Adonis
— Como estão as coisas? — pergunto, quando estamos bem acomodados em um restaurante. Petrus leva uma porção de salada a boca e mastiga calmamente. Tomo um gole do vinho branco, que ele escolheu para acompanhar o salmão defumado.
— Está tudo bem. Fiz alguns investimentos acertados na bolsa de valores. Cara foi a melhor coisa que eu já fiz na vida — diz empolgado. Lanço-lhe um olhar intrigado, estou feliz por ele. Tanto eu, quanto o Petrus lutamos muito para chegarmos aonde queríamos.
— Um investimento? — Deixo transparecer o meu interesse no assunto. Petrus faz sim, com a cabeça, enquanto bebe um pouco da sua bebida.
— Na verdade, eu investi todas as minhas economias nessa jogada — diz, me fazendo engasgar com a bebida.
— E isso é seguro?
— Seguro? Cara eu vou render milhões em poucos dias. — Sua certeza chega a dar medo, a final, ele é um contador, certo?
— Que bom, Petrus. Fico feliz por você meu amigo — digo usando praticamente o mesmo entusiasmo que usou, mais uma vez Petrus ergue a sua taça em um brinde. — Brindaremos a realização do seu sonho e ao meu crescimento financeiro. — Sorrio e ergo a minha taça, batendo levemente na sua.
***
Algumas horas depois…
O ambiente praticamente escuro estremece debaixo dos meus pés, devido à música alta e dançante. O lugar está lotado, é quase impossível se mexer aqui dentro. Olho do alto da escadaria metálica a procura do Petrus e o encontro perto do balcão do bar acompanhado de duas garotas e quando me ver, faz um aceno com uma mão e eu começo a descer os batentes, indo ao seu encontro. O ritmo dançante, agora parece mais eletrizante se tornando cada vez mais alto, a medida em que desço os degraus. As luzes neon piscam mudando de cor a cada segundo e há uma fumaça de gelo flutuando aos nossos pés.
— Até que enfim! — meu amigo diz animado demais, assim que me aproximo dele e das suas amigas.
— Desculpe a demora, o trânsito estava uma loucura — falo mais alto me aproximando um pouco mais. Ele assente e leva as mãos as minhas costas, me faz aproximar ainda mais das garotas.
— Sem problema cara. Essa aqui é a Diana e essa é a sua amiga Sandy. — Ele me apresenta as meninas e eu as cumprimento com beijos cálidos no rosto. Uma delas dá tapinhas no banco ao lado me convidando para sentar. Olho para o meu amigo que dá de ombros e beija a tal Diana de um jeito quase obsceno. Sorrio meneando a cabeça, me acomodo no banquinho alto e peço um uísque.
— Seu amigo Petrus, é um cara bem legal — Sandy diz perto do meu ouvido, iniciando uma conversa. Eu assinto para ela.
— Sim, ele é — confirmo e ela sorri. Minha bebida chega e eu tomo um gole pequeno.
— Gosta de dançar? — pergunta animada depois de um tempo.
— Gosto — digo com um sorriso.
— Tá a fim?
— Claro. — A noite segue animada. Eu e a Sandy nos entendemos muito bem, ela é uma garota animada de um jeito bem contagiante. Dançamos praticamente a noite toda. Fazia tempo que não me divertia tanto assim. Petrus e Diana sumiram a algum tempo e algo me diz que já saíram da boate.
— Que tal a gente dá uma saidinha? Curtir a noite de uma forma mais gostosa, íntima? — indaga, esfregando o corpo suado no meu, seguindo o ritmo da dança e sussurrando ao pé do meu ouvido. Porra, nunca fui um homem de aventuras. Na verdade, não sou de sair com qualquer uma, mas a Sandy parece ser uma garota legal. Levo a minha mão a suas costas e esfrego a minha pélvis contra a sua. Minha mão escorrega parando em sua bunda e a garota enlaça o meu pescoço me puxando para um beijo para lá de ousado. Eu me deixo levar pelo momento.
