Mellory Bragança PeresQuando me aproximei com Nessa, as meninas se calaram. Olhei para elas sem entender, e Celina disse que depois conversaria comigo.Fizemos um lanchinho na praia. Quando Janessa pediu para comprar o camarão frito que um cara estava vendendo, eu não deixei, não autorizei. Não é nem por nada, mas é porque eu não sei a procedência dessas coisas. Minha filha ficou triste, só que eu não posso arriscar a saúde dela.As meninas olharam para mim como se eu fosse uma mãe louca."Amiga, camarão não está proibido na agenda dela", Maryanna tenta remediar a situação."Não posso simplesmente deixá-la comer coisas sem procedência. Não é nem por nada, mas fico preocupada com a sua situação.""Você se tornou o pior tipo de mãe que alguém pode ter.""Como assim, Celina?" Não entendi o que ela disse."Você é aquela mãe do 'não'... não faça isso, não faça aquilo, não... não... não", ela diz, e Mary sorri."Sério que vocês não entendem? Ela ainda não está curada, e tenho muito medo qu
"Amiga do céu, a sua prima é louca." Celina olhou para mim e eu concordei."Nem me fale, estou preocupada com a minha tia e o Julinho no meio dessa coisa toda. Eu esperava muita coisa da minha prima, menos assassinato. Ainda não entenderam a motivação para o crime, mas com certeza foi por ciúme.""Só espero que seus pais não queiram pagar advogado para tirar a sua prima traíra da cadeia.""Minha mãe disse que meu pai já deixou avisado que ela está por conta própria.""Mas esse Juliano era um babaca, não é só porque morreu que virou santo." Mary está certa. "Amiga, como você, uma pessoa tão inteligente, acabou ficando noiva dele?""Vou te falar, Juliano não era assim, amiga. Ele era um cara tão amoroso, carinhoso, mas só que ele sempre foi desse jeito. Não sei como nunca percebi.""Bom que você se livrou do traste, amiga."Janessa pediu para ir ao banheiro, e eu a levei. Quando retornamos, nossas refeições estavam sendo postas na mesa. Nos sentamos e comemos em silêncio. Quando termina
Maryanna AzevedoEstava dirigindo cautelosamente, pois a estrada é bem complicada. Celina liga o som e ficamos conversando com Mel até que fiz uma pergunta e ela não respondeu."Celina, abaixa esse som, a Mel não está me ouvindo", digo a ela, que vira para trás e depois olha para mim."Ela não vai te responder porque está dormindo", olhei para trás e constatei que ela e Janessa estavam realmente dormindo. "A gravidez está exigindo muito dela, não é?""São três bebês ali dentro, você queria o que?""Eu achei que você seria a primeira a casar, engravidar. Não imaginava que Mel seria a primeira.""Nunca percebeu que, de nós três, ela sempre foi a mais maternal? O problema era que Mel não tinha a pessoa que a fez voltar a sonhar.""O mais surpreendente é ela ter escolhido Raylon para isso", Celina não consegue entender que os sentimentos vêm de onde menos esperamos."Vocês falam muito", Mel diz sonolenta."Pode dormir, amiga. Em breve vamos parar em um posto e Celina irá trocar de lugar c
Raylon PeresNão sei por que estava apreensivo com a saída das meninas, por mim Mel e Nessa não iriam, só que não queria que ela pensasse que eu queria podá-la ou trancafiá-la dentro de casa. Sempre que eu podia ligar para Mel, eu fazia. Quando percebi que estava importunando elas, decidi ligar a televisão para me distrair, só que sem sucesso, nada me distraía. Já estava procurando outra coisa para fazer quando minha campainha tocou. Me levantei para atender."O que tá fazendo aqui, Joca?" Pergunto a ele sem entender, já que não havíamos marcado nada. Joca entrou sorrindo e me entregou duas sacolas cheias de latas de cerveja. "Pra que isso?""Pra enfeitar, que não é. Vim ficar com meu mano, soube que você está solitário e enchendo o saco das meninas", ele sorri, mas eu percebo que Joca também não está bem."Quem te disse que estou solitário? Outra coisa, por que está com essa cara de enterro?""Ah, mano! Nem te conto.""Temos muito tempo", digo balançando as sacolas que ele me deu.Jo
