Katty
Acordei pela manhã com alguém abrindo a porta. Levantei num pulo e me esbeirei para ver quem era: - DESPEJO!- Gritou uma voz vindo da porta. Rapidamente vários homens entraram e começaram a colocar minhas coisas para fora. Do jeito que estava, peguei minha filha e fui levada para o corredor. - Eu disse que você iria para a rua se continuasse me devendo!- Disse o cobrador enquanto minha filha chorava sem parar. - Eu não tenho para onde ir! - Isso não é problema meu! Por que não pede para o seu noivo super rico pagar seu aluguel. - Todos do corredor ficaram me olhando...Magge tentou acalmar Mia, mas foi impossível. Então a peguei no colo novamente. - Me dê mais alguns dias, e vou conseguir o dinheiro. - Já é tarde demais! A não ser que me dê o seu anel de noivado. Pelas fotos, deve valer muito dinheiro. - Deixe minha noiva em paz!- Disse Henrique aparecendo no corredor. Ele pegou Mia no colo e disse- Você não vai continuar nesse lugar!- Disse Henrique olhando para Mia. Atrás dele apareceu dois homens, que começaram a carregar minhas coisas para fora. - O que está fazendo? - Você é minha noiva, não vou deixa-las jogadas ao vento. - Disse ele segurando em minha mão e me puxando para fora. Assim que saímos para fora, ele abriu a porta do carro e entrou com Mia nos braços, o segui sem pensar. Mia acalmou no colo dele e voltou a dormir. - Por que está fazendo isso? Você nem me conhece. - Você me ajudou sem me conhecer, porque não lhe ajudaria. - Você está com segundas intenções! - E você precisa delas! - Vamos para minha casa...lá, vamos resolver da melhor forma possível...Preciso de você apensa para atuar como minha noiva. Jamais irei passar dessa linha. Pode ficar tranquila! - Como posso acreditar nisso? - Você não faz meu tipo! Não tem nada em você que me atraia a ponto de passar da linha... O que você tem a perder? Vou garantir o que você precisa. - Como soube? - Não importa!- Disse ele mexendo no celular. Me senti feia! É, pois é! Tá, não sou uma top model, nem capa da revista, mas não atrai-lo? Nossa, foi bem profundo. Talvez ele tenha razão, eu não sou como as mulheres que ele está acostumado a conhecer e se relacionar. Logo, chegamos no bairro nobre de Seattle. A casa dele ficava um pouco mais afastada, então continuamos pelo caminho admirando as belas casas. Ambos em silêncio, e nos ignorando. Assim que o carro parou, fiquei boqueaberta com o tamanho da casa. Era uma das maiores. Bem estilo americano, parecendo a Casa Branca. O motorista abriu a porta, e eu ainda estava em choque. Desci, nem acreditando no que estava vendo. Realmente, dinheiro traz felicidade! Henrique foi entrando com Mia nos braços, como se aquilo fosse tão natural que nem ligasse mais. Para mim, tudo era novidade! Entrei me sentindo um peixe fora d'água. Assim que passei pela porta uma mulher surgiu gritando: - COMO MEU UNICO FILHO PEDIU ALGUEM EM CASAMENTO E...- Parou a mulher quando nos viu. Ela era média, um pouco mais baixa que eu. Em forma, de cabelos castanhos e alguns grisalhos, quase como se fosse em mecha. - Então, você é a minha futura nora?- Disse ela com desdém, me olhando de cima a baixo. - Oi, sim sou eu mesma! - Disse eu estendendo a minha mão para cumprimenta-la. - Ela é de família importante? Qual o sobrenome dela? - Mãe! Peça para que arrumem um quarto para minha enteada. Essa é Mia!