Seis

Por Bella Torres

 — Ok. — Tentei guardar tudo na minha cabeça. — Só espero que acreditem nessa história.

 — Minha mãe vai acreditar com certeza. Ela é ela gosta de ver casais apaixonados. — Me tranquilizou. — Sua família já se manifestou?

Minha família?

Minha família... Se ela existisse, talvez sim.

— Não. Ninguém falou nada até agora. — Tentei sorrir.

— Aonde eles moram?

Esse é o assunto que eu menos gosto de falar. Na verdade, eu odeio falar sobre isso.

— Peter... Eu não quero falar sobre esse assunto agora. Se não se importa, a gente pode ir pra outro lugar? Meu bumbum já adormeceu nessa cadeira.

— Sim, tudo bem. — Ele sorriu e levantou, assim como eu. — Quer sair ou quer voltar pro quarto?

— Não sei. As meninas tinham feito alguns planos para os próximos dois dias... Elas vão ficar bravas por eu não estar mais com elas. Eram nossas férias.

 — Meus amigos também. A gente te podia juntar todo mundo e curtir juntos. — Ele sugeriu, segurando minha mão e saímos andando pra fora do restaurante do hotel.

É uma boa ideia.

Eu estou andando de mãos dadas com um boy e oficialmente, juridicamente é meu!

Nossa que mão macia... E esse tamanho, hein? Eu já vi lá em baixo, faz jus.

— Como são seus amigos? Porque tem uma predadora entre o meu bonde. Ela pode querer pegar eles...— lembrei da Becky.

— Pode ficar tranquila. Tem um tarado no meu também. — Ele sorriu.

Eu nem posso ficar olhando pra esse sorriso. O predador dele ser ele...

Entramos no hotel e depois no elevador.

Achei que como estamos a sós, ele soltaria minha mão, mas continua segurando e contando sobre o amigo tarado dele.

Ah... tudo bem. A gente casou, né? Não é todo dia que um gostosão segura minha mão.

— Ele não é pior que a minha amiga. Ela fica com todos os caras do Uber. E ela escolhe no aplicativo. Se o cara for feio ela cancela a viagem. — Fiz o gesto no ar.

Ele riu.

— Esse meu amigo é o responsável por eu ser famoso. Ele pega as meninas mais sem noção e empurra pra mim. A mãe dele disse que ele já teve tantas vezes problemas na genitália por fazer sexo demais, que da próxima o remédio nem funciona mais.

Credo. Eu ri.

O elevador se abriu e a gente saiu em direção ao "nosso" quarto. Ainda de mãos dadas.

— Minha amiga é tão pervertida que rima o nome dela com apelidos da vagina. Rebecca, xereca...

Ele deu uma gargalhada.

— Ela diz que é por isso que os caras vão atrás dela. E que eu não tenho ninguém porque meu nome não rima com nada erótico. — Entramos no quarto e finalmente ele soltou minha mão. 

Mas até que eu estava gostando...

— Já pensou se eles forem um com a cara do outro? — ele ficou rindo pensativo. — Vai ser uma loucura.

— Com certeza, será. — sentei na cama e tirei o sapato.

— Eu vou tomar um banho, então... Já é tardezinha. A gente pode jantar e depois encontrar com eles. Vou mandar mensagem. — Ele tirou a jaqueta. 

 — Tá. Eu vou mandar também.

Se ele tirar a camisa na minha frente eu vou pirar.

Abaixei a cabeça e desabotoei o outro sapato, quando levantei o vi andando pro banheiro, enquanto terminava de tirar a camisa.

Que costas são essas?! Eu nunca achei costas bonitas, mas essas... Eita costas bonitas.

Eu sairia com as costas dele e dormiria com as costas. Eu até casaria com as costas dele se estivesse bêbada como ontem.

Ele fechou a porta e as costas foram embora.

Depois da nossa conversa no restaurante eu até que diminui aquela imagem terrível que ficou na minha cabeça depois de ver as revistas.

Será que a gente usou camisinha? Porque do tanto de mulher que ele ficou pode até ter uma doença. Sei lá.

Até que a versão Peter normal é legal. Ele é engraçado, é calmo e sempre pensa as coisas do melhor jeito. Só espero não precisar presenciar o tal Peter M. na minha frente. Isso acabaria com minha imagem.

E pensando em imagem, eu ainda tenho que fazer um vídeo explicando isso, pra postar no meu canal. E eu tenho que falar as melhores coisas sobre ele, para ninguém mais me chamar de doida. Eu tenho que contar uma história emocionante. Se todo mundo chorar, nem vai se importar com quem eu casei.

Levantei e procurei dentro das bolsas, por uma roupa legal. Achei um vestido de napa preto. Vai ser esse mesmo.

É só eu dar um jeito nos meus cabelos, que vai ficar legal. Se eu conseguir dar um jeito, já meu cabelo tá uma merda.

Achei meu sapato mais alto, pra não parecer um elfo perto dele e encontrei também minha mala de maquiagem e o shampoo.

Fiz de tudo para não entrar nas redes sociais, enquanto esperava ele sair do banheiro.

Consegui, mas é muita notificação. Eu nem sei se as pessoas ainda me seguem. Será que elas o odeiam?

Eu nem sabia da existência dele até ontem!

— Tem toalha lá dentro tá. — Ele disse saindo do banheiro com uma toalha enrolada nos quadris.

 Nossa Senhora das belezas absolutas, que delicia é essa, hein?! Virei o rosto pra outra direção, levantei checando se eu não tinha babado e entrei no banheiro.

 

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