***
No quarto só se ouve os sons das respirações alteradas. Os corpos suados deslizam a medida em que entro e saio de dentro dela. Sandy solta alguns gemidos altos, apreciativos enquanto arranha as minhas costas.
— Mais. — Ela pede. Porra, a garota parece um vulcão em erupção. Eu seguro firme os seus quadris e meto mais rápido e forte, sentindo o orgasmo iminente chegando para mim. Seguro os seus cabelos com força e tomo a sua boca em um beijo forte, quase punitivo, enquanto meto com mais força. Ela grita em minha boca, explodindo em um orgasmo fabuloso. Gozo logo em seguida, caindo com todo o corpo sobre a cama. A respiração pesada, o corpo cansado e suado. Ela se vira de lado e sorri. Minha visão fica estranhamente desfocada e tudo escurece a minha frente.
***
O telefone toca insistente em algum lugar do meu quarto. Abro os olhos pesados e sinto uma forte dor de cabeça.
— Droga! — resmungo me esforçando para sair da cama. Procuro o celular e o encontro no bolso da minha calça que está largada no chão.
— Alô? — Atendo sem olhar quem é.
— Senhor Kappas? — A voz do Pablo ecoa do outro lado da linha.
— Sim? — consigo dizer.
Caramba, estou cego de dor de cabeça! É estranho porque nunca tive uma dor assim depois de uma noitada. Olho ao meu redor no quarto a procura da garota. Cacete! Esqueci completamente da Sandy. Para o meu completo alívio, ela já se foi. Melhor assim. Pelo menos sei que ela entendeu que seria algo casual.
— Senhor Kappas? — Pablo insiste do outro lado.
— Ah, me desculpe! O que foi?
— Estou na frente do prédio. Achei termos marcado às dez — diz, e eu direciono o meu olhar para o relógio digital que está ao lado da cama. Caralho! Salto da cama sentindo minha cabeça latejar.
— Desculpe, Pablo! Eu tive um contra tempo, mas chego aí em… dez minutos — informo.
— Tudo bem senhor Kappas, estou aguardando. — Desligo o celular e corro para o banheiro. Noto que ainda estou nu e que o preservativo praticamente colou em meu pênis. Puta merda! Como apaguei dessa maneira? Tomo um banho rápido e ponho a primeira roupa que vejo na frente. Ajeito os cabelos com as pontas dos dedos e os amarro com uma liga fina e preta. Procuro rapidamente as chaves do carro nos bolsos da calça e saio apressado do apartamento.
***
— Assine aqui… e aqui… e o prédio será todo seu senhor Kappas — Pablo diz após receber um cheque gordo de quase oitocentos mil reais. Assino os papéis e logo recebo a escritura dos meus sonhos. Seguro o papel como quem segura uma mina de ouro. Pablo me estende a mão como se confirmasse o nosso acordo. Aperto a sua mão e ele sai do prédio me deixando com os meus devaneios. Fico horas a fio sonhando acordado com o meu bistrô em ação, até que o meu estômago ronca. Sorrio. Respiro sonhador. Amanhã começarei com os procedimentos de praxe e em seguida com as reformas.
