Julia, Estela e eu nos dirigimos a um restaurante aconchegante no shopping, com grandes janelas que deixavam entrar bastante luz natural. Escolhemos uma mesa perto da parede de vidro, onde podíamos ver o movimento das pessoas passando. O ambiente era acolhedor, com mesas de madeira polida e cadeiras confortáveis, decorado com plantas que traziam um toque de frescor ao espaço.
Enquanto olhávamos o cardápio, Julia fez uma careta e levou a mão ao estômago.
— Eu ainda estou tendo muitos enjoos — disse ela, suspirando. — Foi assim que desconfiei da gravidez. Tem sido um inferno tentar comer qualquer coisa de manhã.
Estela riu, mas havia um toque de simpatia em sua voz.
— Isso deve ser difícil. E você, Luna? Não teve nenhum enjoo?
— São quase quatro meses! Eu não acredito que você não percebeu antes, amiga!
Suspirei e
A espera pelo resultado dos exames parecia se arrastar como uma eternidade. Os dias passavam lentamente, preenchidos por uma mistura de ansiedade e esperança. Durante esse período, decidi tomar algumas providências para garantir que Estela se sentisse mais confortável e segura.Uma das primeiras coisas que fiz foi comprar o apartamento que eu dividia com Júlia. Ela havia se mudado para a casa de Daniel, e o lugar estava vazio. Achei que seria perfeito para Estela. Sabia que ela não se sentia completamente à vontade no apartamento de Vitor, por mais que ele fosse. Ela se sentia a forasteira.Foi um rito de passagem para mim também. Pela primeira vez eu não sentia que precisava segurar cada centavo do meu dinheiro esperando por uma emergência no horizonte. Se eu tivesse uma emergência, dessa vez, eu teria com quem contar.— Estela, preciso falar com você — disse, um dia, qu
Vitor e eu estávamos deitados em seu quarto. Ou melhor, nosso quarto, já que nunca mais passei sequer uma noite longe dele. Estávamos namorando, trocando beijos suaves e carícias, quando de repente me peguei dizendo:— Arthur — disse, olhando para Vitor com expectativa.Vitor riu e rolou para o lado, saindo de cima de mim.— Isso está ficando meio constrangedor, sabe? Você falando nome de outros homens enquanto me beija.— Hum... então definitivamente não será Arthur — rio.Vitor franziu a testa levemente e respondeu:— E que tal Gabriel?Sorri, gostando da ideia. Era o nome do meu avô materno, o último membro da minha família da quem eu realmente sentia falta, apesar dele ter falecido quando eu ainda era criança.— Vamos colocar na lista — disse, anotando mentalmente. Nós dois rimos, s
Acordei naquela manhã com um aperto no peito, uma mistura de ansiedade e esperança. Vitor e eu tínhamos passado a noite anterior em claro, trocando palavras de conforto e carinho, tentando encontrar forças um no outro para enfrentar o dia que se iniciava. A cirurgia de Clara e Estela estava marcada para às oito da manhã, e cada minuto que passava parecia aumentar a tensão que nos envolvia.Chegamos ao hospital cedo, ainda com o céu escuro da madrugada, as luzes fluorescentes do hospital contrastando com a penumbra lá fora. Clara estava sonolenta em meus braços, enquanto Estela caminhava ao nosso lado, tentando disfarçar o nervosismo com um sorriso encorajador.— Vocês chegaram cedo, isso é ótimo — disse a enfermeira ao nos receber, com um sorriso reconfortante. — Vamos começar a preparar a Clara e a Estela para a cirurgia.Enquanto Clara era
A vida tinha se estabilizado em uma rotina de felicidade e diversão. Depois da cirurgia bem-sucedida de Clara, tudo parecia estar caminhando para um futuro mais leve e cheio de possibilidades. Vitor e eu aproveitávamos cada momento, cada toque, cada olhar compartilhado. Clara estava se recuperando bem, e Estela, também parecia estar encontrando seu caminho, tendo assumido meu lugar como secretária de Vitor na Oeri. O sorriso dela, que antes estava perdido em um mar de tristeza, agora era mais frequente, mais verdadeiro.Vitor estava me fazendo tirar os mais variados tipos de fotografias. Fosse sozinha, fosse em família. Das mais bregas e divertidas até as feitas por fotógrafos profissionais. Minha preferia era uma em que ele beijava minha testa enquanto Clara beijava minha barriga. Mas não era só isso, ele não queria só registrar, ele queria participar também. Ia comigo em todas as consultas,
