#Lucy
Estou em frente à oficina do Agustín, fazendo exercícios de respiração, para evitar uma crise nervosa. Não vejo o Camry de Agustín, por aqui. Portanto, Mattias está sozinho.
Vou seduzir Mattias.
Se essas roupas que estou usando não servirem para cativar a atenção dele, então nada servirá. Vim bem preparada, com toda a minha... artilharia. Bato na porta e então fecho os olhos com força, rezando para que tudo corra de acordo com o que planejei.
Abro meu casaco longo, de cetim prata-metálico, e o ar frio da noite percorre minha pele exposta. O ranger da porta me avisa da presença de Mattias... Então abro os olhos, lentamente.
Mas, ao contrário do que eu esperava, não são os olhos negros de Mattias que se fixam em meu corpo quase nu... E sim os de Agustín. Ele olha para o
#MattiasSim — Ela responde. — E você...? Já pensou em fazer amor comigo? Passei muitas noites acordado, imaginando como seria dormir com Lucy...Amar Lucy.— Neste exato momento, muñeca , não penso em mais nada, a não ser em fazer amor com você. — Consulto o relógio. Preciso sair logo. Os traficantes não ligam a mínima para a minha vida pessoal. Não posso me atrasar... Mas quero Lucy, desesperadamente. — Seu casaco será o próximo... Tem certeza de que quer continuar?— Tiro minha outra meia. Estou quase nu, exceto por meu jeans e cueca.— Quero, sim. — Ela abre um largo sorriso e seus belos lábios rosados brilham à luz da oficina. — Apague as luzes, antes que... Bem... Antes que eu tire o casaco.Obedeço e fico observando, enquanto ela se levanta e começa a
#LucyFaz cinco minutos que estou aqui, no pátio da casa de Nala, sem coragem de sair do carro. Ainda não consigo acreditar que fiz amor com Mattias. Não me arrependo de nada, mas tudo parece tão irreal.Ainda mais porque senti que Mattias estava... não sei... desesperado, como se quisesse provar alguma coisa para mim, não com palavras, mas com ações.Estou zangada comigo, por ter sido tão emotiva, mas não pude evitar. Chorei de alegria, de felicidade. Chorei por amor. E quando vi uma lágrima escorrendo pelo rosto de Mattias, eu a colhi, com um beijo... Quis guardar aquela lágrima para sempre, porque essa foi a primeira vez que ele chorou, na minha frente. Pois Mattias não chora, não se permite ficar emocionado... Com nada.Mas nesta noite Mattias mudou, querendo ou não. Eu também mudei.Entro na casa de Nala e a en
#MattiasO carregamento deveria ser entregue aqui, na reserva florestal de Busse Woods.O estacionamento e a área em torno estão às escuras. Apenas a luz do luar me guia. O lugar está deserto, exceto por um sedan azul, com os faróis acesos. Entro no bosque e percebo, mais adiante, um corpo caído, de bruços.Corro naquela direção, tomado pelo pavor. Quando chego mais perto do vulto, reconheço minha jaqueta. E é como se eu assistisse a minha própria morte. Ajoelho-me no chão e começo a virar, lentamente, o corpo.Noah.— Merda! — eu grito, sentindo nas mãos o sangue ainda quente.Os olhos de Noah estão vidrados, mas ele ergue a mão, devagar, e segura meu braço.— Estou acabado.Com muito cuidado, faço com que Noah apoie a cabeça no meu colo.&md
#Lucy Acordo às cinco da manhã, com o toque do meu celular. É Jim quem está ligando, provavelmente para me pedir algum conselho sobre Noah... — Oi, Jim, você sabe que horas são? — digo, sonolenta. — Ele está morto, Lucy. Ele se foi. — Quem? — pergunto, apavorada. — Noah. Não sei se eu deveria ter telefonado, mas você acabaria descobrindo que Mattias também estava lá e... Aperto o celular com força: — Onde está Mattias? Ele está bem? Por favor, diga que sim! Eu imploro, Jim... Por favor! — Mattias foi baleado. Por um instante, espero ouvir as palavras que mais temo: “Mattias está morto.” Mas não é isso que ela diz: — Ele está sendo operado, no Lakeshore Hospital. Antes que Jim termine a frase, arranco o pijama e começo a me aprontar para sair. Meus gestos são trêmulos. Pego as chaves e caminho até a porta, ainda ouvindo Jim, que relata o que aconteceu, com t
