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Da última vez em que desapareci, foi durante a viagem de acampamento com os amigos de Mark.

Emma sugeriu que fôssemos juntas colher frutas silvestres, só nós duas. "Vamos estreitar os laços," disse ela, com aquele sorriso doce.

Quando estávamos sozinhas, bem no fundo da floresta, longe dos outros, ela me empurrou de repente em direção ao rio.

Eu não sabia nadar. Ela sabia disso. Mark havia mencionado isso em um jantar uma vez, e eu vi o brilho nos olhos dela.

A água estava gelada. Escura. Eu me debatia desesperadamente, os pulmões queimando.

De algum jeito, consegui me arrastar até a margem, com meu tornozelo torcido na luta.

Voltei mancando para o acampamento, encharcada e tremendo, apenas para descobrir que todos tinham ido embora.

Eles tinham desmontado tudo e partido sem mim.

Quando finalmente cheguei em casa, horas depois, Mark me esperava com os olhos cheios de raiva.

— Onde você esteve? — Ele exigiu. — Emma disse que você saiu sozinha, sempre arrumando confusão, sempre fazendo escândalo!

Eu não pude me defender. Só pude observar o sorriso secreto e triunfante de Emma.

Sarah me ajudou a tratar meu tornozelo machucado naquela noite, suas mãos gentis formando um contraste gritante com as palavras duras de Mark.

— Ele te ama. — Ela disse suavemente, aplicando pomada nas minhas manchas roxas. — Ele só... é incapaz de enxergar a verdade quando se trata de Emma.

Mas eu sabia a verdade. Ao lado da esperta e bonita Emma, eu nunca teria a atenção de Mark.

A balança do amor sempre se inclinaria para a pessoa por quem ele realmente se importava.

E essa pessoa nunca seria eu.

Se eu ainda estivesse viva, estaria preparando sua sopa favorita para a dor de estômago, levando até a delegacia durante seus turnos longos.

Mas dessa vez, eu não poderia aparecer com desculpas, como ele esperava.

Afinal, eu era só um cadáver agora.

Os resultados da perícia chegaram rapidamente. O papel no meu estômago era uma ficha de inscrição.

O assassino a forçara pela minha garganta com desprezo:

— Aulas de culinária para o seu marido? Ele provavelmente vai comer mesmo é a comida da Emma.

— Que lugar é esse? — Mark franziu a testa ao olhar o endereço.

O perito forense conferiu suas anotações.

— É uma escola de culinária, especializada em cozinha terapêutica e saúde alimentar.

Quando Mark e os outros policiais visitaram a escola, a instrutora se assustou ao ver as suas credenciais.

Ela examinou o formulário danificado, conferindo o número de inscrição com seus registros.

— Uma jovem se inscreveu há alguns dias. — Explicou ela. — Disse que o marido tinha problemas crônicos de estômago. Queria aprender a cozinhar melhor para ele, ajudar na recuperação.

— Mas ela nunca apareceu para as aulas. Nem respondeu às nossas ligações de confirmação também.

A instrutora tirou o programa do curso.

— Ela se inscreveu no nosso programa "Cozinha da Cura". O curso foca em saúde digestiva e cuidados com o estômago.

Mark pegou o programa, uma expressão estranha cruzando seu rosto.

— Você tem imagens de segurança daquele dia?

A instrutora acenou com a cabeça.

— Menina doce. Passou um bom tempo fazendo perguntas sobre tratamentos para refluxo e gastrite. Me deixou uma forte impressão.

Mas quando as imagens foram exibidas, todos na sala ficaram em silêncio.

Mark engoliu em seco, encarando a tela.

— Aquela... aquela parece Alice.

A instrutora sorriu, iluminada.

— Sim, Alice! Esse era o nome dela no formulário.
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