Deitada na cama, sentia uma mistura de tédio e inquietação. O repouso forçado parecia uma sentença de prisão, e cada minuto se arrastava interminavelmente. Eu sabia que era necessário, mas isso não tornava a situação menos frustrante. Olhei para o teto, tentando encontrar algum alívio nos desenhos das sombras, mas minha mente voltava sempre ao mesmo ponto: a ansiedade pela saúde do bebê e pela minha própria. Sentia falta de estar ativa, de poder cuidar de Clara e ajudar Vitor nas pequenas coisas do dia a dia. Agora, tudo o que podia fazer era esperar e torcer para que tudo ficasse bem.Nas semanas que se seguiram, Vitor provou ser um apoio inestimável. Não que ele já não fosse antes, é claro. Mas ele estava tão dedicado! Cada dia, ele trazia uma pequena surpresa para mim, seja um buquê de flores frescas ou uma caixa de chocolates fin
Nos dias que se seguiram, Vitor e eu planejamos uma festa íntima para comemorar os dois meses da cirurgia de Estela e Clara. Queríamos celebrar a vida e a recuperação das pessoas que amávamos, e uma reunião na cobertura do nosso apartamento parecia perfeita. A decoração foi simples, mas aconchegante, refletindo a atmosfera de amor e gratidão que permeava nosso lar. Convidamos apenas amigos próximos e alguns amiguinhos de Clara para brincar na piscina.No dia da festa, o céu estava claro e ensolarado, criando o cenário perfeito para nossa celebração. Clara estava radiante, correndo pela cobertura e brincando com seus amigos, a energia contagiante das crianças enchendo o ambiente de alegria. Eu estava deitada na espreguiçadeira, observando tudo com um sorriso no rosto. Embora minha condição exigisse repouso, ver a felicidade de Clara e de nossos amigos fazia tudo valer a pena.Vitor estava ao meu lado, atento a cada necessidade minha. Ele trazia petiscos e bebidas (não alcoólicas, claro
~VITOR~A sala de espera do hospital estava preenchida com dor e sofrimento. Cada segundo se arrastava como uma eternidade. Sentei-me numa cadeira dura e desconfortável, tentando manter a calma enquanto aguardava notícias de Luna e Lucas. O som dos meus próprios pensamentos era ensurdecedor, uma mistura de medo e esperança.Cada minuto que passava era uma tortura. As memórias de Luna e eu juntos invadiam minha mente, desde o nosso primeiro encontro até os momentos mais recentes de felicidade e amor. A imagem de Clara, nossa pequena menina, brincando feliz em casa, misturava-se com a visão do futuro incerto. Eu precisava ser forte, por ela, por Luna e por Lucas.A sala de espera estava quase vazia, apenas algumas pessoas sentadas em silêncio, provavelmente passando por suas próprias provações. Olhei ao redor, tentando encontrar algum consolo, mas tudo parecia frio e distante. Fechei os olhos por um momento, tentando acalmar a mente turbulenta. Era quase impossível.O médico finalmente
O frio do ambiente estéril do hospital me envolveu assim que fui levada para a sala de cirurgia. As luzes brilhantes do teto ofuscavam minha visão, projetando halos cintilantes que me deixavam momentaneamente desorientada. O som constante e ritmado dos monitores de batimentos cardíacos ecoava pelos meus ouvidos, amplificando a sensação de urgência que permeava o ar. Eu só conseguia pensar em Vitor segurando minha mão até o último momento permitido, seus dedos apertando os meus com uma mistura de preocupação e determinação. O medo que ele tentava disfarçar espelhava o meu, criando uma conexão silenciosa e intensa entre nós.— Vamos cuidar de você, Luna — disse uma das enfermeiras, tentando me tranquilizar enquanto ajustava os aparelhos ao meu redor. Sua voz era suave e reconfortante, mas não conseguia dissipar a sombra de pânico que pairava sobre mim.Eu apenas assenti, tentando manter a calma. O medo pela minha vida e pela de Lucas era avassalador, uma presença opressora que se instal