Felipe A Verdade EscondidaO silêncio na sala era denso. A tensão que se formou entre nós, ao testemunharmos o reencontro de Helena e Clara, ainda pairava no ar como uma nuvem carregada. Mas agora, uma nova tempestade estava prestes a se formar.Helena, ainda com Clara nos braços, parecia um pouco mais tranquila. A emoção da descoberta, do reencontro, estava aos poucos se transformando em uma necessidade de entender, de fazer sentido de tudo o que havia acontecido. E isso, sem dúvida, envolvia as perguntas não feitas, os mistérios que pairavam em torno de Clara, da fuga de Maria, e de tudo o que Salvatore havia causado.Antônio se aproximou, como se sentisse o peso da história que precisava ser compartilhada. Ele olhou para Maria antes de dar um passo à frente, e sua expressão já dizia muito sobre o peso daquela conversa. Era uma história que ele temia contar, uma história que, até então, havia sido mantida em segredo, guardada nas sombras do passado. Agora, no entanto, não havi
MariaAntônio e Maria trocaram olhares, e foi Maria quem respondeu, com a voz ainda carregada de emoção.— Quando Salvatore deu a ordem para matar Clara, eu sabia que não podia deixar isso acontecer. Eu… eu não tinha nada planejado, porém seu parto foi muito difícil e você perdeu a consciência e isso foi naquele momento uma provisão divina.–Eu sabia que você não ficaria longe da Clara pois era o fruto de seu amor por Felipe que estava desaparecido naquela época.–Então eu implorei a Antônio que não fizesse aqui e me ajudasse a fugir da ilha que nunca mais ele me veria–E graças a Deus Antônio me ouviu, me deu suas economias e me aconselhou a ir o mais longe possível com a criança para que Salvatore não me encontrasse.–Assim eu fiz, até que vim parar aqui na fazenda Santo Antônio e aqui não somente eu mais d.Hilda, Seu Alfredo e Luiz todos nós juntos criamos a Clara.–Mas, antes de tudo, eu precisei te proteger também, Salvatore tinha que acreditar que a criança estava morta Helena.
O Reencontro com Meus Avós Após toda a confusão e emoção da chegada, me dirijo ao canto preferido de minha avó, me recordo dela sentada alí fazendo tricô para o inverno ou simplesmente lendo para mim enquanto estava chovendo lá fora. Olho e a vejo olhando para mim seus olhos atentos a minha imagem —Felipe você cresceu e está tão bonito meu neto! Ao ouvir aquelas palavras, meu coração disparou. A voz do meu avó, suave, apesar da idade, carregava o mesmo tom acolhedor que eu guardava na memória. Meu avô Alfredo estava sentado ao lado dela, ele veio na nossa frente não queria provocar nenhuma emoção mais forte, queria apoiá-la, segurando a mão de Hilda com carinho. Sua expressão era uma mistura de alívio e emoção, como se estivesse vendo um pedaço do passado retornar diante dela. Mas foi minha avó quem capturou toda a minha atenção. Hilda estava sentada, seu rosto marcado pelo tempo e pela doença, mas seus olhos… Ah, seus olhos. Eles ainda brilhavam como antes, cheios de amor,
Felipe Enquanto segurava a mão da minha avó, sentindo sua fragilidade e ao mesmo tempo sua imensa força, senti um leve puxão na minha camisa. Olhei para baixo e vi Clara me encarando com seus grandes olhos cheios de curiosidade. — Felipe…Ela chamou meu nome com hesitação, mordendo o lábio inferior. — Sim, pequena? Me abaixei um pouco para ficar mais próximo dela. Clara olhou para Hilda e depois para mim, franzindo a testa. — A vovó Hilda… ela também é sua avó? A pergunta pegou a todos de surpresa. O silêncio que se instalou na sala foi preenchido apenas pela respiração emocionada de Hilda e pelo olhar atento de Maria. Eu sorri para Clara, sentindo uma ternura enorme crescer dentro de mim. — Sim, Clarinha, ela também é minha avó. Os olhos da menina se arregalaram em surpresa. — Mas… ela é minha avó também! — Sim, é! Confirmei, vendo a mente dela trabalhando para entender o que isso significava. Ela franziu ainda mais a testa, como se estivesse tentando juntar todas as peça
