MariaMinha alegria por ter uma casa independente na fazenda era imensa. Desde que cheguei, sentia que finalmente tinha encontrado um lugar onde podia criar raízes. Alfredo nos tratava como parte de sua família, e o trabalho na fazenda me dava propósito. As manhãs eram dedicadas aos afazeres domésticos, enquanto as tardes eram momentos de convivência e aprendizado.Certo dia eu, Hilda e Luís estávamos sentados no chão com ela, brincando com seus brinquedos simples, quando ela se apoiou nas mãos e joelhos e tentou se movimentar. O momento foi seguido por aplausos e gritos de encorajamento.— Isso mesmo, minha pequena! Eu disse, quase chorando de emoção. Você consegue!Luís, que geralmente era mais reservado, bateu palmas e riu alto. Essa menina vai longe, Maria. Pode apostar.Alfredo, que nos observava da poltrona, sorriu com orgulho. –Clara é a prova de que novos começos são possíveis. Essa criança vai trazer muita alegria para todos nós.Clara era minha motivação para tudo. Sempr
MariaA noite estava silenciosa na Fazenda Santo Antônio, e enquanto eu embalava Clara nos braços, os pensamentos sobre o passado vieram como uma brisa leve, trazendo memórias de Helena e Antônio. Clara estava aninhada contra o meu peito, os olhos quase fechados, mas ainda segurando meu dedo com a mãozinha macia. Ela era meu mundo agora, minha razão para seguir em frente, mas, às vezes, era impossível não sentir saudades de quem um dia foi parte de mim.Como estará Helena, imagino o sofrimento da minha menina, mas precisava salvar a Clara, ñela era a mais frágil em toda essa história.Sinto muitas saudades da Helena, e após aquela carta do Antônio, penso o que poderia ter sido nós dois, ou se um dia teremos alguma chance.Minha pequena casa na fazenda é simples, mas tem tudo o que precisamos. Uma cama confortável, um berço feito por Alfredo, uma cozinha aconchegante com uma mesa pequena onde eu e Clara fazemos nossas refeições. Hilda sempre diz que a casa tinha meu toque: flores no
Primeira Operação. Felipe A noite estava carregada de tensão. As equipes estavam posicionadas em suas respectivas rotas, e cada minuto que passava parecia se arrastar em câmera lenta. Eu estava com o meu grupo, liderando a equipe que interceptaria uma das rotas marítimas mais usadas por Paulo. O mar à nossa frente estava calmo, mas a escuridão era traiçoeira. — Equipe Alpha, posição confirmada. Nenhum movimento até agora. A voz de Camila soou no rádio, firme, mas com um leve tremor de nervosismo. Pedro e Juan já estavam no perímetro do aeroporto clandestino. Vitor e George haviam se infiltrado na rota terrestre. O plano era simples, mas arriscado: Atacar simultaneamente, desmantelar as operações e capturar Paulo, se possível. — Mantenham os olhos abertos. Assim que tivermos a confirmação do carregamento, avançamos. O som de tiros rompeu o silêncio no rádio. — Contato! Contato! Vitor, cuidado! Eles armaram uma emboscada! — A voz de George soou desesperada. — E
A Investigação ProfundaApós a operação bem-sucedida, a sensação de alívio foi substituída rapidamente pela tensão. Sabíamos que, apesar da vitória contra Paulo, a verdadeira batalha ainda estava por vir. A operação tinha sido arriscada e imprevisível, mas o verdadeiro inimigo estava dentro da própria organização. E era isso que mais nos preocupava agora.A equipe estava reunida na sala de comando, um ambiente tenso e abafado, enquanto aguardávamos a comunicação com Vicenzo. Ele havia nos acompanhado em cada passo, mesmo à distância, mas agora, ele precisava ouvir tudo diretamente de nós.Eu estava ali, de pé, com os outros membros da equipe, aguardando o momento em que o contato seria feito. Cada um parecia absorver os acontecimentos à sua maneira.A sensação de que havíamos fechado uma rota de fuga de Paulo, mas, ao mesmo tempo, a percepção de que havia algo maior, mais perigoso, à espreita. A missão não estava completa, não até que descobríssemos a verdade.Camila, ao meu lado, pa