Celina MagalhãesQuando a ambulância partiu, fiquei com os policiais e fiz o B.O, contei todo o ocorrido nos mínimos detalhes. Eles me pediram para dar uma descrição dos bandidos, e foi o que eu fiz. Após meu depoimento, os policiais quiseram me levar para o hospital na viatura, mas o casal que permaneceu aguardando disse a eles que me levariam."Não vai ser incômodo?" Perguntei a eles."Não mesmo, a menos que você queira ir no carro da polícia." A moça diz com um sorriso, e eu estremeço. Lembrei da voz da minha falecida mãe dizendo para eu nunca entrar no carro de polícia.Agradeci a eles e entrei no carro. Durante o trajeto, descobri que o casal se chama Fernanda e Lucas. Eles tentavam me distrair, pois viram o quão aflita eu estava. Naquele meio tempo, fizemos uma amizade."Vai ficar tudo bem com a sua amiga, você vai ver." Fernanda disse, olhando para mim com carinho."Espero que sim." Meu olhar estava perdido. Minha amiga estava tão feliz, e agora aconteceu essa coisa.Fiz uma pr
João Carlos (Joca)Quando Celina chegou, tudo que eu queria era poder tomá-la em meus braços, mas pelo seu olhar, eu sabia que ela não queria que eu me aproximasse dela, e respeitei o seu espaço. Estávamos em silêncio, à espera de informações, quando Celina lembrou que deveríamos ligar para tia Meridiana. Ela ia pegar o celular de Mel para ligar, mas eu pedi a ela que me deixasse fazer isso. Assim que recebo a sua permissão, pego meu celular e me afasto. Não vou ligar direto para tia Meri, vou ligar para Dadá, porque sei que ela vai conseguir passar a informação a ela de uma maneira mais amena. Esperei que ela atendesse."Alô! Quem fala?" - Ela perguntou sonolenta, e eu me lembrei que ela já deveria estar dormindo."Dadá, sou eu, Joca.""Joãozinho, tudo bem, meu filho?" - Ela perguntou, e neguei."Infelizmente, não, Dadá. Aconteceu uma fatalidade, e por isso estou te ligando."Ela fica aflita e pede para que eu explique tudo o que estava acontecendo, e foi o que eu fiz. Quando termine
Raylon PeresQuando cheguei atrás de informações sobre minha esposa todos me mandam aguardar, chegou uma hora que eu explodi e o médico chefe apareceu para conversar comigo."Muito prazer, eu me chamo Enrico Bernardes e sou o médico chefe e gostaria de pedir ao senhor que me acompanhasse, pois precisamos conversar", disse ele. Vou atrás dele e quando nos aproximamos, ele abre a porta e pede para que eu me sente."Senhor, estou ficando preocupado, pode por favor me dizer o que está acontecendo, como está a minha filha Janessa, minha esposa e os bebês?", perguntei, olhando para ele com pesar."Senhor...", ele hesita por um momento, esperando que eu diga meu nome."Raylon Peres", eu respondo."Senhor Raylon, sua esposa está em uma situação muito delicada. No momento, estamos tentando conter o sangramento. O problema não foi o tiro, pois ele foi de raspão, mas o problema foi a queda. Mellory apresentou um inchaço e precisamos induzi-la ao coma. Já em relação aos fetos, estamos preocupados
Quando cheguei ao quarto de Nessa, ela estava acordada e chorando baixinho. Aproximei-me dela lentamente e sentei ao seu lado."Oi, filha, o que aconteceu?", perguntei enquanto ela continuava chorando."A minha mãe morreu, não é?", ela perguntou chorando, e eu sabia que o que ela tinha presenciado poderia deixar um trauma."Não, sua mãe vai ficar bem", respondi. Ela balançou a cabeça negativamente."Eu vi o sangue dela, pai, e tinha muito... muito sangue", ela olhou para mim ainda chorosa. "Meus irmãos vão ficar bem também?", era a pergunta mais difícil de responder."Vamos torcer para que fiquem bem. Você quer conhecê-las?", perguntei a ela, que sorriu e balançou a cabeça confirmadamente.Ajudei Nessa a sair da cama e a levei até a UTI. Apontei para o local onde estavam as três bebês juntas."Pai, elas são muito pequenas", Nessa as observava de forma curiosa."Elas vão crescer", respondi, enquanto ela continuava encarando as meninas."Qual o nome delas?", ela perguntou, aproximando o