Vincet estava a terminar uma chamada de negócios, depois de uma reunião com os recém–chegados, quando a porta do seu gabinete se abriu e Lukas apareceu com uma cara perplexa e se atirou para o sofá, como se estivesse num colapso trágico.O diretor–geral ergueu uma sobrancelha e não deu muita importância... não seria a primeira vez que a sua secretária fazia uma cena e, tendo em conta o que tinha acontecido no dia anterior, qualquer coisa podia passar–lhe pela cabeça. Assim, depois de desligar, concentrou–se em terminar o seu trabalho no computador que tinha de entregar com urgência.–Lukas disse exasperado: –Não vês o estado em que estou?Vincet lançou–lhe um olhar de soslaio, depois voltou a sua atenção para o monitor e continuou a escrever.–Estás sempre chateado, por isso não vejo grandes mudanças em ti– disse ele, mas eu sabia que devia ter acontecido alguma coisa ao Lukas, ou melhor, que ele estava interessado noutra coisa mais importante.Dê–me os documentos da Alicia e ponha–me
Vincet não se tinha enganado quando lhe dissera que ia chover. Lá fora quase não havia movimento, dado o dilúvio que caía, e Alicia só tinha de esperar no átrio da universidade para ser apanhada pelo diretor–geral. Ela já lhe tinha telefonado, por isso provavelmente não demoraria muito.A mão dele apertava o telemóvel até os nós dos dedos ficarem brancos. Ela esperava que a situação estivesse resolvida ao anoitecer, caso contrário teria dificuldade em dormir, e muito. Será que podia pedir a Vincet para dormir com ele? O diretor–geral não parecia importar–se de a ter na cama com ele, e assumia as atribuições sempre que queria, por isso, por um dia, não se incomodaria se ela lhe pedisse, pois não?Ele suspirou. Ela odiava ter todos aqueles problemas. Se ao menos... se ao menos ela fosse uma pessoa normal, capaz de interagir como alguém sem traumas, sem problemas, sem ter uma barreira à sua volta que se erguia sozinha e lhe dificultava a respiração, mesmo quando sentia que era para se pr
O rosto de Cristian ficou vermelho, não de vergonha, mas de indignação. Aquele tipo, à sua frente, no meio da universidade, tinha feito um ato daqueles. Vendo a boca de Alicia aberta, retendo a língua, sabe–se lá onde tinha ido parar dentro dela. Ele estalou a língua.–Não és tu o seu tutor?– começou a atacar.Vincet ergueu uma sobrancelha e puxou a mulher para junto de si. A temperatura tinha descido o suficiente para ser desconfortável e ele não queria que ela voltasse a ficar doente, por muito que ela dissesse o contrário. Estava mais concentrado em Alicia do que no tipo que ladrava à sua frente.–Acho que tanto eu como a Alicia fomos muito claros contigo– disse Vincet, pouco comovido com tudo aquilo, –Acho que tanto eu como a Alicia fomos muito claros contigo. Se estás interessado nela de uma forma amorosa, primeiro tens de saber se ela gosta de ti e esse não é o caso....–Que sabes tu?– interrompe–o Cristian com um ciúme que não tem qualquer fundamento.Vincet ficou em silêncio d
Lukas estava sentado no sofá da sala de estar a ver Alicia servir a comida. Ela tinha cozinhado para os dois, para que Vincet não ficasse com ciúmes dele por estar sempre a fazê–lo, ele queria levar o pombo para si.–Podes vir agora– disse Alicia, embora não estivesse a sorrir.O Lukas tinha reparado que algo não estava bem com ela. Talvez fosse o facto de o dia estar chuvoso. Havia pessoas que lhe davam depressão e essa era uma das razões pelas quais ele ainda não se tinha ido embora e estava a fazer–lhe companhia. Estava preocupado e ainda mais depois do que o cachorro lhe dissera, segundo ele, aquele que seria o psiquiatra de Alicia.Começaram a comer e mais uma vez se confirmou a razão pela qual Vincet tinha decidido comer em casa e não nos habituais restaurantes chiques. A comida caseira do pombo era deliciosa e tinha o sabor certo. Gostou tanto que rapidamente deu por si a encher o prato uma segunda vez.No entanto, reparou que Alicia mal ia a meio da sua. Pousou a colher e olho
