Meu cabelo estava todo espetado em várias direções quando levantei. Cambaleei pelo quarto como uma bêbada até chegar ao banheiro. Mesma rotina de sempre.
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A escola estava mais lotada que o normal. É claro. Hoje é o dia da apresentação dos novatos à escola. Lembro do dia da minha apresentação, eu estava morrendo de vergonha, fiquei o tempo todo corada, esperando ansiosamente pelo momento em que poderíamos ir para as salas. Foi um completo desastre, pois muitos alunos do terceiro ano ficavam caçoando de mim por causa da minha altura. Realmente eu sou bem pequena para minha idade, devo ter pelo menos um metro e cinqüenta e cinco, para uma pessoa de dezesseis anos isso é muito baixo, nunca fui alta mesmo. O contrário de meus irmãos e de Emilly, que já esta da minha altura com treze anos de idade. Absurdo. As mais velhas deveriam ser mais altas, mas infelizmente Deus não quis me dar esse gostinho de ver o mundo um pouco mais do alto.
Resumindo, as apresentações dos alunos foram bem rápidas, pois como eu, eles estavam nervosos demais para falar muita coisa. Depois de trinta minutos chatos sentada esperando o final, finalmente sentei na minha cadeira na sala. As aulas do dia não foram exatamente ruins, exceto o momento em que o professor de biologia passou um trabalho para daqui a duas semanas sobre nosso assunto estudado. Ainda não sabíamos exatamente o que iríamos fazer, pois teríamos que escolher nosso projeto e executá-lo com perfeição para nosso querido professor.
— Você poderia ir para a minha casa para podermos fazer nosso projeto — propôs Edward. Eu não sabia direito o que responder, por isso corei. Droga.
— Claro, mas você precisará me dar o endereço — disse, lutando para esconder o grande sorriso que estava prestes a aparecer no meu rosto.
— Tudo bem. Então nos vemos mais tarde — ele se despediu e seguiu seu caminho para casa. Meu coração estava acelerado.
— O que foi aquilo? — perguntou Zoe, aparecendo do nada ao meu lado seguida por Ana e Megan.
— Aquilo o quê?
— Você estava prestes a vomitar arco-íris quando ele se dirigiu a você. Não se faça de sonsa. — disse Ana, parecendo um pouco irritada.
— Eu não sei do que vocês estão falando. — disse, tentando soar inocente, mas de inocente eu não tinha nada.
— Conta outra Georgia. Você está apaixonada por ele! — Gritou a escrota Megan.
— Cala a boca, Megan — ordenei, e ela se calou. — Não estou apaixonada por ele coisa nenhuma. Vocês que inventaram toda essa história para brincar com a minha cara!
As três caíram na gargalhada, e eu precisei me segurar para não gritar para elas calarem a boca. Já estava de saco cheio, mas odeio brigar com elas, por isso mantive a boca fechadinha até o momento certo.
— Não estamos brincando com você, Gi — assegurou Zoe, ainda rindo. — Só que nós percebemos como você age quando está com ele, e é bem diferente de como você está com a gente. E então consideramos as hipóteses de que você possa estar apaixonadinha pelo gatinho da escola.
Não consegui conter a gargalhada da cara safada que ela fez depois de pronunciar essas palavras. Éramos o grupo perfeito, e eu amava quando elas “consideravam hipóteses” sobre minha vida amorosa, acabava sendo bem divertido.
— Não precisam considerar hipótese nenhuma. Não gosto dele e não quero nada com ele. — menti.
— Hum... Tá. — disse Megan, com um sorrisinho malicioso, antes de se virar para Ana. — Por que não jantamos fora? Faz tempo que não fazemos algumas atividades juntas.
— Ideia perfeita. — disse Ana, dando pulinhos animados, o que nos fez rir.
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A noite com elas foi ótima, conversamos muito sobre nossas viagens internacionais, sobre o meu último beijo que foi com um menino de dezessete anos em Roma. A menos de dois meses atrás. Esse beijo foi roubado dele momentos antes de eu partir. Ele era um dos nossos guias turísticos e me disse que estava perdidamente apaixonado por mim. Fiquei triste por ter ido embora e acabado com as esperanças dele, pois ele era bem atraente, e eu mentiria se dissesse que não senti alguma atração por ele.
Ana nos contou uma história absurda que ela vivenciou na semana de férias, que foi sobre um menino bem mais velho que ela que a chamou para passar uma noite com ele, na cama dele, os dois pelados. Quando ela nos contou isso, caímos na gargalhada, ela ficou toda vermelha pois nunca tinham falado desse jeito assim com ela.
