POUCOS MESES DEPOIS de se casarem, Rochelle se descobriu grávida e tudo corria tranquilamente até o nascimento.
— Ela parece uma bonequinha – disse Jeremy ao olhar a enteada.
— Não deixe que ela descubra nunca quem é o verdadeiro pai dela.
— Pode deixar, querida, agora você precisa descansar.
No dia seguinte, Rochelle chamou a filha e passou a mão dela sobre a sua barriga protuberante.
— Você terá um irmãozinho, Emily.
Apesar da pouca idade, Emily sentia que seu mundo estava ruindo, ela detestaria dividir o seu mundo com alguém, tudo o que mais ela gostava na vida era de atenção, e por ser, até então, filha única, seu mundo era perfeito.
JEREMY, ARRUMOU AS COISAS rapidamente, fechou a loja e foi acompanhado de seu ajudante, Charles Richmond, estavam correndo pelas ruas de Nova Deli, o que estava um inferno, pois no dia estava fazendo uma passeata, ninguém menos que Mahatma Gandhi.
— Mas que merda... justo hoje esse filho-de-uma-puta desgraçado tinha que aparecer aqui para causar?
— Ele é muito querido pelas pessoas – disse tentando amenizar a raiva de seu chefe – dizem até que é um homem santo.
— Pelas pessoas que não têm o que fazer, só pode, dá uma enxada para eles procurarem bauxita para ver se não mudam o conceito sobre a Sua Santidade.
— Podemos dar a volta pela praça se quiser, Jeremy.
— Que se dane, vamos reto, não temos tanto tempo assim.
Jeremy olhou para o lado e viu a multidão e teve um vislumbre muito rápido de Gandhi, foi então que tudo se passou em câmera lenta, ele ouviu o tiro... ouviu a gritaria... e viu uma multidão enlouquecida.
— Corre para o canto, Charles, senão eles nos atropelarão.
Jeremy puxou Charles para o lado e viu um homem com um revólver na mão vindo em sua direção.
Merda... era só o que faltava...
Jeremy conseguiu rapidamente desferir um soco no homem, que mais tarde soube que era Nathuram Godse, mais conhecido na história como:
O homem que matou Gandhi...
— Jeremy... temos que ir logo...
Jeremy acariciou o punho sentindo dor devido ao violento soco que tinha desferido no homem que caiu imediatamente no chão.
— Pior do que um desgraçado que aglutina uma multidão por nada é um desgraçado que a dispersa também por nada.
— Para de falar bonito e vamos logo.
JEREMY ENTROU OFEGANTE pela porta da sala e viu a pequenina, Emily dormindo e ouviu os gritos estridentes da esposa.
Chegamos a tempo... graças a Deus...
Após ouvir o choro da criança, Jeremy entrou no quarto do casal e Christie Richmond trouxe o bebê enrolado em um lençol ainda todo sujo.
— É um menino, senhor Rutherford.
Jeremy o pegou no colo e sorriu satisfeito em ver o seu rebento.
— Seu nome será Joseph.
— Ele tem cara de Joseph mesmo.
Jeremy olhou para Charles.
— Ele tem cara de joelho, mas não dá para colocar este nome nele.
Os dois deram risada, o que fez com Christie desse um sorriso a contragosto.
— Knee (joelho) Clinton Rutherford... até que não é tão mal assim.
Os dois voltaram a cair na gargalhada.
— Se os bonitões aí já terminaram de fazer piada com o pobre menino, deixe-me levá-lo para dar um banho.
Jeremy entregou-o cuidadosamente para Christie e logo em seguida foi até a sua esposa que estava dormindo, ele passou a mão em sua testa carinhosamente e lhe deu um beijo, mas não houve nenhuma reação.
— Rochelle?
Jeremy a balançou levemente para ver se ela acordava, mas não houve nenhuma reação.
— Rochelle... não brinca comigo, POR FAVOR...
Foi então que ele percebeu que sua vida jamais seria a mesma..