Meu coração disparou. Era o momento da verdade.— Aqui é Felipe. Respondi, tentando manter a voz firme, embora sentisse a tensão tomar conta de mim. — A operação foi bem-sucedida. As rotas de fuga de Paulo foram destruídas, as embarcações estão fora de operação. O carregamento foi destruído no cais e, apesar das baixas, conseguimos neutralizar a maioria dos homens dele.— E Paulo? A voz de Vicenzo era grave, como sempre, mas havia um tom de frustração ali. — Ele foi capturado?Fechei os olhos por um instante, lembrando do momento em que Paulo escapou, rindo como um espectro, desaparecendo nas sombras.— Não, senhor. Ele conseguiu fugir antes que pudéssemos chegar a ele. Os barcos estavam preparados para levá-lo, e ele deixou a área antes que o cerco fosse fechado.Houve um silêncio no rádio, e a tensão aumentou. Eu podia sentir o peso da decepção em cada segundo que se passava. Mesmo sabendo que as rotas haviam sido fechadas, a fuga de Paulo era uma falha que não podia ser ignorada
O rádio silenciou, e todos na sala se entreolharam. Sabíamos que, ao reportar nossa missão de forma aberta e honesta, estávamos também colocando em risco tudo o que havíamos construído até agora. Mas a verdade precisava ser dita. A corrupção estava infiltrada, e, sem a autorização de Vicenzo, nunca seríamos capazes de limpar a casa por conta própria.Eu dei um passo atrás, a mente cheia de pensamentos conflitantes. A operação havia sido um sucesso, mas a guerra ainda não tinha sido vencida. Agora, precisávamos nos focar em algo ainda mais perigoso:A caça ao traidor!— A caça vai começar agora, então. Camila murmurou ao meu lado, e, apesar da leveza em sua voz, senti o peso de suas palavras.Eu assenti, determinado.— Vamos fazer isso.Agora, não havia mais volta. O inimigo estava dentro, e seria necessário limpar a casa, uma peça de cada vez.Agora, a missão se tornava ainda mais complexa. Não só tínhamos que capturar Paulo, mas também caçar um traidor que estava no centro de nossa
Vicenzo A sala de reuniões na base da ilha estava silenciosa, exceto pelo som do ventilador de teto que girava preguiçosamente acima de nossas cabeças. Vicenzo, com sua presença imponente, estava sentado à cabeceira da longa mesa de madeira. Seus olhos examinavam cada um de nós com cuidado, como se tentasse medir nossa determinação.Eu estava ao lado de Camila, que digitava freneticamente em seu laptop, reunindo os dados que seriam apresentados. Vitor, Juan e George ocupavam os outros lugares, atentos, mas tensos. Cada um de nós sabia que essa não seria uma reunião comum.— Temos um traidor entre nós. Declarou Vicenzo, sua voz firme como uma lâmina. Alguém passou informações sobre a operação. Eles sabiam que estávamos indo.Um silêncio pesado caiu sobre o grupo. Sabíamos que ele estava certo. A emboscada na última missão foi precisa demais para ser coincidência.— Quem sabia da operação? Perguntei, tentando manter minha voz firme.Camila olhou para mim antes de virar a tela do lap
Helena Ela balançou a cabeça, levantando-se e caminhando até a cama.— Há coisas sobre o meu pai que você não entenderia, Felipe. Ele sempre me usou como uma peça no tabuleiro dele. Você acha que ele aceitou nosso casamento porque gosta de você? Não, ele viu uma oportunidade de se aproximar do Vicenzo.As palavras dela cortaram fundo, mas eu não podia negar que ela estava certa.— Preciso da sua ajuda, Helena. Você sabe mais sobre ele do que qualquer um. Se houver algo que possa nos levar a Paulo, algo que possa provar a culpa dele...Ela suspirou, passando as mãos pelo rosto.–Felipe acho que chegou o momento de te mostrar algo, não sei se isso vai impedir você de me desejar como no passado. Helena me olha com os olhos rasos d'água.–Como assim Helena eu amo você, você dúvida do meu amor Helena? Pergunto, uma ponta de mágoa tomando conta de meu peito.– Felipe lembrasse que quando nós nos reencontramos eu te falei que você corria perigo?– Sim Helena, me recordo mas estava tão feliz