Se havia uma coisa que deixava Vincet irritado, era o seu telemóvel tocar a meio da noite, especialmente se não tivesse trabalho para fazer e fosse Lukas a chateá–lo... sobre qualquer coisa. Ignorou–o da primeira vez, mas aparentemente a sua secretária tinha algo sério a dizer, por isso virou–se e olhou para o ecrã, ainda hesitante em responder.Olhou para as horas. Eram duas e meia da manhã. Se Lukas estava com Roan e eles tinham estado a festejar, era natural que a essa hora ainda estivessem a brincar algures na cidade, a não ser que... um arrepio o percorresse, como um déjà vu. Esperava que não fosse o que estava a pensar, pois aqueles dois juntos eram perigosos.–Diga–me– respondeu ele, com a voz baixa.E não se enganou no seu pensamento.–Vincet... achas que podes... vir buscar–nos?– o diretor–geral franziu as sobrancelhas. Desta vez, eles tinham passado dos limites.***Alicia estava a beber um copo de água depois de ter acordado com a garganta seca e as bochechas coradas após o
Lukas e Roan caminhavam atrás de Vincet quando saíram da esquadra da polícia, quase às cinco da manhã. O processo de os libertar tinha sido fácil, mas longo e entediante, especialmente porque era preciso tratar do outro tipo que estivera envolvido na discussão e na morte trágica da mulher.–Vincet – Lukas chamou–o com ar de quem quer testar as águas quando recebeu um olhar acusador do diretor executivo por cima do ombro.–Não fales comigo agora, Lukas. Quero mesmo matar–vos aos dois– disse ele com os dentes cerrados e foi na direção do carro: –E parem com isso, vocês os dois.Virou–se para a frente do veículo.–Vais a pé para casa, porque o teu veículo foi rebocado e para pensares nas coisas que fizeste, porque se te levo lá para cima, bato com o carro só para acalmar a minha raiva contra ti– os seus olhos azuis brilhavam perigosamente e tanto Lukas como Roan sabiam que, desta vez, tinham passado dos limites.E, tal como lhes tinha dito, o diretor executivo entrou no seu carro e deixo
Talvez Vincet estivesse habituado a dormir com outras pessoas e, dessa forma, a abraçar–se com tanta força que era quase impossível escapar, mas Alicia não estava. O braço do homem estava à volta da sua cintura e ele segurava–a junto ao seu corpo sem qualquer outra intenção que não fosse dormir.A respiração quente e constante dele batia–lhe na nuca como uma carícia suave e hipnotizante, mas ela não conseguia dormir. O coração batia–lhe depressa no peito e ela tinha acabado naquela situação tão rapidamente que mal tinha conseguido reagir. Quando se apercebeu, já estava deitada na cama, coberta e ao lado do diretor executivo.Alicia franziu ligeiramente os lábios e olhou por cima do ombro. O rosto do diretor–geral era muito atraente quando estava descontraído. As suas sobrancelhas não estavam franzidas como normalmente acontecia ou os seus lábios estavam duros numa linha fina que o fazia parecer muito mais intimidante do que normalmente era.Com alguma dificuldade, ela virou–se para o
Era demasiado cedo para estar a pensar em coisas que lhe consumiam toda a energia, especialmente se tinha um longo dia pela frente. Talvez porque estava nublado lá fora e o sol não entrava no quarto, não admira que estivesse um pouco mais escuro do que o habitual.Bem, é melhor levantar–se imediatamente e ir trabalhar, mas não se mexeu quando se apercebeu da posição em que Alicia estava a dormir. Ele tinha estado tão alienado com a fricção dela há pouco tempo que não tinha reparado, mas a cabeça dela contra o seu peito e a perna por cima da dele que tinha acabado no meio das suas coxas deixavam–na numa posição bastante comprometedora.Vincet fecha os olhos durante alguns segundos. Era de manhã cedo, a sua altura mais sensível e onde o seu traseiro se excitava mais facilmente, como agora. Ele podia sentir o sexo de Alicia agarrado à sua coxa mesmo por cima do tecido. E qualquer um teria virado as costas, mas Vincet tinha outros planos.Ele mexeu um pouco a perna entre as dela, roçando–
