Vinícius Narrando Meu nome é Vinícius, tenho 35 anos, 1,80 m de altura, dono de uma academia na cidade. Microempresário, como gostam de chamar, mas, no fundo, eu sei que sou bem mais que isso. Sempre tive o jeito certo pra lidar com mulher. Na minha academia, nenhuma escapava. Foi assim com a Ana Kelly. Novinha, durinha, só tinha 18 anos quando apareceu lá. Ingênua. Eu percebi de cara que ela me olhava diferente, então fiz o que sempre fazia: cheguei junto. Ela caiu fácil, como todas caíam. No começo, foi divertido. Ela era cheia de fogo, grudada em mim como se eu fosse o único homem do mundo. Acabou aceitando casar depois de um tempo. Achei que ia ser tranquilo, que eu poderia continuar sendo eu, mas aí ela começou com esse papo de fidelidade. Me conhecer, ela conhecia. Sabia quem eu era, sabia como eu vivia. Por que inventar essa história de que eu deveria ser só dela? Nos dois primeiros anos, até tentei. Fiz um esforço, dei uma segurada. Mas não demorou pra eu perceber que nã
Anthony NarrandoO restaurante já estava movimentado quando entrei. Ambiente requintado, discretamente luxuoso, do jeito que eu gostava para fechar negócios. Bárbara já estava lá, revisando alguns documentos, e Estevão, como sempre, esbanjava confiança.Assim que nos aproximamos da mesa, os representantes da empresa já estavam à nossa espera. Dois homens e uma mulher, todos bem vestidos, com expressões neutras, mas claramente interessados no que tínhamos a oferecer.Sr. Martini, CEO da empresa, foi o primeiro a falar:— Sr. Carter, obrigado por nos receber. Estamos ansiosos para conhecer melhor sua linha de eletrônicos para a área da saúde. Seu nome já é forte no mercado, mas queremos entender melhor os diferenciais.Apertei sua mão firmemente, sentando-me de frente para ele.— Prazer em recebê-los. A Carter Electronics se destaca por inovação e precisão. Trabalhamos com montagem de placas eletrônicas, criação de sistemas exclusivos e comercialização de produtos de ponta. Mas o que re
Estevão NarrandoO carro deslizava pelas ruas movimentadas enquanto Anthony dirigia, com aquele olhar sério de sempre. Ele tinha acabado de dar um corte na Bárbara e ainda parecia com a mente cheia.— Quer falar sobre o que tá pegando, ou vai continuar nessa cara de poucos amigos? — Quebrei o silêncio, mexendo no botão do meu paletó.Ele bufou, mantendo os olhos na estrada.— Que eu me lembre, não virei sentimental pra ter que dividir pensamento.Ri baixo.— Relaxa, só achei que podia te ajudar. Mas já vi que você continua o mesmo, achando que tudo tem que girar ao seu redor.Anthony riu de canto, balançando a cabeça.— Me diz, Estevão, qual é a graça de ter tudo sob controle se você não pode ditar as regras?— A graça, meu amigo, é saber que nem tudo precisa estar sob o seu controle.Ele virou o rosto para mim rapidamente, arqueando a sobrancelha.— Agora virou filósofo?Dei de ombros.— Sempre fui mais pé no chão que você. Sabe qual a diferença entre nós dois?— Lá vem.— Você acha
Anthony NarrandoJoguei o carro na frente do prédio do Estevão e encostei. Ele soltou um suspiro satisfeito e olhou pra mim com aquele sorrisinho de quem ia se divertir.— Boa noite, irmão. — Ele disse, pegando o celular.— Boa noite o carälho. — Resmunguei. — Tu vai sair com a Karen e eu vou ficar aqui chupando o dedo.Ele riu.— Nem tudo é no grito, lembra?Revirei os olhos enquanto ele descia e acenava antes de entrar no prédio. Assim que ele sumiu da minha vista, engatei a marcha e fui direto pra casa.Quando cheguei, a Josefa já tava de saída. Ela me olhou e piscou com aquele ar de menina pidona.— Já tá indo embora, Josefa?Ela riu e pegou a bolsa.— Minha hora, doutor. Já fiz tudo que tinha que fazer.Puxei ela pra um abraço apertado e ela me deu um tapa leve no braço.— Para com isso, menino!— Tá bom, tá bom. — Soltei ela e fui até a geladeira, vendo os recados.— Tem coisa anotada na geladeira e na agenda eletrônica. — Ela avisou, conferindo se tinha pegado tudo.— Valeu, Jo