- Disse ele segurando em minha mão e me levando para cima. Com todo cuidado, colocou Mia na cama e afrouxou a gravata em seguida. - Sua mãe mora aqui? - Mora! Vamos descer para resolvermos nossas pendências! - Não quero que Mia acorde e se assuste com o lugar. - Ele raspou a garganta, enquanto eu ainda estava admirando a casa, me fazendo voltar a atenção para ele. - Sente-se!- Disse ele indo para a janela. - Não quero nada com você! - Já disse! - Pedi para que fizessem um contrato...Sigilo total sobre esse assunto!- Disse ele tirando os olhos da janela e olhando para mim. - Outra coisa que você vai encontrar é que vai ficar a minha disposição o tempo todo. - Não vou! Eu trabalho! - Eu pago seu salário! Quanto você ganha sendo garçonete?- Disse ele falando em tom perjorativo. - Eu gosto de trabalhar, não importa quanto você vai pagar! - Ok, vou arrumar uma função para você! Enquanto isso, não quero que você volte para o seus antigos serviços. - Ele caminhou até a cabeceira, abriu a gaveta e pegou uma folha e caneta, escreveu e jogou na cama. - Esse é o valor, que no final vai estar na sua conta. - Ele respirou fundo. - Espero que seja suficiente! - Assim que olhei o valor arregalei os olhos...pois tinha muitos zeros.- Enquanto estiver aqui, tudo será feito para que tenha o melhor. Não acredito que teremos que nos casar, mas se isso acontecer, acrescento mais dois zeros... - Quanto tempo você acha que precisa de mim? - Coloquei no contrato seis meses. Espero não precisar mais que isso. - Por que precisa tanto dessa mentira? Você tem tudo o que precisa! - Tenho! E vou continuar tendo.- Disse ele sendo grosseiro. - Meus acionistas acham que vai trazer mais estabilidade para a empresa, se estiver com alguém estável.- Tem alguma coisa que precise acrescentar? - Tem! Você pode fingir ser meu noivo, mais não vai me tocar. - Isso já está no contrato! Não pense que vai me seduzir, ou achar que vou querer ficar com você. - Já entendi! Eu posso pensar sobre isso? - Pensar mais? Tudo o que você precisa eu posso te oferecer. Não tem o que pensar, ou assina o contrato e faz parte disso lindamente ou vai para a rua, e ligo para a assistente social. Perde a guarda da sua filha por não ter condições de cuidar dela. - Você não pode fazer isso! - Quem vai me impedir? - Você passou dos limites agora! - Só faz o que eu quero, e terá tudo do bom e melhor! Agora pode pensar se vai assinar ou não!- Disse ele saindo do quarto. Fiquei ali na cama olhando para minha pequena Mia, pensando no que fazer. O que será de nós agora?!Henrique Tá, eu jamais faria isso! Nunca iria tirar a filha de uma mãe, mas preciso fazer ela assinar. Não posso ficar como mentiroso para os sócios. Sai do quarto me sentindo vitorioso, mas dei de cara com minha mãe: - Como pode trazer essa golpista para minha casa! - Mãe...- Disse eu andando pelo corredor e sendo seguido por ela. CATARINA E SUA TEIMOSIA! Minha mãe é mestre nisso. Vai me deixar maluco. - Elizabeth veio aqui pela manhã furiosa com você. Como pode fazer isso com ela? - E o que eu fiz com ela? - Você permitiu que ela fosse embora, não correu atrás dela e ainda deu uma aliança de noivado para outra mulher. Sabe a quanto tempo ela espera essa aliança? Sabe o que ela já fez para fica com você? Como pode troca-la tão facilmente por outra mulher? Filho, não criei você assim! - Chega! Não critique minhas escolhas! - Disse eu em tom grosseiro. - Eu não aceito essa garota na minha casa! - Vou comprar o resto da cidade para minha noiva. - Eu vou fazer de tudo
