#Mattias
Como está sua estória com Lucy? Preciso de uma atualização... — diz Pedro.
Estamos do lado de fora do velho armazém, vadiando um pouco. — Os caras abriram uma banca de apostas sobre o resultado. E a maioria está jogando em você... Será que estou por fora? Será que eles estão sabendo de alguma coisa que não sei?
Dou de ombros e então olho para Julio, que está brilhando. Também, depois do trato que dei, hoje! Se minha moto falasse, ela me imploraria para salvá-la do Pedro.
Mas não vou espalhar nenhuma informação sobre Lucy... Ao menos por enquanto.
Bernie se aproxima, fazendo um sinal a Pedro para dar o fora.
— Precisamos conversar, Belmonte — ele diz, num tom que significa “negócios”. — É sobre aquele favor. Quero que você alug
#LucyO melhor amigo de Mattias é a última pessoa que eu esperava ver, em minhacasa. O que você está fazendo aqui, Noah?— Eu... meio que preciso falar com você.— Quer entrar?— Posso, mesmo? — ele pergunta, evidentemente nervoso. — Você tem certeza?— Claro.Bem, provavelmente meus pais não vão gostar... Mas isso é comigo.Os dois não mudaram de ideia a respeito de Karla. E estou cansada de fingir, de contemporizar, só por medo dos chiliques da minha mãe.Este cara, que é o melhor amigo de Mattias, me aceita como sou. Tenho certeza de que não foi nada fácil, para ele, vir até aqui.Abrindo a porta totalmente, convido Noah a entrar. Se ele me perguntar sobre Jim, o que direi? Ela me fez jurar que guardaria segredo.— Quem está
#MattiasVamos sair daqui... você e eu, mi amor. Vamos!Aliviado, eu monto em Julio. Lucy se acomoda na garupa e se segura fortemente em mim, enquanto ligo o motor.Partimos em alta velocidade, deixando o velho armazém para trás.Parece que estamos voando sobre as ruas. Não paro, nem quando começa a chover forte, muito forte, a ponto de embaçar a visão, fazendo com que as ruas pareçam borrões indefinidos.— Podemos parar, agora? — Lucy grita e sua voz atravessa a tempestade ensurdecedora.Estaciono sob uma velha ponte abandonada, que segue mais adiante, se estendendo sobre um lago. Pesadas gotas de chuva continuam a despencar do céu pesado, mas estamos bem protegidos.Lucy salta da garupa.— Você é um perfeito idiota! — ela diz. — Você não pode traficar drogas! É perigoso, ab
#LucyDepois de me ver acabar com duas caixas de lenço de papel, Nala desistiu de me consolar e me deixou chorar à vontade, até que adormeci.Agora, de manhã, peço a ela para manter as cortinas fechadas; assim o quarto fica em penumbra. Afinal, o que há de errado em passar o dia inteiro na cama?— Obrigada por não ter dito “eu bem que avisei” — agradeço, dando uma olhada no guarda-roupa de Nala. Vou ter que vestir algo, quando ela me obrigar a sair deste quarto.Nala está se maquiando, em frente à penteadeira.— Eu não disse... Mas pensei nisso, com toda certeza.— Obrigada — eu digo, secamente.Nala inspeciona o guarda-roupa e acaba escolhendo um jeans e uma camisa de mangas compridas.— Vista-se, Lu. Minhas roupas não ficarão tão bem, em você, quanto as
#MattiasEstou em casa, tomando o café da manhã, no dia seguinte ao que Lucy apareceu, de surpresa, no velho armazém. A porta se abre, devagar, e uma cabeça raspada se insinua no vão...— Noah, se for você, é bom ficar longe de mim! — eu aviso.Minha mãe me dá um tapa na cabeça:— Isso é jeito de tratar seus amigos, Mattias?Volto a comer, enquanto minha mãe abre totalmente a porta para aquele... traidor.— Você não está zangado comigo, Mattias... — diz Noah. — Está?— Claro que não — minha mãe responde por mim. — Agora, sente-se e coma. Fiz chouriço com ovos.Noah tem a ousadia de me dar um tapinha no ombro e dizer:— Eu perdôo você, cara.Olho primeiro para minha mãe, para me certifi
#LucyEstou em frente à oficina do Agustín, fazendo exercícios de respiração, para evitar uma crise nervosa. Não vejo o Camry de Agustín, por aqui. Portanto, Mattias está sozinho.Vou seduzir Mattias.Se essas roupas que estou usando não servirem para cativar a atenção dele, então nada servirá. Vim bem preparada, com toda a minha... artilharia. Bato na porta e então fecho os olhos com força, rezando para que tudo corra de acordo com o que planejei.Abro meu casaco longo, de cetim prata-metálico, e o ar frio da noite percorre minha pele exposta. O ranger da porta me avisa da presença de Mattias... Então abro os olhos, lentamente.Mas, ao contrário do que eu esperava, não são os olhos negros de Mattias que se fixam em meu corpo quase nu... E sim os de Agustín. Ele olha para o
#MattiasSim — Ela responde. — E você...? Já pensou em fazer amor comigo? Passei muitas noites acordado, imaginando como seria dormir com Lucy...Amar Lucy.— Neste exato momento, muñeca , não penso em mais nada, a não ser em fazer amor com você. — Consulto o relógio. Preciso sair logo. Os traficantes não ligam a mínima para a minha vida pessoal. Não posso me atrasar... Mas quero Lucy, desesperadamente. — Seu casaco será o próximo... Tem certeza de que quer continuar?— Tiro minha outra meia. Estou quase nu, exceto por meu jeans e cueca.— Quero, sim. — Ela abre um largo sorriso e seus belos lábios rosados brilham à luz da oficina. — Apague as luzes, antes que... Bem... Antes que eu tire o casaco.Obedeço e fico observando, enquanto ela se levanta e começa a
#LucyFaz cinco minutos que estou aqui, no pátio da casa de Nala, sem coragem de sair do carro. Ainda não consigo acreditar que fiz amor com Mattias. Não me arrependo de nada, mas tudo parece tão irreal.Ainda mais porque senti que Mattias estava... não sei... desesperado, como se quisesse provar alguma coisa para mim, não com palavras, mas com ações.Estou zangada comigo, por ter sido tão emotiva, mas não pude evitar. Chorei de alegria, de felicidade. Chorei por amor. E quando vi uma lágrima escorrendo pelo rosto de Mattias, eu a colhi, com um beijo... Quis guardar aquela lágrima para sempre, porque essa foi a primeira vez que ele chorou, na minha frente. Pois Mattias não chora, não se permite ficar emocionado... Com nada.Mas nesta noite Mattias mudou, querendo ou não. Eu também mudei.Entro na casa de Nala e a en
#MattiasO carregamento deveria ser entregue aqui, na reserva florestal de Busse Woods.O estacionamento e a área em torno estão às escuras. Apenas a luz do luar me guia. O lugar está deserto, exceto por um sedan azul, com os faróis acesos. Entro no bosque e percebo, mais adiante, um corpo caído, de bruços.Corro naquela direção, tomado pelo pavor. Quando chego mais perto do vulto, reconheço minha jaqueta. E é como se eu assistisse a minha própria morte. Ajoelho-me no chão e começo a virar, lentamente, o corpo.Noah.— Merda! — eu grito, sentindo nas mãos o sangue ainda quente.Os olhos de Noah estão vidrados, mas ele ergue a mão, devagar, e segura meu braço.— Estou acabado.Com muito cuidado, faço com que Noah apoie a cabeça no meu colo.&md