Zoe contou sua história do beijo romântico na cidade em que ela nasceu. De longe, a sua história foi a melhor. Ela contou que ela estava em um jardim botânico — um lugar muito romântico para beijos — esperando sua família, quando um garoto apareceu e eles começaram a conversar, e descobriram que tinham quase os mesmos gostos para tudo. E então ele não se segurou e a beijou.
A história de Megan foi sempre a mesma: Passou as férias em casa com os pais e o namorado John, que não fez nada além de levá-la ao shopping e ao cinema. Nada de romântico.
Acabou que eu registrei esses belos momentos no meu diário. Algumas pessoas achavam meio infantil esse meu diário, diziam que era coisa de criança e que eu era criança, mas nunca ligava. Meu diário as vezes era meu melhor amigo. Quando eu estava com problemas e não podia falar com ninguém, escrevia. Quando estava feliz demais por alguma coisa que eu queria guardar só para mim, escrevia. Quando estava triste, escrevia. Quando estava tudo ao mesmo tempo, escrevia.
Minha mãe bateu na porta alguns minutos depois que eu terminei de escrever, enfiou a cabeça no quarto e disse:
— Olá querida, quer um chá?
— Para dizer a verdade, um chá cairia bem agora. — disse, abrindo um sorriso, o que fez minha mãe sorrir também.
Ela saiu, e voltou dois minutos depois com duas xícaras de chá. Sinto que ela quer me falar ou me fazer falar alguma coisa.
Ela me entregou minha xícara, que eu agradeci, e se sentou na beira da cama e começou a alisar meus pés.
— Você está bem, Georgia? — ela perguntou do nada com cara de preocupada.
— Estou bem, mãe. Só um pouco cansada, estou precisando dormir mais. — respondi, enquanto tomava um gole do chá.
— Claro, deixarei você descansar mais um pouco. — disse, e pegou minha xícara vazia, e me deu um beijo na testa antes de sair.
Minha mãe era uma mistura de humores bem esquisito. Uma hora ela estava feliz, e fazia tudo o que pedíamos, outra hora estava zangada e reclamando de Deus e o mundo. Mas eu gostava desta troca, significava que nem sempre ela era essa mãe boazinha que satisfazia os desejos dos filhos. Mas enquanto ela fosse essa mãe bondosa, preocupada e amiga dos seus filhos, para mim já estava perfeito.
— E então, pode ser na sexta? — perguntou Edward, com aquela voz que faria qualquer outra garota derreter.— Claro, vai ser ótimo. — disse, pegando o papel que ele havia escrito seu endereço para eu não me perder.— Então, até sexta. — ele acenou para mim enquanto se afastava com Ellen. Ela o beijava durante a trajetória.Segurei aquele pequeno pedaço de papel forte, lembrando a mim mesma que iria escrever esse endereço no meu diário, para nunca esquecer dele depois. Não via a hora de chegar sexta, meu coração já estava acelerado quando apertei o papel ainda mais, e depois pulou que nem um canguru quando eu vi ele se virando, seus olhos olhando nos meus, e então ele sorriu.Quis pular, pois ele estava fazendo isso bem na frente da namorada dele, que não viu, graças a Deus, se não ela viria aqui m
A sexta tão esperada finalmente chegou. Mas a lembrança de Ana chorando daquele jeito não saiu da minha mente. Cheguei a sonhar com ela durante a noite, me debati na cama e acordei com a minha mãe me chacoalhando, mas não lembro o que foi, só sei que foi terrível.Depois das aulas chatas de filosofia e química, procurei as meninas. Elas estavam sentadas em um dos bancos do jardim, cada uma com um livro na mão. Me aproximei e anunciei:— Bom, meninas eu já estou indo. Vocês também vão?— Sim, já vamos. — respondeu Zoe, tirando os olhos do livro e olhando para mim. — vai para a casa do Edward?— Sim, só vou dar uma passadinha em casa e avisar a minha mãe aonde vou.— Certo. Beijos. — falou Megan, mandando beijinhos para mim. Retribuí o gesto para as duas.♥ ♥ ♥
Voltei para casa com um sorriso enorme nos lábios. Ainda bem que ninguém poderia vê-lo por que se não iriam pensar que eu era uma psicopata.— Onde você estava, Georgia? — minha mãe berrou da cozinha assim que eu entrei.— Eu disse que chegaria tarde, mãe.— Eu não pensei que seria tão tarde. — respondeu.— Não se preocupe. É que nós mudamos algumas coisas no projeto, o que levou mais tempo ainda. Desculpe.— Tudo bem. Tudo bem. Agora direto para a cama. — ordenou.Não podia ir para a cama agora. Ainda tinha que escrever como foi meu dia com aquele garoto da escola. Fiquei impressionada que a namorada dele não estava lá, por que normalmente ela só vive na casa dele. Mas que bom, por que assim não fomos interrompidos.Passei a tarde e parte da noite na casa dele. Foi ma
