Meridiana PeresFinalmente, os doutores liberaram a minha saída do hospital. Sei que estou sendo muito bem tratada aqui e não tenho do que reclamar, mas nada melhor do que você poder levantar e sair a hora que quiser."Não acredito que você pode ir para casa", Dadá estava sorridente."Para casa ainda não, pois só me sentirei em casa no Brasil, mas já é um alívio não ter que ficar no hospital".Liguei para Raylon, que me atendeu rapidamente."Oi, mãe, bom dia. Aconteceu alguma coisa?", ele perguntou preocupado."Oi, meu filho, estou bem. Estou te ligando para te dar uma ótima notícia, vou voltar para o apartamento. Os médicos querem saber se eu poderei levar uma vida 'normal'". Faço o sinal de aspas com as mãos como se ele pudesse ver."Isso é maravilhoso, mãe", ele diz. "Peraí que vou contar pra Mel."Ouço a voz de Mel comemorando ao fundo."Oi, Meridiana, parabéns. Fico muito feliz pela sua recuperação", Mellory me felicita, e logo em seguida ouço a voz do meu filho."Vê se não vai f
No dia seguinte, chamei Dadá para darmos uma caminhada e tomarmos café na rua. Ela recusou o café porque, segundo ela, não queria "comer água com salsicha", mas eu disse a ela que não precisaria se preocupar, pois eu sabia de um lugar onde poderíamos tomar café estilo Brasil."Menos mal, porque ninguém merece comer uma coisa ruim", ela comentou."Você nem comeu, como sabe que é ruim?", perguntei, e ela deu de ombros."Raylon me disse, e eu acredito nele."Dadá sabe melhor do que ninguém como Raylon é fresco. O café não era de todo ruim, mas era estranho. Nos arrumamos e fomos caminhando. Cerca de meia hora depois, vimos dois homens que aparentavam ter a nossa idade correndo."Oh, papai!", exclamei, e Dadá olhou para mim."Quem te viu e quem te vê, Meridiana.""O que eu fiz? Que culpa eu tenho se aqueles caras são uns delícias."Eu os admirava com os olhos, e quando eles viraram para nós, percebi que eram os doutores Egon e seu irmão, o doutor Andreas."Oi, que surpresa encontrar vocês
Quase um mês se passou e Janessa está bem recuperada. Como falta um mês e meio para encerrar o ano, eu acabei optando por permanecer com a educação da minha filha em casa. Dona Magnólia e a professora Brenda também concordaram comigo. Estava jantando com Ray e Nessa quando meu celular tocou, e quando olhei no visor vi que era a minha tia."Oi, tia Tônia, aconteceu alguma coisa?" perguntei a ela, que negou."Não, meu amor, estou ligando para avisar que os meninos e eu passaremos uns dias no Rio de Janeiro e gostaria muito de poder marcar com você para nos vermos. Quero muito ver como está a minha barrigudinha e conhecer a minha nova sobrinha.""Que maravilha, tia. Não vejo a hora de vê-la. Estou sentindo saudades de vocês. Tio Afons virá também? Raylon gostou muito dele e dos meninos.""Sim, nós iremos primeiro, e ele virá depois de fechar alguns negócios pendentes com o haras. Você soube o que aconteceu com Fabíola? Estou em choque com a loucura dela. Fico feliz que ela não seja minha
Já em casa, não estava me sentindo muito bem, então resolvi deitar. Raylon me perguntou se eu estava bem, e eu precisei dizer a verdade a ele, que ficou preocupado. Ele ligou para a doutora Lúcia, que o tranquilizou dizendo que o que estava sentindo era apenas cansaço. Janessa entrou no quarto e se deitou ao meu lado, fazendo carinho em minha barriga. Ray entrou e me avisou que amanhã eu não iria trabalhar, e perguntei a ele o motivo."Você ainda precisa de motivo?" Ele pergunta, e eu afirmo. "É só olhar o espelho, você está abatida.""Mas não posso me afastar no momento. Daqui a pouco entraremos em recesso, e aí descansarei.""Pode e vai. Amanhã eu saio cedo, e você vai ficar em casa com Nessa." Eu até iria discutir, mas estava cansada demais para isso.Ray saiu, e quando retornou me avisou que o jantar estava servido, o que me deixou muito surpresa, pois ele não sabia cozinhar. Chamei Nessa, e juntas fomos para a sala, onde a mesa estava posta."Onde você comprou essa comida?" Pergu
