Naquele grande emaranhado de túneis, câmaras e galerias, a tal seita da serpente tinha escolhido uma área propícia e instalado um acampamento provisório. O homem de cota nos desamarrou enquanto o loiro com uma toga azul pedia para ser seguido pela parte iluminada do acampamento, repleta de cheiros de erva e pinturas primitivas nas paredes. Achamos tudo muito estranho, claro, e até desconfiamos, mas seguir aquele desconhecido que alegava ter hipnotizado o colega em direção a uma suposta pilha de armas parecia mais sensato do que continuar apodrecendo no escuro. Hoje sei que se tratava de uma criatura mutante, Hat Nao Pak, então na forma do falecido Amadeus Tirenat, mas controlado por aqueles jovens recém-assentados por aqui. Coisa para mago entender.
15 - RAPSKIN Magnânima, aquela peça. Brilho divino ela refletia. Temi por nós, confesso, durante a incursão no santuário, embora os conflitos tenham durado quase nada. Foi incrível. Por mágica, dez inimigos pararam como Maxis fizera naquela data, graças à Mildred e outros dois. Por devoção, cinco fiéis ignoraram o revés iminente e entregaram a vida em nome de uma serpente malévola enquanto outro
19 - LANCEIRO ARDOCK Eu fiquei muito feliz anteontem quando o lorde Duoff falou que eu podia ir no ritual do ovo e chefiar um pelotão. Ele sempre confiou em mim e sempre me escolhe para fazer as coisas mais importantes. Eu sou um bom soldado e não fico fazendo perguntas. Na hora eu nem entendi direito por que estavam levando aqueles prisioneiros da caverna junto com um monte de bugigangas e por que tinha que ser fora da fortaleza. Eu não perguntei nada. O pessoal que tinha vindo da outra vez estava quase todo com nós. Dehvorak, com uma máscara nova, o homem escuro (o magro, não o outro com as tatuagens), aquela mulher elfo estava lá também e o murgon, que é muito esperto.
22 - IRMÃO JALON Glorioso! Poderoso! Não entendo! Por que essa provação? Por que? Mostre-me sua luz! Preciso de mais luz! Alimente-me! Tire-me dessa prisão, eu imploro! Tire-me desse cárcere! Demônios lá fora... demônios malditos! Eu sabia que tinha coisa! Demônios! Catelahd veio, examinou, o mestre tinha ficado esquisito... Por que não o matamos? Por que não matamos aquela víbora de Nalíccia? Eu sabia que tinha coisa!
26 - MILDRED As mentes de Adot denunciam. Poucos ainda confiam em mim. Faz seis meses e alguns dias que estou com o ovo. É uma peça incrível. Seu poder me influenciou desde nosso primeiro contato. Hat Nao Pak, ainda antes, tinha lançado minha alma de encontro a sua num processo que irradiava pureza, leveza e liberdade, recheando-me o íntimo com energia e conhecimentos, sem deixar-se trair por eles, até que fosse tarde demais. Caí nessa teia como um mosquito. Minha essência, ou parte dela (não sei), foi arrancada de
30 - TRECHO DE UMA CONVERSA ENTRE PAULUS, DEMÉTRIUS, OSIRES E LANDO (Demétrius) – Entendo... Foi por esse motivo que esqueci tantas coisas, não? O espírito de Galkorn bloqueara minha mente. (Lando) – Fez mais do que isso, na verdade. Assunto complicado. (Demétrius) – Complicado? (Lando) – Explica para ele, Paulus. (Paulus) – Não sei se posso. Pelo que sabemos, a alma de Galkorn possuiu uma parte de sua mente, Demétrius, escondendo lembranças, embaralh
Como é estranha essa vida, não? Sempre densa e insensata quando olhamos para frente, porém nítida e reveladora se viramos para trás.Não seria o contrário?Demétrius Aletrin é meu nome, disso tenho certeza. Minhas feições voltaram a ser como antes; cabelos lisos e negros, pele morena quase clara, sobrancelhas finas e corpo semi-robusto, mais adequado a um homem de armas. Se minhas lembranças recuperadas acusam vinte e cinco anos de existência, a nova carne possui dezoito ou dezenove, provável idade de um certo “hospedeiro”. Dependendo de como eu venha a falecer futuramente, poderei desfrutar uns aninhos
Remoer lembranças cruéis é incômodo, mas me ajuda a aceitá-las. Nossa oitava missão para a “Ordem da chama eterna” parecia simples: deixar Valks e seguir Hartsbark por uma estrada que conectava quatro vilas à capital do reino. Clérigos e cavaleiros pretendiam atravessá-la com mercadorias valiosas e desejavam uma avaliação prévia da trilha, temendo sua má reputação. Coisa fácil. Entramos no mato, cavalgamos, achamos a estrada, seguimos por ela atéZviling, Anaker, Elohwini Lembrar minha discussão com Valit traz Mildred à consciência explicitando uma teoria complicada sobre fenômenos casuais. Para a bruxa, não devemos encará-los como coisas sem sentido, mas pequenas vontades latentes do universo que desejam influenciar seus elementos, transformando-os em acontecimentos maiores e mais significativos, também geradores de influência e novas eventualidades. Cada fenômeno quer originar outro, e mais outro, e uma série de outros simultâneos, até que centelhas corriqueiras consigam engendrar uma árvore repleta de sentido. Isso nos faz indagar constantemente se existem forças controlando o acaso além da escolha e da fortuna. Claro que nem todas árvores crescem fortes e sustentáveis. Muitas tombam no meio do caminho ou apenas deixam de evoluir, pois sementes estão sempre surgindo para germinar e influenciar árvores vivas, auxiliando-as, parasitando-as ou arruinando-as na grande floresta 77