Miguel
Depois que decidi ir ao encontro da Talita, com o simples intuito de a confrontar, pois não acreditava realmente que conseguiria obter nada de bom ao falar com ela, eu cheguei ao prédio onde morei por anos dentro de poucos minutos.
Também consegui subir sem nenhuma dificuldade, mas, como eu sabia que estava correndo o risco de encontrar a Talita com algum homem, ou até mesmo com o noivo norueguês, eu preferi não usar a chave que eu tinha da cobertura, que por puro acaso, ou descuido, ainda estava em meu molho de chaves.
Antes de subir, no entanto, eu havia conversado com o porteiro do edifício, o Paulo.
Nós nos conhecíamos bem, pois sempre conversamos quando eu ainda morava no prédio e ele me
DanielleUma sensação de cansaço extremo se apossou de mim antes mesmo que eu abrisse os olhos, ao despertar do que pareceu um sono profundo.Abri os olhos devagar, temendo encontrar um ambiente hospitalar ao meu redor, mas me surpreendi grandemente ao constatar que estava em um ambiente antigo conhecido: o meu quarto.— Bom dia, Danielle. — O Miguel cumprimentou, entrando no quarto. — Como se sente?— Diria que um trator passou por cima de mim, mas, como estou em meu apartamento e não em um hospital, acredito que não seja isso o responsável por meu estado lastimável.Miguel sorriu sem graça e as lembranças da noite anterior começ
MiguelEu não queria mais fingir que não sentia, aquilo tudo que estava transbordando dentro de mim, ainda mais quando eu tinha certeza de que era correspondido e que a Danielle sentia o mesmo por mim.Depois de tirá-la da cobertura que agora pertencia a Talita, eu pensei em levar a Danielle para a casa dos meus pais, onde eu poderia contar com a ajuda de outras pessoas, pois não sabia realmente o que fazer, nas circunstâncias em que a encontrei.Mas, logo que a segurei em meus braços, a primeira coisa que ela disse, mesmo confusa e atordoada, foi que queria ir para a sua casa e eu atendi ao seu pedido, e a levei para o seu apartamento.A segunda coisa que a Danielle disse, mesmo estando a balbuciar coisas incompreensí
DanielleEu estava me sentindo bastante inquieta e diria até mesmo que estava também preocupada com o Miguel, ou para ser mais específica, com o rumo da nossa relação.Desde que assumimos de maneira pública que estávamos juntos, o Miguel sempre arrumava uma forma diferente para fazer a mesma coisa: me pedir em casamento. Aquilo tinha virado motivo de brincadeiras entre nossas famílias e eu até tinha me acostumado aos seus pedidos diários para que nós nos casássemos.Eu tinha sugerido então que nós podiamos então morar juntos, tendo em vista que um dos seus argumentos para me convencer a ir ao altar era que nós poderíamos passar mais tempo juntos, sem tantas idas e vindas para lugares diferentes,
MiguelO grande dia havia chegado e agora era esperar que tudo saísse conforme o planejado ou seria uma grande catástrofe na minha vida.Tudo bem! Talvez eu estivesse sendo dramático e realmente não fosse ser uma catástrofe como eu estava sugerindo, mas seria bem decepcionante se eu estivesse errado sobre os sentimentos que a Danielle nutria por mim e ela não aceitava muito bem o que eu tinha preparado com tanto empenho e, claro, muito amor, para nós dois.Mas de uma coisa eu tinha certeza, ela estava bem chateada comigo nesse momento, pensei com apreensão, relembrando o que havia acontecido na noite anterior.A Danielle tinha me mandado várias mensagens, as quais eu não respondi, pois eu estava bastante ocupa
