A água da chuva espirrava por todo lado, atingindo o chão e as calças, elegantes e caras, de Heitor. Nunca antes ele desejara abraçar Aurora com tanta intensidade. Parecia que ele havia percorrido a juventude dela, entendendo cada aspecto de sua vida. Seu amor por ela se intensificava, penetrando fundo em seus ossos. Ele correu até ela, o rosto coberto por algo que poderia ser chuva ou suor. Seus olhos profundos e escuros se fixaram nela, e sua voz soou rouca e sombria.— Au. — Murmurou ele, com os olhos vermelhos, acariciando suavemente seu rosto com as mãos delicadas e longas.Com a voz embargada, ela disse: — Heitor, eu senti tanto sua falta.As emoções reprimidas de Heitor finalmente se descontrolaram ao ouvir suas palavras, ele a abraçou fortemente, murmurando repetidamente:— Au, me desculpe, me desculpe. “Desculpe por todos os desastres que causei, desculpe por não saber que você era a Número 11.”Ele sentia que havia falhado em seu amor profundo e decepcionado seu amor o
Imediatamente, Aurora se libertou do abraço de Heitor, o repreendendo com a voz rouca:— Meu irmão ainda está aqui, como você não se envergonha?Heitor ergueu o olhar e lançou um olhar furtivo a Kauan, que observava a cena ao lado, e sorriu, dizendo:— Fique tranquila, ele não está usando óculos, ele tem vista ruim e não consegue ver.Kauan, que até então sentia pena de Heitor, ao ouvir isso, se irritou imediatamente e exclamou:— Você poderia simplesmente dizer que estou cego, não é? Não se esqueça, eu só tenho 2 graus de miopia, mesmo sem óculos, não estou tão cego a ponto de não ver você, seu desgraçado.Heitor, com o braço sobre o ombro de Aurora, se aproximou de Kauan e, sorrindo, agradeceu:— Obrigado pelo que fez hoje, irmão.Sendo chamado assim por um amigo de infância, Kauan sentiu um arrepio pelo corpo. Ele se sacudiu imediatamente e se apressou em dizer:— Para, melhor me chamar pelo nome, não aguento essa sua cara.Heitor baixou os olhos para Aurora, com um tom ligeirament
Ela reconheceu a caligrafia imediatamente.Quando era criança, tia Patrícia a ensinou a escrever letras de músicas com Geraldo, aquela caligrafia era idêntica à dela. Aurora apontou para as palavras no verso da foto e perguntou:— Quem escreveu isso? Heitor virou a foto e viu uma linha em letras pequenas.[Amigos não apenas no bom senso, mas confidentes, compartilhando intimidades, felicidades e dificuldades] A caligrafia era elegante e forte. Pela escrita, se evidenciava a elegância e pureza da pessoa que a escreveu. No entanto, essa pessoa não era mais a mesma de antes. Uma sombra passou pelos olhos de Heitor. Ele falou em voz baixa: — Foi a Solange. Ao ouvir isso, Aurora olhou pensativa para ele: — Você tem certeza de que foi ela quem escreveu? — Tenho certeza, eu a vi escrevendo. Ela quis dizer com essa frase que nós quatro deveríamos sempre nos apoiar e ajudar uns aos outros. Há algo de errado? Aurora examinou a caligrafia na foto e disse: — Por que a calig
Aurora percebeu a mágoa e a resignação nas palavras dele, acompanhadas por um traço de solidão em seu olhar. Com um toque de compaixão, ela se ergueu na ponta dos pés e depositou um beijo suave em seus lábios sensuais.Sua voz era suave:— Como podemos ver um arco-íris sem passar pela tempestade? Se não fossem por aquelas dificuldades do passado, como saberíamos o quanto nos amamos? E como você saberia que sou a única para você? Heitor, as coisas que passaram, sejam boas ou ruins, são os degraus no caminho do nosso amor. Com eles, nosso amor se tornou insubstituível, não é verdade?Suas mãos delicadas acariciavam o queixo de Heitor, enquanto seus olhos brilhavam com uma luz indissimulável.Naquele momento, ela estava certa de que, mesmo enfrentando mais dificuldades no futuro, nada os separaria.Ela jamais deixaria o homem à sua frente, estariam sempre juntos, nunca iriam se separar.Os olhos profundos e escuros de Heitor refletiam o rosto sorridente e belo de Aurora.Seu sorriso, sua
