito que Janessa precisaria fazer quimioterapia, só que ainda não começou. Está acontecendo algo mais sério para isso?" Pergunto a ela, enquanto Raylon permanece quieto, esperando a resposta. Surpreendentemente, doutora Alice sorri, o que me deixa curiosa. Olhei para ela e fiquei esperando sua resposta."Estava esperando um pouco mais para conversar com vocês, pois estamos fazendo alguns exames para ver se dará certo.""Dá certo o quê?" Perguntei."O novo tratamento. Como ela já tem uma doadora, no caso, você. Estamos fazendo o possível para descartar a quimioterapia.""Mas antes de vocês fazerem algum tratamento experi
"Para minha tristeza, meus pais voltaram para Bom Jesus. Vou sentir muita falta deles, mas Raylon já deixou avisado que no Natal estaremos lá, e eles ficaram felizes.""Os enjoos matinais também começaram. Meu café matinal foi parar no banheiro, e estou com o estômago vazio. Mas tudo que coloco pra dentro vai pra fora. Está bem complicado mesmo.""Amor, você está suando", Raylon sai da sua mesa e se aproxima preocupado."Estou bem, é só o enjoo matinal", digo a ele."Mas eu nunca vi você enjoar.""Pois é, mas hoje meu estômago está revirando", quando eu acabei de falar precisei respirar fundo porque a bile subiu.Raylon saiu e retornou com água tônica e um pacote de biscoito salgado."A doutora Lúcia falou que isso vai te ajudar", Raylon está atencioso esses dias. Agradeci a ele.Depois que meu estômago se acalmou, voltei a trabalhar. Na hora do almoço, não tinha vontade alguma de comer, mas Ray me disse que eu deveria me alimentar."Não tenho vontade de comer", digo fazendo careta."
"Um casal saiu da sala da doutora aos prantos e eu me perguntei o que havia acontecido para que eles saíssem chorando. A doutora pediu para que nós entrássemos.""Boa tarde", ela nos cumprimentou enquanto sentamos."Boa tarde, doutora. Por que aquele casal saiu aos prantos?" Perguntei a ela, pois estava muito curiosa. Ray apertou a minha mão para que eu me calasse, mas já era tarde."Infelizmente, hoje não é um dia de boas notícias para muitos, porém para vocês sim. Como devem saber, Janessa está de alta. Tenho algumas recomendações para vocês que sigam todas as prescrições.""Temos muitas regras para seguir?" Raylon perguntou, e a doutora nos entregou tudo por escrito... misericórdia, tinha tantas regras que era difícil gravar.Raylon olhou para mim e eu fiz algumas perguntas à doutora, que respondeu a todos os questionamentos.Depois de resolvermos tudo com a doutora, Ray e eu assinamos os documentos para a alta de Nessa e fomos ao seu quarto buscá-la. Ao chegarmos, a encontramos co
Já na sala, as meninas perguntam o que Angélica e eu estávamos fazendo, e dissemos que não era nada demais, apenas fomos ver as crianças no quarto. Elas se entreolharam, e não entendemos o motivo. Chamei-as para prepararmos os petiscos. Alana se aproximou de mim e começou a fazer diversas perguntas sobre Pedro, o que me deixou muito intrigada."Está interessada, Alana?" Perguntei, e ela me olhou sem graça."Gostei do jeito dele, só isso. Ele é casado?" Essas perguntas só me fazem ter certeza de que ela está interessada."Viúvo. Tem certeza que não se interessou mesmo?" Perguntei mais uma vez."Só achei ele interessante. Ih! Para de me olhar desse jeito." Ela desvia o olhar, e eu logo constato que estou certa."Eu sabia, mas pode deixar que não vou contar e nem me meter, eu juro. Se quiser mais algumas informações, eu posso te dar." Dou uma piscadela pra ela, que me mostra a língua. A quinta série não sai de nós.Terminamos os petiscos e levamos para a sala. Ao chegarmos, os meninos es
