#Lucy
Estou mexendo no meu armário, depois da aula, quando minhas amigas Morgan, Madison e Megan se aproximam. Nala costuma chamá-las de As M de Saferat. Morgan me abraça.
— Oh, meu Deus, você está bem? — ela pergunta, se afastando um pouco para me observar.
— Vi quando Samuel defendeu você. Ele é incrível. Você tem muita sorte, Lu — diz Madison. E seus cachos balançam, como se acompanhassem o ritmo das palavras.
— Não foi tão grave assim — digo, cogitando sobre o tipo de boato que a essa altura deve estar correndo... Em contraste com o que realmente aconteceu.
— O que, exatamente, Mattias disse? — Megan pergunta. — Jasmín fotografou, com o celular, o momento em que ele e Samuel se encontraram no corredor...
— Ei, garotas, não vão se atrasar para o ensaio — grita Âmbar , do final do corredor, e desaparece tão rápido quanto chegou.
Megan abre seu armário, que fica perto do meu, e pega seus pompons:
— Detesto o jeito como Âmbar bajula a Sra. Perida — ela resmunga. Fecho meu armário e, junto com elas, caminho em direção à quadra.
— Acho que ela está tentando se concentrar na coreografia, para não ficar pensando o tempo inteiro na volta de Sebastian à faculdade.
Morgan suspira:
— Sei lá! Eu nem tenho um namorado, mas a minha nota para ela é zero em simpatia.
— Também não sinto a menor simpatia por ela — diz Madison — Falando sério, me digam quando aquela garota não está namorando alguém...?
Ao chegar à quadra, encontramos toda a nossa turma sentada no chão, esperando pela Sra. Perida.
Ufa, ainda bem que não estamos atrasadas.
— Ainda não consigo acreditar que Mattias Belmonte é seu parceiro em Química — Âmbar me diz, baixinho, enquanto me acomodo no lugar vago, ao lado dela.
— Quer trocar de parceiro? — pergunto, sabendo que a Sra. Benson jamais permitiria.
Âmbar põe a língua para fora, num gesto grosseiro e vulgar:
— Nem em sonhos! Eu nunca me envolvo com o pessoal da zona sul. Misturar-se com aquela gente só pode trazer problemas. Você se lembra do que aconteceu no ano passado, quando Flor começou a sair com aquele garoto...
Qual era mesmo o nome dele?
— Xavi? — digo, em voz baixa. Âmbar estremece. E confirma:
— Sim... Em poucas semanas, Flor deixou de ser a pessoa maravilhosa que era, para virar um peixe fora d’água.
As meninas da zona sul a odiaram, por estar namorando um de seus garotos... E ela parou de andar com a gente. O pobre casal ficou totalmente isolado... Graças a Deus, Flor rompeu o namoro.
A Sra. Perida se aproxima, com seu CD player, reclamando que alguém tirou o aparelho do lugar... E foi por isso que ela se atrasou. Quando a Sra. Perida começa o alongamento, Nala cutuca Âmbar , empurrando-a para o lado, para poder falar comigo.
— Menina, você está encrencada — diz Nala.
— Por quê?
Nala, minha melhor amiga, tem uma super audição e uma super visão sabe tudo o que se passa em Saferat.
— Há um boato, por aí... — ela me avisa. — Parece que Cristina Malony está à sua procura.
Oh, não. Cristina é namorada de Mattias. Tento não enlouquecer, não pensar no pior... Mas Cristina é durona, desde suas unhas pintadas de vermelho, até suas botas de salto agulha. Será que está com ciúmes, por eu ser parceira de Mattias em Química? Ou será que ela pensa que delatei seu namorado para o diretor?
A verdade é que não entreguei Mattias. Fui chamada à sala do Dr. Grey porque hoje de manhã alguém viu o que aconteceu no estacionamento, depois viu nossa discussão na escada e foi contar para ele... O que, por sinal, é ridículo, já que nada de mais grave ocorreu.
O Dr. Grey não acreditou em mim. Pensou que eu estivesse muito assustada... E que por isso não contei a verdade. Bem, eu não estava com medo. Mas agora estou.
Cristina Malony pode me pegar, num dia desses. Ela provavelmente sabe como usar armas... Quanto a mim, a única arma que conheço são os meus pompons. E eu seria louca se acreditasse que eles podem assustar uma garota como Cristina.