Relembrando esses momentos, Heitor sentia uma onda de calor se agitar em seu peito. Ele e Aurora estavam destinados um ao outro desde a infância e, apesar de um período de separação, o destino os havia reunido novamente. Ele cumpriu a promessa de se tornar seu marido. Juntos, tiveram um filho. O beijo de Heitor se intensificava à medida que as portas de suas memórias se abriam. Até que a voz de Kauan, do lado de fora, os interrompeu e ele, lentamente, soltou Aurora. Com as pontas dos dedos, acariciou delicadamente o canto avermelhado dos olhos dela, falando com uma voz rouca:— À noite, em casa, vou te amar como se deve.Essas palavras aqueceram ainda mais as bochechas já rubras de Aurora. Nesse momento, Kauan entrou pela porta. Vendo Aurora naquele estado, não pôde deixar de lançar um olhar severo para Heitor.— Ela está grávida, você não poderia se controlar um pouco?Heitor, passando o braço pelo ombro de Aurora, começou a caminhar para fora, dizendo:— Um pouco de intimidad
Sempre gentil e apropriada, essa era a primeira vez que ela demonstrava tanta obstinação.Seu único pensamento era condenar Solange, para que Heitor e Aurora não enfrentassem mais perigos.A cada vez que eles sofriam, seu coração doía junto.Essa dor agoniante era semelhante à preocupação que sentia por Geraldo.Dario, ao ver sua determinação, sombreou seu olhar por um instante.Depois, se virou para Geraldo:— Sou contra essa ideia, pela segurança de sua mãe, eu jamais concordaria com ela se arriscando. Geraldo, o que você acha?Geraldo olhou para Dario com uma expressão complexa.— As preocupações do tio são válidas, mas a decisão de minha mãe já está tomada e temo que ninguém possa impedi-la. Ir à Mansão dos Duarte pode trazer à tona as memórias da minha mãe, mas isso é apenas especulação nossa. Me permita levá-la primeiro para ver, depois decidimos.— Não, ir às pressas para a Mansão dos Duarte é como se estivessem planejando um reconhecimento. E se sua mãe tiver sido abandonada po
Patrícia correu habilmente até o armário ao fundo da sala de estar e retirou o kit médico.Rapidamente, encontrou a pomada para queimaduras, abriu a tampa, aplicou a pomada em um cotonete e passou cuidadosamente na área queimada de Isaac.Embora todos na casa estivessem chocados, ninguém falou, apenas observaram em silêncio cada movimento dela.Após tratar o ferimento, as sobrancelhas franzidas de Patrícia finalmente relaxaram.Ela levantou os olhos e olhou gentilmente para Isaac.— Não é grave, vai melhorar em alguns dias.O criado ao lado estava tão assustado que quase chorava.Com a cabeça baixa, sua voz tremia:— Sr. Isaac, me desculpe, é minha culpa, aceito qualquer punição.Patrícia se levantou, seu olhar era suave ao se dirigir ao criado, e sua voz, serena, sem vestígios de raiva.— Não se preocupe, Natacha, você está na Mansão dos Duarte há tantos anos, quem não comete erros? Limpe isso e pode ir.A forma como ela falava e se comportava era como se fosse a dona da casa, deixand
Geraldo imediatamente olhou para a mão de Manuella, notando um curativo em seu dedo. Ele sorriu levemente e disse:— Sra. Manuella, vejo que se esforçou. Comerei um pouco mais.Manuella, percebendo que ele estava mais amigável do que antes, assentiu satisfeita:— Se você gostou, coma mais um pouco. Na próxima vez que vier, a vovó fará mais para você.Aurora rapidamente pegou um prato e o entregou a Geraldo, dizendo com um sorriso:— Vamos sentar ali para comer.Quando estavam prestes a sair, ouviram a voz de Heitor atrás deles:— Aurora, você só pode comer um pedaço, não mais que isso. Seu exame de glicose estava quase no limite há alguns dias, precisa controlar isso, entendeu? — Ele se aproximou e massageou a cintura de Aurora com um olhar compassivo. — Você veio correndo para cá desde cedo e já está exausta, vá descansar um pouco.Aurora, obediente, assentiu:— Então, posso comer umas batatas fritas?— Não pode.— Posso comer só cinco então? Você não ouviu o médico dizer que manter