DanielleEu deveria estar muito chateada com o Miguel e não querer ver ele nunca mais em minha vida, depois de tudo o que ele aprontou comigo ontem a noite. Mas eu não estava chateada com o Miguel. Na verdade, sempre que eu pensava no meu namorado e em como ele estava agindo tão diferente do seu comportamento normal durante uma semana inteira e que eu nem mesmo tomei conhecimento do que estava acontecendo, eu me sentia horrível e tudo o que eu mais queria era dizer isso para ele.Mas, mesmo insistindo em ligar e mandar várias mensagens, eu não consegui falar com o Miguel ontem e hoje eu acordei me sentindo um trapo, tudo por causa de uma noite mal dormida e em que eu acordei várias vezes me questionando sobre o que aconteceu sem que eu não tenha nem mesmo tomado conhecimento do fato.E o mais importante e também bastante estranho é que eu não poderia culpar o Miguel por isso, algo que eu sempre fazia quando havia alguma coisa errada e agora só me restava correr atrás do prejuízo. Ma
MiguelQuanto mais a hora marcada para a cerimônia do meu casamento com a Danielle se aproximava, mais eu me sentia nervoso com o que poderia acontecer e nem mesmo a mensagem da Luana foi capaz de me deixar um pouco menos apreensivo.Luana: A Danielle está há apenas um passo de dizer SIM.Miguel: Até porque o NÃO eu já tenho, percebe?Não era fácil fazer brincadeira no estado de nervos em que eu me encontrava naquele momento, mas ainda assim, tentei passar a impressão de segurança para a minha família, pois não os desejava tão nervosos quanto eu mesmo me sentia e eu precisava que os outros estivessem em condições de dar andamento ao meu plano louco.Tinha sido combinado entre nós de que eu ficaria no apartamento da Danielle à sua espera, quando o Mauro fosse deixar a Débora e ela em casa, para que pudessem se arrumar.Como o cabelo e a maquiagem já estariam prontos, faltaria apenas que ela coloDanie o vestido que ela acreditava que usaria para ir ao evento, o artigo poderia facilmente
DanielleEu tinha perdido a batalha para o amor. A frase era tão clichê, que chegava a doer no ouvido caso alguém dissesse aquilo em voz alta. Não seria o meu caso, no entanto. Mas eu não podia deixar que o Miguel terminasse tudo entre nós, por eu não ter feito o meu melhor e o ter deixado lutar por nossa relação sozinho, como ele tem feito desde o ínicio.Eu precisava dar aquele passo e dizer para ele que eu queria sim, casar com ele e formar a sua tão sonhada família e quando o vi à minha espera no apartamento, entendi que seria agora ou nunca e que não dava mais para adiar aquele momento.O Miguel parecia um homem disposto a tudo, inclusive a terminar o nosso relacionamento, quando ele me olhou, ao me ver entrar e eu entendi que devia impedi-lo de terminar tudo e que ele precisava me dar mais uma chance de acertar.Quando eu fiz o pedido de casamento, após dezenas de pedidos seus, ele pareceu incrédulo e sem fala e temi que tenha sido tarde demais, por esse motivo eu o segurei pel
DanielleA minha vida de casada não era nada parecida com aquilo que eu poderia ter imaginado, se em algum momento eu tivesse parado para pensar realmente sobre aquele assunto.Mas, pensando bem, a maioria dos exemplos que eu tive para me basear não eram nada agradáveis, a começar pelo primeiro casamento da minha mãe, que por acaso foi com o homem que era meu pai biológico.Além do fracasso dos casamentos dos meus pais, tinha também todos os casos de divórcio que eu representava em meu trabalho como advogada e isso, por si só, representava muita coisa. Mas o fato é que viver com o Miguel era algo maravilhoso e irritante ao mesmo tempo, pois nós éramos muito felizes juntos e tínhamos uma relação bastante equilibrada, em todos os sentidos. As coisas que me irritavam eram pequenas, se comparado a todos os pontos positivos e fazia parte do dia a dia como casal, mas eu não relevava e o Miguel ouvia poucas e boas de mim, mas ele não se importava e tudo sempre acabava em beijos e sexo. —