Ana Kelly Narrando Entrei em casa ainda sentindo o olhar do Anthony me queimando pelas costas. Por que eu aceitei sair com ele?— Vai sair? — Karen perguntou, pegando a bolsa.— Vou.— Hum… cuidado, hein. — Ela riu, me olhando com aquela cara de quem sabia das coisas.— Vai te catar, Karen. Ela riu mais alto, pegando as chaves.— O Estevão já tá vindo me buscar.— Bom encontro.Ela piscou pra mim e saiu antes que eu revidasse.Suspirei, indo direto pro banheiro. Preciso de um banho pra clarear a mente.Liguei o chuveiro e deixei a água quente cair sobre mim, tentando entender o que diabos o Anthony queria conversar comigo. Mas, na verdade, eu já sabia.Ele mencionou o Vinícius antes da ligação cair. Era isso.Ele quer saber sobre meu passado.... Mas até que ponto?Me enrolei na toalha, coloquei um vestido leve e prendi o cabelo. Passei um gloss rápido e saí de casa.Anthony já estava encostado no carro, olhando o celular. Assim que me viu, levantou o olhar e abriu a porta pra mim.—
Ana Kelly Narrando Engoli em seco. A forma como ele falou, com aquele tom de certeza, fez minha pele arrepiar.Revirei os olhos, tentando disfarçar o efeito que aquelas palavras tiveram em mim.— Ah, pronto. Agora vai começar com esse papo.— É a verdade. — Ele insistiu, se inclinou um pouco para mim.— Anthony, por favor...— Você pode até não me querer agora, mas nem que eu vou te vencer pelo cansaço, você vai ser minha.Ri, balançando a cabeça, e me levantei do banco. Comecei a andar devagar, sentindo a brisa fria da noite. Precisava me afastar um pouco.Mas Anthony veio atrás.Antes que eu percebesse, senti seus braços ao redor da minha cintura, me puxando contra ele.Meu corpo congelou no mesmo instante.— Calma. — Ele murmurou no meu ouvido, com a voz baixa e controlada.Minha respiração ficou presa na garganta. Fechei os olhos por um instante, sentindo a tensão pulsar entre nós.— Desculpa. — Sussurrei, com a voz trêmula.Anthony deslizou as mãos pelos meus braços, me virando
Anthony NarrandoEu não sabia o que diabos estava acontecendo comigo. A cada palavra dela, a cada gesto, meu corpo reagia de um jeito que eu não tinha como controlar. Quando ela disse que não estava pronta para um relacionamento, algo dentro de mim deu um estalo, uma sensação de impotência que eu nunca tinha sentido antes. Eu queria estar com ela, perto dela, de qualquer jeito. Mas, ao mesmo tempo, me via num conflito. Como eu, tão acostumado a ser o cara que controla tudo ao meu redor, me vi vulnerável, estou quase cedendo ao desejo de protegê-la e de ser o tipo de homem que ela precisava?Ana Kelly não sabe o impacto que suas palavras causavam em mim. Ela me fazia querer ser alguém diferente, alguém melhor. E eu, que nunca fui o tipo de cara doce, que sempre preferi jogar o jogo duro, me peguei pensando que talvez, é talvez, fosse hora de tentar outra coisa. Mas ainda assim, o desejo estava aqui, queimando dentro de mim.— O que você precisa, Ana Kelly? — Perguntei, mais sério do qu
Karen NarrandoEu estava nervosa, mas tentei disfarçar. Não sabia exatamente o que estava acontecendo, mas algo em mim me dizia que aquele encontro com Estevão poderia ser o começo de algo novo. Ou talvez, apenas o começo de algo diferente, algo que eu não sabia se estava pronta para viver. A noite estava quente, a brisa suave batia em minha pele enquanto caminhávamos até o café que ele sugerira. A cada passo, a sensação de estar perdendo o controle aumentava, mas ao mesmo tempo, a presença dele me trazia uma calma inexplicável.Ele estava incrível, com aquele olhar calmo, mas ao mesmo tempo cheio de algo mais. Ele me fez rir várias vezes durante a conversa, e eu sentia meu coração bater mais forte a cada palavra que ele dizia. Era algo simples, mas tão intenso.— O Anthony por aqui? — diz assim que ele abre a porta do carro para eu entrar.— Espero que ele não enfie os pés pelas mãos — falei. Ele respirou fundo e balançou a cabeça.— Então, Karen, o que você acha do Anthony? — Ele pe