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Capítulo Um - Matteo

Parte 3...

Porém minha mãe não estava ouvindo a voz da razão e as brigas foram muitas, o que causou muita tristeza em minha avó. E isso piorou no dia em que minha mãe fugiu de casa para se encontrar com meu pai. Maxwell Smith Ferro.

Meu pai era um homem que vivia de acordo como lhe desse vontade. Mudava de humor praticamente o dia todo e isso depois de um tempo começou a trazer problemas para o casamento deles.

Lucas é mais velho do que eu cinco anos e isso talvez tenha marcado mais a vida dele do que a minha. Eu ainda cheguei a presenciar algumas brigas entre eles e até flagrei minha mãe chorando no quarto, mas ela dizia que não era nada demais. E eu aceitava porque era muito novo para entender.

Quando eu estava com cinco anos e Lucas com dez, meus pais se separaram. Um dia meu pai estava em casa e no outro tinha saído para não voltar.

Eu só fui entender certas coisas que aconteceram com eles, muito tempo depois, já adolescente. Mas isso já não me importava mais.

Depois de uma semana que meu pai saiu de casa, minha mãe arrumou nossas malas e voltamos para a Itália. Para a casa dos pais dela. E no começo foi um pouco estranho.

Lucas e eu sabíamos que tínhamos avós e que eles moravam em uma propriedade enorme e muito bonita na região da Toscana, na Itália. Só que nós nunca falamos com eles até o dia em que o carro nos deixou na frente da grande casa da fazenda de meu avô.

A recepção de minha avó foi maravilhosa para mim que era muito pequeno ainda. Ela nos abraçou e beijou tanto que ficamos com as bochechas doendo um tempo. E chorou muito quando viu minha mãe de volta a casa.

Já com meu avô foi mais fria. Ele chegou em casa uma meia hora depois que minha avó o avisou que nós estávamos em casa. E quando chegou, nos olhou com uma cara muito séria, meio que reprovando nossa presença ali. Falou poucas palavras com minha mãe e entrou. Só o vimos à noite, na hora do jantar. E só aí ele falou comigo e comigo e com o Lucas.

O velho Pietro Ferro nos questionou porque não usávamos o sobrenome de sua família e sim o Firenze, que era de meu pai. Eu respondi que não sabíamos que poderíamos usar, já que minha mãe havia dito que ele a tinha proibido, no dia em que ela saiu de casa.

Meu nome é Matteo Ferro Firenze. O engraçado disso é que apesar de meu pai ter nascido na Inglaterra, ele também era filho de italianos e por isso seu sobrenome. Pra mim tanto faz qual o sobrenome usar. Os dois me pertencem.

A primeira noite na casa de meus avós foi estranha, mas na manhã seguinte, meu avô chamou minha mãe para conversar na biblioteca da casa e quando saíram de lá, estava tudo bem. Pelo menos foi o que Lucas e eu achamos.

Até minha mãe ir embora quatro dias depois e nos abandonar com meus avôs sem nem mesmo se despedir da gente. Ficamos sem entender nada e demorou um pouco para cair a ficha. Nós não éramos importantes para nossos pais.

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Para meu avô Pietro, família era a coisa mais importante que existia, mesmo quando as coisas não iam bem. Ele sempre repetia que se deve tentar até o último minuto, assim como ele fez. Só que nem mesmo ele tinha razão sobre tudo, sempre.

Ele nunca falou mal de minha mãe ou de meu pai para nós dois, mas eu o peguei conversando com minha avó e ao telefone com outra pessoa, onde ele deixava sua mágoa sair por tudo o que aconteceu.

Lucas ficou revoltado e começou a aprontar. Eu era mais retraído e preferi voltar minha atenção para coisas que eu gostava. Carros.

Hoje tenho filiais em vários países, da empresa que criei sozinho. Eu tive sorte também, eu sei disso. Apesar de nossos pais terem se separado, eles ainda tiveram o mínimo de descência de nos deixar um certo valor financeiro e que meu avô fez aumentar com o passar dos anos, pensando em nosso futuro. E eu usei bem esse dinheiro.

Nesse ponto meu avô foi bem direto. Ele sempre nos forçou a pensar no futuro e saber investir o dinheiro. Não tivemos que abandonar coisas que a gente gostava, só mudamos o foco por um tempo e isso também é uma forma de mostrar que ama a pessoa.

Minha avó era mais solta para demonstrar o que sentia, já meu avô preferia fazer algo pra demonstrar sua apreciação do que falar, mas esse era só o jeito dele, meio travado.

Ele nunca chegou a falar diretamente, mas com o tempo eu entendi que ele sofreu com o que minha mãe fez, desde o começo. Ele era contra o casamento dela, mas já que tinha batido o pé e fugido para ficar com meu pai, então meu avô achava que ela deveria ter tentado mais, até porque tinha dois filhos e na mente dele, o que Deus uniu o homem não pode separar. Era muito religioso.

E como ele dizia, a criança aprende com o exemplo do adulto e se nossos pais foram fracos e irresponsáveis, nós dois também seríamos e isso o fez ser mais exigente ainda comigo e com o Lucas, mas até que no final foi bom.

Só não estava sendo bom agora, porque ele não estava sendo razoável. Isso de me forçar a fazer algo contra minha vontade, depois de adulto, já era demais da conta.

— Pelo amor de Deus, né! - dei risada — Eu sou adulto e muito responsável. Isso nem tem cabimento.

— Você é responsável em uma parte de sua vida - Sandro virou o vinho — Em outras coisas, nem tanto.

Até Otávio riu e concordou com a cabeça.

— E no que, por exemplo?

— Por exemplo - Sandro se inclinou para mim — Que você está chegando perto dos quarenta anos e até agora - bateu as mãos em um gesto “pouco caso” — Nem sinal de que vai se casar e formar uma família.

— Exato. E era isso que seu avô esperava de você - Otávio completou — Mais até do que do seu irmão.

Eu rodo os olhos em puro aborrecimento. Essa conversa já é velha pra mim e não me chama nada a atenção.

— Não acho que isso seja tão importante assim. Eu vivo muito bem do meu jeito - abri os braços.

— É, mas o Pietro achava isso errado e até mesmo uma fraqueza de sua parte - Otávio apontou para mim com o garfo na mão — Mostra que você tem um problema.

Eu franzi a testa e ri mais.

— Que problema? Não seja besta, Otávio.

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