#MattiasEstou neste hospital há uma semana. Detesto enfermeiras, médicos, agulhas, exames. E, principalmente, essas camisolas horríveis. Acho que se eu continuar aqui vou ter uma crise nervosa, por conta desse mau-humor. Ok, eu não deveria ter xingado a enfermeira que tirou minha sonda. Mas o que me deixou furioso foi seu bom humor, aquela enervante disposição à alegria.Não quero ver ninguém. Não quero falar com ninguém. Quanto menos gente se envolver em minha vida, melhor.Quase morri para conseguir mandar Lucy embora... E, para isso, precisei magoá-la profundamente. Mas, afinal, eu não tinha escolha. Quanto mais próxima ela ficasse de mim, mais sua vida correria perigo. Não posso deixar que aconteça com ela o que aconteceu com Noah. Pois Lucy &
Quando eu saía com os colegas, depois do trabalho, eles tentavam me apresentar umas garotas mexicanas.Todas eram bonitas, sexies e, definitivamente, sabiam como seduzir um cara. Só havia um problema: elas não eram Lucy. Eu precisava tirar aquela menina da cabeça. E rápido.Bem que tentei... Certa noite, uma hóspede americana me convidou a entrar em seu quarto. Primeiro, achei que fazer sexo com uma garota do mesmo tipo físico de Lucy me ajudaria a esquecer... Mas, logo no início da coisa, travei.Foi então que entendi que Lucy havia me arruinado... Pois eu jamais me contentaria com nenhuma outra.Não adiantava. A menina não tinha o rosto de Lucy, nem seu sorriso, nem mesmo seus olhos. E não era só isso, não era só na superfície. As feições de Lucy, assim como seu corpo, faziam dela um modelo de beleza, não só para mi
#LucyHoje é primeiro de abril. Faz cinco meses que não vejo Mattias. Não o vejo desde aquele dia, no hospital.Os comentários sobre Mattias e Noah finalmente arrefeceram.Os psicólogos, assistentes sociais e orientadores educacionais “extras” que mandaram aqui para o colégio, já foram embora.Na semana passada eu disse à orientadora educacional que durmo mais de cinco horas por noite, mas isso é mentira. Desde que Mattias levou aquele tiro, tenho dificuldades para dormir. Sempre acordo no meio da noite, porque não consigo deixar de pensar naquela conversa horrível que tivemos no hospital. A orientadora disse que levarei um bom tempo para superar esse sentimento, essa mágoa por ter sido traída.O problema é que não me sinto traída; na verdade, me sinto triste e humilhada. Depois de tudo, ainda passo hora
Cinco Meses Depois#LucyOs aromas de agosto, no Colorado, são definitivamente bem diferentes dos de Illinois.Dou uma ajeitada nos cabelos, agora bem mais curtos, sem me preocupar com os fios rebeldes. Depois, retomo o que estava fazendo: abrindo caixas e mais caixas... Estou me instalando em meu novo lar: a Universidade.Minha companheira de quarto, Clara, é do Arkansas. Ela parece uma fada, pequena e doce... Talvez seja uma descendente de Sininho. Nunca vi essa menina aborrecida, nem de mau-humor. Juro.Nala, que está na Universidade de Illinois, não teve a mesma sorte. Dara, sua companheira de quarto, dividiu o closet e a sala em dois espaços separados. Ela se levanta às cinco e meia da manhã, todos os dias, inclusive nos fins de semana, para estudar e fazer trabalhos. Nala está arrasada com isso. Mas passa a maior parte do tempo