Adonis Kappas Adentro o escritório luxuoso e sigo pelo hall, ainda mais exuberante, e paro na recepção que tem um enorme balcão de mármore negro lustroso. Uma linda jovem me sorri, mas com um sorriso profissional, e se prontifica em me ajudar. — Bom dia, me chamo Melissa, em que posso ajudá-lo? — Bom dia, Melissa! Procuro por Andrea Escobar. — A senhora Escobar está em uma reunião. O senhor pode aguardar um pouco, ou gostaria de deixar recado? — Eu espero, obrigado! Andréa Escobar é uma das melhores arquitetas do estado. Ela foi indicada por Petrus, meu melhor amigo. Foi ela quem arquitetou o seu impecável escritório e hoje, ela dará vida ao meu sonho. Os minutos se arrastam e finalmente Melissa me anuncia. Passo por uma porta larga, de um design perfeito. O escritório da mulher é uma perfeição, ditado por móveis modernos, de um design singular, com uma harmonia perfeita e cores claras nas paredes. Andréa aparenta ter pelo menos uns 39 anos. É uma senhora bem cui
Adonis — Se divertindo muito? — pergunto com um tom ríspido. A garota tenta conter o riso, mas me olha com olhos divertidos e gargalha mais uma vez. Rolo os olhos impacientes. — Posso saber qual é a graça?! — rebato irado. — Você. — Ela diz e volta a rir. — Maluca! — resmungo. — Nossa, que mau-humor! Posso? — pede, apontando o banco vazio ao meu lado. Dou de ombros. — Se prometer não me dá um banho de uísque! — resmungo carrancudo e lhe dou as costas. — Grossoooo! — cantarola, se acomodando ao meu lado. Tento levar a noite na boa, mas parece que a garota irritante resolveu me chatear ainda mais. Ela pede uma bebida colorida e o tempo todo olha para o meu rosto. Encabulado, finjo que não vejo, mas sério, estou me perguntando o que tanto ela olha para mim? — Kappas, mas é claro! Você é o Adonis Kappas, não é? — diz, e pronto, ela já tem a minha atenção. — Sim, te conheço? — Ela abre um sorriso largo e espontâneo. — Claro que me conhece! Sou a Flávia, Flávia Simões. Estudamos ju
Flávia Simões — Ana, onde está a proposta de Roma? — Agnes pergunta para sua secretária, perdida em pilhas de papéis. Ela bufa irritada, quando não encontra o que procura. A secretária abre a porta, adentrando a sala e se põe a procurar a tal proposta. Eu apenas assisto as duas malucas remexendo a papelada, quase que perdendo o juízo. Olho para mesinha de centro e pego o único documento esquecido no tampo de vidro temperado, e me levando do sofá macio, indo de encontro das duas. Paro de frente para Agnes e lhe estendo o papel. A mulher para o que está fazendo e olha o papel e depois para mim. Ela sorri. — Eu já disse que te amo hoje? Deus, achei haver perdido a m*****a proposta! Agnes se j**a, sentando-se na cadeira e respira aliviada. — Pode ir, Ana. — Ela dispensa a secretária, e mete a cara nos papéis. — Hoje é sexta — digo, me sentando de frente para ela. — E? — pergunta, sem tirar os olhos do papel. — Pensei em sair essa noite, você vem? — Ah! Não dá amiga! Tenho que acordar
Flávia Meia hora de evento… A música eletrônica dita os passos firmes e, simultaneamente, graciosos das modelos, que exibem os novos passos da moda. Há uma onda gigante de flashes, inundando a todos no evento e eu só consigo pensar que em algumas horas estarei dentro da Voguel, com um belo par de olhos azuis anis e nem sei se tiro uma lasquinha dele, ou se ele tirará de mim… Ou se alguém fará isso por mim. Pai do céu, e se eu não gostar da troca? Sou desperta por um burburinho agitado no meio da multidão e olho imediatamente para o alto do palco. Agnes… Entro em pânico quando a vejo caída ao chão de madeira branca, lustrosa e imediatamente passo um rádio para os seguranças, seguindo apressada para o palco. — Ponham ela aqui — peço, apontando para o sofá que fica por trás das cortinas. — Wall, continue com o evento, eu cuido da Agnes — peço para a assistente de palco. Ela me mataria se soubesse que não levaram o evento adiante. — Ok. *** — Senhorita Agnes Ferraço — O médico diz, e
