June estagnou repentinamente no lugar, olhando para todos aqueles corpos mortos, para o sangue, para aqueles demônios que eram enormes e assustadores que despertavam nela um pânico primitivo. Tinha medo, claro que tinha, não era idiota para não temer.
Mas sabia que, se fosse até a batalha, morreria. Ela não era uma feiticeira, não era uma vampira imortal ou uma elemental do fogo, não, era uma simples humana que possuía conhecimentos específicos sobre ervas, flores e poções, nada mais. Dante havia ensinado ela a utilizar poções explosivas para ataques ofensivos, e isso a tinha salvado daquela serpente, mas não por muito tempo, caso Dante não tivesse chegado e certamente não seria útil contra demônios.
Ou seja, ela seria apenas um fardo, apenas algo para preocupar Dante e principalmente Vincent, e ela não podia distrair Vince, nã
– Espera – Minerva pediu para Vincent e Maximus, enquanto eles corriam em direção a Salvatore que executava o ritual.Minerva não esperou que eles se virassem para ela, simplesmente agarrou as costas das vestes deles e pronunciou duas palavras quase ininteligíveis.Vincent conseguiu sentir a onda de magia que subitamente invadiu seu corpo, a forma como aquela energia parecia antiga e visceral, fechando-se ao redor do coração dele como um laço, como algo que estava sendo entalhado direto em seu músculo palpitante.Ele olhou para sua irmã por sobre o ombro e encontrou o par de olhos escuros dela carregados de uma tristeza substancial. Vincent sabia o que ela havia feito nele e em Maximus, sabia o que aquela magia significava.– Precaução – Minerva sussurrou tão baixo que quase não foi ouvida.– Você
A conversa acabou rápido, porque Salvatore Lex avançou direto contra Maximus e eles se chocaram como se dois raios se encontrassem em eletricidade mágica pura.Não demorou para que Miranda se juntasse a eles, estava revigorada devido a doação de magia feita por Ellie, havia conjurado novamente aquele par de asas amarelas para que pudesse se mover com velocidade, pois não seria possível com suas pernas de madeira.Vincent observou por um momento, analisou se seriam capazes de matar Salvatore. Não deixava de se impressionar com a forma com a qual o pretor se movia, rápido, firme e fluidamente, desviando dos ataques de Maximus e Minerva tão facilmente, embora estivesse olhando apenas para Max. Seus instintos eram ferozes e primários, como se cada célula de seu corpo soubesse exatamente o que fazer, que movimento executar.O feiticeiro reuniu aquela força primordial, pu
Àquela altura a magia das trevas havia cercado o núcleo comprimido da magia de Ellie como lobos famintos, mostrando as presas, enquanto a mágica dela se encolhia como um coelho indefeso, incapaz de se libertar.A sensação, de quando Ellie finalmente retirou a constrição de sua própria mágica, foi a de abrir a janela do quarto em um dia abafado e sentir uma brisa fresca entrar, a sensação de poder respirar fundo e resfriar o corpo. A sensação foi de alívio. Como se ela tivesse inspirado profundamente, prendido o fôlego e finalmente tivesse expirado.Sua magia foi soprada de dentro de seu corpo, ela se expandiu tomando conta de tudo ao redor, preenchendo o espaço, liberando-se para todo o lado, partindo de cada poro do corpo de Ellie. Era como luz que partia de um fogo que crescia a cada segundo, consumindo a lenha que lhe era oferecida e crescendo cada vez mais
À partir da conexão mental feita por Vincent, os três irmãos começaram a atuar como se seus movimentos fossem conectados por fios, um sempre sabia onde o outro estava e um sempre sabia quando atacar e quando o outro iria defender. Era majestoso, como uma dança, onde cada um dos três sabia exatamente todos os passos da coreografia.Agora, Salvatore parecia realmente acuado, recuando um passo atrás do outro, olhando de um lado para o outro sem de fato conseguir enxergar direito. Ele possuía um hematoma em sua bochecha, arranhões em seu braço que estava manchado de sangue, um corte no peito que manchava sua camisa, mais hematomas em suas mãos. Estava machucado, isso era prova mais do que suficiente de que a conexão estava funcionando.Mas até que ponto?&
