Após garantir docemente a Emma que estaria lá amanhã, Mark recebeu outra ligação, desta vez de Sarah, minha melhor amiga.— Mark, você conseguiu falar com Alice? Ela tem um ultrassom marcado para amanhã de manhã, a voz preocupada de Sarah veio através do telefone.Sarah foi a única que ficou ao meu lado depois que me casei com Mark. Ela foi amiga dele primeiro, mas conseguiu enxergar através de sua fachada.O único calor que senti em meu casamento vinha da amizade de Sarah.Mark fez uma pausa, depois zombou.— Ultrassom? Que ultrassom?A voz de Sarah se tornou incrédula.— O exame de gravidez. Está marcado há semanas. Não me diga que você esqueceu...— Tenho tentando ligar para ela há dias. — Continuou Sarah. — Ela não atende minhas ligações, nem respondeu nenhuma das minhas mensagens. Estou começando a me preocupar.Mark fez uma pausa, depois zombou novamente.— Preocupar? Com o quê? Mais uma das mentiras dela?A voz de Sarah se tornou ainda mais incrédula.— Ela é sua esposa, Mark. P
Da última vez em que desapareci, foi durante a viagem de acampamento com os amigos de Mark.Emma sugeriu que fôssemos juntas colher frutas silvestres, só nós duas. "Vamos estreitar os laços," disse ela, com aquele sorriso doce.Quando estávamos sozinhas, bem no fundo da floresta, longe dos outros, ela me empurrou de repente em direção ao rio.Eu não sabia nadar. Ela sabia disso. Mark havia mencionado isso em um jantar uma vez, e eu vi o brilho nos olhos dela.A água estava gelada. Escura. Eu me debatia desesperadamente, os pulmões queimando.De algum jeito, consegui me arrastar até a margem, com meu tornozelo torcido na luta.Voltei mancando para o acampamento, encharcada e tremendo, apenas para descobrir que todos tinham ido embora.Eles tinham desmontado tudo e partido sem mim.Quando finalmente cheguei em casa, horas depois, Mark me esperava com os olhos cheios de raiva.— Onde você esteve? — Ele exigiu. — Emma disse que você saiu sozinha, sempre arrumando confusão, sempre fazendo e
O rosto de Mark empalideceu enquanto ele lutava para manter a compostura.— Deve ser uma coincidência. Alice provavelmente está em algum lugar rindo de nós agora.— Senhora, você está em conluio com a minha esposa? Brincar com a polícia é um crime grave.De repente, seu telefone tocou. Ele atendeu com as mãos trêmulas.— Resultados do laboratório?A voz do técnico forense estava urgente.— Detetive, temos os resultados do DNA da vítima.O detetive sênior, com os olhos brilhando, tocou o ombro de Mark.— Volte para a delegacia. Vamos cuidar das coisas aqui.Mas Mark parecia não ouvir, sua mão enluvada tocando o sangue seco no chão.— Quanta dor ela sentiu?Alguns dos policiais mais jovens começaram a chorar baixinho.Mark cambaleou até seu carro, parecendo perdido.Ao observar sua expressão atordoada, meu coração se apertou com dor.Do nosso dia de casamento até minha morte, ele nunca me chamou de "amor" ou "querida", termos que ele usava livremente com Emma.Na delegacia, o técnico de
Mark cambaleou até o necrotério, com o apoio do colega sendo a única coisa que o mantinha em pé.Seu rosto havia empalidecido, combinando com as paredes frias ao seu redor.Olhando para meu corpo mutilado, um rosnado baixo escapou de sua garganta. Era o som de um homem cujo mundo havia acabado de desmoronar.Eu o observava, curiosa. Por que ele parecia tão atormentado?Não deveria ser minha morte o que ele secretamente desejava? Afinal, eu era o obstáculo entre ele e sua preciosa Emma.Sua mão traçou a longa cicatriz nas minhas costas, aquela que eu ganhei ao empurrá-lo para fora do caminho daquele carro. Seus dedos tremiam.— Alice. — Sua voz se quebrou, carregada de lágrimas. — Como chegamos a isso?— Quando nos casamos, você era tão gentil, tão carinhosa. Lembra de como você me fazia sopa quando tinha problemas no estômago? Você jurou que sempre cuidaria de mim, e eu... eu prometi te valorizar.Ele limpou os olhos com pressa, o distintivo refletindo as duras luzes do necrotério.— O
No corredor do hospital, as enfermeiras sussurravam entre si, suas vozes ecoando pelo ar estéril.— Você soube da ex-esposa do Detetive Martin? Aquela que encontraram no prédio abandonado?— Ouvi dizer que ela foi morta por um homem com quem estava tendo um caso. Consegue imaginar?— O Detetive Martin deve estar devastado. Graças a Deus ele tem a Emma para consolá-lo.— Que mulher doce, ainda fazendo os tratamentos renais, apesar de todo esse drama.Emma estava sentada em sua cama de hospital, se deleitando com a simpatia alheia. Seu sorriso ficava mais brilhante a cada olhar preocupado, a cada palavra de pena.Ela ajustava sua linha de IV com cuidado, fazendo o papel de paciente exemplar.Ela estava saboreando sua vitória, comemorando a minha morte enquanto fingia lamentá-la.Então, de repente, vários policiais apareceram no corredor, seus passos ecoando enquanto se dirigiam à sala de Emma. O sorriso perfeito de Emma congelou em seu rosto.A enfermeira-chefe tentou detê-los.— Esta é
Meu corpo foi encontrado em um prédio abandonado.O operário da construção vomitou ao discar os serviços de emergência.Mark correu do hospital, onde Emma fazia tratamento para os rins, até o local do crime.O perito forense franziu a testa, fazendo um gesto para que todos colocassem as máscaras.Meu marido, Mark, era o detetive mais renomado da cidade. Ele havia resolvido inúmeros casos de assassinato, mas até ele vacilou quando viu aquele corpo.O calor do verão havia feito estragos. O corpo estava inchado, o rosto desfigurado além do reconhecimento; havia uma massa de carne e sangue onde os traços deveriam estar.As feridas eram extensas. A cabeça quase não se sustentava no pescoço, segurada por uma tira de pele.O fedor da decomposição preenchia o ar.Mark fechou os olhos brevemente, deu um suspiro profundo e vestiu as luvas para começar a primeira análise.Eu observava, nervosa, enquanto ele retirava o colar manchado de sangue do meu pescoço.Dois anéis pendiam da corrente, eram o