Pietro Desde o dia em que Fernanda me disse adeus, não teve um só instante que eu não pensasse nela ou que a desejasse ao meu lado. Eu a via por todos os lugares, ela ocupava todos os meus pensamentos e eu já estava a ponto de enlouquecer. Logo, eu, que dizia que após a morte da Ariela, jamais nutriria sentimentos por outra mulher. Mas, foi ai que surgiu a Fernanda, com o seu jeito doce e ao mesmo tempo atrevido, me fez renascer e me mostrou que ainda existia vida dentro de mim. Contudo, da mesma maneira que ela entrou como um anjo na minha vida, repentinamente saiu. Por isso, eu tentava a todo custo me manter ocupado e nisso, a cada dia, eu buscava preencher todo o meu tempo com o trabalho. Praticamente havia transformado a sala presidencial da Castelamari Cosméticos, como a se fosse a minha segunda casa. Eu pouco aparecia na mansão, a não ser, para trocar de roupa e tomar um banho. Mas logo depois de um curto espaço de tempo, nem para isso eu estava indo. Pois, no próprio escritóri
Pietro Castelamari E era óbvio que não deixaria escapar essa oportunidade única. Então, tratei logo de anotar o contato da lanchonete, que mais parecia uma cantina italiana muito bem estruturada que eu por diversas vezes frequentei em Roma, e mais que depressa fiz um pedido peculiar e exigindo que fosse entregue, obviamente, pela Fernanda. Eu sabia que ela surtaria com isso, mas por sempre honrar com seus compromissos, não deixaria de fazer o seu trabalho e não deu outra. Alguns minutos depois, ela se aproxima mais linda do que nunca, segurando uma bandeja nas suas mãos macias, que não foram feitas para executar trabalhos pesados, mas sim, para tomar todo o tempo cuidado dela mesma e é claro, de suprir os desejos do seu futuro esposo, ou seja, eu. Ela ainda não sabia, mas muito em breve estaria com uma aliança no dedo anelar esquerdo e em sua assinatura teria o meu sobrenome. "Ah, bela, você não vai sair nunca mais da minha vida, nunca mais!"Penso e volto a olhar para o mar, enquan
Fernanda No fundo eu sabia que nada daquilo deveria estar acontecendo, mas eu não conseguia lutar contra a tudo o que sentia por Pietro e então, simplesmente não pensei em mais nada, apenas me entreguei de corpo e alma, à ele. Mas, no instante em que nossos corpos se encaixavam, algo acontecia, dessa vez foi tudo muito diferente, foi único, real, intenso e especial. Nos braços dele, eu me sentia completa e protegida. Eu tive a nítida sensação, de que nada de ruim#, enquanto estivéssemos unidos, seria capaz de nos afetar. Ao lado do Pietro, eu me sentia viva, amada, desejada e única. O que eu mais havia almejado, finalmente estava acontecendo e em momento algum, lembrei de tudo o que nos impedia de ficar juntos. Em nenhum instante, surgiu a imagem daquela maldita# mulher e menos ainda, passou na minha cabeça, que eu estava agindo errado com o Luan. Afinal, até hoje, não sabia exatamente o que houve entre ele e a tal da Alicinha, sem falar no fato, de não saber o que realmente acontece
FernandaEntão, com essa ideia fixa na cabeça de que precisava ver a minha mãe, aproveito enquanto Pietro ainda estava no banho, começo a arrumar a minha bolsa, e já pensando em ir embora, juntava a minha roupa que estava espalhada pelo quarto. Observo cada centímetro daquele lugar, que era perfeito, e que em cada detalhe, sem fazer muito esforço, me lembrava Pietro. Estava a ponto de pegar a minha blusa, quando vejo nossas taças ao lado, me remetendo de imediato a nossa noite, madrugada e amanhecer, e deixando meu corpo em chamas só de imaginar cada toque preciso do meu Pietro, justamente nos pontos fracos que ele conhecia como ninguém. Solto um longo suspiro e uma pontada de saudades já tentava me dominar. Contudo, a mando para bem longe e imediatamente fico de pé com a intenção de começar a me vestir. Mas, foi ai nesse exato momento, quando sinto mãos úmidas envolvendo a minha cintura e algo rígido encostando no meu traseiro. Me afasto e fico ali parada com os olhos arregalados, se