Alicia estava sentada ao lado do diretor executivo no carro, enquanto ele conduzia, quando ele iniciou uma conversa com Lukas através do auscultador do telemóvel. Ela virou a cara para não parecer intrometida ou interessada na conversa deles.–Sim, vá para o endereço que lhe vou enviar e fale com essa pessoa o tempo que precisar. Estão num ramo semelhante, por isso vão entender–se melhor e depois vão trabalhar.Fez uma pausa de alguns segundos e franziu o sobrolho.–Quando chegares à empresa, falaremos, o que aconteceu ontem à noite não pode voltar a acontecer– disse ele tão alto que Alicia se assustou e, quando se apercebeu, estalou a língua.O seu rosto franzido relaxou juntamente com o seu tom.–Sim, a culpa é do Roan, mas tu também estiveste envolvido em tudo isso. Vocês os dois não são suficientemente velhos para eu ter de limpar a vossa...– ia dizer outra grosseria, mas lembrou–se de que Alicia estava ao seu lado e deteve–se: –Vou desligar, vou levar a Alicia à universidade e nã
A frase O mundo é pequeno não tinha sido criada para o prazer e, embora Lukas nunca o tivesse sentido em carne e osso, havia sempre uma primeira vez para tudo, mas tinha sido demasiado chocante encontrar a mesma rapariga com quem tinha fodido numa discoteca, no dia seguinte tê–la à sua frente no consultório de um hospital de prestígio e que era precisamente ela que ele tinha de ver.Que reviravolta nos acontecimentosA mulher que estava à sua frente, com o rosto completamente sério, levantou ligeiramente uma sobrancelha.–Desculpe, mas o meu nome é Juliana, não é cachorrinho, guarde esses diminutivos para outras pessoas– o seu tom era seco e parecia um pouco indignado.Lukas franziu o sobrolho e olhou–a de alto a baixo. Talvez se tivesse enganado. Não, não me parece, ele era muito observador e tinha uma memória muito boa. Confundir as pessoas não era do seu feitio. E embora a luz do lugar fosse confusa e, no final, tivessem acabado num lugar escuro, ele não esqueceria facilmente a mul
Vincet estava a terminar uma chamada de negócios, depois de uma reunião com os recém–chegados, quando a porta do seu gabinete se abriu e Lukas apareceu com uma cara perplexa e se atirou para o sofá, como se estivesse num colapso trágico.O diretor–geral ergueu uma sobrancelha e não deu muita importância... não seria a primeira vez que a sua secretária fazia uma cena e, tendo em conta o que tinha acontecido no dia anterior, qualquer coisa podia passar–lhe pela cabeça. Assim, depois de desligar, concentrou–se em terminar o seu trabalho no computador que tinha de entregar com urgência.–Lukas disse exasperado: –Não vês o estado em que estou?Vincet lançou–lhe um olhar de soslaio, depois voltou a sua atenção para o monitor e continuou a escrever.–Estás sempre chateado, por isso não vejo grandes mudanças em ti– disse ele, mas eu sabia que devia ter acontecido alguma coisa ao Lukas, ou melhor, que ele estava interessado noutra coisa mais importante.Dê–me os documentos da Alicia e ponha–me
Vincet não se tinha enganado quando lhe dissera que ia chover. Lá fora quase não havia movimento, dado o dilúvio que caía, e Alicia só tinha de esperar no átrio da universidade para ser apanhada pelo diretor–geral. Ela já lhe tinha telefonado, por isso provavelmente não demoraria muito.A mão dele apertava o telemóvel até os nós dos dedos ficarem brancos. Ela esperava que a situação estivesse resolvida ao anoitecer, caso contrário teria dificuldade em dormir, e muito. Será que podia pedir a Vincet para dormir com ele? O diretor–geral não parecia importar–se de a ter na cama com ele, e assumia as atribuições sempre que queria, por isso, por um dia, não se incomodaria se ela lhe pedisse, pois não?Ele suspirou. Ela odiava ter todos aqueles problemas. Se ao menos... se ao menos ela fosse uma pessoa normal, capaz de interagir como alguém sem traumas, sem problemas, sem ter uma barreira à sua volta que se erguia sozinha e lhe dificultava a respiração, mesmo quando sentia que era para se pr