Capítulo 4
O beijo de Heitor sempre se mostrou dominador e imperativo, não deixando à Aurora qualquer chance de libertação.

Ele a pressionou contra a mesa do escritório, segurando seu queixo com uma mão, enquanto com a outra apertava firmemente sua cintura.

O toque, macio e doce, estimulava cada nervo de seu corpo.

A fera, presa em seu interior, batia incessantemente contra a jaula, buscando se libertar.

Os dias passados com Aurora foram de harmonia.

Não importava o quanto ele desejasse, Aurora sempre sucumbia a seus desejos.

Mesmo estando exausta a ponto de desfalecer, não emitia queixas.

Mas agora, a mulher sob ele resistia ferozmente, lutando até o último instante.

Lágrimas ardentes escorriam pelo canto de seus olhos.

Heitor não prosseguiu.

Seus dedos longos e cuidados enxugaram gentilmente as lágrimas no canto dos olhos de Aurora.

Sua voz, rouca de um desejo não saciado.

- Aurora, o jogo entre nós só termina quando eu disser que terminou! Entendeu?

Aurora, com lágrimas nos olhos, o encarou, seus lábios manchados de sangue levemente entreabertos.

- Heitor, eu não vou ficar aqui para ser humilhada por você!

Heitor inclinou a cabeça e lambeu o sangue de seus lábios, com um sorriso que não alcançava os olhos.

- Se não teme perder a família Alves, tente! - Após dizer isso, se levantou, seu olhar casualmente deslizando pela saia desarrumada de Aurora.

E também pelas suas coxas longas e esguias sob a saia.

Aurora se sentiu profundamente humilhada.

Imediatamente, ajeitou suas roupas e se dirigiu à saída.

Mas, justo quando abriu a porta, viu Sarah em um vestido branco, parada na entrada.

Seu rosto estava adornado com um sorriso inocente.

- Heti, trouxe café da manhã para você.

Era a primeira vez que Aurora via Sarah de perto.

De fato, havia semelhanças entre elas, especialmente nos olhos e no nariz.

A suspeita no coração de Aurora se confirmou.

Naquele ano, Heitor a mal-interpretou, achando que suas intenções eram impuras, mas mesmo assim a manteve por perto.

Afinal, ele a via como uma substituta para Sarah.

Três anos de convivência, mas tudo terminou com ela sendo apenas uma substituta.

O coração de Aurora estava despedaçado.

Ela se esforçou para se acalmar, acenou para Sarah com a cabeça e então partiu.

No momento em que a porta do escritório se fechou, Heitor olhou com frieza para Sarah.

- Como veio parar aqui?

Os olhos de Sarah rapidamente se encheram de lágrimas.

Ela abaixou a cabeça, parecendo desamparada, com a voz embargada.

- Desculpe, Heti, ouvi dizer que você tem pulado o café da manhã ultimamente e que seu estômago estava incomodando. Então vim trazer o café da manhã para você.

Heitor franziu o cenho, sua voz destituída de qualquer calor.

- Deixe aí.

Sarah se iluminou com um sorriso e correu até ele.

Colocou a caixa rosa de refeição sobre a mesa do escritório.

Sua voz era suave e doce.

- Heti, lembrei que você adora sanduíches de atum com presunto. Experimente e veja se está ao seu gosto.

Olhando para o sanduíche apetitoso dentro da caixa rosa, Heitor não conseguiu sentir o menor apetite.

Ele empurrou a caixa para o lado e disse com voz grave:

- Teremos uma reunião em breve, comerei depois.

Sarah parecia um pouco desapontada, mas ainda assim acenou obedientemente com a cabeça.

- Tudo bem, então você vai se ocupar, eu vou esperar aqui, não vou incomodar.

- Há uma sala de reuniões ao lado, espere lá. - Após dizer isso, ele apertou o interfone para chamar Simão.

- Leve a Srta. Sarah para a sala de reuniões, arranje alguém para lhe fazer companhia.

Simão foi rápido, aparecendo na porta em menos de um minuto, fazendo um gesto de convite a Sarah.

