MARIA JÚLIAMeus olhos, foram de encontro a mulher que tinha seu olhar mortal cravado em minha direção. Seus olhos estavam arregalados, assim como os das suas amigas. Respiro fundo, levantei a cabeça ignorando aquela víbora e com passos decididos caminhei pelo longo corredor até chegar no lugar onde sempre me sentei.Minha atenção se voltou em direção a professora, que deu início a aula, os momentos seguintes, a única voz que se ouvia dentro do ambiente era da mulher a nossa frente e quando sua aula acabou, no intervalo entre a troca de professores, uma rápida movimentação aconteceu próximo a Carolina Mendonça, os sussurros logo se fizeram presentes e mesmo tentando disfarçar, estava nítido que o assunto era sobre mim. Não demorou muito, e o professor Rodrigo entrou no ambiente e me deu as boas vidas, logo em seguida iniciou a sua aula.Tudo estava transcorrendo perfeitamente, após o terceiro horário, tivemos o intervalo e todos deixaram o ambiente indo em direção a cantina. Tobias
ANDREYSenti um lateja em minha face, tinha que reconhecer que a mão da mulher a minha frente me causou uma dor terrível. Porém, eu sabia que não seria recebido como antes, ela em seguida ficou petrificada, parecia conter uma raiva que estava visível através do seu olhar de decepção.Depois de minutos em silêncio e parecendo que de alguma forma, aquele tapa fez esvair um pouco da raiva que ela estava sentindo, seus lábios se moveram em seguida e sua voz se fez presente.— O que você veio fazer aqui?Ouvir o tom que suas palavras foram proferidas me causou um forte incômodo. Algo inexplicável pairou sobre mim, ao ver a única pessoa que sempre ficava com um sorriso largo em seu rosto, quando me via e, agora se encontrava com uma expressão fria, como se tivesse diante da pior pessoa que existe na face da terra.— Eu preciso falar com você — repeti.Se tratando de Isabel, mesmo com raiva, ela jamais teria uma atitude que não fosse a que veio em seguida.— Entre!Mesmo correndo o r
ANDREYO sorriso que antes estava visível em minha face desapareceu. Um canto da minha boca elevou-se no mesmo instante que minha respiração ficou pesada. Podia sentir as fortes batidas do meu coração, assim como todo o meu corpo parecia estar em chamas, tamanha era a raiva que tomou conta de mim. Tentei respirar fundo para conter o ódio descomunal que apoderou-se de todo o meu ser, meu olhar estava fixo nos dois a minha frente. Maria Júlia, que até então estava em silêncio resolveu falar.— Andrey!Uma mão enrugada segurou firme na minha e eu sabia que de alguma forma o seu gesto indicava que eu devia me controlar, mas, assim que a boca do homem a minha frente se contorceu e em seguida sua voz se fez presente, ouvir as palavras que foram proferidas por ele, só aumentou a minha raiva, fazendo todos os meus órgãos internos trabalhar no ritmo alucinante.— O que esse infeliz veio fazer aqui?Ele me lançou um olhar frio e, quando Majú tentou segurar em sua mão, o homem movendo-se mu
MARIA JÚLIAA única pessoa que eu jamais cogitei encontrar na minha casa era ele. Meu coração começou a bater tão forte que tentei a todo custo me manter calma, tentando controlar as fortes batidas, minhas pernas estavam bambas, assim como todo o meu corpo, de alguma forma, teve uma reação diferente a de minutos atrás por estar na presença dele. Mesmo depois de tudo que aconteceu, ele mexia muito mais do que eu gostaria comigo. E, quando enfim tive coragem de falar a única palavra que saiu entre meus lábios foi o seu nome.— Andrey!Mas o que veio a seguir, aconteceu tão rápido que eu não estava acreditando que os dois homens estavam brigando como dois animais selvagens. Tentamos separar, mais de nada adiantou, tanto os meus gritos como da minha mãe preencheram o cômodo e a uma certa altura quando Tobias acertou o rosto de Andrey e o mesmo revidou acertando a sua boca, quando olhei aquele sangue saindo entre os lábios do meu irmão, ainda tentei me mover, mas sentir uma forte tont
