Capítulo 1. Eu não sou um contrato.

O nervosismo e a insegurança aumentaram dentro de Abby, no momento em que ela ficou completamente sozinha no meio do corredor, com Vincent atrás dela. Ela podia sentir o seu olhar queimando em sua nuca, ela não estava nem um pouco preparada para enfrentar a situação naquele mesmo dia, não tão cedo; Algumas horas atrás ela tinha acabado de saber de sua gravidez, pegando-a de surpresa, nem ela conseguiu assimilá-la completamente.

Sentindo suas mãos congeladas como gelo e suas bochechas queimando, ela se encheu de coragem e se virou para olhar para Vincent. Vendo seu olhar verde frio e inexpressivo, ela sabia que tinha que estar preparada para qualquer coisa e não pôde deixar de sentir como ela, seu coração afundou no peito, só de pensar em Vincent reagindo mal à notícia inesperada.

Abby abriu a boca para falar, mas engoliu cada palavra quando Vincent acenou para ela segui-lo.

-Conversaremos no meu escritório, teremos mais privacidade. Abby recobrou o juízo ao ouvir as palavras gélidas de Vincent, ela deixou o nervosismo de lado e seguiu os passos do moreno em completo silêncio.

Tudo o que Abby pensava era que, mesmo que não fosse como ela havia planejado desde o início, ela teria que contar a novidade a ele, qualquer que fosse a reação dele.

"Não há nada a temer." Abby se repetia várias vezes em sua mente, seus saltos batendo atrás dos passos de Vincent.

Ao entrar no escritório, Vincent fechou a porta atrás de uma Abby recuperada, que havia reunido forças para se manter segura de si e não se intimidar com o rosto carrancudo daquele homem que passava por ela para olhar as ruas pela janela.

A loira aproveitou o tempo necessário para se sentar no sofá, como se por dentro não estivesse pensando nas palavras certas para contar a novidade diretamente, sem que ele ouvisse no momento menos oportuno, mas só faltavam algumas palavras para ela dizer para que ele terminasse de descobrir.

-Estou grávida. -ela disse sem esperar que Vincent se virasse, ela queria acabar com aquele silêncio incômodo no escritório, ela queria sair daquilo o mais rápido possível para parar de se sentir tão nervosa e cheia de incertezas.

Quando essas palavras saíram de sua boca, Vincent franziu a testa e sentiu um gosto ruim na boca. Ele achou difícil acreditar que aquela mulher sentada em seu sofá, aquela que se recusou desde o início a aceitar as cláusulas de um contrato que evitaria todos isso e a primeira mulher que conseguiu entrar em seu coração depois de tê-lo trancado a sete chaves, estava lhe contando que carregava seu filho em seu ventre.

Durante tantos anos ele tomou todos os cuidados para evitar tal coisa, e agora, que se arriscaria a formalizar pela primeira vez na vida, estava acontecendo o que ele tanto tremia.

"Um filho? De jeito nenhum." Foi a primeira coisa que Vincent pensou, sabendo que a chegada daquele bebê seria um atraso em sua vida profissional. Ele nunca se imaginou sendo pai, só de pensar nisso fazia seu sangue subir à cabeça.

Vincent soltou um suspiro pesado, antes de se virar para Abby, que o olhava com expectativa, esperando por alguma resposta dele, alguma reação, alguma coisa, a menor. Claro que ela estava preparada para tudo, mas no fundo ela queria que Vincent sorrisse de orelha a orelha, que seus olhos se iluminassem sabendo que seriam pais e que ele a abraçasse com tanta força que seus medos e inseguranças fossem deixados de lado. No entanto, nada disso aconteceu.

Só pude observar a leve carranca, seus olhos sombrios e seu corpo tenso, isso não era um bom sinal, mesmo levando em conta que Vincent era uma geladeira ambulante, sabia que ele tinha bons sentimentos, que era amoroso da sua maneira, Abby conhecia o lado romântico daquele homem frio, mas aquela expressão não transmitia nem um pingo de amor ou alegria, não transmitia nada para ela.

-Você não vai aceitar. Quando Abby ouviu isso, ela imediatamente se levantou do sofá, sentindo seu sangue ferver de raiva, aquelas palavras cravadas em seu coração como milhares de agulhas.

"Deve ser uma m*****a piada." Abby pensou, tentando ao máximo não deixar um nó se formar em sua garganta ou ela não conseguiria pronunciar nenhuma palavra.

