A sexta tão esperada finalmente chegou. Mas a lembrança de Ana chorando daquele jeito não saiu da minha mente. Cheguei a sonhar com ela durante a noite, me debati na cama e acordei com a minha mãe me chacoalhando, mas não lembro o que foi, só sei que foi terrível.
Depois das aulas chatas de filosofia e química, procurei as meninas. Elas estavam sentadas em um dos bancos do jardim, cada uma com um livro na mão. Me aproximei e anunciei:
— Bom, meninas eu já estou indo. Vocês também vão?
— Sim, já vamos. — respondeu Zoe, tirando os olhos do livro e olhando para mim. — vai para a casa do Edward?
— Sim, só vou dar uma passadinha em casa e avisar a minha mãe aonde vou.
— Certo. Beijos. — falou Megan, mandando beijinhos para mim. Retribuí o gesto para as duas.
♥ ♥ ♥
Resolvi ir a pé para casa, não estava com clima para ônibus, e seria bem provável que alguém me fizesse perguntas em relação a Ana e ainda não estava pronta para falar sobre isso.
Assim que bati a porta de casa, minha mãe e meu irmão Matheus olharam para mim.
— Por que chegou tão tarde? — perguntou minha mãe.
— Não estava a fim de ônibus hoje. As pessoas poderiam fazer perguntas. — falei, e pelo meu tom de voz ela sabia do que se tratava e não fez mais perguntas. — Mãe eu preciso ir a casa de um amigo fazer um projeto de biologia.
— Projeto? Com quem, irmãzinha? — perguntou Matheus, abrindo o seu sorriso malicioso.
— Com o... Edward. — balbuciei a última palavra, mas eles entenderam.
Meu irmão soltou uma risada, se contorceu e caiu no sofá de tanto rir.
— Qual é a graça? Tenho cara de palhaça? — perguntei, já com raiva.
— Claro que não, Gi, só achei engraçado você finalmente fazer alguma coisa com o seu crush. — ele disse, para logo em seguida cair na risada de novo.
— Muito engraçadinho, palhaço. E então mãe, posso ir? — perguntei, ignorando meu irmão se contorcendo de tanto gargalhar e observando a minha mãe.
— Claro, querida. Divirta-se.
— Como se isso fosse divertido. — respondi, seca.
♥ ♥ ♥
Quando cheguei na rua de Edward, meu coração novamente acelerou. Olhei no papelzinho onde tinha escrito:
Rua 56 – Número 562
Enfim encontrei a casa. Entrei na varanda, respirei bem fundo e bati na porta. Toc. Toc. Toc. Mas quem atendeu não foi Edward, foi uma mulher mais velha, mesmo assim bem bonita. Tenho certeza de que é a sua mãe, por que assim que me viu, abriu um sorriso que é igual ao dele.
— Olá... Bem, você deve ser Georgia, certo? — ela me perguntou de maneira gentil, e ela disse meu nome, o que significa que Edward falou de mim para ela.
— Sim, sou eu. É um prazer conhecê-la. — falei, estendendo a mão, mas o que ganhei foi um abraço apertado.
— O prazer é todo meu. Entre. — disse ela, gesticulando para que eu entrasse.
A casa em si era bem bonita. Organizada como a minha, exceto pelo meu quarto. E não era tão grande, como a minha que é enorme, mas mesmo assim bem confortável. A irmãzinha de Edward estava sentada no chão com o seu caderno escolar e vários livros ao seu redor, em cima de uma mesinha. Ela se parece muito com ele, e quando me viu, abriu um sorrisão.
— Visita? — ela perguntou, apontando para mim.
— Eu sou amiga do Edward, viemos fazer um trabalho juntos. — respondi, da maneira mais calma que consegui. Eu estava na casa dele.
— Ele está lá em cima, e enquanto não desce quer alguma coisa?
A mãe dele era muito simpática. Gostei dela.
— Ah, não obrigada. Estou bem.
A mãe dele subiu as escadas para chamá-lo, enquanto eu sentei no sofá perto de sua irmã.
— Você é a outra namorada dele? — perguntou ela, de maneira inocente.
— Namorada? Ah, não, não... Sou só amiga que ficou com ele como dupla na aula de biologia.
— Sei...
Pude notar pelo seu tom de voz que ela estava desconfiada de mim.
— O que exatamente você sente pelo meu irmão? Você ama ele? Já beijou ele? — ela disse, com os olhos cravados nos meus. Fiquei sem saber o que fazer, e para meu grande alívio, uma figura desceu as escadas. Edward.
— Oi Georgia. — ele me disse, para em seguida se dirigir à irmã. — Tudo bem por aqui, Vanessa?
— Tudo... Tudo ótimo, Ed. — ela gaguejou em alguns momentos.
— Então tá. Por que você não vai lá para cima, assim eu posso ficar aqui com Georgia, já que meu quarto é um pouco apertado.