- Srta. Sarah, temos Pastel de Nata na sala ao lado, e Giulia fará companhia a você.

Sarah olhou para Simão sinceramente:

- Ouvi dizer que a secretária Aurora é muito simpática, gostaria que ela me fizesse companhia.

- Desculpe, a secretária Aurora é a chefe do secretariado do presidente, ela precisa participar da reunião conosco.

Simão não era tolo.

O chefe estava tendo desavenças com a secretária Aurora esses dias.

Se essa moça se envolvesse, como eles poderiam se reconciliar?

Sarah sorriu levemente:

- Entendi, ouvi dizer que o café que ela faz é excelente, peça a ela para preparar um para mim.

Heitor, com uma expressão fria e distante, exibiu um traço de frieza entre suas sobrancelhas perfeitamente arqueadas, e seus olhos escuros se tornaram sombrios.

Aurora era dele, não algo que outros pudessem simplesmente requisitar quando quisessem.

Mas só de pensar que Aurora preferiria morrer a ficar, ele ficava furioso.

Parecia que não deveria mimá-la tanto.

Ele disse friamente:

- Faça como ela pediu.

Simão ficou olhando para Heitor por uns dez segundos, depois suspirou resignado interiormente.

"Presidente Heitor, mandar a atual fazer favores para a ex, você sabe que isso pode prejudicar seu relacionamento, certo?"

Ele, resignado, levou Sarah embora.

Aurora estava sentada em sua estação de trabalho organizando os documentos para a reunião quando Simão bateu em sua mesa.

- Secretária Aurora, o Presidente Heitor pediu para você levar um café para a Srta. Sarah na sala de reuniões 02.

Aurora levantou a cabeça, respondendo calmamente:

- Tudo bem, estarei lá em breve.

Ela organizou os materiais e foi para a copa.

Aurora pegou os grãos de café do armário, colocou-os no moedor de café.

Enquanto preparava a bebida, uma figura delicada apareceu ao seu lado.

Ela falou com uma expressão neutra:

- Srta. Sarah, o café estará pronto em cinco minutos.

O rosto inocente e bonito de Sarah exibiu uma frieza.

- Srta. Aurora, não acha estranho me ver aqui?

Aurora continuou com suas tarefas, seus olhos e sobrancelhas baixos, concentrada no trabalho.

Com um tom indiferente:

- Há inúmeras mulheres se jogando nos braços do Presidente Heitor todos os dias, não há nada que me surpreenda.

- Você ainda não entendeu? A única razão pela qual Heitor está com você é porque você se parece muito comigo. Ele nunca gostou de você, sempre te viu como uma substituta para mim. Agora que eu voltei, é hora de a substituta sair.

Aurora despejou a água quente no copo de café, enchendo a sala de café com o aroma da bebida.

Ela inalou o cheiro com prazer e sorriu:

- Café importado da Itália, tem um sabor excelente. Srta. Sarah, quanto de açúcar você prefere?

Sarah sentiu como se estivesse batendo em algodão.

Frustrada, ela apertou os punhos.

- Aurora, não finja mais, você está com Heitor só por causa do dinheiro, não é? Aqui está um cheque de dez milhões, por favor, se afaste dele o mais rápido possível.

Aurora escondeu suas emoções mais profundas.

Despreocupadamente, ela colocou um cubo de açúcar no café e começou a mexer habilidosamente.

Sua voz era casual e indiferente.

- Ouvi dizer que a Srta. Sarah não está bem de saúde, melhor guardar esse dinheiro para o seu tratamento. Caso contrário, antes mesmo de conseguir se casar com Heitor, você poderia acabar morrendo. Que desperdício seria, hein?

- Aurora, você...

Sarah ficou furiosa, rangendo os dentes em silêncio.

Ela não esperava que Aurora fosse tão difícil de lidar.

Com um olhar feroz para Aurora, ela pegou o café sobre a mesa e o lançou em direção a Aurora.

O café quente formou um arco perfeito no ar, mirando o rosto de Aurora.
Leia este capítulo gratuitamente no aplicativo >

Capítulos relacionados

Último capítulo