#Lucy
Acordo às cinco da manhã, com o toque do meu celular. É Jim quem está ligando, provavelmente para me pedir algum conselho sobre Noah...
— Oi, Jim, você sabe que horas são?
— digo, sonolenta.
— Ele está morto, Lucy. Ele se foi.
— Quem? — pergunto, apavorada.
— Noah. Não sei se eu deveria ter telefonado, mas você acabaria descobrindo que Mattias também estava lá e...
Aperto o celular com força:
— Onde está Mattias? Ele está bem? Por favor, diga que sim! Eu imploro, Jim... Por favor!
— Mattias foi baleado.
Por um instante, espero ouvir as palavras que mais temo: “Mattias está morto.” Mas não é isso que ela diz:
— Ele está sendo operado, no Lakeshore Hospital.
Antes que Jim termine a frase, arranco o pijama e começo a me aprontar para sair. Meus gestos são trêmulos.
Pego as chaves e caminho até a porta, ainda ouvindo Jim, que relata o que aconteceu, com t
#MattiasEstou neste hospital há uma semana. Detesto enfermeiras, médicos, agulhas, exames. E, principalmente, essas camisolas horríveis. Acho que se eu continuar aqui vou ter uma crise nervosa, por conta desse mau-humor. Ok, eu não deveria ter xingado a enfermeira que tirou minha sonda. Mas o que me deixou furioso foi seu bom humor, aquela enervante disposição à alegria.Não quero ver ninguém. Não quero falar com ninguém. Quanto menos gente se envolver em minha vida, melhor.Quase morri para conseguir mandar Lucy embora... E, para isso, precisei magoá-la profundamente. Mas, afinal, eu não tinha escolha. Quanto mais próxima ela ficasse de mim, mais sua vida correria perigo. Não posso deixar que aconteça com ela o que aconteceu com Noah. Pois Lucy &
Quando eu saía com os colegas, depois do trabalho, eles tentavam me apresentar umas garotas mexicanas.Todas eram bonitas, sexies e, definitivamente, sabiam como seduzir um cara. Só havia um problema: elas não eram Lucy. Eu precisava tirar aquela menina da cabeça. E rápido.Bem que tentei... Certa noite, uma hóspede americana me convidou a entrar em seu quarto. Primeiro, achei que fazer sexo com uma garota do mesmo tipo físico de Lucy me ajudaria a esquecer... Mas, logo no início da coisa, travei.Foi então que entendi que Lucy havia me arruinado... Pois eu jamais me contentaria com nenhuma outra.Não adiantava. A menina não tinha o rosto de Lucy, nem seu sorriso, nem mesmo seus olhos. E não era só isso, não era só na superfície. As feições de Lucy, assim como seu corpo, faziam dela um modelo de beleza, não só para mi
#LucyHoje é primeiro de abril. Faz cinco meses que não vejo Mattias. Não o vejo desde aquele dia, no hospital.Os comentários sobre Mattias e Noah finalmente arrefeceram.Os psicólogos, assistentes sociais e orientadores educacionais “extras” que mandaram aqui para o colégio, já foram embora.Na semana passada eu disse à orientadora educacional que durmo mais de cinco horas por noite, mas isso é mentira. Desde que Mattias levou aquele tiro, tenho dificuldades para dormir. Sempre acordo no meio da noite, porque não consigo deixar de pensar naquela conversa horrível que tivemos no hospital. A orientadora disse que levarei um bom tempo para superar esse sentimento, essa mágoa por ter sido traída.O problema é que não me sinto traída; na verdade, me sinto triste e humilhada. Depois de tudo, ainda passo hora