Katty - Os primeiros dias foram difíceis. Mia queria ficar o tempo todo comigo. Não queria ir para a escola nova, não queria que eu fosse trabalhar, e não deixava Henrique se aproximar. Henrique por outro lado, não dava muito a mínima para ela e não fazia questão de ficar perto de nós, a não ser, quando tinha alguém por perto. O telefone não parou de tocar um só dia. E todas ligações de Elizabeth...Não estou com ciúmes ou algo do tipo, mas ela está. E toda vez que Henrique vê que ela ligou, ele fica mais furioso. Minha querida sogra...A senhora Catarina, não fala comigo e quando fala é para me ofender. Ahh, está sendo tão difícil morar aqui! - Ninguém disse que seria fácil...Você que está pensando demais!- Disse Magge no telefone. - E o que devo fazer? Confesso que a achei que a mídia esqueceria mais rápido esse assunto, mas já faz uma semana, e eles não saíram do portão.- Eles querer saber tudo! Então aproveita e entra na onda. Para de ser essa menina boca que se preocupa com tu
Henrique Todo lugar que eu olho eu vejo minha Elizabeth. Sentir sua traição foi como uma facada em meu peito. E agora que Katty está aqui, tudo tem se tornado mais difícil. Ter que ser amoroso com outra mulher, enquanto tenho que fingir que não amo mais Elizabeth, está acabando comigo. Ahhh e essa menina chata e birrenta??! Como que eu faço para lidar com tudo isso? Tem sido difícil, tem sido horrível, doloroso ser traído. A verdade, é que também foi bom! Todos já me diziam das atitudes dela, mas fui cego, agi como quem não quis ver, e agora ter que lidar com essa dor, não está sendo fácil. Katty me irrita! O que eu fui fazer?! - O dia começou agitado, cheio de brigas. Não sei o que fazer...- Você foi precipitado! - Disse Gutto. - Você não precisa me julgar! - Primo, como que pode obrigar ela desse jeito? Podíamos ter arrumado qualquer outra mulher para fingir ser sua esposa. - Agora já é tarde! - Podia ter sido uma com cultura, estudos...Mais bonita...- Você nem a viu ainda
Katty - O QUE ESSA MULHER ESTA FAZENDO AQUI?... - Gritou uma mulher saindo do elevador.- O que está fazendo aqui Elizabeth? - Disse Gutto. Elizabeth veio em nossa direção pisando firme e seus olhos demonstravam seu descontentamento. - Eu vim falar com Henrique! Ele não vai se casar com essa mulherzinha!- É melhor ir embora! - Disse Gutto.- SOU VOI EMBORA DEPOIS DE FALAR COM HENRIQUE!- Gritou Elizabeth fazendo todos parar para ouvi-la. - QUEM VOCÊ PENSA QUE É ?!- Gritei me aproximando dela. - AHHHH, ENTÃO...- PRIMEIRO VOCÊ FALA BAIXO COMIGO...- interrompi Elizabeth gritando. - ODEIO QUE GRITEM COMIGO! E SEGUNDO, QUEM VOCÊ ACHA QUE...- Disse eu gritando mais parando em seguida- Para entrar no trabalho do meu noiva e aprontar esse escândalo todo? - EU NÃO VIM AQUI PARA FALAR COM VOCÊ!- Então vai ter que ir embora! Meu noivo não vai falar com você! - Disse eu sem gritar e me aproximando. Elizabeth é muito bonita, alta de pelo menos um e setenta. Cabelos compridos, belas curvas e
Henrique Assim que entrei e vi Elizabeth com minha mãe, me senti furioso. Mas, Katty parecia estar bem mais nervosa do que eu. Ela ficou olhando para elas e minha mãe se levantou e disse:- Elizabeth é minha convidada! - Ela não é bem vinda aqui! - Essa casa é minha! – Disse minha mãe. - Essa casa pode ate ser sua, mas a partir de hoje a senhora vai me respeitar. E enquanto eu estiver aqui você não vai receber esse tipo de gente.- Quem você pensa que é? Você não vai me dar ordem, eu recebo em minha casa quem eu quiser! - Não, não vai receber quem a senhora quiser! Ainda mais uma mulherzinha como essa que traia seu filho. - Não vai falar comigo assim! Você acha que porque está com Henrique hoje, pode falar assim comigo? É só eu estralar os dedos que ele volta pra mim. – Disse Elizabeth. - Então tenta! – Disse Katty se aproximando dela. – Vê se ele vai querer você! Até por que ficou com ele ate esses dias, e ele não colocou uma aliança no seu dedo. Ai, Elizabeth não me subestim