ANDREY— Tudo que eu sempre sonhei foi conhecer você antes de morrer. Meu neto, meu lindo Andrey.Fiquei petrificado, era assim que eu me encontrava após escutar as palavras ditas pela mulher a minha frente, que tinha a aparência desleixada e se tremia feito vara verde de tanto frio. Além do barulho causado pela chuva, os dentes dela ficavam se batendo, como se ela estivesse dizendo alguma coisa, no entanto eu só conseguia ouvir o tic tac que ecoava a minha volta, eu tentava a todo custo processar tudo que tinha ouvido segundos atrás.Minha cabeça mesmo com os pingos de água que caiam sobre ela, estava tão quente, que parecia um vulcão preste a entrar em erupção. Meus batimentos cardíacos aumentaram e minha respiração ficou pesada. Um pensamento surgiu em minha cabeça, no mesmo instante que os meus olhos encontraram os da desconhecida, e com o olhar cravado no rosto dela, pude analisar minuciosamente cada traço da sua face, que era semelhante à de alguém que eu conhecia muito bem,
HellenAlguns instantes depois…Acomodados, inicio meu relato. Andrey, permanece em silêncio.“Depois da morte dos meus pais, quando eu tinha somente 14 anos, me encontrei totalmente perdida. Tudo que eu sabia era que meus pais vieram do estado do Maranhão para o Rio de Janeiro, eu nunca conheci nem um parente por parte dos dois e, tão pouco falavam algo sobre suas famílias. Para não morrer de fome, acabei indo para ruas e ficava nos sinais pedindo ajuda, acabei por me aproximar de um carro e naquele momento eu jamais esperava que minha vida mudaria para sempre.”“Adolfo e Isabella Albuquerque, estavam no veículo e aquele casal ao se deparar com uma jovem negra, de aparência desleixada, ao contrário de muitos que me olhavam até com nojo, eles foram a luz na escuridão em que eu me encontrava. Depois de contar tudo o que tinha acontecido comigo, a mansão Albuquerque se tornou o meu lar, voltei para escola e tinha novamente uma família, no entanto, eu me deixei levar pelas palavras e
ANDREYDepois que saí da casa da minha avó, os últimos acontecimentos tomaram conta dos meus pensamentos. Sei que não sou e nunca serei nenhum santo, e muito menos o melhor exemplo de pessoa, mas, o que Helena Albuquerque fez, além de ser desumano, é de uma crueldade sem tamanho. Tudo o que sinto é vergonha, por saber que a tenho como mãe.Relâmpagos e trovões anunciavam uma nova tempestade. Devido ao horário e a insistência de dona Helen, para que eu viesse logo para casa, antes que a tempestade se iniciasse, eu resolvi deixar para resolver logo nas primeiras horas da manhã, a situação dela em deixar de morar naquele lugar. Passei o trajeto todo pensando em como a mulher que me deu a vida, conseguiu dormir durante todos esses anos, sabendo que a responsável por ela fazer gozo da boa vida que tem, hoje se encontrava naquele lugar em uma situação precária e pior ainda, permitiu que sua mãe vivesse o resto dos seus dias daquela forma. Além da solidão, pela sua idade, viver em um lugar
MARIA JÚLIADepois da conversa que tive com a minha mãe, ainda ficamos assistindo a novela e logo depois fui para o meu quarto. Minutos depois, que já havia tomado banho e me encontrava deitada, fiquei pensando em tudo que ela havia falado, sei o quanto foi difícil crescer vendo todas as crianças ao meu redor tento um pai ao seu lado, ter que dizer a todos na escola, que não conhecia o meu e embora tenha recebido muito amor da parte da minha mãe. Por muitas vezes me vir fantasiando de como seria bom ter um pai. Sentir o seu abraço, poder ter alguém para dar algum presente no dia dos pais e tantas outras coisas que poderíamos fazer junto.Eu estava tão perdida nas minhas lembranças que nem sei em que momento acabei dormindo. Quando acordei foi pelo barulho irritante do despertador, ainda sonolenta e sabendo que eu precisava me levantar, já que não podia deixar de ir a faculdade. Deixei a preguiça de lado e fui em direção ao banheiro.Momentos seguintes, quando saí do meu quarto e an