Vitória A temporada de verão se aproximava e a sugestão de minha mãe, Felícia, era de viajarmos para a propriedade de férias, aquela que ficava no alto de uma colina, com uma bela vista para o oceano e bem próxima de onde Malena e Henry viveram sua bela história de amor. Era sempre uma viagem que apesar de cansativa, pois a distância do castelo era grande, nos trazia muita paz com dias revigorantes. Faziam alguns anos que não viajávamos devido às gestações e ao nascimento dos pequenos, além da fase deles muito miúdos para aguentar a viagem. Agora eles já estavam maiores, Liriel completaria em breve seu primeiro ano de vida e com ajuda das babás seria possível fazermos esse passeio para descansarmos alguns dias por lá. — Tem certeza que eles aguentam a viagem, filha? — minha mãe queria muito que todos fossem, no entanto se preocupava com os netos. — Creio que sim, Dona Felícia. Com as damas e babás nos auxiliando, tudo dará certo! Essa sua ideia
Havia planejado aquela noite minuciosamente e apesar das borboletas que teimavam em dançar dentro de mim, por toda a parte, me fazendo tremer sem sentir frio, estava certa de que aquele dia, ou melhor, aquela noite mudaria mesmo a minha vida e se realmente seria para sempre, só iria descobrir nos próximos capítulos. — Fico feliz por ver que chegou o momento exato para recepcionar conosco nossos convidados, Eugênia. — Minha dama ajudou-me para que não atrasasse, meu pai. Contudo se não fosse ela me contar o porquê de tanta pressa, estaria até agora sem entender. — Perdoe sua mãe, acabei esquecendo de lhe falar sobre isso. Seu pai me fez o pedido e o transmitiu diretamente a Sophie, porém acabei não conversando com você também, os preparativos do baile me tomaram muito tempo, mesmo com a sua ajuda. — Apreciei muito lhe ajudar, minha mãe. Espero que isso aconteça com frequência de agora em diante, estarei sempre à disposição. — Vogo p
Vitória Nossa viagem para a propriedade de férias foi tranquila. Apesar da distância e dos solavancos na estrada, não tivemos nenhuma avaria nas carruagens e chegamos bem. Após descansarmos na sala principal, saímos para o jardim pois as crianças estavam ansiosas por brincar ao ar livre. O jardim era grande e terminava no penhasco, que havia sido cercado por pedras como proteção. A vista dali de cima era deslumbrante, podia-se ver a longitude do mar, a linha do horizonte ao fundo e naquele momento em que nos sentamos para tomar nosso chá da tarde, começava o espetáculo do pôr-do-sol.— Tinha me esquecido da beleza desse lugar, Aron. — Não conseguia nem piscar de tão encantada que estava.— Eu também, minha querida. Por que fi camos tanto tempo sem vir aqui? Quer dizer, eu sei por que, mas lamento não ter vindo!— Compreendo o que quer dizer, eu também não acredito que demoramos tanto para voltar. No entanto, esse tempo foi necessário para colocarmos nossas vidas no eixo, principa
Vitória Fazia tanto tempo que não tirava uns dias para descansar longe do castelo, que tinha até me esquecido do quanto essa pausa nos faz bem. Não sentia mais as dores frequentes de cabeça nem mesmo pelo corpo. Quem me socorria nesses momentos era minha fi el e querida amiga Serena, com seus misturados de ervas que me ajudavam a relaxar nas noites após os dias tensos, e quase todos os dias eram assim. Serena também descansava de suas atividades, já que eu não estava dando tanto trabalho a ela com meus pesares. Outra coisa boa desses dias de descanso foi poder me aprofundar mais na leitura do diário de minha bisavó, que estava tão interessante e cheio de grandes revelações que nem esperava descobrir. As páginas que estava lendo falavam sobre a mudança de atitude de Christopher, que ainda nos intrigava por não termos descobertos absolutamente nada sobre a sua existência, e Rainha Eugênia também falava sobre alguns planos que nos deixavam curiosas para saber do que se tratava.