Nem acredito que já cheguei aos cinco meses cravados, a barriga está bem protuberante, e eu achando que não teria muita barriga, só rindo mesmo. Nosso coquetel transcorreu muito bem, todos os funcionários se divertiram bastante, e agora oficialmente estamos em recesso e super animada para poder ir para a fazenda, amo me reconectar com as minhas raízes."Em que está pensando?" A voz de Raylon próximo ao meu ouvido me assustou."Você precisa parar de me assustar." Ponho a mão no peito."Não foi a minha intenção", ele colou nossos corpos e pôs a mão em meus seios. "Nossa, amor, você está gostosa, olha só esses peitões, me deu vontade de..." O cortei imediatamente."Pode ir tirando seu pangaré da chuva, aqui só meus filhos irão encostar." Ele me olhou e bufou."Sério mesmo?" Confirmei com a cabeça."Senhora Peres vai dormir, porque amanhã a senhora acordará cedo." Ele estende a mão e eu aceito.Raylon tem ficado muito no meu pé, isso é muito chato. Ele não achou que era uma boa ideia eu f
Celina Magalhães"As meninas não sabiam como eu estava arrasada por dentro, mas eu não quero perturbá-las com meus problemas. Fui mergulhar para relaxar um pouco e, quando saí da água, sentei na canga. Percebi que as meninas estavam me olhando, até mesmo Nessa, mas fingi que não percebi. Meu celular apitou e eu sabia que era Joca.""Oi amor, você está bem?" - Ele pergunta, e eu afirmo."Sim, o que você quer?""Você me pediu para te contar sobre a minha vida e foi isso que eu fiz.""Eu pedi para você me contar, só que eu não sabia o que você teria feito com a moça, então é por isso que toda vez que você bebe fica pedindo perdão a ela." - Ele não me respondeu, e eu desliguei o celular.Fiquei olhando para Mel e Nessa brincando na água. As duas riam e jogavam água uma na outra. Sempre soube que Mellory tinha instinto maternal.Maryanna se sentou ao meu lado e ficou me perguntando o que estava acontecendo comigo, e eu disse a ela que não gostaria de conversar naquele momento. Mary pediu p
Mellory Bragança PeresQuando me aproximei com Nessa, as meninas se calaram. Olhei para elas sem entender, e Celina disse que depois conversaria comigo.Fizemos um lanchinho na praia. Quando Janessa pediu para comprar o camarão frito que um cara estava vendendo, eu não deixei, não autorizei. Não é nem por nada, mas é porque eu não sei a procedência dessas coisas. Minha filha ficou triste, só que eu não posso arriscar a saúde dela.As meninas olharam para mim como se eu fosse uma mãe louca."Amiga, camarão não está proibido na agenda dela", Maryanna tenta remediar a situação."Não posso simplesmente deixá-la comer coisas sem procedência. Não é nem por nada, mas fico preocupada com a sua situação.""Você se tornou o pior tipo de mãe que alguém pode ter.""Como assim, Celina?" Não entendi o que ela disse."Você é aquela mãe do 'não'... não faça isso, não faça aquilo, não... não... não", ela diz, e Mary sorri."Sério que vocês não entendem? Ela ainda não está curada, e tenho muito medo qu
"Amiga do céu, a sua prima é louca." Celina olhou para mim e eu concordei."Nem me fale, estou preocupada com a minha tia e o Julinho no meio dessa coisa toda. Eu esperava muita coisa da minha prima, menos assassinato. Ainda não entenderam a motivação para o crime, mas com certeza foi por ciúme.""Só espero que seus pais não queiram pagar advogado para tirar a sua prima traíra da cadeia.""Minha mãe disse que meu pai já deixou avisado que ela está por conta própria.""Mas esse Juliano era um babaca, não é só porque morreu que virou santo." Mary está certa. "Amiga, como você, uma pessoa tão inteligente, acabou ficando noiva dele?""Vou te falar, Juliano não era assim, amiga. Ele era um cara tão amoroso, carinhoso, mas só que ele sempre foi desse jeito. Não sei como nunca percebi.""Bom que você se livrou do traste, amiga."Janessa pediu para ir ao banheiro, e eu a levei. Quando retornamos, nossas refeições estavam sendo postas na mesa. Nos sentamos e comemos em silêncio. Quando termina