— Érr... Tudo bem.
Ela juntou rapidamente seus materiais e saiu, não sem antes me fulminar com o olhar, o que me deixou com um certo medo dela.
— Não se preocupe, ela é bem ciumenta. Puxou ao nosso pai, pois ele também era assim com nossa mãe.
— Era? Ele não é mais? — perguntei, inocente.
— Não, ele faleceu a alguns anos atrás. — ele disse, olhando nos meus olhos.
— Eu sinto muito, não era a minha intenção...
— Sei que não era. – ele me corta.
Fiquei de boca fechada enquanto ele arrumava a sala para ficarmos com mais espaço. Acabou que resolvemos fazer um grande projeto explicando como os fungos interagem nas florestas e se espalham.
Passamos quatro horas fazendo os experimentos, que deu certo, por incrível que pareça. Mas eu ainda estava tímida demais, e só falava quando ele falava comigo. Uma vez ou outra, eu olhava para ele, e em algumas das vezes ele me flagrava, me fazendo virar o rosto.
Duas horas depois, terminamos nosso projeto. Ficou bem bonito. Nós fizemos uma grande escultura da forma molecular dos fungos, criamos nosso experimento, e utilizamos formigas como cobaias. Foi preciso uma hora para chegar a quantidade de formigas necessárias. Mas mesmo assim, foi um sucesso.
No fim do dia, eu estava exausta, só queria minha cama, e o meu diário. Queria escrever como foi meu dia, o tempo que passamos juntos.
— E então, gostou? — ele me perguntou, me fazendo olhar para ele.
— Adorei. Ficou ótimo. — disse, dando uma risadinha.
Eu estava sentada no chão encostada no sofá, enquanto ele ia até a cozinha e voltava com dois copos de água bem gelada. Sequei o copo em dois goles.
— Calma — ele disse, rindo — assim não mata a sede.
— Eu não ligo. — rebati, sorrindo e ele sorriu também.
Passaram-se alguns minutos em silêncio até eu resolver quebrá-lo:
— É melhor eu ir embora. Já está bem tarde.
— Você considera dez horas da noite tarde? — ele me perguntou, irônico.
— Eu não, mas minha mãe sim. E se eu não chegar até as onze, ela me mata.
Rindo, ele se levantou e me ajudou a arrumar meus materiais e me seguiu até a porta.
— Foi uma bela tarde. Espero que possa vir mais vezes. — ele disse, ao cruzarmos a varanda.
— Claro. Dê adeus a sua mãe e a sua irmã por mim, e um obrigada.
— Tudo bem. Até amanhã, Gi. — ele respondeu, com um sorriso.
Gi. Ele me chamou de Gi. Quero morrer. Meus pelos do braço se arrepiaram ao ouvir meu apelido sair da boca linda dele. Tentei soar calma na resposta, mas minha voz vacilou.
— Até amanhã, Ed. — falei, rindo.
Voltei para casa com um sorriso enorme nos lábios. Ainda bem que ninguém poderia vê-lo por que se não iriam pensar que eu era uma psicopata.— Onde você estava, Georgia? — minha mãe berrou da cozinha assim que eu entrei.— Eu disse que chegaria tarde, mãe.— Eu não pensei que seria tão tarde. — respondeu.— Não se preocupe. É que nós mudamos algumas coisas no projeto, o que levou mais tempo ainda. Desculpe.— Tudo bem. Tudo bem. Agora direto para a cama. — ordenou.Não podia ir para a cama agora. Ainda tinha que escrever como foi meu dia com aquele garoto da escola. Fiquei impressionada que a namorada dele não estava lá, por que normalmente ela só vive na casa dele. Mas que bom, por que assim não fomos interrompidos.Passei a tarde e parte da noite na casa dele. Foi ma
Acabei optando por um vestido branco, que ia até mais ou menos na metade das coxas. O vestido era decorado com algumas flores bem bonitas e de manga até o cotovelo, coloquei sapatilhas brancas, que tinham um laço vermelho para combinar com as tonalidades das flores do vestido. Passei um perfume doce e forte, que me deixava com cheiro de poderosa, pois meus irmãos sempre me disseram isso. Coloquei brincos médios, e uma corrente que meu pai havia me presenteado meses antes. A corrente tinha um coraçãozinho vermelho na ponta, o que ressaltou ainda mais minha beleza. Sim, sou convencida! Soltei meus cabelos castanhos, dei uma penteada e resolvi não colocar nada nele. Já estava extravagante demais.Cinco minutos depois desci as escadas, atraindo o olhar de todos, até do meu pai que estava sentado no sofá assistindo TV. Josh foi o primeiro a falar, como sempre.— Para onde você
— Preciso da ajuda de vocês — disse para os meus irmãos, assim que empurrei Matheus para o quarto de Josh.— Caso você não tenha percebido, estava ocupado em um trabalho da faculdade, Georgia — protestou Matheus, indo em direção a porta, mas eu bloqueio o seu caminho.— Preciso da ajuda de vocês – repeti.— E que ajuda é essa? — perguntou Josh.— Josh, quando você começou a namorar, como você falou com os nossos pais para comunicar o acontecido?— Bem, eu simplesmente conversei com eles, disse que estava apaixonado e que eu a havia pedido em namoro.— Só isso? Nada de especial? — perguntei, o que fez os dois se entreolharem, confusos e desconfiados. — E você, Matheus?— Do mesmo jeito. Mas me diga, Gi, você está namorando?— Érr... Sim.
