#Lucy
Paro num McDonald’s, onde posso passar despercebida. Troco o vestido por um jeans, um suéter pink e sigo para casa.
Estou com medo porque, com Mattias, as coisas acontecem rápido demais. Quando estamos juntos, tudo é muito intenso. Meus sentimentos, minhas emoções, meu desejo. Nunca fui “viciada” em Samuel, nunca desejei estar com ele vinte e quatro horas por dia, sete dias por semana. Mas é isso que sinto por Mattias... Essa vontade louca. Oh, Deus.
Acho que estou me apaixonando por ele.
Mas sei que amar alguém significa perder uma parte de si mesmo. Nessa noite, no carro, quando Mattias me tocou por baixo do vestido, fiquei com medo de perder o controle... Acontece que passei toda a minha vida empenhada, justamente, em manter o controle. O que está acontecendo com Mattias vai contra tudo o que sou. E isso me assusta.
Entro em casa, ansiosa para
#MattiasDepois que Lucy fugiu de mim daquele jeito, não me sinto com a menor disposição para conversar. E espero evitar minha mãe, quando chegar em casa.Mas basta olhar para o sofá, na sala, e minha esperança bate asas. Ali está ela, na penumbra, com a televisão desligada. Meus irmãos já devem ter ido dormir.— Mattias... — ela começa — Aonde você pretende chegar, trazendo aquela moça branca e rica para o nosso meio? Não quero essa vida para nós.— Eu sei.— Essa tal de Lucy está pondo ideias estranhas na sua cabeça.Dou de ombros.— Lucy detesta drogas, gangues e marginalidade... A senhora acha isso estranho? Mas sabe o que eu acho estranho, mãe...? Vou lhe contar: a senhora pode não ter escolhido essa vida, para mim... Mas também n&atil
#LucyLu, por favor, explique de novo por que estamos indo pegar Mattias Belmonte, para levá-lo conosco a Lake Geneva — diz Nala.— Minha mãe falou que não devo mais encontrar Mattias, fora do colégio... E chegou a me ameaçar. Então, Lake Geneva é um lugar perfeito para estar com Mattias. E ninguém saberá disso.— Exceto nós.— Mas sei que vocês, crianças, não vão me trair... Certo?Vejo Gastón desviando os olhos. A princípio, a ideia de passar o dia em Lake Geneva, junto com Mattias e meus amigos, me pareceu boa.Achei que seria divertido... Bem, só preciso esperar que Nala e Gastón superem o choque inicial de nos ver juntos, como um casal.— Por favor, não me fale mais sobre isso.— O cara é um perdedor — diz Gastón, g
#MattiasNão sei onde Lucy estava com a cabeça quando resolveu me trazer para esta galeria de arte. Ela e Nala param na frente de um quadro e ficam falando coisas que para mim não tem o menor sentido. Estou me sentindo um peixe fora d’água neste lugar.Agora estou andando sem rumo certo e aproveito para dar uma olhada na enorme mesa cheia de coisas que nem dá para chamar de comida. Ainda bem que almocei antes de vir. Esse tal de sushi, por exemplo... É uma coisa que dá vontade de por no forno para ver se fica comestível. Tudo é tão minúsculo e de repente uma travessa com sanduíches enormes... Vá se entender...Ainda estou olhando para a mesa quando me batem nas costas.— Esses devem ser servidos sem wasabi.Eu me viro e vejo um cara branco, baixo e moreno. Ele me faz lembrar do Cara de Burro e já fico com um pé
— Escute, Gastón... Eu gosto dessa menina, como jamais gostei de alguém, em toda minha vida. Não vou desistir dela. E sabe quando vou começar a me preocupar com o que as pessoas pensam? Quando estiver morto e enterrado.Gastón sorri e estende os braços.— É isso mesmo, Belmonte. Bem, acho que acabamos de viver um momento de cumplicidade masculina. Quer me dar um abraço?— Nem pensar, branquelo.Gastón me dá um tapa nas costas e então andamos até a piscina. Cumplicidade... é muito. Mas, apesar de tudo, acho que tivemos um começo de entendimento.De qualquer jeito, ainda acho que isso não vale um abraço.— Muito sexy, baby — diz Nala, olhando para a Speedo que Gastón acabou de vestir.Coitado do Gastón... Tem que andar gingando, feito um pinguim... Conforto é o que ele n&atild
#LucyNo sábado à tarde, depois do jogo — que ganhamos, graças a um touchdown do Gastón, quatro segundos antes do final —, converso com Nala e as três “M” ao lado do campo. Estamos tentando decidir o local onde comemoraremos a vitória.— Que tal no Lou Malnati’s? — Morgan sugere.Todo mundo concorda, porque lá se come a melhor pizza da cidade. Megan, que está fazendo dieta, mal pode esperar pela salada especial da casa. Então, está combinado. Enquanto tratamos da questão logística, ou seja, quem vai com quem, vejo Jimena ali por perto, conversando com Maria Ruiz. Resolvo convidar as duas.— Ei, meninas, vocês querem ir ao Lou Malnati’s com a gente?Maria franze a testa, com ar confuso. Mas, Jimena, não. Ao contrário:— Claro — ela responde.Maria
#MattiasComo está sua estória com Lucy? Preciso de uma atualização... — diz Pedro.Estamos do lado de fora do velho armazém, vadiando um pouco. — Os caras abriram uma banca de apostas sobre o resultado. E a maioria está jogando em você... Será que estou por fora? Será que eles estão sabendo de alguma coisa que não sei?Dou de ombros e então olho para Julio, que está brilhando. Também, depois do trato que dei, hoje! Se minha moto falasse, ela me imploraria para salvá-la do Pedro.Mas não vou espalhar nenhuma informação sobre Lucy... Ao menos por enquanto.Bernie se aproxima, fazendo um sinal a Pedro para dar o fora.— Precisamos conversar, Belmonte — ele diz, num tom que significa “negócios”. — É sobre aquele favor. Quero que você alug
#LucyO melhor amigo de Mattias é a última pessoa que eu esperava ver, em minhacasa. O que você está fazendo aqui, Noah?— Eu... meio que preciso falar com você.— Quer entrar?— Posso, mesmo? — ele pergunta, evidentemente nervoso. — Você tem certeza?— Claro.Bem, provavelmente meus pais não vão gostar... Mas isso é comigo.Os dois não mudaram de ideia a respeito de Karla. E estou cansada de fingir, de contemporizar, só por medo dos chiliques da minha mãe.Este cara, que é o melhor amigo de Mattias, me aceita como sou. Tenho certeza de que não foi nada fácil, para ele, vir até aqui.Abrindo a porta totalmente, convido Noah a entrar. Se ele me perguntar sobre Jim, o que direi? Ela me fez jurar que guardaria segredo.— Quem está
#MattiasVamos sair daqui... você e eu, mi amor. Vamos!Aliviado, eu monto em Julio. Lucy se acomoda na garupa e se segura fortemente em mim, enquanto ligo o motor.Partimos em alta velocidade, deixando o velho armazém para trás.Parece que estamos voando sobre as ruas. Não paro, nem quando começa a chover forte, muito forte, a ponto de embaçar a visão, fazendo com que as ruas pareçam borrões indefinidos.— Podemos parar, agora? — Lucy grita e sua voz atravessa a tempestade ensurdecedora.Estaciono sob uma velha ponte abandonada, que segue mais adiante, se estendendo sobre um lago. Pesadas gotas de chuva continuam a despencar do céu pesado, mas estamos bem protegidos.Lucy salta da garupa.— Você é um perfeito idiota! — ela diz. — Você não pode traficar drogas! É perigoso, ab