Talvez eu pudesse me sair bem, numa maratona de palavras. Mas, definitivamente, não numa briga corpo a corpo. Os garotos brigam por conta de um gene inato, primitivo, que os leva a testar sua capacidade física. Talvez Cristina queira provar algo para mim, mas, falando sério, não há necessidade. Afinal, eu não represento nenhuma ameaça. Mas como explicar isso a Cristina? Não posso simplesmente chegar para ela e dizer. Ei, garota, não pretendo dar em cima do seu namorado. E nunca reclamei dele para o Dr. Grey. É Talvez eu devesse fazer isso...
A maioria das pessoas pensa que nada pode me tirar do sério. E eu não vou contar a elas que não é bem assim, que algumas coisas me aborrecem. Trabalhei muito para criar e manter essa fachada... E não estou a fim de perder tudo isso só porque a namorada de um cara — que é membro de uma gangue perigosa! — resolveu me pôr à prova.
— Não estou preocupada com esse assunto — eu digo a Nala.
Minha melhor amiga balança a cabeça:
— Eu te conheço, Lu. Você está super-nervosa — ela murmura.
As palavras de Nala me deixam mais apreensiva do que a ideia de ter Cristina em meu encalço. Pois eu realmente tento, com todo empenho, manter as pessoas à distância... Para que elas não saibam como sou, na verdade... Para que não saibam o que é viver numa casa como a minha. Mas deixo que Nala saiba mais sobre minha vida do que qualquer outra pessoa. Ou eu deveria ser mais reservada, em nossa amizade? Assim, poderia manter Nala a uma certa distância. A uma distância segura.
Eu sei, claro, que estou sendo paranóica. Nala é uma amiga de verdade. No ano passado, chorei muito porque minha mãe sofreu uma crise nervosa... E Nala estava a meu lado, apesar de eu não ter lhe contado o motivo da crise.
Ela me confortou, deixou que eu chorasse à vontade, mesmo quando me recusei a contar os detalhes.
Não quero ser igual a minha mãe, não quero acabar desse jeito... Este é o maior medo que tenho, na vida.
A Sra. Perida nos manda entrar em formação e aciona o CD player, com a sequência que o pessoal do Departamento de Música compôs especialmente para a nossa turma. É uma mistura de hip-hop e rap, especialmente mixada para a nossa coreografia, que nós batizamos de Big Bad Bulldogs, pois o símbolo do nosso time é um buldogue. Meu corpo todo vibra com o ritmo. É por isso que eu adoro ser líder de torcida.
A música me conduz e me faz esquecer os problemas de casa. A música é minha droga, a única coisa que me alivia a dor.
— Sra. Perida, podemos começar a partir da posição Broken T, em vez da posição T, como fazíamos antes? — pergunto. — A partir daí vamos para o V, Low e High, com Morgan, Jim e Jasmín avançando para a frente. Acho que assim ficará melhor.
A Sra. Perida sorri, obviamente encantada com minha sugestão.
— Boa ideia, Lucy. Vamos tentar... Começaremos com a posição com os cotovelos dobrados. Durante a transição, quero Morgan, Jim e Jasmín na primeira fileira. Lembrem-se de manter os ombros relaxados. Nala, por favor, não dobre os pulsos... Eles devem ser uma extensão, uma continuidade dos braços.
— Sim, professora — diz Nala, atrás de mim.
A Sra. Perida coloca a música novamente, O ritmo, a letra, os instrumentos... tudo penetra em minhas veias e me ergue, não importa o quanto eu esteja me sentindo triste. Enquanto danço, em sincronia com as outras garotas, esqueço Cristina e Mattias e minha mãe e tudo o mais.
A música termina muito rápido. A Sra. Perida desliga o CD player, mas eu bem que gostaria de continuar dançando. Na segunda vez em que repetimos, a coreografia sai melhor. Mas há vários movimentos que ainda precisam ser trabalhados. E algumas meninas, novatas, estão tendo dificuldade em aprender os passos.
— Lucy, ensine os movimentos básicos para as novas garotas. E então tentaremos repassar, uma vez mais, a coreografia inteira — diz a Sra. Perida, entregando-me o CD player. — Âmbar , revise os passos mais difíceis com o resto da turma.
Jim está no meu grupo. E se ajoelha para tomar um gole de sua garrafa de água.
— Não se preocupe com as ameaças de Cristina — ela me diz. — Em geral, Cristina mais late do que morde.
— Obrigada — eu digo.