Georgia: Meninas, preciso contar um babado que aconteceu hoje. Aposto que vocês irão amar! ☺Ana: Conta logo, menina!Zoe: O que houve? O encontro foi péssimo?Megan: Acredito que com aquele gatinho do Logan, é impossível dar errado.Georgia: Foi bem mais do que isso. Ele me... beijou. E depois me pediu em namoro. E eu aceitei.Megan: O QUÊ?Ana: Tão rápido? No primeiro encontro ele já foi assanhado assim?Zoe: Espera aí, amiga! Você aceitou por que gosta dele né? E não foi por causa do Edward, certo?Georgia: Se eu fosse espera
Acordei atrasada, para variar. Tinha conversado bastante com as meninas, e eu nem acreditei quando Zoe disse que estava namorando também! Agora somos o grupo apaixonado! Mas eu ainda me sentia um pouco mal em relação a Logan, me perguntando se ele realmente não se importava, por que, por mais que eu possa gostar dele — que é muito — ele não mereceria uma decepção minha, por que meus sentimentos de infância por Edward continuam os mesmos. Mas agora não era hora de pensar nisso. Eu estava me arrastando até o banheiro — tinha dormido apenas quatro horas — e estava parecendo uma bêbada, cambaleando pelo quarto. E hoje recebemos a notícia sobre o professor, e eu fiquei bem triste por ele e pela sua esposa, que estava bem abalada. E acabou que eu e Edward tivemos um papo agradável durante as aulas.— Tudo bem, tudo bem. Cor favorita? — ele me perguntou
Eu não sei quanto tempo dormi, mas presumo que tenha sido um bom cochilo, por que Josh ainda estava sentado na frente do seu computador, no portal do aluno da sua faculdade.— Josh... — chamei baixinho, quase um sussurro, mas ele me escutou mesmo assim e virou a cabeça em minha direção, e imediatamente ele estava sentado em sua cama.— O que aconteceu? Você está bem?— A cabeça ainda dói... — confessei — Mas não se preocupe com isso agora. Mas me prometa que não vai contar nada disto para nossos pais, nem para Emilly, por favor.Acredito que a intenção dele era essa, por que ele fez uma pequena careta no rosto, mas sorriu para mim e assentiu com a cabeça. Eu sorri de volta, grata pela compreensão dele.— Georgia, você pode desabafar comigo se quiser. Eu não conto para ninguém, eu juro. E nem
Eu estava com medo de contar o acontecido para a minha família. Eu decidi contar para todo mundo, mas só contaria os detalhes básicos para os meus pais e depois eu contaria tudo desde o começo, cada palavra e cada ação para os meus irmãos. Eu sei que por eles serem homens, me entenderiam. Eu espero.Enfim, cheguei em casa ainda com a caixa de lenços de Edward na mão. Ele disse para eu avisá-lo quando chegasse em casa. Não sei se deveria fazer isso. Vai que alguém descobrisse que nos falávamos agora com mais freqüência e dissessem que eu terminei com Logan por causa dele? Se bem que ele me traiu né, então eu não tive escolha.— Que cara é essa, Georgia? — meu pai perguntou quando entrei.— Érr... Eu preciso contar uma coisa a vocês. Sentem-se por favor.Por sorte meus irmão
Os boatos na escola estavam cada vez piores. Eu ouvia as pessoas cochichando entre si quando eu passava. Algumas olhavam com pena, outras me olhavam com raiva. Eu era uma pessoa com o coração partido, não precisava da pena de ninguém. Por conta disso, o meu dia foi cheio de pessoas vindo me fazer perguntas, eu até flagrei Edward conversando com um punhado de pessoas que suponho eu, seja para esclarecer o que aconteceu comigo.Quando passei por eles, todos os olhares se concentraram em mim, até o de Edward que veio correndo em minha direção assim que me viu.— Ei! Você está bem?— As pessoas não param de me encher o saco com perguntas.— Aquelas pessoas ali estavam me perguntando se eu namorava você.Eu olhei para ele, confusa e com raiva. Eu não agüento mais. É muita pressão para uma pessoa só. Queria eu estar nam