Henrique Hoje pela manhã fomos acordados por Mia nos trazendo café na cama. Por sorte Katty estava no banheiro, já que ela dorme no sofá. Agora, como ela consegui carregar as coisas eu não sei, mas ela veio toda animada trazendo uma bandeja com café, suco, dois pães e um vasinho com flor. - Bom dia! Onde está minha mãe?- Está no banheiro! – Disse eu enquanto ela deitava na cama. – Trouxe café para mim?- Não, só para minha mãe...- Disse ela revirando os olhos. - Bom dia, meu amor! – Disse Katty saindo do banheiro e vindo cumprimentar Mia. Ela encheu a Mia de vários beijos e abraços, a fazendo rir. - Eu fiz o café para você!- Que delicia...- Disse ela olhando para a bandeja. - Enquanto eu como, você precisa se trocar... Vamos sair em meia hora. - Para onde vocês irão?- Eu tenho uma consulta!- Você está doente?- Não...é..., é só de rotina!- A Mia vai fazer exames também?- Não!- Vai levar ela por que então? Está muito frio lá fora.- Por que não quero deixar minha filha aqu
KattyFui ao médico...Já sei que estou condenada..., mas, quem sabe ainda haja esperança. Me troquei e fui sem comer nada, pois teria que fazer alguns exames.O que me resta é aproveitar o que estou vivendo hoje... Pensei olhando para o motorista, e em seguida para a paisagem fria e gelada desse outono. O carro parou e entrei no hospital. O hospital é particular, mas tem uma parte da clínica que atende pró-bono. Que tem sido minha salvação. Eu não consigo pagar esses planos de saúde, não com o que eu ganhava como garçonete. Voltei a olhar para a janela admirando a vista. Desta vez o doutor me chamou na porta e eu fui. - Bom dia! -Disse eu entrando na sala.- Bom dia! Como está se sentindo?- Cansada! - Eu disse que se sentiria mais cansada.- Um pouco de dor de cabeça, que tem se tornado constante. São os mesmos sintomas que ainda persistem.- Enjoo?- Sim, as vezes os olhos embaçam um pouco, mas ainda consigo enxergar. - Vamos fazer alguns exames para ver o quanto cresceu...-
Katty Voltei para casa atordoada, cansada, deprimida, mas tinha certeza que se visse minha filha, tudo mudaria. Cuide de Mia a tanto tempo, que ela se tornou mesmo minha filha. Num belo dia, Mel chegou em minha casa com Mia nos braços. Ela estava cheia de hematomas pelo corpo e disse: - Preciso de ajuda! – Ela entrou e ficou em minha casa por duas noites. Me contou que estava com dificuldades com o marido, e que precisava ir atras dele. Pedi que ficasse e o deixasse ir embora, mas na mesma noite ela saiu escondida, deixando apenas um bilhete dizendo “Se lembra da nossa promessa? Cuide de Mia por mim, quando estiver pronta, volto para busca-la.” Ela tinha apenas dois anos de idade, e era pequenininha e tão linda. Desse dia, se passou semanas e eu não tinha mais como fazer a faculdade e cuidar dela. Abandonei tudo para cuidar dela... Bom, hoje ela é meu mundo...Assim que entrei na mansão de Henrique, fui recepcionada com um puxão de cabelo, realizado por Catarina. Ela grupou em meus