Eugênia— Será uma honra, Príncipe. — Sorrimos e ele segurou minha mão me encaminhando para o meio do salão.Fazia parte dos meus planos, naquela noite, dançar com Serafim e me aproximar dele, no entanto jamais poderia imaginar que seria tão fácil estar perto. Nos meus pensamentos ele me excluiria e não aceitaria dançar comigo novamente. Sophie, minha dama, que sabia de meus planos, ficou atenta e próxima a nós pronta para ajudar.— Não imaginei que teria vontade de dançar comigo outra vez, achei que eu tinha sido inconveniente no último baile e peço que me perdoe pela forma como agi.— De forma alguma, Eugênia. A senhorita não foi inconveniente em momento algum, apenas não tivemos mais tempo de conversar. — Sua mão segurou minha cintura com mais força e ao mesmo tempo com tanta delicadeza que cheguei a errar o passo da dança.— Perdoe-me quase pisei em vosso pé. — Rimos e ele parecia feliz e descontraído.— Não pisou e não haverá problema algum se isso vier a acontecer, não sou um b
VitóriaNão dava mais para adiar nosso retorno ao castelo. Nossas férias haviam chegado ao fi m com mais uma descoberta chocante e inusitada, sobre o que aconteceu naquele baile com Eugênia e Serafim.Porém o que mais desejava naquele momento era desfrutar daqueles últimos dias de descanso e momentos divertidos com todos, principalmente com as crianças. Era impressionante como brincar com eles me revigorava, o som das gargalhadas aquecia meu coração e faziam com que sorrisse de orelha a orelha. Era impossível de conter a alegria, se pudesse viveria daquele jeito para sempre.Em um dos nossos últimos dias, após a leitura do trecho que nos impactou sobremaneira, decidi deixar os escritos novamente guardados para retomá-los quando estivesse no castelo voltando ao trabalho, e assim foi possível vivenciar aqueles momentos por inteiro. Aron e eu passeamos de mãos dadas pela areia da praia, fizemos convescotes com as crianças e sozinhos também, à noite saíamos para ver as estrelas, e os pedi
EugêniaTudo parecia tão bem e em um átimo meu mundo estava desmoronando, a conversa que tive com meu irmão de nada me agradou, principalmente pela descoberta que fi z nos últimos dias.Quase um mês havia se passado após o baile de apresentação de Christopher e nenhum sinal chegava até mim de que Serafi m havia me procurado. Dentro de poucos dias seria a coroação ofi cial do futuro Rei de Neveri. O castelo e todo o reino estavam em grande agitação com todos os preparativos e a esperança de novos e bons ventos alegrava a todos, não que não gostassem do reinado de meu pai, porém já era horade mudanças e já era hora de o novo chegar até nós.— Você não o viu mesmo nesses últimos dias, Christopher? Nem ao menos teve notícias dele? — ele parecia nem estar me ouvindo quando entrei na sala de descanso e sentei ao seu lado.— Sobre quem estamos falando, Eugênia? — meu irmão não sabia mesmo sobre o que eu falava, o que me deixou irritada.— Como assim, sobre quem estamos falando? Você sabe mu
EugêniaRainha Clélia estava com tudo planejado, iríamos juntas conversar com Serafim. Com nosso filho a caminho, seria o momento perfeito para nossa união e junção dos reinos. Ao chegarmos ao reino de Minsk fomos recebidos pelo Rei Bartolomeu e seu fiel escudeiro Rômulo que nos atenderam na sala de chás do castelo.— A que devo a honra dessa visita inusitada, porém muito prazerosa? Já faz um bom tempo que não nos vemos, minha querida Rainha Clélia. Como vai meu amigo, Rei Lutero? — após as reverências nos sentamos à sua frente na mesa de chá que estava muito bem servida de pães e frutas.— Está muito bem, Majestade. Rogo para que esteja tudo perfeitamente em ordem por aqui também! — minha mãe, apesar da simpatia estava polida e receosa, nunca a tinha visto daquele jeito.— Com toda certeza, passamos muito bem! Estou apenas curioso por saber o que a traz aqui, junto de sua bela filha, Princesa Eugênia. Não consigo imaginar o motivo de vossa visita, apesar de estar apreciando muito a c