Alguns dias depois no apartamento de LunaA chuva havia dado lugar a um dia cinzento, típico de Londres, mas dentro do apartamento de Luna, o ambiente era acolhedor, cheio de amor e vida. Valentina, com apenas alguns dias de vida, já era o centro de todo o universo de Luna e de seus amigos, que se revezavam para garantir que ela nunca se sentisse sozinha.Kate estava sentada no sofá, balançando suavemente a pequena Valentina nos braços, enquanto falava com a bebê de forma animada.— Olha só pra você, florzinha… tão pequenininha e já mandando em todos aqui! Aposto que já sabe que é a dona do pedaço, né? — Kate sorriu, encantada com os olhinhos atentos da bebê. — E essa boquinha? Igualzinha à da sua mamãe! — Kate deu um beijo suave na testa de Valentina, que respondeu com um bocejo adorável.No quarto, Luna finalmente tomava um banho quente, tentando aliviar o cansaço dos últimos dias. A água corria pelo seu corpo, levando consigo parte da dor e do peso que ela ainda carregava no peito.
Jacob estava sentado no sofá da sala, balançando suavemente o pequeno Joshua em seus braços. O bebê dormia tranquilamente, alheio ao mundo ao seu redor. Mia entrou silenciosamente, sentando-se ao lado do irmão, observando-o com um sorriso suave.— Ele é tão pequenininho… — Mia sussurrou, admirando o sobrinho.Jacob assentiu, sem desviar o olhar do filho.— É… às vezes, nem acredito que ele tá aqui — respondeu, com a voz baixa, como se falasse para si mesmo. — E pensar que… eu quase o perdi.Mia ficou em silêncio por um momento, refletindo sobre o quanto a vida era frágil. Ela respirou fundo, sentindo o peito apertar. A lembrança de Luna invadiu seus pensamentos e a culpa a corroía por dentro. Já tinha se passado dias e ela não teve coragem de visitar a amiga, não saberia o que dizer diante de uma situação tão frágil e delicada. — Aconteceu alguma coisa? — perguntou Jacob percebendo a mudança no semblante da irmã.— Sim… — ela começou, hesitante.— O que foi? — ele desviou o olhar par
Mia LancasterNo caminho para o apartamento de Luna, o som suave da chuva batendo no pára-brisa parecia amplificar o turbilhão de pensamentos na minha mente. As palavras de Jacob ecoavam em minha cabeça como um mantra silencioso.“Às vezes, não precisa dizer nada… só estar lá já é suficiente.”Por dias, me torturei tentando encontrar o que dizer, o que fazer para amenizar a dor da minha amiga e agora, dirigindo pelas ruas molhadas de Londres, percebi que o que Luna precisava não eram palavras perfeitas, era minha companhia. Ela precisava saber que eu estava ali, ao seu lado.Suspirei fundo, sentindo o coração bater mais rápido &agrav
Dei um sorriso tímido, enxugando as lágrimas que ainda teimavam em cair e voltei minha atenção para Valentina que soltou um bocejo adorável. Meu coração derreteu no mesmo instante, como se fosse feito de chocolate quente em um dia frio.— Ah, meu Deus, você é mesmo um pacotinho de amor! — murmurei, balançando-a suavemente nos braços, completamente encantada.Foi nesse momento que a porta se abriu com um estrondo digno de filme de ação e Kate entrou esbaforida, carregando uma bolsa tão grande que parecia estar transportando suprimentos para uma expedição ao Everest.— Finalmente! Londres inteira resolveu sair de casa hoje? &m
— Vamos logo mamãe! Temos muita coisa para comprar, Jake está aqui bufando — disse Mia encarando Katerina.Jacob estava sentado no sofá da casa dos pais. Tinha passado lá para pegar um documento importante para a reunião que aconteceria logo mais, porém foi interceptado pela mãe e pela irmã para levá-las ao shopping.— Eu não sei porque vocês não vão de carro ou com o motorista.— Ah Jake, deixe de ser chato, não custa nada! Mãeeeee!— Calma, eu só estava mandando uma mensagem para o seu pai.Mia eleva as sobrancelhas de maneira divertida.<
Seis anos haviam passado, o tempo não foi gentil com Jacob e Samantha.O amor que nunca existiu entre eles, estava cada vez mais distante. As brigas eram constantes, cobertas por desentendimentos e mágoas silenciosas.Jacob tentava, como podia, ser um bom pai para Joshua e um bom companheiro para Samantha, mas o trabalho o mantinha distante. Na verdade, a única coisa que fazia com que ele voltasse para casa era seu filho.Samantha a cada dia estava mais amarga. Ela sentia que estava perdendo Jacob cada vez mais e isso a consumia por dentro. Pensar na possibilidade do marido nos braços de outra mulher a deixava fora de si. Muitas noites apelava pelos instintos primitivos. Sabia que o esposo sentia falta de sexo e o seduzia. Eles transavam por horas e depois,
Já se passaram seis anos desde que tudo aconteceu.Sentada na minha sala, cercada por pilhas de provas a serem corrigidas, minha mente insiste em vagar para um passado que nunca me abandonou completamente. A caneta entre meus dedos parece esquecida enquanto meu olhar se perde na janela, observando o céu tingido pelos últimos raios de sol.Minha festa de formatura, o abuso… A noite em que tomei a decisão mais desesperada da minha vida e aquele homem…Fecho os olhos por um instante e quase consigo ouvi-lo novamente.“Todos têm alguém, acredite. Talvez ele apenas ainda não tenha a encontrado.”A voz grave e serena dele ecoa na minha mente, tr
Jacob havia viajado para Paris a negócios e Samantha, como sempre, aproveitava sua ausência para sair com as amigas, mergulhada na ilusão de uma vida perfeita. No último ano, o casamento deles tinha se tornado um espetáculo para os outros, um teatro bem ensaiado onde Samantha fingia ter um marido apaixonado e uma família perfeita. Dentro de casa, a verdade era outra.As conversas entre eles se resumiam ao básico, quase sempre sobre Joshua. O silêncio que se instalava entre os dois depois do sexo era ensurdecedor, carregado de frustração e vazio. Jacob se sentia aprisionado, enquanto Samantha… cada vez mais sozinha.Naquela tarde, entre brindes de champanhe, bolsas novas e risadas exageradas, Samantha esqueceu-se do essencial: buscar Joshua na escola.