Acabei optando por um vestido branco, que ia até mais ou menos na metade das coxas. O vestido era decorado com algumas flores bem bonitas e de manga até o cotovelo, coloquei sapatilhas brancas, que tinham um laço vermelho para combinar com as tonalidades das flores do vestido. Passei um perfume doce e forte, que me deixava com cheiro de poderosa, pois meus irmãos sempre me disseram isso. Coloquei brincos médios, e uma corrente que meu pai havia me presenteado meses antes. A corrente tinha um coraçãozinho vermelho na ponta, o que ressaltou ainda mais minha beleza. Sim, sou convencida! Soltei meus cabelos castanhos, dei uma penteada e resolvi não colocar nada nele. Já estava extravagante demais.Cinco minutos depois desci as escadas, atraindo o olhar de todos, até do meu pai que estava sentado no sofá assistindo TV. Josh foi o primeiro a falar, como sempre.— Para onde você
— Preciso da ajuda de vocês — disse para os meus irmãos, assim que empurrei Matheus para o quarto de Josh.— Caso você não tenha percebido, estava ocupado em um trabalho da faculdade, Georgia — protestou Matheus, indo em direção a porta, mas eu bloqueio o seu caminho.— Preciso da ajuda de vocês – repeti.— E que ajuda é essa? — perguntou Josh.— Josh, quando você começou a namorar, como você falou com os nossos pais para comunicar o acontecido?— Bem, eu simplesmente conversei com eles, disse que estava apaixonado e que eu a havia pedido em namoro.— Só isso? Nada de especial? — perguntei, o que fez os dois se entreolharem, confusos e desconfiados. — E você, Matheus?— Do mesmo jeito. Mas me diga, Gi, você está namorando?— Érr... Sim.
Georgia: Meninas, preciso contar um babado que aconteceu hoje. Aposto que vocês irão amar! ☺Ana: Conta logo, menina!Zoe: O que houve? O encontro foi péssimo?Megan: Acredito que com aquele gatinho do Logan, é impossível dar errado.Georgia: Foi bem mais do que isso. Ele me... beijou. E depois me pediu em namoro. E eu aceitei.Megan: O QUÊ?Ana: Tão rápido? No primeiro encontro ele já foi assanhado assim?Zoe: Espera aí, amiga! Você aceitou por que gosta dele né? E não foi por causa do Edward, certo?Georgia: Se eu fosse espera
Acordei atrasada, para variar. Tinha conversado bastante com as meninas, e eu nem acreditei quando Zoe disse que estava namorando também! Agora somos o grupo apaixonado! Mas eu ainda me sentia um pouco mal em relação a Logan, me perguntando se ele realmente não se importava, por que, por mais que eu possa gostar dele — que é muito — ele não mereceria uma decepção minha, por que meus sentimentos de infância por Edward continuam os mesmos. Mas agora não era hora de pensar nisso. Eu estava me arrastando até o banheiro — tinha dormido apenas quatro horas — e estava parecendo uma bêbada, cambaleando pelo quarto. E hoje recebemos a notícia sobre o professor, e eu fiquei bem triste por ele e pela sua esposa, que estava bem abalada. E acabou que eu e Edward tivemos um papo agradável durante as aulas.— Tudo bem, tudo bem. Cor favorita? — ele me perguntou
Eu não sei quanto tempo dormi, mas presumo que tenha sido um bom cochilo, por que Josh ainda estava sentado na frente do seu computador, no portal do aluno da sua faculdade.— Josh... — chamei baixinho, quase um sussurro, mas ele me escutou mesmo assim e virou a cabeça em minha direção, e imediatamente ele estava sentado em sua cama.— O que aconteceu? Você está bem?— A cabeça ainda dói... — confessei — Mas não se preocupe com isso agora. Mas me prometa que não vai contar nada disto para nossos pais, nem para Emilly, por favor.Acredito que a intenção dele era essa, por que ele fez uma pequena careta no rosto, mas sorriu para mim e assentiu com a cabeça. Eu sorri de volta, grata pela compreensão dele.— Georgia, você pode desabafar comigo se quiser. Eu não conto para ninguém, eu juro. E nem