Cinco Meses Depois#LucyOs aromas de agosto, no Colorado, são definitivamente bem diferentes dos de Illinois.Dou uma ajeitada nos cabelos, agora bem mais curtos, sem me preocupar com os fios rebeldes. Depois, retomo o que estava fazendo: abrindo caixas e mais caixas... Estou me instalando em meu novo lar: a Universidade.Minha companheira de quarto, Clara, é do Arkansas. Ela parece uma fada, pequena e doce... Talvez seja uma descendente de Sininho. Nunca vi essa menina aborrecida, nem de mau-humor. Juro.Nala, que está na Universidade de Illinois, não teve a mesma sorte. Dara, sua companheira de quarto, dividiu o closet e a sala em dois espaços separados. Ela se levanta às cinco e meia da manhã, todos os dias, inclusive nos fins de semana, para estudar e fazer trabalhos. Nala está arrasada com isso. Mas passa a maior parte do tempo
Quatro anos depois #LucyEnfim chegou o dia da nossa formatura, depois de anos de estudos e pesquisas eu e Mattias conseguimos um emprego no maior centro de pesquisa do Colorado. Karla a cada dia está desenvolvendo suas habilidades motora e fala, eu e Mattias estamos sempre indo visitá-la e jogar uma bela partida de dama com aquela peralta. Nala e Gastón se casaram realizando uma pequena cerimônia, depois de um ano de casados Nala deu há luz a uma pequena princesa chamada Ana Simonette Perida a coisa mais fofa desse mundo. Jim se mudou para o Chile lá acabou conhecendo o seu marido Jorge Lopez e abrindo um studio de fotografia onde ambos eram sócios.#MattiasDepois de todo esse tempo
LucyTodos sabem que sou perfeita. Tenho uma vida perfeita. Roupas perfeitas. Até minha família é sinônimo de perfeição. E embora tudo seja uma completa mentira, me esforcei muito para manter as aparências, para ser perfeita em todos os sentidos. Se soubessem da real, minha imagem iria por água abaixo. Parada em frente ao espelho do banheiro, com o som ligado no último volume, corrijo, pela terceira vez, mais uma linha torta que tracei, sob o olho.Droga! Minhas mãos estão tremendo. Começar o último ano do segundo grau e reencontrar meu namorado, depois de ficarmos longe um do outro nas férias de verão, não deveria ser tão estressante assim... Mas hoje o dia começou mal.Primeiro, o meu modelador de cachos começou a soltar fumaça e logo parou de funcionar. Depois, o botão da minha
MattAcorde, Matt.Faço uma careta para o meu mano caçula e cubro a cabeça com o travesseiro. Tendo que dividir um quarto com dois irmãos, um de onze e outro de quinze anos, não me resta outro jeito... Só mesmo o travesseiro pode me dar um pouco de privacidade.— Ah, me deixe em paz, Leon — eu digo. — Não enche.— Não estou enchendo... A mãe me mandou acordar você. Se não, você vai chegar atrasado.Último ano do colégio. Eu deveria estar orgulhoso, já que serei o primeiro membro da família Belmonte a ter um diploma do curso secundário. Mas, depois da formatura, a vida real vai começar... Faculdade, só em sonhos. Para mim, este último ano será como uma festa para um cara que vai se aposentar aos sessenta e cinco anos de idade. Ou seja: você sabe que poderia co
#LucyDirigindo meu novo conversível prateado pela Vine Street, rumo ao Colégio Saferat, comento com Nala, minha melhor amiga:— Sempre que desço a capota deste carro, meu cabelo fica todo arrepiado... Como se eu tivesse passado pelo centro de um ciclone!Aparência é tudo meus pais me ensinaram esse lema, que rege minha vida. Foi só por isso que não comentei nada sobre o BMW, este extravagante presente de aniversário que meu pai me deu, duas semanas atrás.— Moramos a meia hora de distância de Windy City — diz Nala, mantendo a mão contra o vento, enquanto nos deslocamos. — Chicago não é exatamente famosa por seu clima ameno. Além do mais, Lu, você parece uma deusa grega, loura, de cabelos rebeldes... Só está um pouco nervosa, porque vai rever Samuel.Meu olhar passeia pelo painel do carro