Era ela

Arthur

Mais uma vez estou atrasado para pegar o meu filho na escola mas, com a construção do heliporto poderei chegar no horário em breve. Meu filho é tudo para mim e eu sou tudo que ele tem, sua mãe morreu no parto e eu tive que assumir a responsabilidade sozinho.

Estou dirigindo atrás de um ônibus sem a mínima condição de ultrapassar, o que está me deixando irritado. Mas ao ver a beleza da mulher que acabou de descer fiquei fascinado. Ela parece que está por aqui de passagem, carrega uma mala e está de cabeça baixa olhando o celular. Meu Deus, que corpo é esse?

Mesmo dentro de uma calça jeans, camiseta e botas da para ver que seu corpo é esplêndido. Pena que não é daqui, sei porque faço esse trajeto todos os dias e nunca a vi por aqui.

Sou tirado do meu devaneio ao ouvir as buzinas atrás de mim. Para quem está com pressa, nem percebi o ônibus arrancar.

Chego na escola com quase uma hora de atraso.

- Desculpa Sra Lúcia, o trânsito esse horário é osso.

- Tudo bem, seu filho é um encanto e não dá trabalho nenhum.

Claro que é um prazer para ela, afinal estou desembolsando uma nota por conta dos atrasos.

Abano a cabeça para ela em despedida e saio com meu filho nos braços.

- Teve um bom dia, Lucas?

- Tive sim papai e hoje não tem dever de casa.

- Você está ficando mal acostumado.

O malandro sorri com aquele sorriso que me deixa mole.

- Hoje vamos para a casa da tia Sônia?

- Não, amanhã você fica com ela, não tem escola. Mas eu venho embora mais cedo para ficar com você.

- Eu quero dormir lá papai. A tia disse que a filha dela vai chegar e que ela é muito legal.

Não sei porque me lembrei da beleza de alguns minutos atrás, mas é claro que não é a filha da Sônia. A última vez que vi a pirralha ela era seca e sem graça. Quem dera tivesse só o corpo da tal mulher.

Por fim, concordo com o Lucas e vou diretamente para a casa da Sônia, que e a pessoa que fica com ele para mim quando ele não tem escola e eu tenho que trabalhar.

Cheguei e entrei pelo portão como sempre faço e Lucas já deixou a mochila pelo caminho indo direto para o quintal onde deve estar o Thor.

- Boa tarde dona Sônia!

- Oi Arthur, entra aí.

Entro na sala e me sento no sofá de frente para a janela de onde corro o olho no Lucas que já se aventurou pelo quintal.

- Desculpa vir sem avisar. O Lucas insistiu para dormir aqui hoje, vim ver se não tem nenhum inconveniente.

- Inconveniente nenhum. Minha filha acabou de chegar e o Lucas está louco para conhecer ela.

- Certo, amanhã vou ver se chego mais cedo e pego o Lucas. Espero que ele não canse a Cris.

- Nada, a Cris adora crianças e tenho certeza que eles se darão muito bem.

- Obrigado. Está tudo bem com ela?

- Está sim. Foi descansar um pouco e daqui a pouco desce para jantar.

- Então eu vou indo. Qualquer coisa me liga.

- Janta conosco Arthur e aproveita para ver a Cris.

- Eu não quero incomodar. Ela deve estar cansada da viagem.

- Nada, tenho certeza que ela ficará feliz em te ver.

Mal a Sônia fecha a boca e escuto passos descendo a escada. Meu Deus, o que é isso?

A mulher que vi mais cedo está na minha frente, mais linda do que nunca. O pequeno short revela um belo par de pernas e o olhar da mulher enfeitiça uma montanha de pedra.

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