FernandaEu sabia muito bem que minha situação não era nada fácil e que por mais que eu tentasse fugir do meu destino, em algum momento eu seria encurralada e toda a verdade viria a tona. Então, já decidida, me afasto de Pietro e enchendo os meus pulmões de oxigênio, com uma das mãos enxugo as minhas lágrimas, seguro nas mãos de Pietro entrelaçando nossos dedos e olhando no fundo de seus olhos cintilantes começo a falar de uma só vez, tudo o que estava engasgado na minha garganta durante todo esse tempo. Mas, — Pietro, meu amor, eu ...Assim que a primeira palavra salta da minha boca, ouvimos batidas na porta, Pietro veste o roupão e acariciando o meu rosto fala:— O nosso café chegou. Eu vou buscar e assim que voltar continuamos a nossa conversa. Pode ser?Assinto, dou um selinho rápido nele e me levanto da cama, visto o roupão e aguardo Pietro na varanda do flat. Pouco tempo depois ele surge, segurando algumas sacolas feitas de papel nas mãos e prontamente as coloca em cima da mesa
Fernanda Me levanto e em sequência começo a me vestir. Pietro fazia o mesmo, sem tirar os olhos de mim por um instante sequer, ele estava preocupado, por mais que tentasse demonstrar firmeza e me passar tranquilidade, eu já o conhecia o suficiente para conseguir identificar que ele sabia que àquela louca não estava blefando e que tinha meios para levar adiante suas malditas ameaças. Mas, tínhamos um ao outro e com Deus ao nosso lado, nenhum mal# conseguiria nos atingir, nunca mais. Termino de calçar meu tênis e fico de pé caminhando até a poltrona, onde estava a minha bolsa. Nesse momento meu telefone começa a apitar sem parar, sinalizando que mensagens haviam chegado, Pietro se aproxima curioso, engulo seco e corro para ver quem era, pedindo à Deus que fosse a minha mãe. Ao olhar para a tê-la vejo que era o número dela, solto um ar de alívio e prontamente abro a mensagem que apenas dizia:"Fernanda, você precisa vir urgente para sua casa, se ainda deseja falar com a sua mãe."Nesse
FernandaSinto uma mão em cima do meu ombro, era Pietro, que percebendo minha aflição e que eu sequer tinha forças, me ajuda a levantar. Dou passos firmes para entrar ma casa, que estava irreconhecível, as paredes que antes tinham a cor branco gelo, estavam completamente cinzas e os móveis todos destruídos pelo fogo que havia invadido toda a casa. Meus olhos estavam embaçados por tanto chorar, meu corpo mais trêmulo do que uma geléia e quando eu buscava por respostas, ouço a voz anasalada da dona Mirtes, a vizinha da casa ao lado e grande amiga da minha mãe dizer:— Até que enfim você chegou, Fernanda. Onde estava menina?Aflita, eu a encaro, e ao invés de dar a resposta que ela esperava, eu logo pergunto:— Dona Mirtes, o que aconteceu? Onde está a minha mãe?— A casa de vocês sofreu um princípio de incêndio, os bombeiros disseram que provavelmente foi acidental, mas ainda será feita a perícia. Contudo, a Celina foi encontrada desacordada na cozinha e por ter inalado muita fumaça, fo
FernandaAssim que chegamos no hospital, sequer olho para Pietro e imediatamente abro a porta, descendo do carro. Com passos largos sigo para a recepção da ala da emergência, afim de ter notícias sobre a minha mãe. Ao chegar, sou atendida por uma mulher de meia idade, que me diz que o médico que atendeu a minha mãe me atenderá em breve. Agradeço e me afasto, ficando de pé em frente à janela. Pietro a todo instante ao meu lado, mas não dizia mais nada, afinal, nesse momento nada que ele fizesse ou dissesse mudaria minha postura. Nossa separação é um fato, e não mudará. Após alguns minutos, um homem alto, aparentemente com a mesma idade do Pietro, vestido de branco se aproxima e vai logo dizendo:— Familiares da paciente Celina Gusmão. Corro e erguendo uma das mãos, logo falo:— Aqui doutor, sou filha da paciente. Como minha mãe está? — pergunto aflita e Pietro se aproxima ficando ao meu lado — Sua mãe está no CTI... — ao ouvir isso solto um grito e em seguida coloco as mãos na boca