Mia LancasterNo caminho para o apartamento de Luna, o som suave da chuva batendo no pára-brisa parecia amplificar o turbilhão de pensamentos na minha mente. As palavras de Jacob ecoavam em minha cabeça como um mantra silencioso.“Às vezes, não precisa dizer nada… só estar lá já é suficiente.”Por dias, me torturei tentando encontrar o que dizer, o que fazer para amenizar a dor da minha amiga e agora, dirigindo pelas ruas molhadas de Londres, percebi que o que Luna precisava não eram palavras perfeitas, era minha companhia. Ela precisava saber que eu estava ali, ao seu lado.Suspirei fundo, sentindo o coração bater mais rápido &agrav
Dei um sorriso tímido, enxugando as lágrimas que ainda teimavam em cair e voltei minha atenção para Valentina que soltou um bocejo adorável. Meu coração derreteu no mesmo instante, como se fosse feito de chocolate quente em um dia frio.— Ah, meu Deus, você é mesmo um pacotinho de amor! — murmurei, balançando-a suavemente nos braços, completamente encantada.Foi nesse momento que a porta se abriu com um estrondo digno de filme de ação e Kate entrou esbaforida, carregando uma bolsa tão grande que parecia estar transportando suprimentos para uma expedição ao Everest.— Finalmente! Londres inteira resolveu sair de casa hoje? &m
— Vamos logo mamãe! Temos muita coisa para comprar, Jake está aqui bufando — disse Mia encarando Katerina.Jacob estava sentado no sofá da casa dos pais. Tinha passado lá para pegar um documento importante para a reunião que aconteceria logo mais, porém foi interceptado pela mãe e pela irmã para levá-las ao shopping.— Eu não sei porque vocês não vão de carro ou com o motorista.— Ah Jake, deixe de ser chato, não custa nada! Mãeeeee!— Calma, eu só estava mandando uma mensagem para o seu pai.Mia eleva as sobrancelhas de maneira divertida.<
Seis anos haviam passado, o tempo não foi gentil com Jacob e Samantha.O amor que nunca existiu entre eles, estava cada vez mais distante. As brigas eram constantes, cobertas por desentendimentos e mágoas silenciosas.Jacob tentava, como podia, ser um bom pai para Joshua e um bom companheiro para Samantha, mas o trabalho o mantinha distante. Na verdade, a única coisa que fazia com que ele voltasse para casa era seu filho.Samantha a cada dia estava mais amarga. Ela sentia que estava perdendo Jacob cada vez mais e isso a consumia por dentro. Pensar na possibilidade do marido nos braços de outra mulher a deixava fora de si. Muitas noites apelava pelos instintos primitivos. Sabia que o esposo sentia falta de sexo e o seduzia. Eles transavam por horas e depois,
Já se passaram seis anos desde que tudo aconteceu.Sentada na minha sala, cercada por pilhas de provas a serem corrigidas, minha mente insiste em vagar para um passado que nunca me abandonou completamente. A caneta entre meus dedos parece esquecida enquanto meu olhar se perde na janela, observando o céu tingido pelos últimos raios de sol.Minha festa de formatura, o abuso… A noite em que tomei a decisão mais desesperada da minha vida e aquele homem…Fecho os olhos por um instante e quase consigo ouvi-lo novamente.“Todos têm alguém, acredite. Talvez ele apenas ainda não tenha a encontrado.”A voz grave e serena dele ecoa na minha mente, tr
Jacob havia viajado para Paris a negócios e Samantha, como sempre, aproveitava sua ausência para sair com as amigas, mergulhada na ilusão de uma vida perfeita. No último ano, o casamento deles tinha se tornado um espetáculo para os outros, um teatro bem ensaiado onde Samantha fingia ter um marido apaixonado e uma família perfeita. Dentro de casa, a verdade era outra.As conversas entre eles se resumiam ao básico, quase sempre sobre Joshua. O silêncio que se instalava entre os dois depois do sexo era ensurdecedor, carregado de frustração e vazio. Jacob se sentia aprisionado, enquanto Samantha… cada vez mais sozinha.Naquela tarde, entre brindes de champanhe, bolsas novas e risadas exageradas, Samantha esqueceu-se do essencial: buscar Joshua na escola.
Claro que ele não era Benjamim. Seu filho não estava mais entre eles.Por que então, aquela sensação sufocante dentro do peito?Por que a sensação familiar invadia seu ser como um ferro em brasa?Os olhos de Joshua, o sorriso… eram tão parecidos com os de seus sonhos, com os traços que tantas vezes povoaram suas memórias. Luna levou a mão ao peito, sentindo o coração disparar ainda mais. Ela não sabia o motivo, mas sentia uma ligação inexplicável com aquele menino que, naquele momento, segurava a mão de sua filha.Quando Valentina correu até ela, puxando Joshua pela mão, Luna forçou um so
O restaurante escolhido por Mia tinha um ar acolhedor, com mesas de madeira e uma iluminação suave. O aroma de comida caseira se espalhava pelo ambiente, mas nem todo esse cenário era capaz de acalmar o turbilhão de emoções que tomava Luna. Sentada à mesa, ela mantinha um sorriso suave no rosto, enquanto sua mente estava longe.Joshua, sentado à frente dela, sorria enquanto conversava com Valentina, que gesticulava animadamente. Os dois pareciam imersos em seu pequeno mundo, alheios ao caos silencioso dentro de Luna.Ela o observava, quase sem perceber. Cada detalhe, o jeito como ele ria, os olhos curiosos, até a delicadeza com que segurava o copo com as duas mãos, fazia algo dentro dela se agitar.“Por que ele mexe tanto comigo?&rdquo