A PRIMEIRA LEMBRANÇA de Emily era de ver a sua mãe imóvel sobre a cama e uma multidão em volta dela chorando, em especial, seu pai, Jeremy, completamente alcoolizado e dando um belo de um escândalo.Parem com isso! Deixem minha mãe dormir...Mas Jeremy simplesmente não parava de falar enquanto continuava a beber Whisky goela abaixo.— Acho que já deu por hoje, Jeremy – disse seu tio Charles.— Se eeeeeu paraaaaar de bebeeeer, Rochelleeeee voltaaaaará para miiiiim?— Você sabe que não.— Entãoooo vá paaaaara o infeeeeerno, Cháááá.— A menina vai ficar traumatizada – sussurrou Charles tentando não chamar muita atenção, mas sem sucesso.— Euuuuu queeeero que elaaaa se fooooooodaaaa, Cháááá... elaaaa nãooo
CHRISTIE RICHMOND não era tão velha assim, tinha somente vinte e quatro anos de idade, mas aparentava duas décadas mais velha. Com os efeitos da Segunda Guerra se mudaram para Índia com o intuito de mudar de vida, segundo Charles, mas parecia que tudo o que tinham planejado estava dando errado.Charles era um pobre sonhador, queria mais do que tudo ser rico, mas conseguia ser passado a perna por todo mundo, principalmente Jeremy. Tinham uma vida tranquila na velha Inglaterra. Christie, há três anos era assistente executiva em uma grande corporação automotiva, por isso ela sabia muito bem que cometera um erro em comentar ao marido sobre o alumínio e os minerais que se encontravam bem lá no fundo dos seus pés neste momento. Justo no momento em que ele se encontrava desempregado.Não era culpa dele, é claro...A culpa era exclusivamente dela... se tivesse ficado calada...<
LONDRES— PARABÉNS, SENHOR, é uma menina.William pegou a filha no colo, ela parecia um pequeno anjo sem asas.— Você será a pessoa mais feliz do mundo, querida.William a entregou para a governanta chamada Karen, que imediatamente foi dar um banho nela, e logo em seguida deu um beijo na testa da esposa.— Você concebeu um milagre, meu amuleto da sorte.Charlene sorriu porque adorava quando ele a chamava daquela forma.Amuleto da sorte...— Cuide bem dela, Will, preciso descansar um pouco.— Descanse, querida, pois hoje é o melhor dia das nossas vidas, é o primeiro do restante das nossas vidas de plena felicidade.— Ah!!! – disse antes de adormecer – o nome dela será Esther.William sorriu.— É um belo nome, querida, com certeza nos trar&a
DEPOIS QUE SUA ESPOSA finalmente conseguiu dormir, Charles na extrema escuridão pensava se o menino que nasceu anteontem seria seu. Tinha todos os motivos para acreditar que era. Segundo Rochelle dissera aquele dia...Com certeza era dele...ESTAVAM SÓ OS DOIS naquela casa. Charles estava muito cansado naquela noite e decidiu ficar em casa enquanto Christie, Jeremy e a menina Emily foram para a cidade fazer compras.Era início da noite e Rochelle apareceu no centro da casa, que deveria ser a sala, não havia divisão de cômodos ali, somente alguns panos que separavam os quartos de cada um deles no qual deveria estar portas.Rochelle estava com um vestido de flanela bem gasto quando saiu do quarto dela.Não era de admirar que Jeremy tivesse ficado louco por ela... – pensou Charles.— Oi, Charlie – cumprimentou ela bocejando. &n
JEREMY FICOU SÓBRIO pela primeira vez desde a morte de Rochelle e foi trabalhar, na primeira investida que deu contra a rocha, simplesmente encontrou o que lutou tanto para achar, a maior reserva de bauxita que já haviam encontrado, do dia para a noite Jeremy ficou riquíssimo e para comemorar comprou um anel de ouro cravejado com um rubi, era um anel de doutor, daquele momento ele seria conhecido como um lorde pelo Rei Jorge IV, quiçá daria uma das suas duas filhas por casamento.Jeremy pagou bebida a todos naquela noite e chegou completamente bêbado e viu Christie parada na porta, ele percebeu o quanto a bebida deixa as pessoas bonitas.— Estou rico, Chris... RICO!!! – gritou ele mostrando o contrato, seu anel reluziu pelo brilho do luar.— Você merece, Jeremy, lutou tanto por isso...— Sabia que você está linda, hoje?— Você está bêbado...
CHARLENE CARMINGTON SOUBE desde o início que foi um erro ter feito o parto em casa.Mas William insistiu tanto, pois estaríamos em um ambiente tranquilo e confortável. Ela se sentia muito cansada, parecia estar drogada. A última coisa que lembrou foi a governanta chamada Karen lhe entregando a criança chorando e depois absolutamente nada.— Charlene, cadê nossa filha? – indagou William ao longe.— O que?— Esther! Cadê ela?— Eu não sei… Eu… NOSSA FILHA SUMIU… WILL… NOSSA ESTHER SUMIU.WILLIAM NÃO FAZIA IDEIA do que fazer. Sua esposa estava fraca. Ele também ficou zonzo com aquele chá…— Karen…Charlene chorava, William a abraçou e perguntou:— Charlene do que se lembra?— Eu lembro que… Esther estava chorando
CLAIRE MORGAN ESPERAVA NO ARMAZÉM que outrora foi de seu pai e fazia quase quarenta anos que falira e um ótimo local para guardar sua fortuna. Aguardava impaciente sua nova parceira de crime.Droga, cadê a merda da Rochelle com a criança?DONALD BRICKSTONE ANDAVA de um lado para outro horrorizado com o que sua esposa acabara de realizar.Sequestro… Carmington? Aquele Carmington?— Que merda, Rochelle? O que deu na sua cabeça de fazer uma asneira dessas?— Olha como ela é linda, Don.Rochelle olhava fascinada para o bebê adormecido.— Preste atenção, querida. Ela é filha de William Carmington. O cara vai mover terra, água e ar para encontrá-la.— Claro que não vai. O que importa para ele é o dinheiro isso sim. Você devia ter visto a mansão que eles têm,
— VOVÓ... EU VIM FICAR com você.Claire a olhou com desdém enquanto fumava seu cigarro na piteira e assoprou a fumaça no ar.— Cadê o seu pai, criança?A expressão de Emily mudou imediatamente.— Ele não é meu pai.— Eu tão pouco sou a sua avó, então, some daqui.— Minha mãe, morreu, sabia?— Sorte a sua, ter uma cadelinha vadia como Rochelle como mãe é melhor não ter.— Como pode falar assim da própria filha?Claire se levantou e foi até a garota.— Pirralha, Rochelle não era minha filha, o que me faz tudo, menos ser a sua avó, digamos que você foi um projeto que deu errado, simples assim, está satisfeita agora?Emily começou a chorar.— Me poupe das