No dia seguinte, acordamos com Janessa pulando em cima de nós."Posso trabalhar com vocês hoje?" Ela perguntou animada."Mas com uma condição." Ray diz a ela."Qual?" Ela pergunta olhando para ele."Hoje você vai me deixar te ensinar as atividades da escola?" Ela concorda e sai pulando mesmo nós dizendo a ela para não fazer isso. "Temos que passar a trancar essa porta", Raylon disse. "Não quero que Nessa nos pegue fazendo algo que ela não deveria ver.""Não vamos trancar. Já pensou se ela passar mal e não ouvirmos? Pelo menos ela vai poder abrir a porta e nos chamar."Raylon pondera e concorda. Nos levantamos e, enquanto Ray se arruma, vou para a cozinha preparar o café. Depois de tudo pronto, vou tomar banho. Devidamente arrumados, tomamos café juntos, algo que não fazíamos há alguns meses."Preciso comprar roupas novas, essas aqui estão começando a ficar apertadas." Raylon olhou para mim e cochichou algo com Nessa, que sorriu. "Vocês vão ficar rindo pelas minhas costas?" Pergunto a
Raylon PeresHoje é um dia de muita correria, pois Mel decidiu que faríamos uma festa surpresa para nossa filha. Os nossos amigos vieram nos ajudar junto com a ornamentação. Quando Nessa descobriu sobre a festa, ela ficou super empolgada e nos perguntou se seus amigos do orfanato viriam, e quando dissemos que sim, ela ficou feliz. Ela me pediu para brincar no castelo, e eu disse que sim. Quando Mel a viu pulando, olhou para mim, e eu sabia que lá vinha bomba."Raylon, você deixou a menina ficar pulando?" ela me pergunta, e eu confirmo."Você sabe que ela não pode ficar pulando desse jeito. Olha só, se acontecer alguma coisa com ela, a culpa é sua." Pedi desculpa a ela, mas logo as meninas vieram e intercederam por ela, que se acalmou, mas sempre que podia ficava de olho.A bolsa de Mel parecia uma farmácia de tanto remédio. Eu sabia que ela seria uma boa mãe, mas nunca imaginei que seria desse jeito. Ela me gritou, e fui ajudá-la com os arcos de bolas."Por que você não contratou uma
Meridiana PeresFinalmente, os doutores liberaram a minha saída do hospital. Sei que estou sendo muito bem tratada aqui e não tenho do que reclamar, mas nada melhor do que você poder levantar e sair a hora que quiser."Não acredito que você pode ir para casa", Dadá estava sorridente."Para casa ainda não, pois só me sentirei em casa no Brasil, mas já é um alívio não ter que ficar no hospital".Liguei para Raylon, que me atendeu rapidamente."Oi, mãe, bom dia. Aconteceu alguma coisa?", ele perguntou preocupado."Oi, meu filho, estou bem. Estou te ligando para te dar uma ótima notícia, vou voltar para o apartamento. Os médicos querem saber se eu poderei levar uma vida 'normal'". Faço o sinal de aspas com as mãos como se ele pudesse ver."Isso é maravilhoso, mãe", ele diz. "Peraí que vou contar pra Mel."Ouço a voz de Mel comemorando ao fundo."Oi, Meridiana, parabéns. Fico muito feliz pela sua recuperação", Mellory me felicita, e logo em seguida ouço a voz do meu filho."Vê se não vai f
No dia seguinte, chamei Dadá para darmos uma caminhada e tomarmos café na rua. Ela recusou o café porque, segundo ela, não queria "comer água com salsicha", mas eu disse a ela que não precisaria se preocupar, pois eu sabia de um lugar onde poderíamos tomar café estilo Brasil."Menos mal, porque ninguém merece comer uma coisa ruim", ela comentou."Você nem comeu, como sabe que é ruim?", perguntei, e ela deu de ombros."Raylon me disse, e eu acredito nele."Dadá sabe melhor do que ninguém como Raylon é fresco. O café não era de todo ruim, mas era estranho. Nos arrumamos e fomos caminhando. Cerca de meia hora depois, vimos dois homens que aparentavam ter a nossa idade correndo."Oh, papai!", exclamei, e Dadá olhou para mim."Quem te viu e quem te vê, Meridiana.""O que eu fiz? Que culpa eu tenho se aqueles caras são uns delícias."Eu os admirava com os olhos, e quando eles viraram para nós, percebi que eram os doutores Egon e seu irmão, o doutor Andreas."Oi, que surpresa encontrar vocês