–Se acontecer alguma coisa, me liga– Lukas repetiu não sei por qual motivo. Não parecia querer ir–se embora, mas... Roan tinha voltado a fazer o mesmo e, se ele não se mexesse, Vincet matava–os... aos dois.Alicia acenou com a cabeça.–Eu fico bem, não é como se fosse sair daqui– baixou a cabeça, –vou para a cama depois de ter feito algumas traduções.Lukas parecia ainda relutante e soltou um suspiro para lhe apertar a cabeça com a mão.–Tenha cuidado– sorriu–lhe e saiu de casa.Alicia sentiu a porta fechar–se e o sorriso no seu rosto desvaneceu–se. Até as palavras de Lukas sobre Vincet ecoavam na sua cabeça depois de ela lhe ter feito aquela pergunta.–O Vincet tem um parceiro?–Lukas ficou a olhar para ele e depois riu–se.–Esse tipo não tem uma relação estável há muitos anos, não é do género de procurar isso, pelo menos durante o tempo em que nos conhecemos. Se o vires com uma mulher, será por uma noite e mais nada. Ele não é nada romântico. É solteiro até ao tutano. Rezo todos os
Meia hora depois, Alicia saiu do quarto em direção à cozinha, secando o cabelo com uma toalha. O roupão de mangas compridas e comprimento até ao joelho era agradável contra a sua pele, era um dos que Vincet lhe tinha comprado e, quando viu o preço, quase teve um ataque.O diretor–geral ainda não tinha chegado e provavelmente não chegaria durante toda a noite. Ela tinha traduções para fazer, por isso ia comer qualquer coisa e começar a trabalhar, mas pelo canto do olho viu algo que lhe chamou a atenção.Não estava interessada nisso como tal, pelo contrário, sempre que se aproximava acabava mal, mas naquela noite sentiu que uma boa bebida lhe faria bem. Continuava a chover lá fora e as janelas estavam salpicadas de água. Parecia que não ia parar tão cedo e, enquanto chovesse, ela não conseguiria dormir facilmente.Os dias de chuva eram os mais difíceis de suportar. Especialmente quando as memórias se tornavam mais vivas e a sua pele começava a formigar.Bem, o dono da casa não estaria l
Uau, raramente Vincet ficava surpreendido e ainda mais quando se tratava de mulheres e das suas demonstrações de afeto para com ele sem ser na cama, no entanto, neste momento, podia dizer que estava verdadeiramente espantado, afinal de contas, era Alicia, e ele nunca tinha esperado nada assim. Ao ponto de quase a largar e deixar cair.Ouviu–a protestar na sua boca e empurrou–a para cima para compensar o seu peso, agarrando–lhe as nádegas com as mãos e apertando–as. A sua língua abriu rapidamente aqueles lábios desajeitados sobre os dela e penetrou na pequena cavidade o mais fundo que pôde. Enquanto ela estava a fazer isso, porquê conter–se? Era ela quem tinha dado o primeiro passo.Ele sentia o sabor forte do álcool no céu da boca dela, que se misturava com o seu sabor natural e o fazia estremecer. Ele moveu a sua língua contra a dela, aumentando a fricção e reforçando o beijo. Era divertido ver como a Alicia menos experiente tentava acompanhá–lo, mas era impossível e ele brincava com
O corpo do homem começou a tremer enquanto ele segurava Alicia com força contra si. Ele mal tinha ouvido um pio dela, mas cada vez que o fazia sentia que a vida da jovem tinha sido um inferno. Ele não entendia como é que ela conseguia parecer tão calma apesar de tudo, como é que ela interagia com as outras pessoas sem acreditar que elas lhe pudessem fazer alguma coisa. Ela era cautelosa, mas não dava a imagem do que realmente tinha acontecido.Alicia não resistiu ao seu abraço e manteve–se imóvel contra ele, não que se pudesse mexer muito, pois estava instável e tonta. A pergunta que ela fez surpreendeu–o.–Estás preocupado comigo?A mão de Vincet subiu e desceu pelas suas costas até pousar na sua nuca e fez com que ela levantasse a cabeça para que os seus olhares se encontrassem.–Sim, estou preocupado. Não posso – a sua voz era suave, como a de quem quer acalmar um cachorrinho assustado.É que... eles não costumam gostar de mim– revirou os olhos como se estivesse a lembrar–se de alg