Isabel parece grotesca, com seu lenço da Sangue Latino, três piercings na sobrancelha e os braços geralmente cruzados sobre o peito, numa postura de quem está sempre pronto a se defender. Mas tem um olhar suave... E está sempre sorrindo. Seu sorriso suaviza a aparência rude. Se ela usasse uma fita pink nos cabelos, em vez do lenço vermelho da gangue, aposto que pareceria bem mais feminina.
— Você está na mesma classe que eu, na aula de Química, não é mesmo? — pergunto.
Ela responde com um gesto afirmativo.
— E você conhece Mattias Belmonte? Ela responde com o mesmo gesto.
— E esses boatos que correm sobre ele... são verdadeiros? — pergunto, cautelosamente, sem saber como Isabel vai reagir. Se eu não tomar cuidado, acabarei tendo mais uma no meu encalço...
Os longos cabelos castanhos de Isabel se movem enquanto ela fala:
— Depende de que boatos você está falando.
Antes que eu despeje a lista de fofocas sobre o uso de drogas e as prisões de Mattias,Jim se levanta e diz:
— Escute, Lucy... Nós nunca seremos amigas. Mas acho importante dizer que apesar de Mattias ter se portado muito mal com você hoje, ele não é tão mau como dizem por aí... Nem tão mau quanto ele mesmo se acha.
Antes que eu possa fazer outra pergunta,Jim volta ao seu lugar, na coreografia.
Uma hora e meia depois, quando estamos exaustas, desgastadas — e até mesmo eu acho que já dançamos o suficiente —, somos dispensadas do ensaio.
Faço questão de caminhar ao lado de Jim, que transpira muito, e dizer a ela que foi muito bem, no ensaio.
— Verdade? — ela pergunta, aparentando surpresa.
— Você aprende rápido — eu digo. E é mesmo. Para uma garota que nunca lidou com pompons, antes, ela pegou os movimentos bem depressa. — Por isso coloquei você na fila da frente.
Enquanto Jim continua de queixo caído com o elogio, eu me pergunto se ela acredita nos boatos que certamente já ouviu, a meu respeito. Não, nós nunca seremos amigas... Mas posso dizer, também, que nunca seremos inimigas.
Digo até logo a Isabel e vou ao encontro de Nala, que está ocupada com o celular, escrevendo um torpedo para Gastón, seu namorado. Caminhamos juntas em direção ao meu carro.
Encontro um pedaço de papel, dobrado, sob o limpador de pára-brisas. Abro: é o folheto de suspensão, que Mattias recebeu. Eu o amasso e jogo dentro da minha mochila.
— O que é isso? — Nala pergunta.
— Nada — eu digo, esperando que ela perceba que não estou a fim de falar sobre o assunto.
— Ei! — grita Âmbar , correndo em nossa direção. — Vi Samuel no campo de futebol.
Ele disse para você esperá-lo.
Olho para o meu relógio de pulso. Já são seis horas e preciso ir para casa ajudar Amora a preparar o jantar de Karla.
— Não posso — digo.
— Gastón respondeu meu torpedo — diz Nala. — E está nos convidando para comer uma pizza, na casa dele.
— Eu vou! — diz Âmbar . — Tenho me sentido tão entediada, agora que Sebastian voltou a Purdue...
Provavelmente, só nos veremos daqui a algumas semanas.
— Pensei que você iria visitá-lo no próximo sábado — diz Nala, que continua a escrever no celular.
Âmbar põe as mãos nos quadris.
— Bem, isso foi antes dele me ligar dizendo que precisaria dormir na casa da Fraternidade, por conta de um daqueles rituais malucos de iniciação. Desde que o pênis de Sebastian esteja intacto, quando tudo isso acabar, para mim está tudo bem.
Ao ouvir a palavra pênis procuro minhas chaves na bolsa. Quando Âmbar começa a falar de sexo, o jeito é bater em retirada, porque ela não para nunca mais. E como não costumo compartilhar minhas experiências sexuais, ou a falta delas, com ninguém, é melhor dar o fora... E este me parece o momento perfeito para escapar.
Enquanto giro o chaveiro no dedo, Nala me avisa que vai pegar uma carona com Gastón, de modo que voltarei para casa sozinha. Gosto de estar só. Ninguém para me ver ou julgar. Posso até ouvir música, no máximo volume, se quiser. Porém, esse prazer dura pouco, pois meu celular vibra. Tiro-o do bolso e olho o display. Duas mensagens de voz e uma mensagem de texto... Todas de Samuel.