Flávia Simões — Então, lembra do Petrus? — Adonis diz, assim que nos aproximamos da mesa. Olho para o homem dos pés à cabeça. Olhos escuros, petulantes e altivos me encaram, com um conhecido sorriso sacana. Um corpo marrento, sendo oprimido por uma camisa branca, extremamente apertada. O jeans surrado, faz o mesmo com as coxas grossas e com o documento protuberante no meio de suas pernas. Claro que eu me lembro dele! — Esse é o carinha metido a besta, que andava ao seu lado no colégio? — Solto essa. Ele gargalha alto, mostrando os dentes perfeitos e o pomo de Adão, que dança em sua garganta, em um sobe e desce, enquanto rir do meu comentário. — E você deve ser a maluquinha da turma — fala com deboche. Rolo os olhos. — Sabia que iam gostar de se ver! — Adonis diz, achando graça. — Bom, esse não era da turma. Oliver Borbolini, esta é Flávia Simões, uma amiga do colegial. — Ele finalmente nos apresenta. Sorrio lindamente para o par de olhos negros, que me encaram com um brilho que não
Flávia Os sons dos pássaros, o vento uivante, o som do mar batendo nas pedras. Abro os olhos! O som do mar batendo nas pedras? Meu coração começa a palpitar. Viro-me lentamente, o mais lento e quieto possível, para me deparar com um Oliver adormecido ao meu lado. Não foi um sonho. Constato. O ar me falta, por quê? Santo Deus, desenharei para vocês, tenho certeza de que o ar vai faltar aí também. Tema do desenho: “Oliver pós coito adormecido.” Os cabelos estão uma bagunça castanha, ridiculamente sexy. A boca carnuda e avermelhada está entreaberta, mostrando parcialmente alguns dentes perfeitos, e enquanto a delícia ressona ao meu lado, seu peitoral forte e firme sobe e desce lentamente, como em um balé, lento e clássico. O cara é moreno e robusto, despenteado e ressonando? Caralho! Meus olhos atrevidos ousaram descer mais um pouco. Ai, ai! Os gominhos do abdômen dele estão expostos e digo mais, há alguns poucos pelinhos, bem lisinhos e negros, que fazem trilhas singelas até o parquin
Adonis Kappas — Quando disse que precisava falar comigo com urgência, achei realmente que estava morrendo — digo, fazendo graça para uma Flávia que me olha embasbacada. — Quando eu estiver morrendo de verdade, não chamarei você. — Arqueio as sobrancelhas, segurando o riso. — Por que não? — Porque quando eu for morrer, é porque já chegou a minha hora e você só iria atrapalhar. — Agora eu me confundi todo. Eu simplesmente junto as sobrancelhas, demostrando toda a minha confusão. — Como? — Adonis, por favor, não seja inocente — diz irritada. — Homem gostoso e inocente é o fim! — rosna com irritação, eu explodo em uma gargalhada. A Flávia é realmente hilária. Quando saí de casa totalmente desanimado essa manhã, não imaginei que daria boas gargalhadas. Agora estou aqui, almoçando com minha amiga do tempo de colégio, que não tem filtro. — Que bom que faço algumas pessoas rirem — resmunga com um tom irônico. — Sim, você faz. — Ela respira fundo. — Eu soube do roubo. — Flávia diz, ago
Adonis Ponho a mochila nas costas e a maleta de acessórios de culinária apoiada em meu braço e subo na moto. Está na hora de conhecer o meu novo espaço de trabalho. Não demora muito e eu estaciono a moto em frente a um prédio luxuoso. Ok, já estive em muitos prédios de luxo, mas esse aqui é… uau! Chego a sentir receio de entrar no edifício e ser barrado só por conta da minha roupa. Definitivamente um jeans rasgado e desbotado, uma camiseta branca e uma jaqueta de couro cor de caramelo, não é roupa para tal ambiente. Suspiro e sigo, observando as pessoas me olhar torto. Que se danem, roupa não é rótulo, meu bem! Ando em direção da recepção sofisticada e uma moça alta e magra, de cabelos negros e lisos me lança um sorriso profissional. — Boa tarde, eu me chamo Adonis Kappas — Começo a falar, mas sou interrompido. — Hum! o chef. — Ela diz, me olhando de cima a baixo e abre um sorriso satisfeito. — Isso, o chef — confirmo e o seu sorriso se amplia. — Último andar, senhor Kappas. É o