Felipe O Reencontro InesperadoO som das cadeiras sendo puxadas na mesa, a conversa casual que começava a se formar, tudo isso parecia estar se encaixando em um cenário de normalidade. Mas a verdade, como sempre, era outra. As revelações ainda estavam frescas, os sentimentos ainda se chocando uns contra os outros, e o peso daquilo que havíamos vivido até aqui parecia se aprofundar a cada minuto.A mesa do almoço estava repleta de rostos familiares, mas também de tensão. Hilda, com sua fragilidade, ainda estava se recuperando do impacto do reencontro, embora houvesse um sorriso amável em seu rosto, ela ainda estava, de certa forma, perdida no turbilhão de emoções. Antônio e Maria estavam sentados ao lado dela, mas o silêncio pairava entre eles. Eu podia ver a angústia em seus olhos. As palavras que haviam trocado mais cedo não estavam distantes o suficiente para não estarem ainda tão vivas.Helena estava quieta, com Clara nos braços, alternando entre olhá-la com admiração e ainda t
Antônio O Amor Que Esperou A noite parecia ter caído sem que ninguém percebesse. O ambiente na casa da fazenda estava calmo, mas carregado de uma energia densa, um misto de felicidade contida e incertezas que ainda pairavam no ar. Julia, ainda processando o reencontro com seu irmão Luiz, estava sentada à mesa, os olhos fixos, mas sua mente em outro lugar. Clara estava nas mãos de Helena, que, depois de toda a confusão, finalmente parecia se entregar àquele novo papel de mãe e tentava se desdobrar entre os três Clara, Enzo e Valentina Eu estava sentado em um canto, observando tudo, mas minha mente estava distante, viajando no tempo, voltando aos anos perdidos, aos momentos de espera e aos dias que não poderiam ser apagados. Olhei para Maria, que estava ao meu lado, com um sorriso suave nos lábios, mas uma tristeza também evidente. Havia tanto que não havíamos dito um ao outro, e eu sabia que, agora, era o momento. O momento de falar o que eu sentia, o que havia guardado dur
A Revelação Que Mudou Tudo Eu sabia que Helena precisava de um tempo para processar tudo o que estava acontecendo. O reencontro com Maria, a surpresa de Clara estar viva, e o choque de descobrir que sua filha, a criança que ela pensava morta, estava ali na sua frente. A dor e a felicidade estavam tão entrelaçadas que mal podia imaginar o turbilhão de emoções que ela estava enfrentando. Mas eu sabia que, por mais que os outros estivessem imersos em seus próprios sentimentos, Helena precisava de mim, e eu precisava estar ao lado dela para ajudá-la a entender tudo. Por isso, quando todos estavam ocupados, fazendo com que Enzo e Valentina se sentisse cada vez mais em casa na fazenda, eu chamei Helena para uma conversa. Queríamos um lugar tranquilo, longe da agitação que ainda tomava conta da casa. Eu sabia que o momento tinha chegado. Era hora de compartilhar o que Antônio havia me confidenciado um dia antes da nossa partida. Encontramos um pequeno banco na beira do jardim, e o
Felipe O Alívio e a Cura Eu mal podia acreditar em como as coisas estavam mudando tão rapidamente. O que começou com uma viagem tensa, cheia de inseguranças e revelações, agora estava tomando um rumo muito mais leve. Hilda, nossa matriarca, estava se recuperando visivelmente. A notícia de que ela tinha mais dois bisnetos e o reencontro de Luiz com a irmã Júlia, de Maria e Helena e de saber que ela sempre esteve com a primogênita de seus bisnetos haviam dado à saúde dela uma nova energia. Antes, ela parecia quase uma sombra, debilitada pela doença, pela ansiedade e pelo peso da vida. Agora, depois de tanto sofrimento, ela parecia mais viva do que nunca. Suas expressões haviam mudado, e eu podia ver um brilho nos seus olhos que não via desde de que chegamos. Nos últimos dias, ela vinha dando passos curtos em direção à recuperação. A ansiedade, embora ainda presente, estava sendo substituída pela alegria de ver sua família reunida, de ter os netos perto de si, de conhecer sua no