-Você está brincando comigo? A incrédula Abby permaneceu calma, ela esperava que ele lhe dissesse a qualquer momento que era uma piada de mau gosto, ela realmente esperava, caso contrário, seu coração acabaria se quebrando em mil pedaços, ela se recusava a acreditar que Vincent pudesse decepcioná-la de tal maneira.

Mas isso era exatamente o que ele faria.

-Você não me ouviu? Você não vai aceitar isso, Abby. - E sim, o coração de Abby se partiu em mil pedaços, mas desabar na frente dele não era uma opção. Este homem na frente dela estava acostumado a que seus desejos fossem ordens para qualquer um, mas Abby não era ninguém.

Foi difícil para ela aceitar o fato de que o filho do homem que ela amou em silêncio por muito tempo estava crescendo dentro dela, sua melhor amiga a fez ver a razão, a fez ver o lado positivo de tudo, e ela não não importa o que Vincent dissesse ou o que ele quisesse, ele nunca concordaria com tal loucura.

-Você enlouqueceu! Que tipo de homem pensa assim! Você está muito enganado se pensa que vou me livrar do meu bebê só porque você disse! Você não está nem perto! -A paciência de Abby desapareceu junto com a admiração que ela sentia por ele, por Vincent não ser o que ela pensava, ele havia arruinado a imagem dela com apenas algumas palavras.

Vincent caiu do pedestal em que Abby o colocou.

-Você enlouqueceu! Como você acha que vamos ter um filho?! Eu não quero ter filhos! Ser pai nunca esteve nos meus planos e você não vai mudá-los com.... isso! -Vincent respondeu da pior maneira, ele parecia chateado e fora de si, mas mais chateado ainda estava Abby, que estava fazendo o possível para não espancá-lo até a morte até que ele o fizesse ver a razão.

Isso? Foi assim que ele se referiu ao nosso filho? "Muito infeliz."

-Você teria pensado isso antes de me foder! Você não tinha dinheiro para comprar preservativos?! Você deveria ter me contado e eu os compraria para você! Você nem é bom para isso! -Abby não mediu palavras, estava histérica, e cega de raiva, gritou com Vincent sem se importar que eles estivessem na empresa.

"Você é uma vergonha, um idiota, eu não mereço isso." A loira não conseguia parar de insultá-lo e xingá-lo mentalmente.

Vincent caminhou até ela com o rosto completamente vermelho, um de frente para o outro, estava chateado e irritado, queria que ela entendesse e concordasse em interromper essa gravidez que seria uma pedra em seu caminho, e neste momento, ele não estava disposto tropeçar.

Mas Abby continuou firme, ela não estava disposta a aceitar tamanha atrocidade, se ele não quisesse o próprio filho, ele poderia desaparecer da vida dela, seu instinto maternal era a única coisa que a acompanhava naquele momento, ela nem vacilou quando Vincent olhou para ela com olhos ameaçadores e autoritários.

-A culpa é minha então? Sou o único que precisa cuidar de mim mesmo? -Vincent teve que respirar para acalmar a frustração que a teimosia de Abby estava lhe causando, ele sabia que gritar não iria conseguir nada além de deixá-la na defensiva, ele pensou que talvez se ele perguntasse a ela de uma maneira melhor, ela aceitaria .

-Olha, Abby, estou te pedindo no bom sentido, interrompa a gravidez e vamos fingir que nada aconteceu, continuaremos iguais.

Cada vez que Vincent insistia no assunto, a decepção no peito de Abby aumentava.

Abby deu um sorriso falso antes de soltar um suspiro pesado, suas mãos geladas parando no nó da gravata de Vincent e apertando-a levemente como se a estivesse ajustando. Vincent podia ter quase certeza de que pelo menos conseguira fazê-la duvidar.

Como eu estava enganada, a loira não ia ceder, não estavam falando de um pedaço de papel que ela pudesse jogar fora e ficar indiferente.

-Vincent Lefebvre, para fazer um bebê são necessárias duas pessoas, mas uma basta para criá-lo. Não estou interessada em fingir que nada aconteceu e continuar o mesmo, porque isso nunca mais acontecerá, você apenas destruiu o que éramos um dia. Se você não quer ter filhos eu aceito, esqueça de mim e do meu bebê. –Abby falou com determinação, sem hesitação, sem deixar nenhuma dúvida em Vincent. No segundo seguinte, ele apertou o nó da gravata, machucando a traquéia de um surpreso Vincent. "- Caso você nunca tenha notado, não sou como as mulheres com quem você estava acostumado, não farei o que você me diz se não concordar, e caso você não se lembre, eu não sou um contrato."