Retorno a ligação e ele atende:
— Lu, onde você está?
— A caminho de casa.
— Vá para a casa do Gastón.
— Minha irmã está com uma nova enfermeira — explico. — Preciso ajudá-la.
— Você ainda está zangada por eu ter ameaçado aquele marginal que é seu parceiro de Química?
— Não estou zangada. Só aborrecida. Eu disse que podia lidar com a situação, mas você me ignorou totalmente... E provocou aquela cena no corredor. Você sabe que não pedi para ser parceira dele, Samuel.
— Eu sei, Lu. Acontece que detesto aquele cara. Por favor, não fique zangada.
— Não estou — eu digo. — Apenas, detestei ver você furioso daquele jeito... E sem nenhuma razão.
— Detestei ver aquele cara falando bem perto do seu ouvido.
Sinto uma dor de cabeça se aproximando... com força total. Não preciso de Samuel fazendo uma cena, toda vez que um cara falar comigo. Ele nunca agiu assim, antes. Sua atitude me deixou bem exposta a críticas e fofocas... Coisa que, para mim, é detestável.
— Vamos esquecer isso — eu proponho.
— Por mim, tudo bem. Então, me ligue à noite — ele diz. — Mas se você puder dar um pulo até o Gastón, eu estarei por lá.
Quando chego em casa, Amora está no quarto de Karla, no primeiro andar, tentando trocar sua calcinha à prova de vazamentos... Mas colocou Karla na posição errada, com a cabeça onde geralmente ficam os pés, e uma perna pendendo para fora da cama. Em resumo, um desastre. Amora está arfando, como se essa fosse a tarefa mais difícil que ela já realizou na vida.
Será que minha mãe checou as referências dessa moça?
— Pode deixar que eu faço isso — digo a Amora, afastando-a para o lado e assumindo o controle da situação.
Costumo trocar minha irmã desde que nós éramos crianças. Não é nada divertido trocar as roupas íntimas de uma pessoa que pesa mais do que você. Mas se você fizer direito, isso não levará muito tempo e nem será muito trabalhoso.
Minha irmã abre um imenso sorriso, quando me vê:
— Luwiee!
#LucyEla não consegue pronunciar bem as palavras, mas em geral consegue um som bastante aproximado.Luwiee significa Lucy. E eu sorrio de volta, enquanto tento colocá-la numa posição melhor, na cama.— Ei, menina... Como está seu apetite, para o jantar? — pergunto, pegando alguns lenços umedecidos e tentando não pensar no que estou fazendo.Enquanto ponho uma nova calcinha e um moletom em Karla, Amora me observa. Tento explicar tudo em detalhes, enquanto executo a tarefa, mas basta-me um olhar para Amora, para concluir que ela não está me ouvindo.— Sua mãe falou que eu poderia ir embora, assim que você chegasse — diz Amora.— Tudo bem — respondo, enquanto lavo as mãos. E Amora desaparece, como num passe de mágica, bem no estilo de Houdini...Levo Karla, na cadeira de rodas, até a
#MattiasEmpurro o cara contra um belo e reluzente Camaro preto, que provavelmente custou mais do que minha mãe consegue ganhar em um ano.— Escute aqui, Benício... — eu digo — se você não pagar agora, vou quebrar alguma coisa sua... Não um objeto, ou o seu carro danado de bonito... Mas algo que seja permanentemente ligado a você, entende?Benício, mais magro do que um poste telefônico e pálido como um fantasma, me olha como se eu acabasse de condená-lo à morte. Bem, ele deveria ter pensado melhor, antes de assumir dívidas que não pode pagar.Quando Bernie me manda cobrar, eu cobro. Posso não gostar disso, mas faço. Ele sabe que não trafico drogas, nem participo de assaltos. Mas sou bom em cobranças. Às vezes as coisas se complicam: as pessoas não cumprem o que prometeram e tudo vira um
#Matt...Fácil como uma luta entre gangues rivais, num sábado à noite. Tudo o que preciso, para atrair Lucy, é um pouco de esperteza e flerte... Sabe como é... aquele intercâmbio que desperta a consciência sobre o sexo oposto. E, assim, posso matar dois coelhos com uma cajadada: dar o troco ao Cara de Burro, roubando sua garota... E dar o troco a Lucy Valverde, por ter me dedurado ao diretor e também por ter falado mal de mim para seus amigos.Pode até ser divertido.Posso imaginar a escola inteira assistindo a pura e imaculada garotinha branca babando de paixão pelo mexicano por quem ela jurou ódio eterno... Fico pensando em quanto tempo Lucy levará para cair sentada em cima do próprio rabo, quando eu partir pra cima dela.Estendo minha mão para Pedro:— Feito!— Você vai ter que provar...Dou mais uma tragada no