Sam havia entrado no corpo de um feiticeiro que estava caído no meio da clareira. Seu coração ainda batia fracamente, mas a julgar pelos sulcos profundos que ele tinha no peito, Sam diria que não ficaria vivo por muito mais tempo. Ao menos, poderia usar os conhecimentos mágicos daquele homem para ajudar na batalha.Invadir aquele corpo tinha sido muito mais fácil do que quando Sam fizera da primeira vez, com aquele guarda feiticeiro do Conselho da Magia, já que essa mente estava fraca e instável.Dante, Beck, Katrin e Amber agiam como uma unidade selvagem que derrubava demônio após demônio, sendo o melhor suporte que ele já tinha visto.Mas era estranho, porque aquele círculo mágico havia se apagado, mas a fissura ainda existia no centro daquela clareira e ele não via Ellie em lugar algum. Teve uma sensação ruim em relação aquilo. Al
Ellie ainda segurava as bordas da fissura, mas agora parecia quase convulsionar enquanto chorava. A verdade assustadora era que não queria morrer, não queria ficar presa para sempre naquele cenário gelado e estéril que ela mesma havia criado.Era tão silencioso que ela podia ouvir as batidas de seu coração e o ar entrando e saindo de seus pulmões, conseguia quase ouvir seu sangue correndo em seus vasos.Foi quando alguém surgiu ao seu lado, uma sombra, uma presença.Quase, por instinto, Ellie soltou a fissura e tentou reunir magia de ataque, mas não conseguiu soltar e, lá no fundo, sabia que não havia mágica alguma para reunir, que toda sua força e seu fôlego estavam concentrados naquele ato de tentar fechar aquele buraco.– Ellie – a voz lhe era estranha, ela sabia que não conhecia o homem que falara e, quando olhou para
Maximus Lennox teve um funeral digno de um feiticeiro, seu corpo havia sido queimado em uma pira por fogo mágico, onde sobraram apenas as cinzas. Foi plantado um carvalho onde jaziam suas cinzas onde o nome dele havia sido gravado no tronco. Carvalho era uma árvore especial para feiticeiros, considerado mágico.A árvore agora crescia na frente do castelo de Minerva.Ela parecia desolada, pálida e fraca depois da batalha, totalmente entristecida pela perda de seu irmão. Não chorava, mas ficava olhando para aquele carvalho através da janela quebrada do que antes era a sala principal.Dante e June estava sentados no chão, lado a lado, de mãos dadas, as cabeças encostadas uma na outra enquanto lágrimas silenciosas desciam por seu rosto. Ellie havia contado que fora Sam quem fechara a fissura e ele havia ficado lá dentro, por ela, no lugar dela.Ninguém jogou na c
Depois de horas da cerimônia, Vincent encontrou June de joelhos em frente a um dos jardins, colhendo flores e ervas e colocando em uma cesta. Algumas semanas antes, ela havia reaberto o herbário e havia conseguido reatar o contato com muitos de seus antigos clientes, agora estava novamente empenhada em fazer suas poções, emplastos, pomadas e unguentos.Ao lado dela estava Dante, apenas observando-a fazer o seu trabalho e conversando, ele falava algo que Vincent não conseguia ouvir aquela distância. Então, ele se inclinou para o lado e beijou sutilmente o pescoço de June, que não pareceu minimamente surpresa com o toque.Vincent sentiu seu estômago se revirar, sabia que estava fazendo careta, mas não conseguia evitar ao assistir um homem tocar sua filhinha daquela maneira. Ele teve vontade de arrancar Dante de perto dela e amarra-lo no chão, talvez o deixasse ali fora por umas dez ou quinze