Quando acordou envolto de braços quentinhos, desejou que aquele sentimento ruim fosse embora, tentando se convencer de que se tratava de apenas um dia péssimo que tivera, como tentou convencer o namorado na noite anterior. Mas sua respiração ainda estava pesada, seu coração parecia querer explodir à qualquer momento, suas mãos lutavam para não tremer e sua cabeça dava voltas e mais voltas obcessivamente em tudo que leu ontem: o grande empresário ecológico, o melhor pai do mundo, o marido perfeito, Gabriel.
Por isso, quando percebeu que as coisas passavam em um tempo diferente para ele, quase como em uma câmera lenta, Ethan soube que existia razão em se preocupar com a sua saúde.  
Três anos podem ser considerados uma eternidade, ou um piscar de olhos. Isso depende do contexto.Como você encara três anos ao lado de alguém?Na realidade, o tempo em que se passa ao lado de uma pessoa não significa muito, e sim a intensidade em como as coisas aconteceram nele. Por isso, existiam amizades que se tornavam insuperáveis em questão de meses, e outras que, mesmo depois de anos, não são fortes o suficiente.Para Ethan, os três anos em que passara ao lado de Erick foram, acima de tudo, lotados de confusões, altos e baixos. Mas foi com Erick que também experimentou o amor de verdade, em uma camada totalmente livre de toxici
Talvez não fosse a melhor forma de lidar com as coisas, a atitude mais correta a ser tomada, mas era a única luz no fim do túnel ao qual Ethan enxergava.Quando começou a visitar apartamentos em busca de um cantinho para si, ele ainda não havia terminado nada. Mas não queria que sua presença no apartamento fosse algo doloroso para Erick, então achou melhor encontrar um apê antes de dar aquela notícia ao loiro.—Então... A gente se vê. – Murmurou, em um clima péssimo, tão pesado e deprimido que poderia ser t
Por dentro, o apartamento quase que vazio e escuro o assustou um pouco. Faziam tantos anos que não morava sozinho, que não se mudava, que a ideia de voltar aos tempos em que saiu de casa como um ratinho assustado pelo mundo lá fora o deixou extremamente melancólico.As paredes estavam levemente descascadas, pintadas em um branco tão gélido e morto que o fizera se arrepender de não ter feito o básico antes de se mudar propriamente para lá. Mas o mais importante estava de pé: um colchão fofinho de uma cama de casal – onde dormiria sozinho -, alguns salgadinhos e doces para passar a noite, a internet que já estava instalada na maioria dos apês daquele bloco e... o banheiro funcionando. Ninguém precisava de mais do que aquilo por uma ou duas noites – o tempo em que levaria para que seus móveis co
Quando a manhã de segunda-feira trouxe a obrigação de ir trabalhar, Ethan agradeceu aos deuses por ter pedido para que ficassem em seu lugar. Seu corpo não queria se manter de pé, e ele custou levantar do colchão para escovar os dentes e ficar minimamente descente – mesmo que fosse para passar o dia assistindo série, fugindo do mundo real.—Bom dia, Sr. Robin... quer dizer, Erick. – Zayn invadiu a sala do loiro, com pilhas e mais pilhas de documentos. A parte burocrática e super chata à qual Erick cuidava.—
Dizem que o tempo cura todas as feridas, desde que elas não precisem de pontos e essa opção (a de receber os tais pontos) esteja fora de cogitação.Um mês lento e tortuoso fora embora. À cada semana que se passava, Erick sentia que aquele era mesmo o fim de seu relacionamento. Ethan respondia suas mensagens de forma vaga, quase nunca aparecia na empresa – preferindo trabalhar emhome work, e aparentava estar cada dia mais distante. Não dele, mas do mundo de uma forma geral.Percebendo que seus conselhos para ambos e suas tentativas de fazê-los interagirem estavam falhando, só restava ao pobre publicit
Enquanto cruzava os corredores brancos e super limpos do lugar, Ethan se sentia um lixo. A sensação não era nova, mas o fato de precisar estar ali só a intensificava. É que a gente tem mania em achar que precisar de ajuda e demonstrar fraqueza é sinônimo de vergonha.Quando decidiu que sim, precisava enfrentar os seus medos e traumas do passado – se quisesse viver um futuro feliz – o universitário sabia que não seriafácil, e que ele iria morrer de vergonha das coisas que precisaria falar. Caçar seus próprios demônios não era uma coisa boba, exigia muita coragem, por isso, fazer terapia era um desafio e tanto.Prime
Quando o loiro pôs seus olhos diante do garoto de cabelos cacheados, barba por fazer e um belo par de esmeraldas tão brilhantes quanto as dele, seu coração vacilou em uma batida acelerada. Era como se estivesse o vendo pela primeira vez, mas diferente de como realmente fora, Ethan não distribuía um sorriso arrasador e muito menos parecia um menino inocente com sede de ação em sua vida. Ele estava quebrado, na verdade.Erick notou como o sócio da Articus o cumprimentou de forma contida, com um clima estranho e até mesmo desconfortável entre eles, como se fossem dois estranhos ou meros colegas de trabalho indiferentes um para o outro. Depois do escândalo de divórcio, das descobertas que fizera acerca da própria família e de quase perder os dois filhos em uma tentativa desesperada de manter a pose, Luíza conseguiu aceitar a realidade em que vivia sem fantasiar sobre uma vida perfeita.Um pouco longe do ideal, a loira não estava completamente feliz com o caminhar das coisas, mas pelo menos não existiam mais ataques histéricos e negações veementes sobre os rumos aos quais seus herdeiros decidiram tomar em busca de mais autonomia – longe de seu punho de ferro com unhas tradicionalmente vermelhas.Quando Erick dec29 - MÃE