#LucyAcabo de xingar Mattias de idiota e a Sra. Benson chama a atenção da classe:— Cada dupla vai sortear um projeto, entre os vários que tenho aqui, neste chapéu — ela anuncia. — Todos os projetos são um verdadeiro desafio; vocês terão de se encontrar fora da classe, para trabalhar e...— E quanto ao futebol? — Samuel interrompe. — Não posso perder um treino sequer.— E eu não posso perder os ensaios da torcida — diz Âmbar , antes que eu possa reclamar também.— Os trabalhos do colégio devem vir em primeiro lugar. Você e seu parceiro podem combinar um horário que seja bom para ambos — responde a Sra. Benson, parando em frente à nossa mesa e estendendo o chap&ea
#MattiasAh, isso é perfeito! A Benson e o Grey de um lado, na sala da diretoria, e a Pequena Miss Perfeição e seu namorado idiota do outro... E eu, sozinho, em pé. Ninguém está do meu lado, isso é mais do que certo.Grey limpa a garganta.— Mattias, esta é a segunda vez, em duas semanas, que você vem à minha sala. Sim, isso resume tudo. O cara é, definitivamente, um gênio.— Senhor... — respondo, entrando no jogo, porque estou cansado de ver a Pequena Miss Perfeição e seu namorado controlando a droga deste colégio. — Sofri um pequeno acidente na hora do almoço: caiu gordura em minha calça. Para não perder a próxima aula, pedi a meu amigo, Noah, que me arranjasse outra. — E mostro o jea
#LucyEstou atrasada. Falta apenas meia hora para acabar o ensaio, na quadra de esportes. Enquanto troco minhas roupas comuns pelo uniforme de ginástica, penso no que aconteceu na sala do Dr. Grey... A Sra. Benson me repreendeu tão duramente quanto fez com Mattias.Minha nossa... Mattias Belmonte já está arruinando meu último ano, e ele mal começou. Visto o short. O som de passos no piso me avisa que não estou sozinha, no vestiário.Vejo Cristina Malony e cubro os seios com a blusa. Oh, não.— Hoje deve ser meu dia de sorte — ela diz, me encarando com a expressão de um puma pronto para o ataque... Embora os pumas não tenham cabelos castanhos, longos e lisos. Mas certamente têm garras, as garras de Cristina estão pintadas de vermelho brilhante.Ela se aproxima.Tenho vontade de recuar. Aliás, tenho vontade de fug
#MattiasJá terminou com esse Honda? Está na hora de fechar — diz meu primoTrabalho nesta oficina todos os dias, depois das aulas... para ajudar minha família a pôr comida na mesa, para ficar longe da Sangue Latino por algumas horas e também porque sou bom para mexer com máquinas. Saio debaixo do Civic, coberto de graxa e óleo.— Vai estar pronto num minuto.— Bom. Faz três dias que o cara está me cobrando o conserto deste carro.Aperto o último parafuso e caminho até Agustín, enquanto ele limpa as mãos num pano.— Posso perguntar uma coisa? — digo.— Manda.— Tenho que adiantar um projeto de Química e preciso de um dia de folga, na semana que vem — explico, pensando no tema do projeto e na pessoa com quem vou trabalhar. — Pode ser? Terei de me encont
#LucyMeu parceiro de Química não apareceu mais na escola, desde que recebemos nossos projetos. Uma semana depois, ele finalmente surge, belo e despreocupado. Isso me irrita, porque não importa o quanto minha vida em casa esteja complicada, eu não deixo de comparecer às aulas.— Foi muita bondade sua aparecer.— Foi muita bondade sua reparar nisso — ele diz, tirando o lenço.A Sra. Benson entra na sala. Acho que fica aliviada ao ver Mattias. Endireitando os ombros, diz:— Hoje eu ia dar uma prova... Mas, em vez disso, quero que vocês trabalhem com seus parceiros, na biblioteca.Daqui a duas semanas, vocês deverão entregar o esboço do projeto.Eu e Samuel caminhamos, de mãos dadas, até a biblioteca. Mattias vem logo atrás, conversando com seus amigos em Espanhol.Samuel aperta levemente minha m&